As origens da Escola de Belas Artes remetem à passagem de Juscelino Kubitschek pela Prefeitura da capital. Em 29 de fevereiro de 1944, através do Decreto n° 151, o então prefeito criou o Instituto de Belas Artes de Belo Horizonte, ao qual foi incorporada a Escola de Arquitetura. A Escola de Belas Artes, didaticamente autônoma, constituía-se do curso de pintura, escultura e gravura. As primeiras sessões de desenho e pintura eram ministradas em parques da cidade e até num galpão onde hoje se encontra o Palácio das Artes.
O marco inaugural da Escola de Belas Artes se deu em 5 de abril de 1957 com a criação do Curso de Arte pela Congregação da Escola de Arquitetura da Universidade de Minas Gerais (UMG), no centro de Belo Horizonte, quando as aulas passaram a ser ministradas efetivamente, trazendo a vocação do fazer artístico, influenciada pelos artistas que participaram de sua concretização.
Escola de Arquitetura – Década de 50
A convivência entre os estudantes de Arquitetura e os do Curso de Arte criado na época não era pacífica:
“Os alunos de arquitetura não aceitavam os estudantes de Belas Artes, porque o nível de formação exigido dos últimos era menor. Eles eram alvo de bombinhas, barricadas e precisaram enfrentar até corredor polonês para assistir às aulas”, informa Pompéa Péret de Britto, professora aposentada da Escola e uma das primeiras alunas do curso.
Artista plástica e professora Pompéia Peret de Britto. Foto de 17/09/2015 (Catavento Filmes).
O conflito incentivou o professor Orlando de Carvalho, então Reitor da UFMG, a levar a questão do Curso de Belas Artes para o Conselho Universitário, que apoiou a transferência para o campus Pampulha por decreto, na época ocupado somente pelo prédio da Reitoria. O Curso de Belas Artes foi transferido à Reitoria em 21 de março de 1963.
Em 1963, a primeira turma do Curso de Belas Artes foi abrigada em um conjunto de galpões que guardava o material de construção das unidades do campus Pampulha. Mesmo entre vergalhões e concreto, alunos e professores tinham motivos para comemorar, pois, enfim, haviam encontrado um “cantinho” para trabalhar:
“Assistíamos às aulas teóricas em um andar da Reitoria, enquanto as práticas eram dadas nos galpões que abrigavam a Escola”, lembra Pompéa Britto.
Galpão que abrigava a EBA em 1964
Como as condições estruturais da Escola não eram das melhores, os professores e alunos contribuíam para sua limpeza e manutenção. O corpo docente, formado em sua maioria por arquitetos – Yara Tupinambá e Haroldo Matos eram os únicos artistas –, ministrava aulas de decoração, artes gráficas, escultura, desenho, cinema, aquarela, história da arte, modelagem e pintura. Somente em 1965 começou a contratação de professores especializados.
Em 31 de maio de 1965 foi elaborado o regimento da EBA, tendo o mesmo sido aprovado pelo Conselho.
Artista plástica, Yara Tupinambá, em sua exposição no hall da Reitoria no Campus da UFMG. Foto de 14/08/2015 (Catavento Filmes).
Em 1967, os artistas do jovem Curso de Belas Artes participaram de uma experiência marcante: o primeiro Festival de Inverno realizado no país.
“O Festival era como um movimento de resistência à ditadura. Conseguíamos driblar a censura e expressar, por meio da arte, metáforas sobre o tema”, recorda a professora Lúcia Gouvêa Pimentel.
Professora Lúcia Gouvêa Pimentel, primeira à direita. Foto de 17/09/2015 (Catavento Filmes).
Em 28 de janeiro de 1968, a Escola de Belas Artes desvincula-se oficialmente da Escola de Arquitetura e permanece sob a tutela da Reitoria da UFMG.
Em 28 de fevereiro de 1968, através do Decreto-Lei nº 62.317, foi criada a Escola de Belas Artes, que se integrou ao sistema de Ensino Superior da Universidade por meio do Plano de Reestruturação da Universidade Federal de Minas Gerais.
Escola velha, Galpão, 1971
Em 1972, foi feita a instalação da EBA/UFMG em sede própria dentro do Campus/Pampulha da UFMG.
Construção da Escola de Belas Artes no Campus Pampulha
Construção da Escultura Galileu
Em 1978, a Instituição implantou o Curso de Especialização em Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis, único nesse nível no Brasil, desenvolvido no Centro de Restauração e Conservação – CECOR (criado em 1980), abrindo caminho para que em 1995 fosse criado o Mestrado em Artes e que, em 2006, fosse implantado o Doutorado em Artes.
Durante esse período a Escola ofereceu a graduação em Belas Artes, mais tarde denominada por Artes Visuais e, em 1998, passou a abrigar também o Curso de Artes Cênicas, vinculado ao Departamento de Fotografia e Cinema, que passou a denominar-se Departamento de Fotografia, Teatro e Cinema. A vinculação a este departamento denota a afinidade existente entre as áreas envolvidas – cinema e artes cênicas – e mostra a evolução da EBA, que está constantemente em busca de novos desafios e investe continuamente no estímulo ao diálogo entre as linguagens artísticas.
O caráter multidisciplinar da Escola de Belas Artes foi reforçado em 2008 com a abertura da graduação em Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis, com a implantação em 2009 da graduação em Cinema de Animação e Artes Digitais, da graduação em Design de Moda e com a implantação, em 2010, da graduação em Dança.
O amadurecimento do projeto de implantação do curso de Dança levou à necessidade da mudança do nome do Curso de Artes Cênicas, que passou a ser denominado Curso de Teatro a partir de 2007.
Está em curso a criação de um Departamento que reunirá os cursos de Teatro e Dança.