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Construindo e desconstruindo a modernidade

A artista visual Cristina Ribas, vencedora do Prêmio de Arte Contemporânea, realizado pela Funarte no ano passado, traz a Belo Horizonte a exposição “Protótipos/Cortado”.

São imagens que compõem uma instalação com foco na construção e a destruição no âmbito urbano, na qual o público também pode redefinir o que foi feito, seja com obras da própria artista ou de acervo pessoal.

“Esse tipo de recomposição começou quando convidei outros artistas para darem suas opiniões. Era um acervo que eu tinha de fotos e imagens que ainda não haviam sido aproveitadas. A intenção é discutir o impacto econômico e social que o progresso tem nas grandes cidades”, explica a artista, que conversa hoje (às 17h) com o público na Funarte, local da exposição.

Debate. Artista plástica pretende discutir os efeitos econômicos e sociais nas metrópoles

A mostra fica aberta de segunda a sexta, mas é nas quintas e sextas que uma monitora estará disponível para conduzir o espectador a dar sua contribuição. “Não há melhor maneira de debater sobre esse crescimento desordenado do que com o público, que sofre e conhece as consequências disso”, define Ribas.

Dois filmes que têm a ver com a temática serão exibidos durante a exposição. O primeiro é “As Mãos Sobre a Cidade” (1963), cuja sessão será no dia 16, às 19h. O longa de Francesco Rosi conta a história de um empreiteiro responsável por um desabamento que deixa grande saldo de mortos e feridos. Já o documentário “Berlim Babylon” (2001), de Hubertus Siegert, que será exibido no dia 23, no mesmo horário, fala da reconstrução da capital alemã após a queda do muro de Berlim. “Queria trazer outro tipo de linguagem que falasse sobre o mesmo tema”, conta a artista.

Agenda
Exposição “Protótipos/ Cortado”, de Cristina Ribas
Funarte MG (Rua Januária, 68, Floresta, 3213-3084)
De 9 de maio a 7 de junho. Segunda a Sexta, de 10h às 18h; Realização das colagens às quintas e sextas, das 14h às 18h
Entrada franca

Pelas tragédias e vivências de um mito da arte – Tributo a Frida Kahlo

RENATO VIEIRA

Um dos grandes nomes da arte contemporânea, a pintora mexicana Frida Kahlo continua servindo de inspiração quase 60 anos após sua morte. Em “Tributo a Frida Kahlo”, exposição que começa hoje, 22 obras de 19 artistas do Grupo Maison de Arte têm como base não só as características visuais presentes em seu trabalho, mas também em sua vida atribulada.

Tributo a Kahlo de Maria Eugênia Simões

Os autorretratos, o folclore de seu país e a vivacidade nas cores são traços marcantes nas pinturas de Kahlo. “Suas obras continuam causando impacto por serem viscerais. Ela retratou suas angústias como ninguém”, sintetiza Matheus Gontijo, curador da mostra junto ao artista plástico Glauco Moraes.

Nascida em 1907, Kahlo contraiu poliomielite aos seis anos e aos 18 sofreu um acidente, no qual o ônibus onde estava chocou-se com um bonde. Um ferro atravessou seu corpo, lhe causando diversas fraturas, e o fato foi um gatilho para que ela começasse a pintar. “Essa questão trágica norteou todo o seu trabalho e demos ênfase a isso na exposição”, explica Gontijo.

Outro ponto central da vida e da obra de Kahlo está nos seus relacionamentos amorosos, especialmente os dois casamentos com o também pintor Diego Rivera. Segundo o curador, o convívio dos dois era marcado pela vaidade mútua. “Havia uma espécie de disputa entre eles. Mas ela conseguiu retratar essa relação nas suas pinturas com muita leveza”, recorda o curador.

Ele ainda aponta outra característica que fez com que a artista se tornasse uma espécie de mito do séc. XX. “Ela é a única pintora no mundo que conseguiu prestígio fazendo autorretratos. Todos conhecem sua obra através de suas feições”, conclui Gontijo.

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Exposição “Tributo à Frida Kahlo”, do Grupo Maison de Arte
De  8 de maio a 4 de junho de 2012; diariamente das 12h às 24h
Casa dos Contos (rua Rio Grande do Norte, 1065, Savassi)
Entrada Franca

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Obras sobre Frida Kahlo na Biblioteca da Escola de Belas Artes:

EGGERT, Edla (Org). [Re]leituras de Frida Kahlo: por uma ética estética da diversidade machucada. Santa Cruz do Sul: Edunisc, 2008. 184 p.

GOMES, Maria Márcia Franco. Um diário como corpo simbólico : uma leitura da obra O diário de Frida Kahlo: um auto-retrato íntimo. 2011. 82 f. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Belas Artes.

HERRERA, Hayden. Frida Kahlo. New York, USA: Rizzoli International Publications, c1992. [24]p. (Rizzoli art series)

JAMIS, Rauda. Frida Kahlo.. São Paulo: Martins Fontes, 1987. 281p. (Coleçao Uma Mulher)

KAHLO, Frida; LOWE, Sarah M. O diario de Frida Kahlo: um auto-retrato intimo. 2. ed. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1996. 295p.

KAHLO, Frida; ZAMORA, Martha. Cartas apaixonadas de Frida Kahlo. 2. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1999. 158p.

KETTENMANN, Andrea; KAHLO, Frida. Frida Kahlo 1907-1954: leid und leidenschaft. Koln: Benedikt Taschen, c1992 96 p.

LE CLEZIO, J. M. G. Diego e Frida. 2. ed. Rio de Janeiro: São Paulo: Record, 238 p. ISBN 9788501087782.

ORTIZ MONASTERIO, Pablo MUSEO FRIDA KAHLO. Frida Kahlo: suas fotos. São Paulo: Cosac & Naify, 2010. 518p.

PENUELA CANIZAL, Eduardo; RODRIGUEZ, Juan Manuel López; RAMÍREZ, Francisco Gerardo Toledo. La inquietante ambigüedad de la imagen: tres ensayos. México: Universidad Autonoma Metropolitana, 2004. 122 p.

ZAMORA, Martha; KAHLO, Frida. Frida Kahlo : the brush of anguish. San Francisco: Chronicle Books, c1990. 143p.

Artistas de primeira viagem

Projeto Conversas encerra primeiro ciclo de residências artísticas com exposição de jovens criadores do Estado
DANIEL TOLEDO
Residência. Mariana Rocha, Lucas Carvalho e Estandelau apresentam seu trabalho ao público da cidade. Foto : Marcelo Diogo

Em agosto do ano passado, muita gente se surpreendeu quando foram divulgados os nomes dos três artistas que participariam da primeira edição do Projeto Conversas, realizado em parceria pelo Ceia e a Fundação Clóvis Salgado. Ainda que criadores mais experientes tenham se inscrito para a residência artística de cinco meses apresentada como carro-chefe do projeto, os seus coordenadores, Marcos Hill e Marco Paulo Rolla, optaram por apostar em nomes até então pouco conhecidos mesmo entre a classe artística da cidade.

O resultado dessa aposta, bastante acertada na visão do próprio Marcos Hill, pode ser conhecido na exposição que reúne trabalhos de Mariana Rocha, Lucas Carvalho e Estandelau e entrou  em cartaz no Centro de Arte Contemporânea e Fotografia.

“Nós ficamos muito felizes por oferecer essa oportunidade a artistas bastante jovens e ainda desconhecidos, que puderam se dedicar ao próprio trabalho e alcançaram, após essa experiência, resultados altamente profissionais”, resume o pesquisador Marcos Hill, um dos coordenadores do Ceia e do Projeto Conversas.

Além de trabalharem durante cinco meses em um ateliê criado no último andar do Centro de Arte Contemporânea e Fotografia, os artistas, destaca Hill, participaram de palestras com grandes nomes da arte brasileira e internacional, assim como receberam diversas visitas em seu espaço de criação.

“A partir de outubro, principalmente, o ateliê ganhou uma dinâmica de trabalho muito interessante, com a passagem de outros artistas oriundos de Belo Horizonte, São Paulo e ainda alguns países da América Central”, destaca, em referência à residência Ca-bra – outro tentáculo do Projeto Conversas.

Cada um a seu modo, os três artistas tiveram, então, a chance de desenvolver e refletir continuamente sobre as próprias pesquisas e trabalhos, os quais já passaram por Ipatinga e chegam, finalmente, aos demais andares do Centro de Arte Contemporânea. Perpassando linguagens como o desenho, a pintura, a performance e a instalação, são vários os trabalhos apresentados por cada criador.

“Vejo essa exposição como um excelente cartão de visitas em relação às pesquisas dos três. Daqui em diante, o desafio é manter o nível e encarar de frente esse lugar do artista em relação à sociedade”, afirma Hill.

Agenda

O quê. Exposição de encerramento do Projeto Conversas
Quando. Desde 14 de março a 29 de abril (de terça a sábado, das 9h30 às 21h; domingos, das 16h às 21h)
Onde. Centro de Arte Contemporânea e Fotografia (av. Afonso Pena, 737, centro)
Quanto. Entrada gratuita