Rainhas, reis, monstros: práticas transformistas e drag no cinema e audiovisual

Bom dia,

Está aberta a chamada para o dossiê “Rainhas, reis, monstros: práticas transformistas e drag no cinema e audiovisual” da revista A Barca (PPGCine-UFF), que será publicado em 2025/1.

Coordenado por Sancler Ebert (UFF / FMU-FIAAM) e Douglas Ostruca (UFRGS), aceita submissões até 2 de dezembro de 2024.

Para mais informações sobre a chamada, consulte o texto abaixo ou acesse o link:

https://periodicos.uff.br/abarca/announcement/view/920

Cordialmente,

Equipe Editorial A Barca.

a_barca_4a-ed_Insta_1080x1080.jpg

Dossiê “Rainhas, reis, monstros: práticas transformistas e drag no cinema e audiovisual”

As pesquisas sobre as práticas drag e transformistas estão em crescimento no continente latino-americano, como demonstrou o I Simpósio sobre Práticas Transformistas, Drag e Arte, realizado em maio de 2024, numa parceria entre investigadores da Universidade Federal Fluminense, do Brasil, e da Universidad de Buenos Aires, da Argentina. Esse dossiê é um dos frutos desse encontro entre pesquisadores deste campo de estudos.

Longe de se reduzirem a uma imitação de códigos binários de gênero, conforme estabelecido nas definições terminológicas vigentes em dicionários, as montações drag dão a ver expressões artísticas heterogêneas. Além das drag queens e dos drag kings, a arte do transformismo se transforma a partir do encontro com as potências dos corpos que habitam as fronteiras, com as vozes subalternas que insurgem nas margens, com as cosmologias ameríndias e seus saberes ancestrais, com os urros monstruosos provindos de forças anômalas da terra. Neste dossiê, provocamos a pensar sobre as conexões da arte transformista com as mídias audiovisuais em suas diferentes formas e formatos.

No cinema, nas telenovelas, nas séries, mas também em videoclipes, videodanças e videoperformances, desfilam as drag e transformistas dos mais variados estilos. Além de investigações críticas acerca da aparição dessas figuras nos audiovisuais, tendo em vista atravessamentos de gênero, sexualidade, raça e classe, buscamos trabalhos capazes de localizar a imbricação de traços estéticos da arte drag com aspectos da linguagem audiovisual. Em uma via paralela, interessam as pesquisas que localizem as inserções de produtos audiovisuais como parte dos processos de montação. Nesse sentido, destacamos os tutoriais e outras produções audiovisuais encontradas em redes sociais e no YouTube, os quais dão a ver os distintos programas de produção dos corpos. Neles, ficam visíveis os padrões de beleza recorrentes tanto quanto os traços que fogem de tais determinações.

Destacamos também o trabalho coletivo de recomposição das memórias das cenas drag e transformistas, por vezes, apagadas das narrativas históricas dominantes. Nesse eixo de investigação, incluem-se os estudos de materiais de arquivo, indo desde fragmentos encontrados no YouTube até buscas em acervos públicos e privados, como as gravações realizadas por casas noturnas ao longo de décadas e que sequer são conhecidas. Através do encontro com tais audiovisuais, túneis do tempo podem se abrir, reavivando a herança de artistas que há muito exerceram a arte da montação. 

Por fim, ressaltamos as relações intermidiáticas e transmidiáticas entre audiovisuais e práticas de palco, nas quais os audiovisuais participam da performance de artistas; os trabalhos de análise da crítica sobre audiovisuais com drags e transformistas e a dimensão do trabalho de drag e transformistas no universo audiovisual.

A intenção deste dossiê é nutrir os estudos sobre essas manifestações artísticas, com o objetivo de reunir diferentes trabalhos produzidos em português, espanhol e inglês, que demonstram o crescimento que o campo de estudo está tendo na América Latina. Serão bem-vindos artigos, ensaios, entrevistas, resenhas e outros tipos de texto contemplados pelas normas da revista alinhados com os temas aqui propostos.  

A seguir, propomos alguns tópicos que são de interesse para este dossiê, mas que não excluem outros temas que podem ser reunidos nos estudos de cinema e audiovisual em relação a essas práticas artísticas:

  • Audiovisuais como produto: Filmes com personagens drag e transformistas; videoclipes; videoperformances; videodanças; produções audiovisuais para redes sociais.
  • Audiovisuais como parte do processo: As mídias audiovisuais como referências e engatilhadores de processos de montação.
  • Audiovisuais como arquivo: casos em que as produções são estudadas como acervos culturais que compilam registros de práticas drag e transformistas em suas múltiplas dimensões arquivísticas.
  • Audiovisuais em relação às práticas de palco: como, por exemplo, obras audiovisuais incluídas em performances de artistas drag e transformistas; ou a coexistência em edifícios compartilhados de produções de palco e audiovisuais envolvendo essas manifestações artísticas. Nesses casos, é dada atenção à natureza intermidiática ou transmidiática das produções.
  • Audiovisuais em conexão com a crítica: o estudo de materiais jornalísticos ou de crítica especializada é incentivado em relação à leitura e às interpretações de obras audiovisuais que envolvam artistas drags e travestis, tanto na frente quanto atrás das câmeras.
  • Audiovisuais em sua dimensão de trabalho: reflexões que tratam especialmente da dimensão de trabalho (autogestionário, profissional, educacional) de artistas drags e transformistas em relação ao universo audiovisual.

As normas de publicação da revista A barca podem ser encontradas em Submissões

Quaisquer dúvidas, escrever para abarcarevista@gmail.com