O diálogo da imagem
a arte como emblema da sensibilidade colonial
Abstract
Apesar da força discursiva da imagem plástica, a obra de arte tem sido preterida como fonte de análise histórica, sendo objetivo de críticas frequentes em muitas correntes historiográficas.
Para a Historiografia da Arte, o século XVIII marca a sistematização do pensamento a partir da estética neoclássica. Produto natural do idealismo filosófico do século XVIII, teve como principal teórico o historiador de arte alemão Joachin Winckelmann (1717-1768). Suas obras - Reflexões sobre a Imitação das Obras Gregas na Escultura e Pintura (1756), Da Capacidade de sentir o Belo nas Obras de Arte (1762) e História da Arte entre os Antigos (1764) - exerceram forte influência para a geração seguinte que queria despojar-se das relações formais do Barroco e Rococó e dos temas religiosos que marcaram o período anterior.
Segundo a estética neoclássica ou acadêmica, o Belo - ideal absoluto e eterno - é a fonte de toda construção artística. A idéia deste Belo universal, base do pensamento kantiano, não está na natureza, mas no espírito do homem, e nenhuma época traduziu mais este conceito idealista da estética, do que a arte da Antiguidade Clássica edo Renascimento Italiano. Das viagens de Winckelmann e Goethe nasce o conceito de estética e de filosofia da arte, para esses autores teorizar os períodos Históricos significa transpô-los da ordem dos fatos para a ordem das idéias ou modelos. Paradoxalmente, Winckelmann contribui para o destronamento da arte antiga. De uma civilização imortal fez ele um momento histórico; fê-la decair do absoluto para o relativo. Acreditando unir-se a ela, dela se separa pelo próprio ato que, objetivando-a, a dessacraliza (BAZIN , 1989, p: 85).