Exposições
Espaço Potencial – Ateliês I e II – 10 a 20 de maio
Texto: Liel Gabino
Como artista, me sinto envolvido em um processo de aprendizagem ao longo da vida, realizado em sua maior parte no ateliê. Um processo de aprendizagem que ultrapassa a mera aquisição e refinamento de técnica e habilidades. Quando entro no ateliê, de repente percebo que algumas coisas na sala estão presentes – enquanto outras estão disponíveis.
Caracterizo isso como níveis de presença e ausência de acordo com a visibilidade e acessibilidade das coisas. O lugar do ateliê se estende sob as imagens que são lançadas sobre ele. O lugar é aquilo que está por baixo da totalidade das coisas,
configurações, inquietações e envolvimentos que constituem o local de criação como uma figura receptora. Lembrei do ‘lugar potencial’ de Winnicott “uma área intermediaria de experiencia que se situa entre o mundo interior, a realidade psíquica interior e a realidade real ou externa” (in Ogden, 1998, p. 205). Para mim, a imaginação é o resultado da transformação que o pensamento sofre quando é trazido para o “espaço potencial”. O espaço potencial se baseia em duas condições: o ambiente emocional e o ambiente físico. Essas duas condições se fundem em um só local no ateliê do artista.
Espaço também diz respeito a capacidade do corpo de se localizar, organizar seu entorno imediato para propósitos complexos. Uma facilidade do artista é produzir um local de criação que facilite os movimentos do mundo interior para o mundo exterior e o mundo exterior para o mundo interior. A maneira como um artista ordena seu local de trabalho determina como o mundo das coisas que ele encontra todos os dias o afeta. A produção artística está intimamente ligada as complexidades de fatores que estão além do escopo da realidade distinguir. A ideia do artista trabalhando no ateliê é
profundamente formadora de uma ideia sobre autenticidade pessoal da expressão de alguém que é radicalmente livre. O ateliê serve como uma forma tangível de abordagem das passagens de ser e tempo. Imagino que, levarei anos para integrar um ateliê, para criar condições nas quais o movimento cíclico de meu pensamento e ação criativos pudesse ocorrer; um movimento ou ritmo em que novos ciclos nascem dos anteriores, um movimento permeado pela repetição. Mas essa repetição não é uma repetição árida, mas uma que cria diferença.
As condições espaciais do ateliê se aglutinam nas proximidades das paredes do ambiente de trabalho e em torno de qualquer peça que esteja em processo criativo no momento. A parede é então o ponto nocional a partir do qual os avistamentos são feitos. As obras concluídas são relegadas as laterais e ao fundo, muitas vezes justapostas ao
trabalho cuja conclusão foi adiada. A conclusão adiada de uma obra é um afastamento, uma interrupção de atividade que me lembra Perseu, do mito grego, que deve virar a cabeça para sentir o caminho para realizar seu trabalho. Assim, atelie e processo criativo também podem ser vistos como um vasto deposito de possibilidades ainda não percebidas e não declaradas. Em todo o espaço existem diferentes configurações de ordenação – os planos horizontais das mesas repletos de escrita e desenho, os planos verticais e inclinados das obras concluídas e em andamento. A organização interna dos
caminhos entre as coisas do ateliê, seu posicionamento vertical e horizontal é fundamental para direcionar a atenção, o movimento e as ações do artista. As camadas de materiais revelam parte da tentativa do artista de organizar o lugar de modo a renderizar, ao encontrar a qualidade arbitrária das imagens como objeto de sentido e, dessa forma, extrair delas mais do que poderiam me dar em seu estado primitivo.
Espaço Potencial é uma exposição que desloca o espaço do atelie, onde os trabalhos em processo são colocados de modo a oferecer–se a vista. Um lugar de justaposição,camadas, linhas. As operações de resgate da memoria e da recuperação; um
conglomerado de coisas de diferentes vertentes. Um lugar dentro e além do lugar do ateliê. As rotas para as paredes do atelie são projetadas para libertar a consciência. Se colocar diante delas produz uma continuidade de autocompreensão e, eventualmente, nos ajuda a compreender a complexidade de nossos próprios processos criativos.
Processos que, para mim, representam um padrão complexo; um padrão no qual o trabalho se da como um reservatório de reapresentações e conexões que fornecem uma fonte de inspiração criativa.
Fotografia Além do Objeto. Objeto Além da Fotografia. – 15 de maio a 14 de Junho – Espaço F
Exposição: Enquanto Espero a Primavera – Camila Moreira
Exposição “Por Oito Furos” – 06/04 a 04/05 – Espaço F
Exposição Desenho: Modelos Vivo
Concurso e Conversa com o Artista na Exposição Desenho: Modelos Vivo
Texto: Michel Morais
O desenhista e acadêmico Eugênio Paccelli Horta é o convidado do “Conversa com o Artista” no Ateliê 6 da Escola de Belas Artes nesta quarta feira dia 22 de março às 14h. Mediada pelo Professor Sandro Ka do Departamento de Desenho EBA/UFMG e com a participação da multiartista e modelo vivo Andrea Dário, a conversa integra a programação da Exposição Desenho: Modelos Vivos e tem início logo após a abertura da exposição. Além dessa atividade, o evento contará com o 2º Concurso Cabeça de Papel que premiará três participantes que elaborarem um chapéu ou máscara em papel, apresentando-os no dia da abertura da exposição e conversa com o artista.
Adrea Dário, que também é a curadora da exposição, observa que “esta exposição, que Eugênio Pacceli Horta nos privilegia com o olhar que constrói como exercício contínuo, é fruto das inter-relações sensíveis que escolhe estabelecer com a imagem do modelo para estimular o seu imaginário, a sua didática, metodologia e processos criativos; com foco na presença e na performance do Modelo Vivo (Vivo).” A curadora explica que os desenhos em exposição são frutos de um observador inquieto e da reflexão sobre a figura humana que Eugênio carrega desde a sua formação artística como bailarino até sua atuação como desenhista e acadêmico, haja vista todos os desenhos apresentados serem produzidos em sala de aula junto aos alunos entre os anos de 1995 e 2022. Ainda destaca, dessa exposição, a conformação de um diálogo entres artistas, aquele que observa e aquele que é observado, configurando, em suas palavras, uma “homenagem singela à existência dos modelos vivos e à sua importância da elaboração do pensamento plástico.”
Escola de Belas Artes abre seleção de trabalhos fotográficos para exposição em Tiradentes
Texto: Eduardo Queiroga
Estudantes, TAEs e docentes podem se inscrever por meio de formulário até o dia 12 de fevereiro. Trabalhos devem ter sido realizados em atividades vinculadas à escola.
O Núcleo de Pesquisa em Fotografia (N’Foto) da Escola de Belas Artes da UFMG juntamente ao Campus Cultural UFMG em Tiradentes (PROCULT – UFMG) e a Fundação Rodrigo Mello Franco de Andrade, divulgam chamada para seleção de trabalhos para compor uma mostra coletiva que será inaugurada no Festival de Fotografia de Tiradentes – Foto em Pauta em março de 2023.

Serão aceitos trabalhos em fotografia em todos os seus formatos e múltiplas possibilidades de articulação com outras linguagens. Poderão participar alunos, ex-alunos recém egressos, professores e técnicos-administrativos daUFMG que tenham desenvolvido os trabalhos inscritos nas disciplinas de graduação, pós-graduação, projetos de pesquisa e de extensão na Escola de Belas Artes.
As inscrições estarão abertas até o dia 12 de fevereiro e devem ser feitas através deste formulário. O edital com todos os detalhes sobre o processo está disponível neste link.
Parceria
A colaboração entre a UFMG e o Festival de Fotografia de Tiradentes acontece desde as primeiras edições do evento, inicialmente através da cessão de espaços do Campus Cultural UFMG em Tiradentes e da Fundação Rodrigo Mello Franco de Andrade para suas ações. A partir de 2015, procurou-se construir uma parceria mais efetiva, com a proposta de uma programação integrada à do festival, envolvendo alunos e professores da UFMG.”Passamos a ocupar os espaços com a produção da universidade”, relata a professora Anna Karina Bartolomeu, que coordena o projeto desde 2015 e integra o N’Foto juntamente com os professores Patrícia Azevedo e Eduardo Queiroga.

Através da articulação entre a UFMG e o festival, já participaram os fotógrafos Dirceu Maués e Alexandre Sequeira, que cursaram seu Doutorado na EBA, e Marilene Ribeiro, também ex-aluna da universidade. Ganharam itinerância em Tiradentes exposições apresentadas antes no Espaço f, coordenado pelo professor Adolfo Cifuentes, que integra os Al-Químicos, grupo que investiga a fotografia de base química e que marcou presença no festival em diversas edições. Outro destaque foi a Coleção Livro de Artista, tema da conferência do professor Amir Brito Câdor, que fez a curadoria de uma mostra com um recorte daquele acervo especialmente para o evento. “A participação de membros da comunidade acadêmica no festival já se deu de várias formas, através de exposições, oficinas, conferências, etc. Em 2023, a novidade é esta convocatória, a partir da qual a mostra a ser apresentada no Quatro Cantos Espaço Cultural será construída”, ressalta a professora Anna Karina.
A próxima edição do Festival de Fotografia de Tiradentes – Foto em Pauta está prevista para acontecer entre 15 e 19 de março.
CONVOCATÓRIA | UFMG no Festival de Fotografia de Tiradentes | Exposição coletiva
Inscrições: até 12 de fevereiro
Festival de Fotografia de Tiradentes: previsto para 15 e 19 de março
Link com informações e inscrições: https://forms.gle/RVVqoQJygAr4qu8n8
Centro Cultural recebe exposição “O Tudo e o Nada” dos alunos da pós-graduação da Escola de Belas Artes da UFMG
A abordagem sobre a existência humana é algo que nos leva a outras realidades, a consciência do incognoscível. Essas questões ultrapassam a nossa compreensão do “Tudo” e sempre nos deixam sem respostas às perguntas: “Por que existe algo e não apenas o nada?” “Por que o universo se dá o trabalho de existir?” Tais reflexões sempre fizeram parte do esforço humano de se entender como parte do todo que aí está. Indagações que, além de nos deixar atônitos, nos instigam e estimulam na tentativa de buscar uma maior compreensão desse todo. Essa busca promove desdobramentos e edificam pilares basais para a construção de uma consciência, o que nos leva a avançar como seres pensantes e talvez nos coloque em posição de igualdade e importância a todas as formas de vida. Existimos como tudo existe e somos tão relevantes quanto qualquer outra substância do universo. Essa é uma precondição para o respeito e entendimento do “Tudo”.
Mais que um recorte curatorial para fundear uma exposição de arte, essa abordagem filosófica é também uma tentativa de estabelecer sutilmente um corte epistemológico, que provoque certa ruptura nos processos de aquisição de conhecimento voltado para os trabalhos de uma pós-graduação em arte. A Exposição “O Tudo e o Nada” foi prevista como resultante de uma disciplina, com o mesmo nome, do Programa de Pós-Graduação em Artes da Escola de Belas Artes da UFMG e teve como premissa estimular o imaginário e habilitar ao aluno/artista a desenvolver projetos tridimensionais, esculturas, objetos e instalações, que dialoguem com o espaço de maneira poética, sensível ou reativa, tendo como base conceitual “O Tudo e o Nada”. Mais do que isso, esta é uma tentativa de arejar a pesquisa em arte desses artistas e alunos da pós-graduação e criar uma oportunidade – no elenco de disciplinas – para buscarem mais elementos para sua investigação através dos seus próprios processos criativos.
Os conceitos implícitos na questão do “O Tudo e o Nada”, não é premissa absoluta para justificar e possibilitar o entendimento das obras aqui expostas. A base conceitual foi meramente um efeito catalisador de processos, um gatilho para estimular o poderoso espírito criativo desses artistas e possibilitar um campo fértil para a criação. A obra de arte não se explica, se sente. No cerne de cada trabalho exposto existe uma vivência, uma história de vida, uma maneira de ver e sentir o mundo, de forma muito pessoal e peculiar. A arte tem seu vocabulário próprio. Esse é o universo do artista, que transita por fronteiras tênues, pouco espessas e sutis como uma forma de sentir o “Tudo”. Cabe a ele a coragem de ser e de dar o salto no vazio em busca de seu “eu” mais profundo de criar e apresentar generosamente, a partir de suas obras, um possível entendimento de um pequeno fragmento do “Tudo”.
Convido a todos para mergulharem no universo pessoal de cada um desses artistas através de suas obras e quem sabe até se surpreender com possíveis lampejos de consciências em um processo que além de buscar entendimentos, permita explorar o sentir.
Fabrício Fernandino
Curador da Exposição
Abertura: 21 de dezembro de 2022 | às 19 horas
Visitação: até o dia 14/02/2023
Terças a sextas: 9h às 20h
Sábados, domingos e feriados: 9h às 17h
Grande Galeria
Classificação indicativa: 14 anos
Entrada gratuita