Mangueira

intervenções em uma pintura inacabada de Ivan Serpa

Resumo

A conservação-restauração de arte contemporânea sempre acarretou em diversos desafios para os profissionais conservadores-restauradores, ademais, quando a discussão se centraliza na reintegração cromática de superfícies monocromáticas e foscas. A busca do respeito pela intenção do artista e pela autenticidade são os principais norteadores na construção das propostas de intervenção, as quais demandam técnicas diferenciadas capazes de suprir tais questões e que proporcionem resultados satisfatórios tanto estéticos, quanto técnicos. Procurando discutir as questões que permeiam a conservação de arte contemporânea, foi selecionada a pintura Sem Título (uma obra inacabada da série Mangueira) do artista brasileiro, Ivan Serpa (1923-1973), datada do início da década de 1970. Desde o falecimento de Serpa, em 1973, a obra permaneceu no ateliê do artista sem o devido acondicionamento, sendo submetida a condições adversas. Consequentemente, a obra estava em péssimo estado de conservação, com danos estruturais e na camada pictórica, como extensas áreas de perdas e desprendimentos, pulverulência, encolhimento e distorção do suporte, entre outros. Em 2018, a pedido da família do artista, a obra chega ao CECOR/ Escola de Belas Artes da UFMG para a realização da restauração estrutural e estética, a ser executada no Curso de Graduação em Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis. Desde a sua chegada, as intervenções na camada pictórica têm representado um grande desafio na tomada de decisões, isto se dá devido às extensas áreas monocromáticas e foscas e, também, por caracterizar-se como uma obra inacabada. Este trabalho, portanto, busca discutir os critérios de intervenção para a camada pictórica e apresentar os resultados obtidos através da reintegração cromática. Nesse sentido, todas as problemáticas encontradas na obra de Serpa trazem reflexões a respeito dos critérios de intervenção e dos limites da restauração.