Materiais Usados na Decoração de Esculturas em Madeira Policromada no Período Colonial em Minas Gerais
Resumen
As imagens em madeira do período colonial, em Minas Gerais, foram esculpidas com técnica elaborada e apresentam rica policromia. A madeira recebia várias camadas de tinta e folhas metálicas de ouro ou prata. Após o entalhe, a madeira era polida e na maioria das vezes recebia camada de cola animal para impermeabilizá-la, técnica denominada encolagem. A preparação era aplicada em várias camadas com pincel e geralmente consistia de carbonato de cálcio ou gesso e cola. O caulim, argila branca disponível na região de Minas Gerais, foi também utilizada pelos artistas em Minas Gerais em substituição ao gesso importado (MORESI, 1994). No panejamento foram utilizadas técnicas como o esgrafiado e pintura a pincel. O esgrafiado, de origem italiana, constitui-se de técnica decorativa de desenhos pintados sobre a folha metálica. A folha de ouro, ou de prata, é aplicada na escultura já preparada com camadas brancas de preparação e ocre de bolo. A camada colorida é aplicada sobre o douramento e antes de sua secagem completa é removida com um instrumento adequado em determinadas áreas para formar os desenhos do esgrafiado. A pintura a pincel consiste em camada de tinta aplicada com pincel sobre a preparação nas áreas de panejamento ou sobre o esgrafiado. Ornamentos tridimensionais, tais como pastiglio, pingo de sangue e outros adereços como corda e coroa de espinhos eram utilizados para realçar a dramaticidade e o realismo do barroco (KUHN, 1986). Por exemplo, na Espanha no tempo da Contra-Reforma, uma forma extrema de naturalismo foi desenvolvida: as figuras tinham olhos de vidro e laços na decoração que eram representadas com cordas verdadeiras embebidas de preparação, etc. O pastiglio, técnica de origem italiana (BOMFORD et al., 1992), consiste em decoração em relevo imitando rendas, insígnias e outros elementos decorativos nas áreas de panejamento. O barbante ou o próprio material usado como preparação, gesso ou carbonato de cálcio, eram usados como relevo do pastiglio. Várias camadas de gesso eram aplicadas e o desenho modelado com instrumento adequado, obtendo-se finalmente o “pastiglia”, em italiano. De acordo com a literatura, outros ornamentos tridimensionais eram sempre cravados na preparação enquanto esta estava ainda úmida. Pingos de sangue, lágrimas e ferimentos eram representados com sementes cravadas, lã, barbantes e outras coisas embutidas na preparação (KUHN, 1986).
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