Eduardo Relero: a ilusão nas ruas da cidade

Marisa Antunes

Eduardo Relero é, actualmente, um dos principais nomes da arte urbana: das suas mãos e imaginação nascem os esboços das figuras anamórficas que ganham e dão vida às superfícies mais improváveis: pavimentos e ruas.

A anamorfose é a representação de figuras que, quando observadas frontalmente parecem distorcidas ou indecifráveis, tornando-se perceptíveis quando vistas de um ângulo específico.

Eduardo começou a pintar retratos aos 21 anos, no seu país de origem: a Argentina. Depois viajou durante algum tempo: Peru, Chile e Argentina – sempre sem deixar de desenhar e pintar. Em 1990, quis visitar Roma e ver de perto a arte que sempre admirou. Foi lá que teve contacto com artistas que decoravam as ruas com desenhos copiados dos grandes clássicos: os “Madonnari”. De regresso à Argentina, estudou Belas Artes, filosofia e arquitectura porque não acreditava que pudesse desenvolver o seu trabalho apenas com as pinturas de rua.

Criou um blog, mudou-se para Sevilha e começou a decorar os pavimentos espanhóis, quase sempre sem licença – que é quase impossível de obter na Europa. Com estes desenhos foi alimentando o seu blog e, a partir daí, tudo foi acontecendo naturalmente.

Eduardo aprendeu sozinho a desenhar a três dimensões, socorrendo-se das suas noções de geometria e dos seus conhecimentos de arquitectura. Gosta de dar um toque satírico e critico às suas representações. As suas figuras humanas têm, geralmente, um tom dramático.

Utiliza pigmentos secos, água e um pouco de cola e, de vez em quando, dá-lhes um toque de pastel. Os seus desenhos têm 4×8 metros e os maiores chegam a atingir os 12 metros. Normalmente, demoram cerca de dois dias e meio a três dia a concluir, consoante a complexidade. Eduardo faz esboços previamente e, uma vez iniciado o desenho no pavimento, está sujeito à imprevisibilidade das condições atmosféricas. Confessa que ainda se sente bastante o peso do estereótipo de que um artista ambulante é, geralmente, um pedinte. Estar a trabalhar na rua é estar exposto a todo o tipo de pessoas: Eduardo aponta como maior dificuldade a distracção causada pelos curiosos que param para observar, falar e opinar sobre o trabalho.

Confessa que o carácter efémero das suas obras não o preocupa: nada se compara à sensação de libertação que advém da materialização das suas ideias. Conheça-as melhor no site de Eduardo Relero.

Sobre a autora: marisa antunes apaixona-se por tudo e pelos nadas e passa a vida a sonhar acordada. Tem uma assumida tentação pelo abismo e pelas quedas livres – sem rede – e acredita que tudo é possível.

Eventos

II Seminário de Pesquisa em Pós-Graduação

– Ciência & Conservação –

Data: 31 de agosto a 02 de setembro de 2011
Vagas: 100
Inscrição: gratuita
Local: Auditório da EBA

Público-alvo: alunos da pós-graduação e da graduação, comunidade externa, educadores, pesquisadores e demais profissionais, considerando o interesse e a formação nas áreas de Artes Visuais, História da Arte, Conservação e Restauração, Arqueologia, Museologia, Ciência da Informação e Gestão Patrimonial.

Objetivo: discutir e apresentar as pesquisas desenvolvidas na Escola no campo da História da Arte Técnica no corpo epistemológico da área de Ciência da Conservação, bem como ampliar o debate por meio da presença de pesquisadores de outras instituições nacionais e internacionais.

Organização: PPGA-EBA-UFMG
Maiores informações:
http://www.eba.ufmg.br/sppgrad/

O projeto é uma parceria entre os grupos de pesquisa LACICOR e ARCHE da EBA-UFMG, e o CECOR-EBA-UFMG.

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EBA EXIBE MOSTRA MELHORES MINUTOS DE 2010

Hoje, quarta-feira, 24, a partir das 17h, a Escola de Belas-Artes (EBA) exibe a mostra Melhores Minutos de 2010, com uma seleção do Festival do Minuto.

Durante a mostra serão fornecidas informações sobre a edição do Festival em 2011, como a criação do Festival do Minuto Universitário e do prêmio especial de Melhor Vídeo da UFMG. Aberta ao público, a mostra acontece no auditório da Escola, no campus Pampulha.

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CURSO DE EXTENSÃO SOBRE HISTÓRIA DA ARTE

Local: FAFICH
Tema: A história da arte desde a Antiguidade Clássica até o Renascimento Pleno
Duração: 48 horas-aula às terças-feiras
Horário: 19h20 às 22h de setembro a novembro
Inscrições: até 5 de setembro pelo site da Fundep, onde está disponível a ementa do curso.

Coordenador : Magno Mello, doutor em História da Arte pela Universidade Nova de Lisboa (2002).

Surrealismo na fotografia: você pratica e nem sabe disso!

No que se debate desde o surgimento da fotografia, ela foi a que mais se destacou pelo fato de poder ser reproduzida e abrir a discussão sobre as artes miméticas. Tinha-se a situação, o meio (a câmera) e a reprodução. Abre-se aí uma lacuna sobre arte, estética e composição.

 Notamos que a pintura perdia seu espaço e passava por “maus bocados” com a crescente demanda experimental do século XX. Por ser algo único e feito a mão, os artistas raramente faziam quadros que não eram figurativos e apelava quase que na sua maioria a busca do retratar o real através de telas absurdamente calculadas e esboçadas com muita antecedência.

 Porém, vamos especificamente chegar ao encontro das águas do surrealismo quanto pintura e a contribuição da fotografia para o fortalecimento da vanguarda que tinha como foco a questão dos sonhos, do erótico e das fantasias com espírito e/ou algo mais agressivo da questão humana. Na pintura podemos dizer que o surrealismo foi um sonho mal sonhado, onde muitos dos pintores digamos que tiveram sonhos mal sonhados não concebendo fortemente uma contribuição ao movimento.

Pintura: Salvador Dali – Premonição

 Em tangente temos a fotografia que por sinal teve o seu início no surrealismo com a marginalização das fotografias de Man Ray e suas radiografias solarizadas, dos fotogramas de Lásló Moholy-Nagy, as fotomontagens de John Heartfield e do famoso Alexandre Rodchenko. Estes entre outros não são mártires do movimento surrealista fotográfico, porém a pureza e a essência  faziam com que iniciassem o movimento que na década de 30, esse movimento já possuía uma estética nas costuras, publicidade e até mesmo retrato que já tinham uma base estética do movimento.

Mas podemos sentir que o surrealismo está no coração do ato de compor uma imagem, “do fotografar”. Através da fotografia, temos o poder de duplicar o mundo, o que já faz parte do sonho que congelamos e digitalmente ou de forma impressa confirma essa realidade de segundo grau, afirmando que já esteve lá e com uma câmera na mão. O poder da fotografia é grande na justificativa de algo que parece ser sonho, pois o fotógrafo pode abordar um mesmo tema sendo mais dramático e mais rigoroso na exposição e com uma visão diferente àquela percebida pela visão natural e “desobvializando” uma cena comum.

 Em suma podemos sair deste insight nostálgico da discussão do surrealismo e a fotografia no âmbito do seu surgimento e pisarmos na situação contemporânea em que temos uma condição favorável na produção do “surreal”. Diferente do automatismo, onde a mente não exerce nenhum tipo de controle, esbarramos na bagagem artística que carrega cada fotógrafo no ato do disparo fotográfico. De forma a buscar o subconsciente, fica natural apreciar alguns fotógrafos contemporâneos e que tem o poder de  simplesmente deixar-nos  presos e pasmos com os resultados fotográficos. Implicitamente, o fotógrafo quando empunha a sua câmera e aciona o disparador que no abrir da cortina, toda aquela bagagem visual é capturada pelo sensor que absorve a luz e a grava na memória da câmera digital – o qual é quase que unânime o uso deste meio.

 Quase que de uma poesia é constituída todo o processo de captura. Mas e o surreal? Onde entra isso? O surreal é o simples fato da abordagem quase que inconsciente da fração de segundo que o fotógrafo tem para olhar uma cena, e num simples movimento de mira compõe, dispara, grava e enquadra uma única cena. Toda a parte compositiva, já está no subconsciente onde o sucesso de cada captura chega a ser puro e quase que mecânico até. Seria um fotógrafo que “tudo o que ele põe a mão fica bom digamos”,tudo que ele põe o olho fica bom”,ou melhor, tudo o que ele fotografa fica bom.

 Digamos que fotografar é exercitar algo do subconsciente. Um casamento, uma festa de aniversário e ou qualquer outro evento por exemplo: O que se espera de um fotógrafo de casamento/evento? Que aquele acontecimento seja eternizado, e se transformado mais ainda em conto de fadas, é o resultado esperado por quem contrata um profissional para este fim. Para o fotógrafo conseguir ele tem que carregar consigo, inconscientemente uma bagagem estética e compositiva para poder transformar tudo aquilo (o evento) em algo “supra”.

 Uma outra vertente é para quem vê uma obra como esta abaixo, muitos me perguntam: Nossa que “Cult” foi em alguma cidade histórica que você fez esta foto?

Não! Esta foto foi tirada quando fui cobrir um homicídio na cidade de Leme e do outro lado da rua havia uma residência de pessoas humildes e que secavam roupas na calçada e estávamos com uma condição de luz do sol do período da manhã conseguindo bons efeitos de sombra. Por um momento, isso faz o interlocutor viajar e acreditar que aquilo poderia ser uma situação feliz, cultural, histórica, e que aqui estou descrevendo uma foto minha, mas quantas fotos vemos por aí e ficamos imaginando coisas e coisas que na verdade são outras. Outras realidades que um fotógrafo verdadeiramente sabe e as pessoas que vêem essa informação visual, sonham para decifrar aquela imagem e as interpretam de acordo com a bagagem que acreditam que tenha.

 Finalizo aqui mais um post dessa incessante busca pelo entendimento “sobre fotografia” mergulhado de incógnitas e mistérios que hei de trazer para vocês e provocar discussões.

“À diferença dos objetos  das belas-artes das eras pré-democráticas, as fotos não parecem profundamente submetidas às intenções de um artista. Devem, antes, a sua existência a uma vaga cooperação (quase mágica, quase acidental) entre fotógrafo e o tema – mediada por uma máquina cada vez mais simples e mais automática, que é infatigável e que, mesmo quando se mostra caprichosa, pode produzir um resultado interessante e nunca inteiramente errado.” Susan Sontag

Rafael Habermann

19 de agosto – Dia mundial da Fotografia

Em um mundo completamente imagético como é o nosso hoje, a fotografia está presente em todos os momentos. Seja de câmeras comuns, digitais, de celulares, a imagem se tornou um elemento central nesse mundo midiatizado.

Mas se hoje a fotografia tem esse lugar de destaque, podendo ser alterada, transformada e manipulada, muito se deve aos inventores deste conceito.

Dois franceses merecem destaque nessa descoberta: Joseph Nicéphore Niépce e Jean Jacques Mandé Daguerre. Niépce foi o precursor, unindo elementos da química e da física, criou a héliographie em 1926. Nesse invento ele aliou o princípio da câmara obscura, empregada pelos artistas desde o século XVI, à característica fotossensível dos sais de prata. Após a morte de Niépce, Daguerre aperfeiçoou o invento, rebatizando-o como daguerreótipo.

Por essa época um francês radicado no Brasil, Hércules Florence, desenvolvia também experimentos que levariam ao mesmo resultado. Mas o advento da fotografia foi anunciado ao mundo oficialmente, em Paris, na Academia de Ciências da França, consagrando o Daguerreótipo, em 19 de agosto 1839.

De lá pra cá a fotografia evoluiu muito e foi a grande responsável por apresentar o mundo à humanidade. Mesmo com o surgimento de outras formas de exibição de imagens (cinema, televisão, computador) a fotografia continua sendo a única “capaz de captar a alma humana”. Ou, como diria Henri Cartier-Bresson, um dos maiores fotógrafos de todos os tempos “fotografar é captar o momento decisivo”.

www2.portoalegre.rs.gov.br/pwdtcomemorativas/default.php

Parabéns a todos os fotógrafos!!!


Moda e fotografia : entrevista com Fernando Souza

Segue entrevista com o estilista e designer gráfico Fernando Souza para que possamos entender o que se passa na cabeça de um profissional que respira moda.

Por Caio Garcia Motta Cal

1) Você morou durante dez anos no Japão e trabalhou ao lado de inúmeros profissionais (maquiadores, fotógrafos, estilistas etc). Como foi esse período e qual é a principal diferença entre a mão-de-obra japonesa e a brasileira?

O tempo que morei no Japão foi sem dúvida, até hoje, a melhor época da minha vida. Foi lá que conheci a moda e o design de perto. Quanto à comparação da mão-de-obra, os japoneses são extremamente organizados e pontuais (qualidade que os alguns brasileiros deixam a desejar).

 2) O que inspira você? É possível fugir dos clichês?

É possível sim. Acredito que a moda seja a melhor forma de expressar nossa personalidade, ou seja, cada um tem a sua. Me inspiro muito em obras de arte, música e cultura de outros países.

 3) O que é uma boa fotografia de moda?

Aquela que conta uma história.

4) Como você costuma escolher o fotógrafo que irá trabalhar?

Geralmente, escolho pela proposta do trabalho (campanha/editorial). O contato no mundo da moda é fundamental. Gosto de trabalhar sempre com fotógrafos que eu tenha uma certa liberdade, embora esteja sempre buscando conhecer o trabalho de novos profissionais.

 5) Você já se arrependeu de ter trabalhado com determinado fotógrafo? O que você espera desse profissional?

Já me arrependi sim. Existem fotógrafos que não entendem o processo criativo de uma coleção.  Não levam em consideração o pedido da equipe criativa (mesmo tendo recebido um briefing antes).

 6) O briefing é uma das partes mais importantes antes de registrar as fotos de uma campanha, por exemplo. Como você transmite essa idéia ao fotógrafo?

Eu sempre monto um painel de referências. Acho importante informar a proposta da coleção, o público alvo para aquelas roupas, uma possível locação, cartela de cores e modelos. Uma reunião na véspera das fotos é essencial.

7) Você é a favor ou contra a manipulação digital de imagens?

Sou a favor, desde que seja feita com bom-senso.

 8.) Qual é o seu fotógrafo favorito?

Sou fã do Steven Meisel. Me apaixonei pelo trabalho dele em 2000 após ver um editorial para Vogue Itália. Aqui no Brasil, eu gosto muito do Gui Paganini.

 9) Qual é a sua dica para os que estão começando nessa área tão promissora?

A principal dica é ter consciência que o mundo da moda não é feito de glamour. O trabalho vem antes. Conheço dezenas de estudantes que se formaram em moda e desistiram, alegando não ser o “emprego dos sonhos“. Outra dica importante é estar sempre atualizado e pesquisando sobre o assunto.

 10) Quais são os seus projetos futuros?

Trabalhar, trabalhar e trabalhar! Recentemente montei um blog pessoal chamado Recorte Fashion (www.recortefashion.com). É o meu diário virtual com análise das principais tendências, desfiles e curiosidades. Também estou envolvido em um processo criativo pessoal. Quero lançar uma coleção e disponibilizar em uma loja virtual (e-commerce).

Fotografias de Steven Meisel.

LIVROS RELACIONADOS DISPONÍVEIS NA UFMG:

BARTHES, Roland. O sistema da moda. Lisboa: Edições 70; São Paulo: Martins Fontes, 1981. 353p.  (Coleção Signos;35)   FAFICH – 194.9 B285s.Pc 1981

LAGE, Bárbara Dias; VEIGA, Ricardo Teixeira. Fotografia de moda [manuscrito]: imagem como signo e estratégia de marketing.      2010. [35] f.: il.     FACE – M658 LAG FOR 2010

MARRA, Claudio. Nas sombras de um sonho:  história e linguagem da fotografia de moda.  São Paulo: Senac, 2008. 224 p. FAFICH – 770 M358n.Pa 2008

SEIVEWRIGHT, Simon. Fundamentos de design de moda: pesquisa e design  Porto Alegre: Bookman, 2009. 175, 1 p. (Fundamento de design de moda. Design e fotografia ; 01)  – BELAS ARTES –  391.002 S713f.Pf 2009

Dicas básicas para a coordenação de modelos

Caio Garcia Motta Cal

Expressividade corporal, leveza nos movimentos, força no olhar, variações de poses, etc. Definitivamente, a vida de um (a) modelo não é fácil. Dessa maneira, não me arrisco em dizer que a fotografia de moda é um dos segmentos mais complexos. Vale ressaltar que esse grau de complexidade gira em torno basicamente da pré-produção. Mas, qual é o melhor caminho? PLANEJAMENTO. Essa, sem dúvidas, é a palavra de ordem que irá definir (ou não) o sucesso do seu trabalho.

Foto de Caio Cal para o editorial "Fuga"
Foto de Russell James para o editorial "Ragtag"

Quem será o maquiador? E o stylist? A locação já foi definida? Estúdio ou externa? Como vocês puderam perceber existem muitos questionamentos a ser desvendados. Por isso, iremos abordar de forma prática, todos os elementos vitais que compõem uma fotografia essencialmente de moda. Hoje, vamos retratar um tema muito recorrente na vida de um fotógrafo. Como deixar uma pessoa naturalmente bela diante da nossa lente?

Foto de Patrick Demarchelier para a Vogue Índia
Foto de Mario Testino para a edição de julho/11 da Vogue América

Primeiramente, precisamos diferenciar uma modelo profissional de uma modelo que está começando na área (também chamada de “new face”). Além dessas duas “classes”, temos uma terceira que chamamos carinhosamente de “modelos-amigas”. Quem nunca fotografou uma prima, uma irmã, uma vizinha etc? Essa diferenciação é de suma importância, visto que a sua amiga não tem a mesma experiência e/ou vivência técnica que a Gisele Bündchen, por exemplo. Confira algumas dicas:

1- Converse bastante com a sua modelo. Mostre referências de outros profissionais e explique (de forma objetiva) a proposta do ensaio.
2- Não cobre expressões (faciais e/ou corporais) exageradas. Lembre-se: “A naturalidade vem sempre em primeiro plano”.
3- Ensine poses e procure explorar ângulos que favoreçam fisicamente a sua modelo.
4- Incentive-a com palavras de apoio e mostre certa satisfação durante o andamento do ensaio. Evite frases, tais como: “Essa pose não ficou legal” ou “Temos pouco tempo para terminar”.
5- Não use relógio. Parece simples, mas esse ato diminui a ansiedade de ambas as partes.
6- Saiba ouvir e esteja disponível para sugestões.
7- Sensualidade é diferente de vulgaridade. Muito cuidado ao explorar detalhes de cunho pessoal.
8- Mostre uma prévia do ensaio para a sua modelo. Discuta novas composições e ressalte os pontos a serem melhorados. A propósito, parabenize-a por seu empenho.

Foto de Mario Testino | Modelo: Gisele Bündchen

Como vocês puderam perceber o trabalho do fotógrafo ultrapassa os limites do clique. Nós somos responsáveis por uma avaliação completa do projeto. Além disso, precisamos estar atentos para as seguintes questões:

1- Busque a ajuda de profissionais capacitados e, se possível, monte uma equipe. A função do maquiador, por exemplo, é extremamente valiosa para o sucesso de uma fotografia de beleza. Mostre-se atento para as novidades do mercado e nunca interfira no trabalho do seu parceiro.
2- “Tempo é dinheiro”. Dessa forma, monte um cronograma de ações e estude as prioridades para a conclusão do determinado ensaio.
3- Abuse da criatividade e fuja dos clichês. Existem inúmeros programas que são verdadeiras fontes de inspiração. Indico o ANTM (America’s Next Top Model). O reality show mostra a trajetória de novas modelos e, sobretudo, o making of de super produções.
4- Procure trabalhar mais de uma vez com a mesma modelo. Esse fato gera uma maior cumplicidade e, consequentemente, as fotos ficarão com um ar mais natural.
5- Invista em locações. Uma imagem conta uma história e, por isso, procure eternizar o momento da melhor forma possível.
6- Não transforme a sua modelo em um robô. Muito cuidado com o excesso de photoshop. Afinal de contas, “menos é sempre mais”.

A importância da fotografia

 Armando Vernaglia Jr

 Outro dia ouvi a seguinte pergunta: “Por que você é fotógrafo?” Respondi com uma frase que de tão presunçosa pareceu a mim mesmo um pouco absurda: “Por que é a profissão mais importante do mundo”. Parei para pensar um pouco no que havia dito e concluí que não estava tão errado e que de fato se não era a mais importante, com certeza estaria no “top 10” das atividades fundamentais para a existência da humanidade.

A fotografia é um meio de expressão que pode ser usada de variadas formas, no jornalismo comunica as notícias, nas revistas de fofoca mostra a vida de celebridades, nos anúncios faz todo o trabalho de encantamento para a venda e ainda a vemos em relatórios, sites, palestras, livros e tantos outros meios com finalidades diversas.

A televisão e o cinema só existem graças aos avanços técnicos que deram origem à fotografia, a web 2.0 só é tão interessante pois temos vídeos e fotos bonitas e coloridas, se fosse apenas texto eu queria ver tanta gente conectada esse tempo todo.

Indo mais longe, nós só temos idéia de como fomos quando crianças pois vimos fotos, e também só sabemos como eram nossos pais mais jovens pelo mesmo motivo. Nossa história foi contada por fotos, é nossa memória.

Imagine agora uma vida sem fotografia, sem registros de criança nem as fotos que denunciaram o horror das guerras ou a fome na África. Os anúncios seriam como os velhos cartazes feitos por Lautrec. Televisão e internet? Esqueça, elas não teriam nascido.

Podem levantar a bandeira e dizer que haveria ilustração, tipografia e tudo mais, de fato. Mas o diferencial da fotografia, quando comparada a outras formas de construção de imagem é o fato dela ser realista por natureza, as coisas precisam existir na frente da câmera para serem retratadas, interpretamos uma fotografia como algo real, se o produto é bonito na foto, assim nos parece a realidade, se uma empresa parece bem organizada e produtiva na foto, assim é a impressão que teremos dela.

“Prefiro ver o mundo com os olhos da minha alma.”
Rogério Felício

Mas mesmo com toda a importância, seja como documento histórico ou como meio de comunicação social que independe do verbo, a fotografia é muito maltratada. Não há cultura visual em nosso país, não entendemos que uma boa fotografia vale mais do que milhões de palavras.

Somos analfabetos fotográficos, achamos que foto serve apenas para enfeitar um site, um catálogo ou a sala de estar. Nunca vi um manual de identidade visual que contemplasse orientações sobre o estilo fotográfico a ser usado por uma empresa, preocupam-se com o logotipo que ocupará menos de 10% da página e esquecem de pensar no que irão dizer com aquela foto que ocupará os outros 90%.

No final a fotografia é como o ar em nossos pulmões, é tão presente e fundamental, que só iremos notar sua absoluta importância quando estivermos sem ela, rodeados apenas por essas fotografias genéricas de bancos de imagem free, será como estarmos rodeados por ar poluído e tóxico, ficaremos doentes, cansados e deprimidos. Aí quem sabe compreendamos a falta que fazem as boas fotografias, feitas de forma responsável por bons profissionais, gente que estuda e pesquisa, assim como na medicina, na engenharia, na arquitetura e nas outras poucas profissões que podem rivalizar em importância com a fotografia.

 

 

 

 

 

 

 

Fotografias de:

Francine de Mattos e Daniel Rodrigues

Arte Brasileira e Depois, na Coleção Itaú

A Fundação Clóvis Salgado, em parceria com o Instituto Itaú Cultural, abre ao público até o dia 25 de setembro, a exposição 1911 – 2011 – Arte Brasileira e Depois, na Coleção Itaú. O material inédito é composto por 178 obras produzidas nos últimos cem anos no Brasil, que ficam expostas nas galerias do Palácio das Artes e no Centro de Arte Contemporânea e Fotografia, concentrando um importante acervo da arte moderna e contemporânea produzida no País. Após Belo Horizonte, a mostra irá para o Rio de Janeiro, onde fica em cartaz no Paço Imperial.

Entre os 139 artistas, com obras selecionadas para a exposição, estão nomes como Guignard, Cândido Portinari, Tarsila do Amaral, Flávio Carvalho, Hélio Oiticica, Victor Brecheret, Bruno Giorgi, Maria Martis, Lígia Pape e Amílcar de Castro. Os objetos expostos compreendem vídeos, pinturas, fotografias, desenhos e gravuras, que estão dispostos em seis módulos, que tanto podem ser compreendidos isoladamente, como, se seguidos de ponta a ponta, traçam com definição o caminho percorrido pela arte brasileira desde as primeiras décadas do século passado até hoje.

O primeiro módulo A Marca Humana, traz a primeira modernidade brasileira ainda amplamente representacional. Em seguida, Irrealismos, com 18 peças, apresenta registros de composições que remetem a si mesmas entre o sonho incontrolado e o imaginário construído. Modos de Abstração, o próximo módulo, apresenta 52 obras, com seis esculturas entre elas e mergulha nos anos 50 quando, em decorrência da I Bienal de São Paulo (1951), a arte brasileira passou a se concentrar em temas interiores, livres de uma referência imediata ao mundo exterior – transitando gradualmente do figurativismo para a abstração. Os concretos dominaram a cena, seguidos dos neoconcretos, abstracionistas informais ou expressionistas e começaram um diálogo em pé de igualdade com a arte internacional.

O quarto módulo, Contestação Pop, é composto por 13 obras que trazem a arte pop inspirada na releitura de imagens de outros meios como os quadrinhos, a fotografia de jornal, as embalagens dos produtos comerciais e objetos da cultura de massa. Em Na Linha da Ideia, módulo dividido em seis subgrupos: Arte e Anti-arte, O Juízo Jocoso, Palavra Imagem, A Arte como Arte, Pintura Pós Pintura, Não Objetos e Anti Forma, o público encontra um total de 56 peças que correspondem a um vasto e aberto período da arte identificado como pós-moderno.

Por fim, o grupo Outros Modos, Outras Mídias reúne obras em diversos suportes e cujas propostas são as mais distintas – desde a ação sobre o próprio corpo à contemplação poética e à interação com a obra, permitida pelas experimentações digitais.

A exposição 1911 – 2011 – Arte Brasileira e Depois, na Coleção Itaú tem curadoria de Teixeira Coelho e projeto expográfico de Daniela Thomas e Felipe Tassara.

>> A Exposição pelo curador Teixeira Coelho (52 Kb).pdf.

>> Clique e saiba mais sobre Teixeira Coelho (42,5 Kb).pdf.

>> Clique e conheça Daniela Thomas e Felipe Tassara (63 Kb).pdf.

Serviço
Evento:
Exposição 1911 – 2011 – Arte Brasileira e Depois, na Coleção Itaú
Data: 05 de julho a 25 de setembro
Horário: de terça a sábado, das 9h30 às 21h; domingo, das 16h às 21h
Local: Galerias Alberto da Veiga Guignard, Arlinda Corrêa Lima, Genesco Murta e Centro de Arte Contemporânea e Fotografia
Entrada franca
Informações:
(31) 3236-7400

Amy Winehouse: seu estilo e a moda

Assim como Janis Joplin, Jim Morrison, Kurt Cobain e Jimmy Hendrix, o talento de Amy Winehouse ultrapassa as regras de gravadora e mercado. Ela era o que a sua essência constituiu como um ser criativo e avesso às regras

Publicado no Jornal OTEMPO em 31/07/2011

TARCÍSIO D´ALMEIDA

O mundo da música está de luto. Mas, também, o da moda está. A fatídica morte, também aos 27 anos, da cantora britânica Amy Winehouse, no dia 23 de julho último, em Londres, posicionou-a no time dos bons intérpretes que traduzem os anseios e desejos de uma geração. Assim como Janis Joplin, Jim Morrison, Kurt Cobain e Jimmy Hendrix, o talento de Amy Winehouse ultrapassa as regras de gravadora e mercado. Ela era o que a sua essência constituiu como um ser criativo e avesso às regras. Mais valia o alternativo do que o mainstream para ela. Por isso mesmo, podemos considerar seu estilo extremamente marcante não somente para o universo da música, mas também para o da moda; estabelecendo sinergias entre música e moda. Aliás, em uma era em que o conceito de tendência anda esvaziado e pulverizado, encontramos em Amy a força e a importância da presença do estilo; sim, este que é único, que se constitui como uma marca, uma assinatura individual de cada um de nós numa era de sociedade globalizada e sem fronteiras.

O que nos faz pensar que o estilo de Amy vai além de uma moda específica? Uma possível resposta talvez esteja na plena consciência de seu estilo e como ele se confirmou em suas idealizações constitutivas de sua imagética e veia artística. Sim, pois em Amy havia a mescla dos tempos: a vontade nostálgica, mas muito bem dosada e costurada, com o despojado do viver contemporâneo. A construção da imagem da estrela Amy existe fundamentada em dois princípios-características essenciais: a beleza e a moda, ambas demarcadas pelas atitudes retrôs e que estão intimamente relacionadas às releituras pela moda atualmente. Para a primeira, ela resgatou a presença constante do delineador nos olhos e a estrutura do cabelo colmeia; já para a moda, podemos confirmar em Amy o desejo do retorno à silhueta dos looks comportados das décadas de 1950 e 60, mas com outra leitura, e que dialogavam com as tatuagens da artista.

Ela não seguiu nenhuma tendência. Pelo contrário, o seu estilo virou tendência em jovens de todo o planeta. Criou-se, portanto, a estética do jeito de cantar e se vestir à la Amy, que abriu caminho, direta ou indiretamente, para outras artistas, tais como Duffy e Adele. Assim como Amy, elas adotaram como fonte de inspiração em seus visuais as belezas dos 50 e 60 nas construções de seus estilos. Esse mergulho no passado é também presente na musicalidade da artista, que mesclou jazz e ‘neo-soul’ com rock. O que a distancia, por exemplo, das concepções musicais de Madonna, Björk, Lady Gaga e Rihanna, outras artistas da música que são também ícones da moda. Talvez, o mais apropriado seria pensarmos em Amy como um autêntico ícone de estilo. A partir daí, poderíamos compreendê-la também como um ícone da moda.

Mas, assim como Madonna, Victoria Beckham e Kate Moss, Amy Winehouse também teve suas incursões mais diretas com a moda. Criou uma linha para a marca do clássico streetwear britânico Fred Perry. Colaborou com duas coleções, a última delas para a primavera/verão 2011, e desenvolveu mais três, as quais deverão ser lançadas postumamente. O fundamento central é a inclinação pelo retrô, que pautava o olhar e o cuidado da artista com as criações.

Mas a sinergia entre estilo e moda ocorreu naturalmente, com influências em coleções, em editoriais e campanhas de moda em revistas como a “Vogue Paris”, de fevereiro de 2008, que dedicou um editorial, clicado por Peter Lindbergue, com a modelo brasileira Isabeli Fontana produzida como Amy Winehouse. Outro exemplo da forte marca e influência de Amy na moda aconteceu com a campanha da coleção de joias da Chanel, no mesmo ano, que teve a top Coco Rocha em looks sóbrios da Chanel, mas com o forte apelo das joias e da atitude da artista, via a concepção de beleza da campanha. Este mesmo conceito de beleza com a maquiagem e cabelos à la Amy inspiraram o desfile de dezembro de 2007 da Chanel.

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Tarcisio D’Almeida é professor e pesquisador do curso Design de Moda da Escola de Belas Artes, da Universidade Federal de Minas Gerais (EBA-UFMG). Email: tarcisiodalmeida@eba.ufmg.br. Ele divide este espaço com Susanna Kahls e Jack Bianchi.

Criador da Maior Xilogravura do Mundo expõe na Funarte MG

Mostra é vencedora do Prêmio Funarte de Arte Contemporânea

Publicado em 12 de julho de 2011 no site da Funarte

 Contemplada com Prêmio Funarte de Arte Contemporânea Ocupação dos Espaços da Funarte, a mostra “Transfigurações – 20 aos pedaços”, do artista plástico Francisco de Almeida, será inaugurada na galeria de artes da Funarte MG, dia 14 de julho, quinta-feira, às 20h.

Francisco de Almeida é um artista de alegorias. Suas gravuras, espécie de cartas enigmáticas sobre o medo e o conhecimento arquetípico, desafiam regras e normas gráficas, e têm sempre grandes formatos. Depois da experiência da gravura “Os Quatro Elementos I – O Dia e A Noite”, que levou nove meses para ficar pronta, Francisco realiza sua terceira obra em formato similar. O estirão de 20m x 1,50m – a maior xilogravura do mundo –  foi apresentada na exposição “Absurdo”, da 7ª Bienal do MERCOSUL.

A exposição “Transfigurações – 20 aos pedaços” foi também premiada por meio do 1º Edital de Incentivo às Artes para Pessoas com Deficiência, da Secretaria de Cultura do estado do Ceará. Resultantes da grande matriz composta de diversas matrizes móveis, as 10 gravuras que compõem a mostra são partes da obra apresentada na Bienal do MERCOSUL. Elas receberam também colagens e outras impressões por transferência.

Impressas aos “pedaços”, as xilogravuras guardam o sabor da surpresa também para o artista que, só tem uma visão do conjunto, quando, uma vez o trabalho concluído, o rolo de vinte metros do papel impresso é desenrolado com a ajuda de um dispositivo de catracas de bicicleta e a gravura é, enfim, estendida num espaço generoso que lhe permita, inclusive, uma apresentação panorâmica.

Com carreira de mais de 17 anos, tendo sua primeira premiação em 1993, no 44º Salão de Abril, Francisco de Almeida já teve suas obras expostas em Madri, no Centro Dragão do Mar, e no MAM-SP. Ele nasceu em Crateús, Ceará, em 1962. Xilogravador, aos 15 anos, transferiu-se para Fortaleza, onde estudou xilogravura com Sebastião de Paula, e pintura nas oficinas do Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará, nos anos 1990. Antes, trabalhou como desenhista técnico, na área de arquitetura. Filho de Manuel Almeida Sobrinho, mestre ourives e fotógrafo da cidade de Crateús no sertão dos Inhamuns cearense, e de Terezinha Rodrigues de Almeida, modista e bordadeira, Francisco de Almeida cresceu entre a alquimia do ouro e dos sais de prata e linhas e riscos de bordados – vivência incorporada ao pensamento e ao trabalho do artista. Com diversas exposições realizadas e participação em importantes mostras coletivas, foi merecedor de prêmios no Salão de Abril, Salão CDL de Artes Plásticas, e Talentos Teleceará, entre outros. Sua obra está representada em coleções públicas e privadas do Brasil e exterior.

Serviço

Transfigurações – 20 aos pedaços

Local:
Funarte MG
Rua Januária, 68. Floresta. BH/MG.

Datas e Horários:
de 14 de julho a 14 de setembro de 2011.
De segunda a sexta-feira, das 10h às 18h.

Entrada Franca

Contato:
Francisco de Almeida – (85) 85131962 – 99343162 – 91265139

Biblioteca "Professor Marcello de Vasconcellos Coelho" da Escola de Belas Artes da UFMG