A abordagem sobre a existência humana é algo que nos leva a outras realidades, a consciência do incognoscível. Essas questões ultrapassam a nossa compreensão do “Tudo” e sempre nos deixam sem respostas às perguntas: “Por que existe algo e não apenas o nada?” “Por que o universo se dá o trabalho de existir?” Tais reflexões sempre fizeram parte do esforço humano de se entender como parte do todo que aí está. Indagações que, além de nos deixar atônitos, nos instigam e estimulam na tentativa de buscar uma maior compreensão desse todo. Essa busca promove desdobramentos e edificam pilares basais para a construção de uma consciência, o que nos leva a avançar como seres pensantes e talvez nos coloque em posição de igualdade e importância a todas as formas de vida. Existimos como tudo existe e somos tão relevantes quanto qualquer outra substância do universo. Essa é uma precondição para o respeito e entendimento do “Tudo”.
Mais que um recorte curatorial para fundear uma exposição de arte, essa abordagem filosófica é também uma tentativa de estabelecer sutilmente um corte epistemológico, que provoque certa ruptura nos processos de aquisição de conhecimento voltado para os trabalhos de uma pós-graduação em arte. A Exposição “O Tudo e o Nada” foi prevista como resultante de uma disciplina, com o mesmo nome, do Programa de Pós-Graduação em Artes da Escola de Belas Artes da UFMG e teve como premissa estimular o imaginário e habilitar ao aluno/artista a desenvolver projetos tridimensionais, esculturas, objetos e instalações, que dialoguem com o espaço de maneira poética, sensível ou reativa, tendo como base conceitual “O Tudo e o Nada”. Mais do que isso, esta é uma tentativa de arejar a pesquisa em arte desses artistas e alunos da pós-graduação e criar uma oportunidade – no elenco de disciplinas – para buscarem mais elementos para sua investigação através dos seus próprios processos criativos.
Os conceitos implícitos na questão do “O Tudo e o Nada”, não é premissa absoluta para justificar e possibilitar o entendimento das obras aqui expostas. A base conceitual foi meramente um efeito catalisador de processos, um gatilho para estimular o poderoso espírito criativo desses artistas e possibilitar um campo fértil para a criação. A obra de arte não se explica, se sente. No cerne de cada trabalho exposto existe uma vivência, uma história de vida, uma maneira de ver e sentir o mundo, de forma muito pessoal e peculiar. A arte tem seu vocabulário próprio. Esse é o universo do artista, que transita por fronteiras tênues, pouco espessas e sutis como uma forma de sentir o “Tudo”. Cabe a ele a coragem de ser e de dar o salto no vazio em busca de seu “eu” mais profundo de criar e apresentar generosamente, a partir de suas obras, um possível entendimento de um pequeno fragmento do “Tudo”.
Convido a todos para mergulharem no universo pessoal de cada um desses artistas através de suas obras e quem sabe até se surpreender com possíveis lampejos de consciências em um processo que além de buscar entendimentos, permita explorar o sentir.
Fabrício Fernandino
Curador da Exposição
Abertura: 21 de dezembro de 2022 | às 19 horas
Visitação: até o dia 14/02/2023
Terças a sextas: 9h às 20h
Sábados, domingos e feriados: 9h às 17h
Grande Galeria
Classificação indicativa: 14 anos
Entrada gratuita