Palatnik e seus seguidores: BH recebe exposição do “pai da arte cinética no Brasil”

Clarissa Carvalhaes

 

Desde quarta feira  (13), a capital mineira recebe 13 obras daquele que é considerado o “pai da arte cinética no Brasil”, o potiguar Abraham Palatnik. Mas não só.

“Balão Foguete”, de Deneir
“Balão Foguete”, de Deneir
A exposição “Cor, Luz e Movimento” – que integra as ações do Prêmio Marcantonio Vilaça para as Artes e que entra em cartaz na Galeria do Centro Cultural Minas Tênis Clube – abarca, ainda, 40 obras de 14 artistas que têm seu trabalho inspirado nas criações do “mestre”: Ana Linnemann, Arthur Amora, Braga Tepi, Bruno Borne, Carlos Krauz, Carlos Pertius, Claudio Alvarez, Deneir, Eduardo Coimbra, Emygdio de Barros, Fernando Diniz, Luiz Hermano, Robson Macedo e Wagner Malta Tavares.
À frente da curadoria está Marcos de Lontra, membro da Associação Internacional de Críticos de Arte e ex-diretor do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, de Brasília e do Recife.Pioneiro

Pioneiro da Arte Cinética no Brasil, Palatnik criou objetos que exploram efeitos visuais por meio de engrenagens delicadas e movimentos físicos.

Engenheiro de formação, o artista sempre tratou de projetar e construir suas obras associando minúcias matemáticas a um senso estético e plástico extremamente apurado.

Na década de 1950, período em que atuou como designer de móveis, Palatnik passou a unir a estética à tecnologia. Foi a partir daí que o movimento e a luz foram reunidos e ganharam corpo físico.

Naquele momento, o artista passou a dar início a trabalhos com potencial visual e poético até então jamais discutidos no cenário das artes nacional. Nasceram, então, obras como as da série “Relevos Progressivos e as Progressões” e o aclamado “Cinecromáticos”.

Agora, o belo-horizontino tem a oportunidade de ver um recorte muito peculiar – e importante – dessas experimentações que travaram um embate (ou uma junção) da luz e do movimento.

“Cor, Luz e Movimento” – Desta quarta ao dia 28 de setembro. Galeria de Arte do Centro Cultural Minas Tênis Clube (rua da Bahia, 2.244, Lourdes). Horário de funcionamento: terça a sábado, das 10h às 20h, e aos domingos e feriados, das 11h às 19h. A entrada é franca.

À frente do seu tempo, Palatnik revolucionou a arte com sua identidade
Artista cinético, pintor, desenhista. Todos os trabalhos do octogenário Abraham Palatnik – e dos artistas que o seguem – expostos em Belo Horizonte vêm do Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro, onde passaram por temporada expositiva.Assinando a expografia, Marcio Gobbi não esconde a dificuldade em trabalhar com arte moderna, “projetos que subvertem o conceito tradicional de exposição”.

Para BH, a promessa dele é trazer uma montagem neutra, embora penetrante. “É bom quando o público se sente acolhido a ponto de não perceber o trabalho que tive para deixar o espaço dessa maneira. Acredito que a melhor expografia é essa: quanto mais invisível, mas presente estou”.

Destaca-se que “Cor, Luz e Movimento” celebra dez anos do Prêmio Marcantonio Vilaça – um dos mais importantes do país. O curador da exposição, Marcus de Lontra, associa o nome de Palatnik a figuras como Amilcar de Castro (1920–2002) e Lygia Clark (1920–1988).

“A partir dele nasceu uma escola que sequer havia sido imaginada no mundo. Ao observar a exposição, o público poderá facilmente encontrar pontos em comum de obras dos ‘alunos’ com o conjunto de trabalho de Palatnik. No entanto, essa mesmas obras não estabelecem diálogo umas com as outras. Elas bebem na mesma fonte, mas são completamente distintas, comprovando que a escola do artista tem várias vertentes: seja popular, seja tecnológica”, explica o curador.

Da história de Palatnik, Lontra conta que muito antes de “criar” a Arte Cinética o artista era um pintor tradicional – até descobrir pessoas que pintavam melhor do que ele.

“Há relatos de que teria dito que não podia competir com tanto talento – era preciso criar algo novo. Palatnik é, seguramente, o retrato de um homem que, sobretudo, não se deu por vencido. A partir da adversidade, ele inventou novos caminhos para a arte e reinventou a própria identidade”.“Cor, Luz e Movimento” no Centro Cultural Minas Tênis Clube (r.da Bahia, 2.244). Terça a sábado, das 10 às 20h. Domingo e feriado, das 11 às 19h. Até 28/9

 Um bom motivo para ir a SP
O Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) recebe até dia 15 a maior mostra já realizada com obras de Palatnik. Batizada “A Reinvenção da Pintura”, a exposição conta ainda com “Diálogos” – mostra paralela que reúne 39 obras de 26 artistas que ampliaram o conceito do mestre.

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