Durante o ano de 2020, praticamos constantemente uma atenção redobrada para fora e para dentro de nossos corpos e de nossas casas. Não apenas por estranhamento mas sobretudo por desejo, começamos a distinguir paisagens e objetos que antes se misturavam à rotina: a regularidade dos pisos de madeira ou de cerâmica, a profundidade da terra mole (sempre que possível), as linhas verticais e horizontais dos prédios, a luz das telas de computador, a materialidade das embalagens do supermercado, a cor quente do sol e fria das lâmpadas, a textura do gel, o formato dos olhos. Na solidão de nosso isolamento, iniciamos juntos uma busca vertiginosa pelo contato: um lugar entre o eu e outra coisa.
Nesta busca, demos e desdemos nós a ponto de nos sentirmos embaraçados diante do mundo e aprendermos novas maneiras de tateá-lo. Por isso, as imagens desta exposição são metade resultado do que já conhecemos e metade experimentos com o que ainda estamos descobrindo. Encontro entre a experiência e a expectativa que reflete não apenas nossa condição como graduandos, mas as circunstâncias políticas, sociais, econômicas e ambientais de um ano árduo num país já em crise.
Reafirmamos com estes trabalhos que acreditamos em uma arte que seja resistência, acolhimento e travessia, e deixamos neste Labirinto um registro da vida além das janelas.
* O número de expositores não necessariamente corresponde ao número de formandos do semestre. A participação na exposição de formatura é facultativa.