Greve
Em função da adesão de servidores da Biblioteca da Escola de Belas Artes à greve interna na UFMG, a biblioteca não funcionará no período noturno e seu horário será de 7:30 às 16:30 por tempo indeterminado.
Contamos com a compreensão dos usuários.
Maiores informações sobre a greve, acessar o site do Sindicado dos Trabalhadores em Educação das Instituições Federais de Ensino – Sindifes.
Três artistas hiper-realistas : Ester Roi, Samuel Silva e Steve Mills!
Ester Roi
Os desenhos hiper-realistas à lápis de cor : Pedras, água, flores: os elementos naturais em fantásticos desenhos hiper-realistas.
Rejane Borges
O material é simples: lápis de cor e papel. O resultado é mais do que simples, é uma explosão colorida de efeitos hiper-realistas. Uma combinação fantástica de cores e luzes, faz do trabalho de artista italiana Ester Roi um belíssimo exemplo da famosa técnica. Seu desenho é caracterizado por cores intensas e muito brilho, contento um elemento principal: a água. A delicadeza de sua técnica é tanta que nos é quase possível ouvir a água correr veloz pelas rochas desenhadas, ou apenas apreciar sua serenidade enquanto leito de uma flor.
Sem dúvidas, Ester tem um talento extraordinário que merece nossa apreciação. Atualmente, a artista mora no sul da Califórnia, nos Estados Unidos.
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Samuel Silva
Desenhos hiper-realistas feitos com caneta esferográfica : com uma boa dose de paciência, outra de persistência e mais um pouco de amor a arte, nasceu a fascinante obra hiper-realista de samuel silva.
Rafaela Werdan
O artista Português mostra ao mundo que uma Bic não é somente uma simples esferográfica feita para anotações, com aquela desconfortável ponta grossa, com prazo de validade curto, e com uma possibilidade criativa pequena . Ele apresenta sua incrível coleção de desenhos com enorme qualidade técnica feitos somente com caneta esferográfica de variadas cores.
Samuel Silva, é um advogado Português, de 29 anos que não se denomina artista de maneira nenhuma e não sente-se muito á vontade com o título. Diz desenhar somente nas horas vagas, como um Hobby.
Desenha desde os seus dois anos de idade e optou desde cedo por compor suas obras hiper-realistas com canetas esferográficas diversas, desenvolvendo assim seu próprio estilo de desenho. Dedica até 50 horas para finalizar cada obra, mas garante ser amador.
Expôs seu trabalho pela primeira vez no site DeviantART, alcançando uma enorme popularidade. Sua página contém centenas de comentários elogiosos, o que chamou atenção de editores do jornal mailonline que dedicaram uma página inteira do jornal falando positivamente sobre o artista.
Samuel utiliza uma técnica de pontilhado em cruz com sobreposição de camadas para conferir a ilusão de cores e profundidade ao desenho, mas diz que essa modalidade não é a única que se aventura, é apenas mais uma que está tentando dominar, pois já tem prática com giz, lápis, lápis de cor, pastel, óleo e acrílico.
Tem uma enorme admiração por felinos e disse que um de seus grandes objetivos era conseguir desenhar um perfeitamente com a esferográfica. Acho que a foto a seguir nos diz bem se ele conseguiu né?
Sobre o ato de desenhar o artista diz:
“A única coisa que me faz continuar é o meu amor pelo que faço e a ambição de ir mais longe e mais longe. Estou feliz por estar aqui, quero aprender muito, ver um monte, e desfrutar ao máximo o que outros colegas artistas tem para compartilhar.”
Samuel é mais um artista a nos mostrar que a cada dia a arte torna-se mais livre, como reflexo da vida humana. Novas formas de pintar surgem a todo momento; novos estilos; novas visões… Mas a arte tradicional continua a se reinventar e a surpreender o próprio tempo, que grato, não a perece, só a faz ficar mais viva dentro de sua conhecida realidade.
Obras do artista aqui.
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Steve Mills
O artista Steve Mills mostra seu talento com incríveis pinturas hiper-realistas. Ele criou várias séries com tinta a óleo, que valoriza os pequenos detalhes, colocando seu nome entre os grandes do hiper-realismo.
Mais sobre Steve Mills em sua página : http://www.stevemillsart.com/_pages/biography.php
Exposição de Leonora Weissmann
Vídeo : Especial sobre artistas de Belém do Pará
Em Belém, artistas fazem um retrato colorido e emocionante da vida nos igarapés
“Artistas plásticos, performers, fotógrafos…
Eles nos apontam as contradições, as críticas, as preocupações, as tentativas de integração e a abertura de novos modos de ver um universo muito particular.”
Parte 1
Pioneiros, o pintor Emanuel Nassar e o fotógrafo Luis Braga se lançaram na busca de uma linguagem autoral, que hoje é reconhecida também como identidade da cultura local.
Parte 2
Os artistas de Belém do Pará tem em suas criações um forte diálogo com a cultura da região, com a cidade e tudo o que ela traz, como a veia urbana e os arredores ribeirinhos.
Viviane Sassen: A identidade e beleza do povo africano
por Arxvis
“Viviane Sassen preferia ter sido negra. É uma cor de pele mais agradável, menos nua.” (Edo Dijkerhuis, num ensaio sobre o trabalho dessa fotógrafa holandesa, publicado no livro de fotografias ‘Flamboya‘)
Viver os primeiros anos de sua vida num pais da áfrica (kenia) transformou lembranças bem delineadas em fotografias hiper-realistas.
Para mais sobre o trabalho dessa grande fotógrafa, veja seu site: Viviane Sassen.
Artistas que também trabalham com a identidade e beleza do povo africano, entre outros: Leni Riefenstahl e Pieter Hugo.
Van Gogh e o elogio a loucura
Carolina Carmini
Apesar de fazer parte de uma nova categoria de artista que surgiu no século XIX, o louco solitário, Van Gogh não foi o único. As mudanças do século XIX resultaram em uma nova perspectiva do indivíduo em relação à sociedade. Para os artistas os novos tempos resultaram em percepção desesperadora e vazia da realidade, onde o que anteriormente era concreto e absoluto desmoronou. Deus morreu, a esperança no homem esmorece, a razão domina e tudo o que resta, para o indivíduo artista é o mundo dos sentimentos, o mundo da expressão.
“O que sou eu aos olhos da maioria das pessoas? Uma não entidade, ou um homem excêntrico e desagradável – alguém que não tem e nunca terá posição na vida, em suma, o menor dos menores. Muito bem, mesmo que isso fosse verdade, devo querer que o meu trabalho mostre o que vai no coração de um homem excêntrico e desse joão-ninguém.” –Carta de Vincent ao irmão Théo (21 de julho de 1882). Pelo trecho da carta destinada ao irmão fica claro que Vincent van Gogh se sentia deslocado na sociedade e tinha necessidade de inserir-se de alguma forma nela.
Os felizes proprietários de “van goghs” fazem discursos decorados sobre os motivos que o levaram a cortar sua orelha ou dados sobre sua vida, palavras colocadas de forma determinante a entender a obra e a vida do artista. Muitas foram as coisas que Vincent tentou fazer e em todas procurou adquirir conhecimento. Tudo o que tentou proporcionou uma experiência que o auxiliou mais tarde: vendedor de artigos de arte, professor e até mesmo pastor foram os caminhos que tentou trilhar e, no momento em que descobriu que a arte seria sua profissão, esperou ser reconhecido através desta tanto por sua família como pela sociedade.
O pintor holandês foi influenciado por Hals, Rembrandt, Seurat e pelo japonismo. Primogênito de uma família tradicional de origem calvinista, acabou por suicidar-se (teoria já posta em cheque na atualidade). Em sua busca por estabelecer-se na sociedade passou por diversas profissões: de pastor radical, fiel aos princípios da Bíblia, a pintor da natureza, amante do cachimbo, do absinto, das prostitutas. Deus foi substituído pela arte. Van Gogh assimilava em sua técnica as questões estéticas dos movimentos artísticos que surgiram no período, adaptando-os ao seu estilo. Suas investigaçõesartísticas resultaram em uma imensa obra que influenciou de forma profunda a arte do século XX.
Sempre ansiou por estabelecer relações pessoais duradouras com a família, amigos, com pessoas em seu entorno. Porém, apenas seu irmão Théo se manteve do seu lado ao longo de sua vida atribulada. De sua grande produção epistolar (cerca de 800 cartas), a primeira e a última foram destinadas ao irmão. Com ele mantinha uma relação intensa – com desentendimentos, apoio mútuo, grande intimidade. Muito mais que irmãos, Vincent e Théo eram complementares.
Meses antes da realização do retrato acima, em 1889, Vincent esteve mergulhado em meio uma crise de loucura, uma das muitas que se tornaram recorrentes após o conhecido episódio da orelha cortada, tão marcante para o reconhecimento do artista na cultura popular. Pouco conhecido pelo grande publico, esse foi um de seus últimos auto-retratos e também o único no qual o pintor se representou com sua orelha amputada. Além disso, o rosto apresenta aparência de cansaço. O retrato foi pintado em camadas grossas de tons cor de terra, não há cores fortes e vivas e há diferenças no uso da luz – como se o autor tivesse perdido suas esperanças. Esse retrato não tem mais o otimismo dos primeiros autos-retratos. Enfraquecido, com a barba por fazer, extenuado pela longa caminhada que se tornou sua existência, talvez esperasse apoio e atenção materna, que ansiava desde o começo das crises, mas que há muito não tinha. Encontrava-se perto do fim de sua trágica existência.
Entre os anos de 1880 e 1885, Vincent procurou desenvolver sua técnica. Como não tinha condições financeiras e nem vontade de entrar em uma academia, iniciou seus desenhos baseados em cópias de obras famosas e manuais de desenho que seu irmão lhe enviava. Théo indicou o jovem pintor Anton van Rappard, de quem Vincent ficou amigo, em Bruxelas. Vincent aprendeu com ele conceitos básicos de pintura, como a perspectiva. Apesar das insistências constantes de seus pais para que conseguisse um emprego estável, o jovem holandês dedicou-se a uma última empreitada: tornar-se pintor. Nos dez anos em que pintou, Van Gogh produziu cerca de 800 quadros, além dos desenhos e águas fortes.
Após a morte de Théo, a esposa deste, Johanna van Gogh, tornou-se detentora de toda a obra de seu cunhado Vincent. Em meio a esta herança, estavam a primeira carta escrita pelo pintor em 1875 e a última encontrada em seu bolso em 1890, no dia de seu suicídio, ambas destinadas a Théo. A jovem viúva e mãe administrava seu tempo entre o trabalho, os cuidados com o filho e a catalogação da obra plástica e escrita de seu cunhado. No inicio do século XIX, esses escritos pessoais que abarcavam os diários, as autobiografias e até mesmo biografias que faziam sucesso entre o público, criando um verdadeiro mercado de “vidas” que passaram a ser públicas, ganhou força principalmente pela crescente ideia de que o conhecimento sobre a vida do autor auxiliaria o entendimento da obra deste. Os próprios intelectuais valorizam sua produção guardando-a ou doando-a a instituições. Como médicos e alienistas acreditavam que escrever ajudava a tratar ou amenizar os distúrbios mentais dos indivíduos, preservavam toda essa produção de seus pacientes para estudos dos casos e/ou publicação deste material.
O diálogo travado entre Vincent e seu irmão Théo estava além do comunicativo; as cartas eram repletas de informações íntimas compartilhadas apenas com o irmão, incluindo seus medos e temores sobre o futuro devidoà progressão de sua doença. Algumas vezes, informações triviais sobre o dia-a-dia poderiam parecer banais, mas é nesse ato de escrever sobre si que o homem moderno se constróis e descobre quem é: através das linhas deixadas no papel, principalmente quando esse homem está num dado isolamento, conseqüência de seu afastamento da sociedade tradicional burguesa. Suas cartas revelam um homem e um artista que busca aceitação, mas não se enquadrava nos padrões do seu tempo e do seu meio. Um ser deslocado.
Toda a correspondência de Van Gogh é uma forma de auto-expressão, juntamente com suas obras. Quando não estava pintando freneticamente, Vincent escrevia. O conteúdo da correspondência de Van Gogh revela seu processo criativo. Vincent comentava como suas telas e cores iam surgindo, descrevendo-as e analisando-as. Ele enviava a Théo os esboços das obras que estava pintando, dando ricos detalhes sobre o tema e a origem da ideia e cores usadas. Através da extensa correspondência percebemos a recriação da realidade que Vincent realiza em suas obras, uma reorganização que transformava o que se via no que se sentia, através das cores. Por meio do ato de escrever para o irmão, o artista iniciava o processo de concretizar o que captava do mundo exterior. Era ali que os sentimentos de Vincent e a realidade que o cercava encontravam uma unicidade. Nas cartas é possível constatar como Vincent era detalhista e minucioso – é possível visualizar a produção de sua obra.
Nunca um artista deixou tanto material sobre seu processo criativo, sua perspectiva sobre o futuro e suas idéias sobre a arte quanto Van Gogh. Como vemos, não é um documento neutro. Permite compreender o artista deste período: o artista que não está nos meios acadêmicos, o indivíduo do século XIX, cada vez mais isolado em um mundo onde as relações interpessoais sofreram grandes transformações. Os conflitos constantes o fizeram se afastar cada vez mais da família e apegar-se a uma espiritualidade exarcebada, talvez sua última tentativa de aproximar-se do pai. Porém, o patriarca da família Van Gogh faleceu antes do fim dos conflitos e o pintor substituiu Deus pela natureza, que dominou suas telas a partir de Arles.
Contudo, a esperança nunca abandonou sua vida. Quando se mudou para Paris buscava conhecimentos, diálogos e mudanças. Encontrou um mundo em ebulição social, econômica e cultural. Em Arles buscava o mundo japonês que havia conhecido na cidade-luz e também construir uma comunidade de artistas que estivessem preocupados realmente com a arte. O oposto da comunidade de artistas que encontrou em Paris, mais preocupados com a vida boêmia regada a mulheres e álcool e que apenas discutia, sem realmente realizar algo. Como é sabido, seus planos falharam. Desde esse momento, a solidão tomou conta de sua vida de artista, ao mesmo tempo que sua arte se desenvolveu. Cores fortes e vivas, formas dinâmicas invadem seus quadros – e seus problemas de saúde mental também se desenvolvem.
O final da história é conhecido por todos. Alguns consideram o suicídio do artista seu último grito de loucura, outros o encaram como uma tentativa final de se tornar um mártir da arte em uma vida que há muito já se caracterizava pela abnegação. De uma maneira própria, Vincent Van Gogh era um artista ligado a seu tempo e percebeu os indícios de mudanças que outros indivíduos da sociedade apenas acompanhavam. Tradição e modernidade estão presentes em sua vida pessoal e em suas obras: a solidão do homem que buscou atender suas necessidades próprias, assim como a necessidade de sentir-se inserido em algum lugar na sociedade.
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Assisto especial “Os Impressionistas”
[youtube=https://www.youtube.com/watch?v=kWefnelh5M0]
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Também, com riquíssimo conteúdo, dois especiais da BBC de Londres :
BBC Vang Gogh : Pintando com palavras (2010)
[youtube=https://www.youtube.com/watch?v=IiS-q4IP6CM]
O Poder da Arte
[youtube=https://www.youtube.com/watch?v=Rve77XDdK0I]
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Consulte também, na biblioteca da Escola de Belas Artes, alguns livros sobre este artista!
HARRIS, Nathaniel.; GOGH, Vincent van. A arte de Van Gogh.. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1982. 80p.
HULSKER, Jan. The complete Van Gogh : paintings. Drawings. Sketches. New York, USA: Harrison House/Harry N. Abrams, 1984. 498p.
GOGH, Vincent van; MARCUSSI, Garibaldo. Figure di Van Gogh. [S.l.]: Studio Editoriale D’arte Perna, c1965. [4] p; 16 pranchas (Le Meraviglie del Collezionista; v.2)
ARTAUD, Antonin; GULLAR, Ferreira. Van Gogh: O suicida da sociedade. 2 ed. Rio de Janeiro: J. Olympio, 2007. 101p.
SPENCE, David. Van Gogh: arte & emoção. São Paulo: Melhoramentos, 1998. 31 p. (Grandes artistas)
CABANNE, Pierre. Van Gogh.. [Lisboa]: Verbo, 1971. 301p. (Grandes Artistas)
STONE, Irving. A vida tragica de Van Gogh. Lisboa: Livros do Brasil, c[19-]. 476p. (Coleção Dois Mundos)
PERRUCHOT, Henri. La vie de Vincent Van Gogh. Paris: Hachette, c1957. 394p.
MEIER-GRAEFE, Julius. Vincent Van Gogh : la novela de un buscador de Dios. Buenos Aires: Poseidon, 1945 441p.
WALTHER, Ingo F; GOGH, Vincent van; METZGER, Rainer. Vincent van Gogh : the complete paintings. Koln; Benedikkt Taschen, c1993. 2v.
METZGER, Rainer. Vincent van Gogh: 1830-1890. Köln: Taschen, c2008. 256 p.
Arte Cultura – BBC Brasil
O boletim semanal de cultura da BBC, Arte em Revista, apresenta vídeo sobre mostra na Open Gallery em Londres. O artista David Bowie está sendo “reinterpretado” por diversos artistas plásticos na exposição.
O vídeo apresenta também tema de exposição na capital americana, a artista minimalista Ellsworth Kelly é homenageada por seus 90 anos.
Outra atração cultural mostrada no vídeo é o circo UniverSoul, que está passando por 300 cidades americanas com seus ritmos do hip hop e talentos da cultura afro-americana em suas performances.
Também em destaque são as obras restauradas de Picasso, Matisse, Chagall, Miro e Le Corbusier no Museu de arte bizantina em Atenas.
Confira o vídeo clicando na imagem:
Fonte: site BBC Brasil
Para entender a moda – Entrevista com Tarcísio D’Almeida
Entrevista concedida ao jornal O Povo
“O grande erro epistemológico é entender a moda só como consumo. A moda tanto transita entre um objeto que propõe uma estética para a humanidade, como destina-se ao consumo”
O Closet conversou com o professor de moda da UFMG, Tarcisio D`Almeida, que esteve em Fortaleza falando sobre a intelectualização da moda. O jornalista veio lançar o livro Moda em Diálogos: entrevistas com pensadores. O livro abre o leque do pensamento da moda para além das passarelas e aponta como e onde o fenômeno influencia e contribui para a construção de uma identidade ao longo dos séculos.
O POVO – Porque moda é um tema ainda muito ligado a frivolidades?
Tarcísio D`Almeida – O grande erro epistemológico é entender a moda só como consumo, mas a moda tanto transita entre um objeto que propõe uma estética para a humanidade, durante as décadas e séculos, como destina-se ao consumo. Mas a maioria interpreta só como consumo, ao invés de uma produção estética para a humanidade. Esse é o eixo central onde reside esse preconceito de ver a moda só como algo frívolo, superficial e que não acrescenta nada à sociedade, por exemplo.
OP – No livro Moda em Diálogos… você reúne entrevistas com sete pensadores, como foi esse processo?
Tarcísio – Esse é um projeto que venho desenvolvendo desde a década de 1990, já tem um certo tempo (risos). Sempre tive uma inquietação e sempre quis refletir sobre a moda. Tive a oportunidade de entrevistar pensadores na área de filosofia, sociologia, antropologia, economia. São sete pensadores internacionais para quem eu expus minhas inquietações. Desde os anos 1990 estabeleci uma maneira de pensar moda e dialogar com esses autores. Então eu trouxe para a humanidade um campo que é pouco pensado, pouco refletido, que é a moda.
OP – Na entrevista que abre o livro, com Gilles Lipovetsky, ele reclama de que há pouca interrogação teórica sobre o fenômeno da moda. Qual você diria então que são as mais relevantes questões sobre a moda hoje em dia?
Tarcisio – Essa posição do Lipovetski é perfeita, porque explicita todo o problema que reside na moda no campo do pensar. Você pode pensar e refletir teoricamente a moda pra trazer pro seu processo criativo. Quando Lipovetski fala isso, é verdade. Por a moda ser um fenômeno da modernidade, do século XX pra cá, é quando começa a ter leitura. Existem três grande obras sobre o tema: Filosofia da Moda, do sociólogo alemão Georg Simmel, Sistema da Moda, do semiólogo francês Roland Barthes e mais da nossa época, dos anos 1980 pra cá, O Império do Efêmero, de Gilles Lipovetski.
OP – E quem seria uma autora para quem quer começar a entender moda pelo viés do pensamento social?
Tarcisio – Tem uma autora que atua diretamente com a moda, chama Sue J. Jones, ela publicou Fashion Design: manual do estilista, é um livro muito didático, bem ilustrado, pra quem estuda e se interessa por moda é uma dica muito boa. E Moda do Século, de Francois Baudot que também explica o percurso da moda no século XX, e aborda o tema de maneira bem clara, bem didática.
OP – Uma das teorias muito questionáveis pelos autores é a de que a moda se caracteriza pela competição de classes. Qual a principal brecha dessa teoria?
Tarcisio – Se você fizer um mergulho histórico vai perceber que essa teoria de pensar a moda como diferenciação de classe existia de fato. Em momentos passados, na primeira metade do século XX a gente conseguia perceber e a aplicar essa teoria. Mas na segunda metade do século XX pra cá, sobretudo no final século XX, começamos a ter uma contaminação, e essa ideia de cópia das classes privilegiadas elite começa a se esvaziar. A moda hoje é muito mais comportamental do que fenomeno da rua, tribos urbanas que começam até a influenciar a alta-costura. Então, você perde um pouco essa forma de pensar, ainda tem um pouco, mas não é a base da moda contemporânea a repetição da classe privilegiada.
OP – O que é o grande aspiracional dos dias de hoje?
Tarcisio – Na nossa realidade, na cultura brasileira, entendo que esse aspiracional de desejo de consumo é a busca pela identidade, que nós somos muito perdidos ainda. Está mais ligada a fetichização e a cultura popular. Maior exemplo emblemático é a telenovela, querendo ou não tem um índice muito alto que influencia diretamente a moda, tem leve viés estético, a telenovela tem essa força.
Estante
Editora: Texto & Grafia
Artistas reclamam de reformas demoradas e descaso com teatros municipais e espaços públicos
Carolina Braga
Atores são voz mais forte entre os insatisfeitos com atrasos e reformulações em projetos
É fato que há tempos a classe teatral vive na base do “ver para crer”. De todo modo, a Fundação Municipal de Cultura (FMC) promete para dezembro a reinauguração dos dois teatros municipais inoperantes na cidade. Se a novela do Francisco Nunes se arrasta há mais de quatro anos, nas próximas semanas o Teatro Marília será oficialmente fechado para as obras de revitalização. “No Marília o prazo é menor, porque não vai ter quebradeira”, explica o assessor especial da Presidência da FMC, Cássio Pinheiro. Ele garante que, desta vez, o prazo será cumprido.
Apesar da promessa, o clima ainda é de desconfiança. “É vergonhoso o descaso com esses espaços e é vergonhoso o ponto a que chegamos. Uma cidade como BH, umas das principais capitais do país, que é reconhecida culturalmente em todo o Brasil, estar com dois de seus principais teatros fechados”, lamenta oator Jonnanthan Horta Flores, integrante do Grupo Oficcina Multimédia.
A obra no Teatro Francisco Nunes, fechado desde abril de 2009, começou efetivamente em maio deste ano. Desde então, a área dentro do Parque Municipal está cercada por tapumes. Com o custo estimado em R$ 10 milhões, a reforma é tocada por meio de recursos do convênio Adote um bem cultural, assinado entre a PBH e uma empresa privada de serviços de saúde. Segundo a patrocinadora da obra, a reinauguração será em janeiro de 2014. O projeto arquitetônico leva a assinatura de Raul Belém Machado e prevê o restauro e modernização da caixa acústica, instalação de novas cadeiras, sistema de ar-condicionado e novo tratamento acústico. O foyer ganhará pé-direito duplo, com única entrada central e espaço para exposições.
Já no Teatro Marília a reforma tem custo estimado de R$ 2 milhões, também a serem repassados por empreiteiras via convênio com a prefeitura da capital. O projeto inclui reestruturação, modernização e revitalização do espaço. O foco principal é a área de palco e plateia, embora a fachada também passará por mudanças. “É um teatro que se mantém sem alterações desde 1964. Mesmo com as reformas que recebeu ao longo dos anos, está ultrapassado do ponto de vista de iluminotécnica e maquinário. Estamos buscando a modernização justamente para esta parte”, explica Cássio.
O projeto assinado pela arquiteta Michelle Ziade prevê mudanças na rampa de acesso ao teatro, assim como a abertura de novas saídas de emergência. No canto direito da sala de espetáculos será aberto um corredor, tanto para a entrada de cenários como para escoamento de público. Dentro do espaço, além da recuperação acústica, da troca de cadeiras e do revestimento do palco em madeira de ipê florestal, o balcão será reativado. Com isso, a capacidade do Marília saltará de 180 para cerca de 200 lugares.
O foyer da casa de espetáculos também será readequado. A área administrativa será reduzida para dar um espaço a ser ocupado com exposições e um centro de memória do teatro. No mezanino, a ideia é reinaugurar o Stage Door, bar que fez parte dos tempos áureos do Marília.
Estado precário
De acordo com Cássio Pinheiro, a programação do teatro foi suspensa em março. “Quando assumimos, em setembro, fizemos uma avaliação e a parte elétrica estava em péssimas condições. Fizemos uma ação emergencial para garantir a agenda da Campanha de Popularização do Teatro e do Verão Arte Contemporânea”, conta. Desde então, o palco passou a ser visitado por profissionais de várias áreas.
Os laudos confirmaram o estado precário da parte elétrica e também a presença de cupins na área das varandas do maquinário. Embora a madeira do palco não esteja infestada, encontra-se empenada. “Na última reforma foi usada madeira verde no piso do palco. Estava lindo, mas empenou. Por causa disso, você não roda nenhum cenário nem consegue montar espetáculo de balé”, informa Cássio Pinheiro. Segundo ele, além do novo revestimento, a caixa cênica será equipada com 180 novos refletores.
A previsão é de que o termo da parceria entre a prefeitura e as empreiteiras que patrocinam o projeto, e que serão responsáveis pela obra, seja assinado ainda esta semana. Apenas depois de formalizado o convênio, as obras começarão efetivamente.
Emperrado
O imbróglio envolvendo o Teatro Clara Nunes continua. O espaço de responsabilidade da Imprensa Oficial, ligada ao governo do estado, será reformado pelo Sesc, que deverá administrar o local. A parceria foi anunciada oficialmente em março. O convênio, no entanto, ainda aguarda o parecer do departamento jurídico. Até lá, está tudo parado.
Fecha e não abre
Abril 2009 – O Teatro Francisco Nunes é interditado em 3 de abril por risco de desmoronamento do teto.
Maio 2012 – O Chico Nunes reabre temporariamente e em situação precária para apresentações do Festival de Arte Negra e do FIT-BH. Concluída apenas a reforma do teto.
Junho 2012 – Apresentações do FIT-BH agendadas para o Teatro Marília tiveram que ser transferidas pelos riscos oferecidos pelo espaço. Prefeitura anuncia convênio de R$ 10 milhões com empresa privada de saúde para reforma do Francisco Nunes.
Março 2013 – Governo de Minas anuncia parceria com o Sesc para reforma do Teatro Clara Nunes. Convênio aguarda apreciação do departamento jurídico.
Maio 2013 – Início das obras no Teatro Francisco Nunes.
Julho 2013 – Anunciado convênio para a reforma do Teatro Marília. Serão investidos R$ 2 milhões por meio do convênio Adote um bem cultural, assinado com empreiteiras.