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Professora da EBA lança glossário ilustrado para conservação e restauração de obras em papel

Márcia Almada reuniu, com Silvana Bojanoski, da UFPel, termos e definições em português, com equivalências para o inglês, espanhol e grego, relativos a danos e tratamentos.


Baixe o e-book gratuitamente

O sangramento, num documento em papel, é o dano causado pelo espalhamento da tinta de um traço original, que resulta em aparência borrada. A laminação, por sua vez, é o procedimento de restauração em que se adere ao documento, numa ou nas duas faces, um reforço fino e transparente.

Os dois termos estão entre os 57 que compõem o e-book Glossário ilustrado de conservação e restauração de obras em papel: danos e tratamentos, elaborado pelas professoras Márcia Almada, da Escola de Belas Artes da UFMG, e Silvana Bojanoski, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). O acesso à obra é gratuito.

Destinado a estudantes, docentes e profissionais da Conservação e Restauração e áreas próximas, o e-book é desdobramento da tese de doutorado de Silvana – Terminologia em conservação de bens culturais em papel: produção de um glossário para profissionais em formação –, defendida na UFPel, em que ela aplicou a metodologia dos estudos terminológicos com viés linguístico para compilar, definir e organizar os termos usados pelos conservadores-restauradores de documentos gráficos em uma estrutura relacionada a identificação, diagnóstico (danos), conservação e restauração (tratamentos), produtos e equipamentos.

Márcia Almada: múltiplas possibilidades de navegação
Divulgação

“Optamos pelo recorte em danos e tratamentos em razão da necessidade de limitar o volume de termos e pensando no uso mais imediato da informação e na interlocução com outros idiomas”, conta Márcia Almada. “Rediscutimos, revisamos e repensamos uma série de questões. Para isso, foi importante também a colaboração de colegas estrangeiros”, completa Silvana Bojanoski, ressaltando que se trata de uma obra aberta a ampliações e novas possibilidades.

Equivalências e ilustrações
O e-book, editado pela Fino Traço, apresenta equivalências em português, espanhol, inglês e grego de termos e definições relativos às obras bidimensionais – obras de arte, manuscritos e gravuras avulsas. De acordo com as autoras, as referências foram o inglês dos Estados Unidos e o espanhol do México. Algumas das fontes principais do trabalho foram a Associação Brasileira de Conservação e Restauração (Abracor) e o American Institute of Conservation (AIC). Os parceiros do México foram pesquisadores independentes; no caso da Grécia, Márcia e Silvana tiveram a colaboração da Universidade de West Attica, que mantém convênio de colaboração acadêmica com a UFMG.

Todos os termos do Glossário são ilustrados. “A busca das imagens foi muito desafiadora e instigante”, conta Márcia Almada. As imagens aparecem sobre fundos de cores diferentes, de acordo com o idioma. Os termos são lincados para os quatro idiomas, e um índice alfabético faz as correspondências dos termos com as respectivas definições e termos associados. “São muitas as possibilidades de navegação, sempre na lógica do hiperlink. Por isso, essa publicação só podia ter a forma de e-book”, comenta a professora da UFMG.

Silvana Bojanoski: influência de contextos e formação profissional
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Márcia e Silvana salientam que estabelecer as equivalências de termos especializados em diferentes idiomas não é uma tarefa fácil. “A terminologia empregada sofre a influência das experiências, dos contextos e processos de formação profissional que caracterizam cada país ou região”, afirma a professora da UFPel. As autoras ressaltam, por outro lado, que, na perspectiva adotada por elas, essa variação não é um problema. “Tratamos esse aspecto como um fator importante que faz parte do processo de construção e das constantes mudanças que se dão numa área de conhecimento especializada”, diz Márcia Almada.


Como afirmam na apresentação do livro, as autoras partem da noção de que “um glossário é uma obra em constante construção, uma vez que o vocabulário dos profissionais reflete as mudanças na produção do conhecimento especializado”. E manifestam a expectativa de que “a edição possa fomentar novas discussões terminológicas, o que é fundamental para o desenvolvimento da área de Conservação e Restauração de documentos gráficos”.

O livro é iniciativa vinculada ao projeto A materialidade dos documentos pintados: entre a história e a preservação, financiado pela Capes e coordenado por Márcia Almada.

LivroGlossário ilustrado de conservação e restauração de obras em papel: danos e tratamentos
Autoras: Marcia Almada e Silvana Bojanoski
Editora: Fino Traço (Coleção Patrimônio)
582 páginas | Acesso gratuito

Artigo por Itamar Rigueira Jr.

Fonte: Portal UFMG

Obras de motivo religioso do acervo artístico da UFMG compõem exposição virtual

‘Figurações: imagética religiosa no Acervo Artístico da UFMG’ integra as comemorações do centenário da Cúria Metropolitana de Belo Horizonte.

‘Procissão fluvial’, de José Luis Soares. Oléo s/ tela, 1976. Foto: InArte | Acervo Artístico da UFMG

A exposição virtual Figurações: imagética religiosa no Acervo Artístico da UFMG será inaugurada nesta terça, 24 de agosto, durante evento em comemoração ao Jubileu da Cúria Metropolitana de Belo Horizonte.

Figurações reúne cerca de cem obras. “Aproveitamos a ocasião dos cem anos da Cúria Metropolitana para revolver nosso acervo e extrair dele uma experiência plural sobre o universo imagético do cristianismo”, afirma o diretor de Ação Cultural da UFMG, Fernando Mencarelli, referindo-se ao Acervo Artístico da UFMG, que reúne mais de 1.700 obras.

No ambiente da mostra, desenvolvido pelo doutorando da Escola de Belas Artes Pedro Veneroso, o visitante poderá apreciar pinturas, esculturas, gravuras e objetos produzidos em diferentes contextos e que atualmente se localizam na Reserva Técnica do Espaço Acervo Artístico da DAC, no Campus Cultural UFMG em Tiradentes e em outras unidades da Universidade. As obras datam do século 16 ao 20 e foram organizadas em narrativa expositiva, que propõe quatro eixos de interpretação: A devoção e o temploO povo, o rito, a festaOs modernos e o substrato religiosoA igreja e a montanha. Também será possível navegar por textos escritos por especialistas convidados, que revelam aspectos do contexto simbólico e de produção dessas obras.

Mais de 30 pesquisadores e técnicos participaram do trabalho investigativo e da montagem da exposição, incluindo uma série de videoentrevistas que serão disponibilizadas nos próximos meses, um catálogo e intervenções audiovisuais que serão exibidas em Tiradentes e na fachada digital do Espaço do Conhecimento UFMG, localizado na Praça da Liberdade. Esses conteúdos mostram como o fenômeno da religião é constitutivo das mais diversas expressões da nossa sociedade.

“O fenômeno religioso é múltiplo e inerente à aventura humana, de forma que a produção plástica ocidental, longamente endereçada a também figurar o substrato religioso cristão, oferece-nos um panorama complexo de tradições visuais e práticas culturais abrangentes”, comenta o curador Matheus Drumond, que é doutorando em História da Arte na PUC-Rio e professor substituto do Departamento de Teoria e História da Arte da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

De acordo com a coordenadora da exposição, a professora Verona Segantini, da Escola de Belas Artes da UFMG, Figurações é um convite a compreender as criações artísticas em contextos mais amplos. Ela diz que a exposição ajuda a revelar uma série de práticas simbólicas e culturais que emprestam às imagens seu sentido mais fundamental. “Os objetos, ao figurarem modos de contato com o sagrado ou reminiscências de sua profunda penetração na cultura, convocam uma discussão aberta sobre sistemas de representação, práticas sociorreligiosas, expressões tradicionais e artísticas”, esclarece.

A exposição será tema de mesa-redonda no evento comemorativo do centenário da Cúria Metropolitana.

(Com assessoria de comunicação da Diretoria de Ação Cultural).

Fonte: Portal UFMG