O Centro Cultural UFMG convida para a abertura da exposição Quando a noite chegar desliguem as máquinas, do artista Lucas Ero, na sexta-feira, dia 13 de março, às 19h. A mostra reúne máquinas eróticas imaginárias e poderá ser vista até o dia 12 de abril. O evento é aberto ao público e a entrada é gratuita.
Nascido no Vale do Aço, Lucas Ero cresceu sob a fuligem de uma grande siderúrgica. A presença panóptica da usina, centro da vida da cidade de Ipatinga, sempre foi um símbolo de poder ameaçador para ele. Seu avô materno, ex-operário da siderúrgica Usiminas, trabalhou em sua construção em 1958 e sobreviveu ao Massacre de Ipatinga, de 7 de outubro de 1963, quando militares utilizaram metralhadoras contra uma manifestação grevista de funcionários da empresa. O episódio levou à emancipação da cidade, em 29 de abril de 1964, um útero industrial banhado em sangue humano que serviu de laboratório para o Golpe Militar de 64.
Em 2009, Lucas Erro abandonou o cargo de operador de máquinas na sinterização da usina para seguir como um artista visual inventor de máquinas eróticas imaginárias. Suas máquinas são humanas, sexuais, sociais, penais, solitárias, excitadas ou desinteressadas: objetos mecânicos ficcionais — de algum modo antropomórficos — que nascem da liberdade criativa do suporte bidimensional, experimentações pictóricas e conotações simbólicas. Como sondas lançadas ao abismo, fazem prospecções imagéticas de um vocabulário voltado ao lócus maquínico da contemporaneidade: dos dejetos tecnológicos ao dispêndio das carnificinas mecânicas, pulsões eróticas ou destrutivas que movem tanto as engrenagens famintas da indústria, quanto os motores de combustão do desejo humano na criação artística.
Sobre o artista
Lucas Ero é bacharel em Artes Visuais com habilitação em Desenho pela Escola de Belas Artes da UFMG (2015). Participou das residências artísticas Obras em Construção, na Casa das Caldeiras, em São Paulo (2017); Residência Camelo, na Casa Camelo, em Belo Horizonte (2016); Residência do Museu do Sexo Hilda Furacão, que ocorreu simultaneamente no circuito composto pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Fundação Nacional de Artes (Funarte), Casa do Conde e hotéis da Rua Guaicurus, zona boêmia de Belo Horizonte (2016) e Quimeras, ministrada pelos artistas franceses François Andes e Pascal Marquilly, no Festival Artes Vertentes, em Tiradentes/MG (2015). Participou de exposições coletivas e individuais durante sua trajetória artística, com destaque para Ainda que Eu Ande Pelo Vale do Aço da Morte, Solitária e Seres Maquinais. Recebeu o Prêmio Residência Camelo (2016) e foi indicado ao Dente de Ouro (2019).