Entalhadores bracarenses e lisboetas em Minas Gerais setecentista
Resumo
No ano de 1790, o segundo vereador da Câmara da cidade de Mariana, o capitão Joaquim José da Silva, cumprindo Ordem Régia de D. Maria I, elaborou uma crônica sobre a situação das artes na antiga Capitania das Minas Gerais, com ênfase na arquitetura e escultura.
Fonte primária de referência obrigatória, esse utilíssimo documento, utilizado por gerações sucessivas de pesqui-sadores desde meados do século XIX, pode ainda revelar surpresas, quando questionado sob enfoques diferentes dos habitualmente seguidos pela historiografia da arte no Brasil. Por exemplo, apesar do destaque dado à figura do artista mestiço Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, fato registrado em prosa e verso por todos os que utilizaram o documento, é provável que se trate do único, entre vários nomes de arquitetos e artistas mencionados no texto, efetivamente nascido no Brasil. Os demais, em esmagadora maioria, são de origem portuguesa comprovada ou provável, incluindo engenheiros militares, como José Fernandes Pinto Alpoim e Pedro Gomes Chaves, mestres de obras, como Manoel Francisco Lisboa e José Pereira dos Santos, e entalhadores, entre os quais José Coelho de Noronha e Francisco Xavier de Brito, são também citados como escultores.