Nossa Senhora da Conceição

Um caso de remoção de repintura contribuindo para atribuição de autoria

Autores

  • Carlos Magno de Araújo

Resumo

A igreja Matriz de São Miguel do Cajuru, distrito de São João del-Rei, MG, abriga em seu interior dois magníficos forros pintados ao gosto rococó, atribuídos por Myriam Andrade Ribeiro de Oliveira a Joaquim José da Natividade, o grande pintor ilusionista que trabalhou na região do Campo das Vertentes e Sul de Minas, na passagem do século XVIII para o para XIX.

Na mesma igreja, um conjunto de cinco imagens também se destaca pela excepcional qualidade escultórica e são atribuídas ao Mestre do Cajuru.

No ano de 1999, a igreja de São Miguel recebeu recursos para a conservação e restauração dos forros da nave, capela-mor e quatro das cinco imagens acima citadas, sendo elas de São Miguel, São Rafael, São Gabriel e Cristo Crucificado. Após a remoção de repinturas sobre as imagens deparou-se com as policromias originais de rara beleza e executadas em todas as quatro obras por um único artista. Comparadas essas policromias com as pinturas dos forros e retábulos da referida igreja, observou-se extrema afinidade não só das cores, mas de detalhes, principalmente nos arranjos florais. Em outras localidades da mesma região em cujas igrejas existem pinturas de forros e retábulos atribuídos a Natividade, como São João del-Rei, Carrancas, Andrelândia, Baependi, dentre outras, foram também localizadas imagens com policromias idênticas às encontradas em São Miguel do Cajuru. O vocabulário ímpar das policromias, as semelhanças com as pinturas dos forros e retábulos e a constância das imagens com essa policromia específica nas localidades por onde o artista trabalhou nos permitiu atribuí-las quase irrefutavelmente a Joaquim José da Natividade.

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Publicado

2006-01-01

Edição

Seção

AUTORIAS E ATRIBUIÇÕES