Clarissa Carvalhaes
Desde quarta feira (13), a capital mineira recebe 13 obras daquele que é considerado o “pai da arte cinética no Brasil”, o potiguar Abraham Palatnik. Mas não só.
Pioneiro da Arte Cinética no Brasil, Palatnik criou objetos que exploram efeitos visuais por meio de engrenagens delicadas e movimentos físicos.
Engenheiro de formação, o artista sempre tratou de projetar e construir suas obras associando minúcias matemáticas a um senso estético e plástico extremamente apurado.
Na década de 1950, período em que atuou como designer de móveis, Palatnik passou a unir a estética à tecnologia. Foi a partir daí que o movimento e a luz foram reunidos e ganharam corpo físico.
Naquele momento, o artista passou a dar início a trabalhos com potencial visual e poético até então jamais discutidos no cenário das artes nacional. Nasceram, então, obras como as da série “Relevos Progressivos e as Progressões” e o aclamado “Cinecromáticos”.
Agora, o belo-horizontino tem a oportunidade de ver um recorte muito peculiar – e importante – dessas experimentações que travaram um embate (ou uma junção) da luz e do movimento.
“Cor, Luz e Movimento” – Desta quarta ao dia 28 de setembro. Galeria de Arte do Centro Cultural Minas Tênis Clube (rua da Bahia, 2.244, Lourdes). Horário de funcionamento: terça a sábado, das 10h às 20h, e aos domingos e feriados, das 11h às 19h. A entrada é franca.
Para BH, a promessa dele é trazer uma montagem neutra, embora penetrante. “É bom quando o público se sente acolhido a ponto de não perceber o trabalho que tive para deixar o espaço dessa maneira. Acredito que a melhor expografia é essa: quanto mais invisível, mas presente estou”.
Destaca-se que “Cor, Luz e Movimento” celebra dez anos do Prêmio Marcantonio Vilaça – um dos mais importantes do país. O curador da exposição, Marcus de Lontra, associa o nome de Palatnik a figuras como Amilcar de Castro (1920–2002) e Lygia Clark (1920–1988).
“A partir dele nasceu uma escola que sequer havia sido imaginada no mundo. Ao observar a exposição, o público poderá facilmente encontrar pontos em comum de obras dos ‘alunos’ com o conjunto de trabalho de Palatnik. No entanto, essa mesmas obras não estabelecem diálogo umas com as outras. Elas bebem na mesma fonte, mas são completamente distintas, comprovando que a escola do artista tem várias vertentes: seja popular, seja tecnológica”, explica o curador.
Da história de Palatnik, Lontra conta que muito antes de “criar” a Arte Cinética o artista era um pintor tradicional – até descobrir pessoas que pintavam melhor do que ele.