Carrancas como Patrimônio Cultural a ser preservado:

sobrevivência da manifestação no norte mineiro

Resumo

O termo Carranca, identifica a figura de proa surgida na Região do São Francisco, escultura tradicionalmente realizada em madeira, com ou sem presença de policromia. A figura de proa historicamente era inserida na proa e projetada para fora das embarcações. Sua existência nas embarcações da antiguidade, são comprovadas por registros das civilizações egípcias e fenícias. No Brasil, início do século XIX, essas figuras conhecidas então como figuras de barca, apresentavam expressão original nas barcas do Rio São Francisco, reunindo num mesmo objeto representações com zoomorfismo e antropomorfismo. Essa característica é singular do Brasil, sendo que não foram encontrados registros em outra parte do mundo. O termo figura de barca foi substituído pelo termo Carranca, a partir de publicação de artigo intitulado “Carrancas de Proa do São Francisco” em revista de circulação nacional, em 1947. Com o desaparecimento das barcas que compunham seus corpos, as Carrancas aportaram em terra firme e sobrevivem, ressignificadas, através das mãos de artesãos carranqueiros, como forma de expressão de identidade cultural da região, de onde partem, para além do ambiente fluvial. Mesmo sem apoio governamental, sem políticas públicas direcionadas a proteção da cultura carranqueira, artesãos e artesãs, continuam com sua arte. O presente trabalho se ocupa do estudo da Carranca enquanto Referência Cultural de uma região. Visa multiplicar conhecimentos e preservar além de um objeto popular, a Carranca, sua essência como expressão cultural do Rio São Francisco. Para tanto, são apresentados estudos baseados nos referenciais teóricos disponíveis e pesquisa de campo sobre atuação dos carranqueiros na cidade de Pirapora, Minas Gerais.

Palavras-chave: Rio São Francisco, Carrancas do São Francisco, Patrimônio Cultural,
Salvaguarda, Conservação - Restauração