Disciplina de fotografia da Escola de Belas-Artes estimula olhares singulares sobre o campus Pampulha
Bárbara Pansardi
Publicado no Boletim da UFMG, nº 1847
Luiz Pontel mira a lona da Praça de Serviços |
Para além do conjunto de prédios, nuances arquitetônicas; mais que um pavilhão de aulas, um espaço para a sociabilidade; ambientes abertos, ao ar livre, que podem ser um convite para a ocupação criativa. Você já parou para observar o campus?
O professor da área de fotografia da Escola de Belas-Artes Adolfo Cifuentes propôs a seus alunos descondicionar a mirada cotidiana sobre a UFMG e redescobri-la por meio das lentes da câmera. “O desafio é construir uma pequena narrativa fototextual que permita abordar um dos múltiplos fazeres, ofícios e realidades que configuram esse microcosmos complexo com as subculturas, tribos, espaços e paisagens que a compõem”, explica.
Os resultados são variados. Aline Murta Azevedo tematizou os habitantes felinos da Fafich, Nicole Stéffane flagrou locais habitualmente cheios em momentos ermos, enquanto Ana França e Ana Luiza Emerich divisaram paisagens mediadas pelas janelas dos prédios, entre outras abordagens – algumas das quais podem ser conferidas nestas páginas.
Nicole Stéffane flagra o banco vazio |
“Uma coisa interessante é que o aluno tem uma visão mais íntima sobre as questões da universidade, um olhar de mais vivência do espaço, não tão distante. Tem aluno que praticamente vive aqui, imerso nos DAs (diretórios acadêmicos), por exemplo. Alguns vêm de outros estados, sequer têm família na cidade – ou têm poucos familiares – e pagam apenas o aluguel de um quarto, então permanecem na universidade por muito tempo. São pessoas que têm uma conexão forte com o campus”, comenta Cifuentes.
Mas todos – professores, técnicos-administrativos e visitantes, inclusive – têm a possibilidade de entrever ângulos singulares e lançar um olhar menos objetivo e utilitário sobre as coisas. “Antes da fotografia já existiam paisagens, rostos, homens, mulheres e mundos. Antes da fotografia já existiam universidades e árvores. Porém, a fotografia e o cinema mudam constantemente as formas de nos relacionarmos com todas essas realidades”, conclui o professor Cifuentes.