Entre Reis
o discurso imagético dos retábulos de São Luís e Santa Isabel
Resumo
Nos últimos anos, a necessidade de suprir lacunas do estudo da imaginária brasileira nos concedeu trabalhos vultuosos sobre a discussão que permeia a cristandade ocidental desde a gênese da representação imagética. O trato com a imaginária luso-brasileira ganha maior articulação pela disseminação das concepções tridentinas, trazidas para Minas sobretudo pela criação do bispado de Mariana. Nas palavras de Daniele Menozzi, o Concílio de Trento teve para as imagens uma “tríplice função”, quais sejam: “reavivar a memória dos fatos históricos, estimular a imitação dos personagens representados e permitir sua veneração”.
No que concerne ao uso das imagens na religiosidade que se desenvolveu no interior da colônia, para além das definições estabelecidas pelo concílio, a prática acabou por agregar à imaginária diversas outras formas de representação e pertencimento à fé católica. Ora, em um espaço onde não existia uma formação educacional sólida, tanto de clérigos como de fiéis, a visualidade consistia importante veículo discursivo do espaço religioso.