No oitavo episódio do Podcast Recitais tivemos um bate-papo com o rapper belo-horizontino Roger Deff, um dos artistas mais atuantes no movimento hip hop e uma das principais referências em seu estilo musical. O início da sua trajetória no universo das rimas e batidas foi nos anos 90, através da banda de rap mais longeva de Minas Gerais, a Julgamento, na qual gravou três discos. Desde 2019 o artista segue carreira solo, já com dois álbuns lançados, com inspiração na periferia, no centro urbano, na vida cotidiana da cidade e no hip hop.
Roger nos conta que o seu primeiro contato com o rap e o movimento hip hop foi quando ainda era garoto, na porta da escola, onde presenciou alguns homens ouvindo um clássico rádio Boombox toca fitas, semelhante ao do filme “Faça a coisa certa”, do Spike Lee. A música prendeu a sua atenção de imediato e o ritmo ficou em sua cabeça, mesmo sem saber do que se tratava. Foi então que ele conheceu algumas pessoas do seu bairro, com conhecimento sobre o assunto, que lhe apresentou Racionais, Thaíde, GOG, Gabriel, o Pensador e toda essa turma do rap brasileiro dos anos 90. Ele passou a frequentar um baile que acontecia aos sábados no centro comunitário do bairro e se apaixonou por essa cultura, aproximando das pessoas que também se interessavam por esse universo.
Naquela época não era comum ter MC solo em Belo Horizonte, portanto ele se uniu a outras pessoas e formou o grupo Julgamento, que foi o início de tudo. O nome foi inspirado na música Júri racional, dos Racionais, e nas MCs que formavam a dupla Justiça Rap, que propagava uma mensagem de embate e combate ao racismo. O Julgamento também tinha esse viés da contestação e foi a sua escola e o lugar de muito aprendizado, onde aprendeu a fazer rap, apresentou o primeiro show, gravou o primeiro disco e teve a oportunidade de dividir o palco com artistas já consagrados e que admirava, como Negra Li, BNegão e o saudoso Marku Ribas.
O rap é uma ferramenta de expressão na luta contra a invisibilidade da comunidade negra e retrata a realidade e a vivência dessa população. Roger Deff contextualiza que esse movimento do rap político e da contestação começou com o rapper Chuck D, vocalista do grupo de hip hop norte-americano Public Enemy, que não via espaço de fala fora das comunidades. Quando um jovem entende que a periferia é território e local de produção cultural, um espaço de potência e transformação, mesmo com todos os problemas, você dá a ele ferramentas para que não se sinta excluído, diz Deff.
Em 2019 o MC lançou o seu primeiro álbum solo, “Etnografia Suburbana”, que aborda a contribuição da diáspora negra no Brasil e no mundo, retratando as mazelas vivenciadas pelos afrodescendentes e enfatizando a potência da cultura de matriz africana. O seu álbum lançado recentemente, “Pra Romper Fronteiras”, faz uma homenagem ao hip hop e as bases dessa cultura, temática de estudo do artista, que também é jornalista, pesquisador e mestrando em artes na UEMG, com foco na pesquisa do hip hop em Belo Horizonte.
Ouça o podcast na íntegra e conheça um pouco mais sobre a trajetória do MC Roger Deff: https://spoti.fi/3BRZTfQ
Conheça o trabalho de Roger Deff em: https://www.instagram.com/rogerdeffmc/.
O Podcast Recitais é um projeto que pretende disponibilizar mensalmente no Spotify conteúdos em áudio relacionados à música. A proposta surgiu para ampliar a programação online do espaço, oferecer ao público da internet uma discussão sobre o universo musical, além de dar visibilidade aos artistas, que estão tendo que encontrar formas de se reinventar neste momento de distanciamento social. Os convidados terão espaço para apresentarem seus trabalhos autorais, sejam os que estão começando sua trajetória nos palcos e até mesmo os já consagrados.
Podcast Recitais
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