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Semana de curtas internacionais no Humberto Mauro

DANIEL TOLEDO

 De ontem, 08/11, a sexta-feira, o Cine Humberto Mauro recebe a programação do Mumia, mostra de cinema de animação que teve início na semana passada. Finalizada a mostra de curtas nacionais, realizada até ontem, é chegada a hora do público belo-horizontino conhecer o amplo conjunto de produções estrangeiras inscritas no evento, que tem como um de seus principais diferenciais a ausência de curadoria.

Dentro desse grupo, conta o organizador Sávio Leite, estão obras marcadas pela experimentação de linguagens e realizadas a partir de várias técnicas, muitas vezes capazes de surpreender o espectador mais acostumado a assistir este ou aquele tipo de animação.

“Para falar a verdade, é bem difícil diferenciar um curta de animação dos que são feitos em outras linguagens. Temos, hoje em dia, inúmeros exemplos de trabalhos que chamam atenção justamente pelo hibridismo de linguagens, inaugurado por filmes como ‘American Pop’, de Ralph Bakshi, ‘Valsa com Bashir’ ou até mesmo o hollywoodiano ‘Waking Life’”, exemplifica o coordenador, em referência a alguns longa-metragens que marcaram época justamente pela experimentação de linguagens.

Com sessões geralmente realizadas entre as 17h e as 21h, o festival exibe dezenas de filmes de hoje a quinta-feira, trazendo representantes de mais de 30 países. Apontado por Leite como um dos destaques do evento, o curta francês “Tempestade no Quarto” será exibido hoje, no programa das 17h.

Na sexta-feira, Dia das Crianças, o Cine Humberto Mauro recebe dois programas especialmente elaborados para os público infantil, com exibição de curtas às 17h e às 18h30, e juvenil, às 20h e 21h.

Agenda

O quê. Mumia – Mostra Udigrudi Internacional de Animação (mostra internacional)
Quando. De hoje a sexta-feira
Onde. Cine Humberto Mauro, no Palácio das Artes (av. Afonso Pena, 1.537, centro)
Quanto. Entrada gratuita

Entre a sociologia e a estética

MARCELO MIRANDA

Publicado no Jornal OTEMPO em 24/10/2011
Drama. Cena de ´Os Inquilinos´, filme de Sergio Bianchi que será exibido na mostra

Em sua sexta edição, a Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul iniciou seu “braço” mineiro a partir do dia 24-11-2011, no Cine Humberto Mauro. Até o início de dezembro, o evento terá passado por todas as capitais do país, mais Brasília.

Na programação, 47 filmes de dez países sul-americanos se revezam até o dia 31. É raro, hoje – ou inexistente -, outro evento cultural que se espalhe de forma tão ampla. Trata-se da conjugação de forças da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, com produção da Cinemateca Brasileira (vinculada ao MinC), patrocínio da Petrobras e produções locais (por aqui, fica a cargo da Pimenta Filmes).

Conforme afirma o curador, Francisco César Filho, “a mostra cumpre relevante papel no mapeamento e exibição de uma produção que, infelizmente, desfruta de parca circulação no território brasileiro”. Estão representados na seleção trabalhos da Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai, Argentina e Venezuela – além do Brasil.

Para a versão 2011, o curador procurou manter o olhar de outros anos: equilibrar uma certa noção necessariamente sociológica do evento (já que ele é muito claramente aberto à discussão sobre inclusão e questões relativas aos direitos humanos, evidentemente) com um viés de exigência estética que faça os filmes dialogarem com a tradição do cinema em si.

“A arte cinematográfica como opção de linguagem se orienta por obras que priorizam, além da temática, também a criação audiovisual e o apuro técnico”, afirma o curador. “Dessa forma, títulos ficcionais, renomados diretores e atores admirados fazem parte de uma programação que busca atingir também o imaginário do público”.

Daí que o espectador curioso poderá se deparar com obras fortes, como os brasileiros “Os Inquilinos”, de Sergio Bianchi, e “Céu sem Eternidade”, de Eliane Caffé, ou o argentino “Confissões”, de Gualberto Ferrari. Ou mesmo com uma inusitada animação colombiana, “Pequenas Vozes”, de Oscar Andrade e Jairo Eduardo Carrillo, que retrata crianças removidas de suas casas por conta de conflitos armados em seus países.

Um outro destaque de bastante relevância, também brasileiro, é o documentário “Diário de uma Busca”, de Flávia Castro, inédito no circuito de Belo Horizonte (ainda que tenha estreado em outras cidades). Premiado em Gramado no ano passado, segue a investigação da diretora sobre o passado de seu pai, militante político nos anos 1960.

Programação
As sessões da Mostra Cinema e Direitos Humanos ocorrem no Cine Humberto Mauro (av. Afonso Pena, 1.537) de hoje a 31/10.

Filmes e horários em www.cinedireitoshumanos.org.br

Inclusão

Filmes têm legendas e audiodescrição

Como elemento integrante de sua própria lógica, a Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul exibe todos os filmes com legendas especiais para deficientes auditivos e audiodescrição a quem é portador de deficiência visual. A entrada é sempre gratuita.

Animação. ´Pequenas Vozes´, desenho produzido na Colômbia sobre crianças fora de suas casas

A programação inclui curtas e longas-metragens, em programas montados de forma que os filmes dialoguem e atraiam mais gente.

“É um marco inegável de sua vocação democrática na difusão dos diversos direitos do homem”, registra o curador, Francisco César Filho, no site oficial da mostra. (MM)