Moda e fotografia : entrevista com Fernando Souza

Segue entrevista com o estilista e designer gráfico Fernando Souza para que possamos entender o que se passa na cabeça de um profissional que respira moda.

Por Caio Garcia Motta Cal

1) Você morou durante dez anos no Japão e trabalhou ao lado de inúmeros profissionais (maquiadores, fotógrafos, estilistas etc). Como foi esse período e qual é a principal diferença entre a mão-de-obra japonesa e a brasileira?

O tempo que morei no Japão foi sem dúvida, até hoje, a melhor época da minha vida. Foi lá que conheci a moda e o design de perto. Quanto à comparação da mão-de-obra, os japoneses são extremamente organizados e pontuais (qualidade que os alguns brasileiros deixam a desejar).

 2) O que inspira você? É possível fugir dos clichês?

É possível sim. Acredito que a moda seja a melhor forma de expressar nossa personalidade, ou seja, cada um tem a sua. Me inspiro muito em obras de arte, música e cultura de outros países.

 3) O que é uma boa fotografia de moda?

Aquela que conta uma história.

4) Como você costuma escolher o fotógrafo que irá trabalhar?

Geralmente, escolho pela proposta do trabalho (campanha/editorial). O contato no mundo da moda é fundamental. Gosto de trabalhar sempre com fotógrafos que eu tenha uma certa liberdade, embora esteja sempre buscando conhecer o trabalho de novos profissionais.

 5) Você já se arrependeu de ter trabalhado com determinado fotógrafo? O que você espera desse profissional?

Já me arrependi sim. Existem fotógrafos que não entendem o processo criativo de uma coleção.  Não levam em consideração o pedido da equipe criativa (mesmo tendo recebido um briefing antes).

 6) O briefing é uma das partes mais importantes antes de registrar as fotos de uma campanha, por exemplo. Como você transmite essa idéia ao fotógrafo?

Eu sempre monto um painel de referências. Acho importante informar a proposta da coleção, o público alvo para aquelas roupas, uma possível locação, cartela de cores e modelos. Uma reunião na véspera das fotos é essencial.

7) Você é a favor ou contra a manipulação digital de imagens?

Sou a favor, desde que seja feita com bom-senso.

 8.) Qual é o seu fotógrafo favorito?

Sou fã do Steven Meisel. Me apaixonei pelo trabalho dele em 2000 após ver um editorial para Vogue Itália. Aqui no Brasil, eu gosto muito do Gui Paganini.

 9) Qual é a sua dica para os que estão começando nessa área tão promissora?

A principal dica é ter consciência que o mundo da moda não é feito de glamour. O trabalho vem antes. Conheço dezenas de estudantes que se formaram em moda e desistiram, alegando não ser o “emprego dos sonhos“. Outra dica importante é estar sempre atualizado e pesquisando sobre o assunto.

 10) Quais são os seus projetos futuros?

Trabalhar, trabalhar e trabalhar! Recentemente montei um blog pessoal chamado Recorte Fashion (www.recortefashion.com). É o meu diário virtual com análise das principais tendências, desfiles e curiosidades. Também estou envolvido em um processo criativo pessoal. Quero lançar uma coleção e disponibilizar em uma loja virtual (e-commerce).

Fotografias de Steven Meisel.

LIVROS RELACIONADOS DISPONÍVEIS NA UFMG:

BARTHES, Roland. O sistema da moda. Lisboa: Edições 70; São Paulo: Martins Fontes, 1981. 353p.  (Coleção Signos;35)   FAFICH – 194.9 B285s.Pc 1981

LAGE, Bárbara Dias; VEIGA, Ricardo Teixeira. Fotografia de moda [manuscrito]: imagem como signo e estratégia de marketing.      2010. [35] f.: il.     FACE – M658 LAG FOR 2010

MARRA, Claudio. Nas sombras de um sonho:  história e linguagem da fotografia de moda.  São Paulo: Senac, 2008. 224 p. FAFICH – 770 M358n.Pa 2008

SEIVEWRIGHT, Simon. Fundamentos de design de moda: pesquisa e design  Porto Alegre: Bookman, 2009. 175, 1 p. (Fundamento de design de moda. Design e fotografia ; 01)  – BELAS ARTES –  391.002 S713f.Pf 2009

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