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Belo Horizonte recebe exposição com gravuras de Salvador Dalí

Patrícia Cassese

Tudo começou com uma encomenda – feita pelo governo italiano, no âmbito das comemorações dos então 700 anos do nascimento do poeta Dante Alighieri (1265-1321): criar 100 aquarelas, para cada um dos poemas épicos que compõem a obra mais icônica do autor florentino, “A Divina Comédia”.

Catalão não fica limitado a uma interpretação literal, mas explora o potencial metafórico de Dante
Catalão não fica limitado a uma interpretação literal, mas explora o potencial metafórico de Dante

Mas não seria Salvador Dalí, o gênio a receber tal incumbência, a não deixar, no resultado final, também a sua marca. A boa notícia é que os desenhos do artista espanhol, que em sua trajetória também retratou outras obras da literatura (de André Breton ou Miguel de Cervantes, por exemplo), chegam esta semana aos olhos dos belo-horizontinos.

“Dalí – A Divina Comédia” – que estreou em julho de 2012 no Rio de Janeiro, passando posteriormente por Curitiba, Recife, São Paulo e Salvador – será aberta no último dia 18, na Academia Mineira de Letras, onde permanece até o dia 17 de agosto, com entrada franca.

Oriundo de uma coleção privada da Espanha, o acervo chega à capital mineira com o desafio de conduzir o público “a uma viagem a partir desse diálogo enriquecedor entre literatura e artes visuais”.

A proposta visual da exposição respeita a estrutura sequencial dos cantos do poema sagrado de Dante. Assim, a primeira sala é dedicada ao Inferno, com 34 imagens; um segundo espaço corresponde ao Purgatório, e o terceiro ao Paraíso, com 33 quadros cada.

Curadora da mostra, Annia Rodriguez lembra que a coleção nunca havia sido emprestada. A iniciativa de agora, acrescenta, é fruto de um trabalho de confiança mútua. “E para a gente, tem sido um grande prazer levar essa mostra não só aos circuitos mais tradicionais (referindo-se ao eixo Rio-São Paulo), mas também a praças como Salvador e Recife”, cidades, que pontua ela, tradicionalmente costumam ficar um pouco mais relegadas a segundo plano no cronograma das exposições internacionais que aportam no Brasil.

Artista não se subordina ao texto escrito por Alighieri

Annia Rodriguez, a curadora da mostra “Dalí – A Divina Comédia”, ressalta o fato de, apesar de as gravuras que aterrissam agora na cidade terem sido frutos de uma encomenda para a já citada edição comemorativa – “e apesar de ser também um exercício de ilustração” – é possível encontrar, nos traços espalhados pelos 100 desenhos, traços da personalidade de Salvador Dalí refletidos no conjunto.

“Ou seja, o artista não se subordina ao texto escrito. Nesta coleção também aparece o, digamos assim, ‘Dalí típico’, e, ainda, o posterior do manifesto mítico nuclear. Em síntese, diferentes momentos de sua vida como pintor e artista estão recolhidas nesta coleção. O público vai se encontrar com a obra de Dante Alighieri e também com a de Salvador Dalí”, enfatiza.

Annia acredita ser uma “feliz coincidência” o fato de o Brasil estar concomitantemente abrigando outra mostra dedicada a Salvador Dalí – no caso, a maior já dedicada ao pintor catalão por estas plagas.

A exposição em questão traz pinturas, desenhos, gravuras, fotografias e documentos do pintor surrealista, e está em curso no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) Rio de Janeiro (leia mais na retranca, abaixo). “Quem tiver a oportunidade de conferir às duas iniciativas, poderá confrontar duas versões do Dalí. No caso da exposição que chega a Belo Horizonte, o público confere ao Dalí ilustrador, mas que se faz presente na versão de uma obra literária. É um recorte”, explica.

No caso da mostra em cartaz até setembro na capital fluminense, prossegue ela, “é um recorte curatorial distinto”. São 150 obras do artista. Só desenhos, são 80, além de 29 pinturas. “No caso da mostra referente à obra de Dante, não é que o público vá se deparar com um Dalí totalmente diferente (do esperado), ou que não vá reconhecer o Dalí. Vai, sim, encontrar a iconografia surrealista, na qual Dalí coloca sua marca, em características como o corpo mole. Há mesmo, ali, uma amostra de seu fazer artístico, desde o inferno até um lado mais místico, e menos conhecido do público, que são as obras concentradas na parte do Paraíso”.

A mostra em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil no Rio de Janeiro (Rua Primeiro de Março, 66, Centro – site: ccbbrio@bb.com.br) segue, em outubro, para o Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo. Na verdade, trata-se da exposição que se tornou fenômeno na capital francesa, há quase dois anos, quando aportou no Centre Georges Pompidou – o Beaubourg. Lá, atraiu mais de 800 mil pessoas e se desdobrou em lembrancinhas como o rinoceronte de pano que fez sucesso na lojinha do museu.

Mas o que faz de Salvador Dalí – recentemente vivido nas telas do cinema por Adrien Brody, no filme “Meia-Noite em Paris”, de Woody Allen – foco de tanto interesse?“Sua obra é uma provocação, fala de magia e mistério”, diz Montse Aguer, uma das curadoras da mostra na cidade maravilhosa, orçada em R$ 9 milhões. “São maneiras distintas de olhar para a realidade, o desejo insatisfeito do homem diante de uma beleza convulsiva”, completa ela.

Um dos raros artistas de sua geração a conquistar fama e fortuna em vida, Dalí usou quase todo o dinheiro que ganhava com presentes extravagantes para a mulher, que aparece em algumas telas da exposição brasileira.

Mas Gala é uma presença mesmo nos quadros em que não é retratada. Num dos trabalhos mais fortes da exposição, Salvador Dalí pinta uma cama vazia, com os contornos deixados por um corpo e um formigueiro em seu lugar.

É um quadro em que ele primeiro retratou a paisagem marítima de Cadaqués, nos anos 1920, e depois, no fim da década seguinte, criou outra camada, acrescentando a cama e uma cadeira vazia no estilo surrealista que o consagraria.

 “Dalí – A Divina Comédia”.
Abertura para o público: dia 18. Visitação: quarta a domingo, de 9 às 19h, na Academia Mineira de Letras (Rua da Bahia, 1466). Entrada gratuita. Classificação: livre. Mais informações: 3222-5764

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Consulte na Biblioteca da Escola de Belas Artes as obras sobre Salvador Dali.

 

BOSQUET, Alain; DALI, Salvador. Dali desnudado. Buenos Aires: Paidos, [19-]. 148p.

DALI, Chagall, Redon. 2. ed. São Paulo: Nova cultural, 1991. 76 p. (Os Grandes Artistas . Modernos)

DALI, Salvador. Journal d’un genie. [S.l.]: Gallimard, 1974. 312p. (Collection idees: 313)

DALI, Salvador. Salvador Dali. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, c1995. 1v. (não paginado)

DALI, Salvador; FOLHA DE S. PAULO (FIRMA). Dalí. Barueri, SP: Editorial Sol 90, 2007. 96 p. (Coleção Folha grandes mestres da pintura ; 13)

DALI, Salvador; MUSEU DE ARTE MODERNA DE SÃO PAULO. Dali no Brasil. São Paulo: MAM, 1986. [96] p.

DESCHARNES, Robert; NERET, Gilles. Salvador Dali: 1904-1989: a obra pintada. Köln: Taschen, c2007. 2 v.

MADDOX, Conroy; Lisette Queirós Wernek. Salvador Dalí, 1904-1989: o génio e o excêntrico. Köln: Benedikt Taschen, c1993. 95 p. ISBN

NERET, Gilles. Salvador Dalí: 1904-1989. Köln: Taschen, c2002. 96p.

SÁNCHEZ VIDAL, Agustín. Salvador Dalí. Madrid: Electa, c1999. 63 p.

SECREST, Meryle.; DALI, Salvador. Salvador Dali: o bufão surrealista. 2. ed. Rio de Janeiro: Globo, 1988. 274p., [16]p. de estampas

TRIADO, Juan-Ramon. Gênios da arte. Barueri, SP: Girassol, 2007. 12 v.

Exposição mostra as influências de Paris sobre a construção da capital mineira

Clarissa Carvalhaes

Inaugurada em 1897, Belo Horizonte teve sua arquitetura inspirada nos modelos urbanos de cidades como a francesa Paris.[/LEAD] Detalhes dessa história podem ser conferidos bem de perto na exposição “BH, Cidade Luz”, em cartaz no salão cultural da Aliança Francesa a partir de desta segunda-feira (14).

Na década de 1970, José Octavio Cavalcanti dedicou-se a desenhar Paris durante três meses
Na década de 1970, José Octavio Cavalcanti dedicou-se a desenhar Paris durante três meses

A mostra reúne trabalhos do arquiteto e artista plástico José Octavio Cavalcanti, e do também artista Warley Desali. Ao todo o público poderá conferir 12 obras que passam pelo desenho e pela pintura.
De um lado está o trabalho de Cavalcanti que, ao retratar Paris, revela similaridades entre as capitais. Um trabalho que começou a ser feito ainda na década de 1970, quando ele exercia apenas a arquitetura. “Em 1976, durante três meses, busquei estabelecer, através do desenho de observação, o diálogo entre Paris e Belo Horizonte”, recorda.

Do outro lado está Desali que, por ainda não conhecer a cidade francesa, se inspira no imaginário e no cotidiano que de alguma forma remetem à cidade, como a rua Paris do bairro Europa, em Contagem.
“Nossas obras são bastante diferentes. Me valho do desenho, enquanto Desali é menos figurativo. Esses dois nortes são extremamente benéficos para o observador. Eles mostram a arte feita em dois tempos”, comenta Cavalcanti, de 66 anos.

Para o escritor e conselheiro da Aliança em BH, José Carlos Aragão, os artistas interligam Paris/França e Belo Horizonte/Brasil pelo traço e pela cor submetidas a uma única luz: o sol.

“Em ‘BH, Cidade Luz’, a perspectiva – como técnica de representação plástica da tridimensionalidade de cada artista – é apuradíssima e singular. E a perspectiva – como olhar pessoal do artista ou como ponto de vista do observador– é bem diversa, original e encantadora”, observa.

“BH, Cidade Luz” no Salão cultural da Aliança Francesa (r. Tomé de Souza, 1418, Savassi. Abertura: Nesta segunda, às 19h. Em julho, visitação de segunda a sexta, das 8 às 21h. Até 9/8. 

 Publicado originalmente no jornal Hoje em Dia

Exposição “ELLES” no CCBB-Rio exaltou o espaço da mulher na cultura universal – Vídeo e catálogo online

ELLES 2

O catálogo desta exposição está disponível para consulta local e empréstimo domiciliar na Biblioteca da EBA, no  setor de Multimeios.  Abaixo, a referência.

ELLES: mulheres artistas na coleção do Centro Pompidou = ELLES : mulheres artistas na coleção do Centro Pompidou. Rio de Janeiro: CCBB, 2013. 243 p. Catálogo de exposição, 27 maio 2009 – 09 jan. 2011, Centre Pompidou, Paris; 11 out. 2012 – 13 jan. 2013, Seattle Art Museum, Seattle; 23 maio – 14 jul. 2013, Centro Cultural Banco do Brasil, 2013.

Localização : CE INT(BR) 029 2013

Também está disponível em versão online . Clique na imagem abaixo :

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Arte Cultura – BBC Brasil

O boletim semanal de cultura da BBC, Arte em Revista, apresenta vídeo sobre mostra na Open Gallery em Londres. O artista David Bowie está sendo “reinterpretado” por diversos artistas plásticos na exposição.

O vídeo apresenta também tema de exposição na capital americana, a artista minimalista Ellsworth Kelly é homenageada por seus 90 anos.

Outra atração cultural mostrada no vídeo é o circo UniverSoul, que está passando por 300 cidades americanas com seus ritmos do hip hop e talentos da cultura afro-americana em suas performances.

Também em destaque são as obras restauradas de Picasso, Matisse, Chagall, Miro e Le Corbusier no Museu de arte bizantina em Atenas.

Confira o vídeo clicando na imagem:

Fonte: site BBC Brasil

Obra sobre David Bowie na Open Gallery, em Londres. Foto: BBC

Paulo Nazareth

Artista Paulo Nazareth abre mostra com instalação e vídeos, no Bairro Veneza, em Ribeirão das Neves

Artista está com trabalho no pavilhão principal na Bienal de Veneza, na Itália 

 

Depois de ir a pé aos EUA para participar da Art Basel Miami e da presença em Veneza, Paulo Nazareth se prepara para participar, em setembro, da Bienal de Lyon ( Marcos Vieira/EM/D.A Press)Depois de ir a pé aos EUA para participar da Art Basel Miami e da presença em Veneza, Paulo Nazareth se prepara para participar,esetembro, da Bienal de Lyon

 

A 55ª Bienal de Veneza começou em 1º de junho, na Itália, e vai até 24 de novembro. Um evento paralelo da mostra vai ser aberto quarta-feira, às 10h, em uma outra Veneza: o bairro com o nome da cidade italiana, em Ribeirão das Neves, Região Metropolitana de Belo Horizonte. Ação do artista plástico mineiro Paulo Nazareth, que apresenta versão menor do mesmo trabalho que está mostrando na Itália. A exposição fica aberta no mesmo período da bienal: até 24 de novembro, de segunda a sexta, das 10h às 18h.

Paulo Nazareth tem 36 anos, nasceu em Governador Valadares e vive em Belo Horizonte. Tem garantido lugar e prestígio em mostras internacionais com performances rumorosas e fotos com textos questionadores, de encontros ocorridos durante andanças pelo mundo – valendo-se de todos os meios, percorrendo grandes distâncias a pé. Em alguns casos, o percurso vai do Brasil até o local das exposições para as quais é convidado. Correu o mundo imagem do mineiro, diante de uma Kombi, vendendo bananas na feira Art Basel Miami (EUA). Para a Bienal de Lyon (França), que será aberta em setembro, Paulo Nazareth leva ‘Caderno de África’, resultado de perambulações pelo continente africano.

“Existe a Veneza do glamour, do imaginário, onde é realizada a Bienal, a maior, a mais antiga, referência do lugar da arte, onde ‘todos’ querem ir. É a Veneza da fotografia, do consumo. Estou fazendo exposição em outra Veneza, que não está neste lugar do objeto de desejo, que pouca gente conhece e às vezes tem até medo dela”, observa Paulo, sentado na cozinha da casa do irmão, no Bairro Palmital, em Santa Luzia, onde mora. Cruzar um trecho da favela até o local da exposição é parte do projeto.

“A nossa pequena Veneza é parecida com o Palmital: bem viva, com gente na rua fazendo a vida acontecer”, acrescenta. Credita a fama de violento dos dois locais ao sensacionalismo do jornalismo policial. “Coisas da mídia”, lamenta. O trabalho que vai apresentar chama-se ‘Todos os santos da minha mãe’. É reunião de produtos que têm nomes de santo, desde filtro São João até pãozinho San Carlo e correntes São Rafael, exemplifica. “É trabalho sobre disseminação de santos como produtos, no lugar de comércio”, observa.

Vai estar ainda no ponto de cultura mantido pelo artista no Bairro Veneza o vídeo ‘Aprendi a rezar em guarani e kaiowá para o mundo não se acabar’. Trata-se de registro de noite passada com índios de Mato Grosso do Sul, numa quinta-feira, “um bom dia para rezar, já que da tarde até o amanhecer estão abertos os portões dos 14 mundos que, para eles, formam o universo”. O “além do material”, explica, é questão importante para o artista. Como a questão da promessa. E o Paulo considera que algumas obras são ex-votos.

 (Marcos Vieira/EM/D.A Press)
 

Na feira Paulo Nazareth vive desde os 15 anos no Bairro Palmital. “Já morei no Mangabeiras”, brinca, referindo-se a período alojado em sauna de mansão que estava em reforma. Residiu ainda na zona rural de Curvelo (MG) e na favela do Cafezal. “Já fiz de tudo: fui jardineiro, padeiro, agente de saúde e bonequeiro”, conta o artista. Foi fazendo bonecos e vendendo publicações e imagens avulsas, em feira de domingo no Bairro Palmital, que conseguiu manter e comprar o material necessário durante o curso de belas-artes.

O material gráfico, explica, são gravuras e parte importante de sua obra. Com relação ao preço dos trabalhos, conta que é muito variado – “a partir de R$ 0,10 ou de acordo com o bolso de quem se interessa”. Os letreiros que ele apresenta das fotos, assim como as havaianas que usa para caminhar, “são mais caros”. O artista se formou em 2005, em desenho e gravura, na Escola de Belas-Artes da UFMG. Estudou entalhe em madeira com mestre Orlando (1944-2003), e, até o fim do ano, deve realizar mostra com trabalhos próprios e de seu mestre.

As andanças pelo mundo, ao sabor do inesperado, deixa às vezes a família preocupada. “Mando notícias”, observa. “Minha mãe é devota de todos os santos, o que ameniza a preocupação dela, faz com que eu sinta os santos e almas me protegerem e seguir bem”, garante. Foi a devoção da mãe uma das fontes para o trabalho que está nas duas Venezas. O artista não foi a Veneza, na Europa, porque é promessa dele só ir à Europa depois de passar pela África. A mãe, Ana Gonçalves Silva, viajou na sexta-feira, com uma amiga, para representar o filho na Itália.

 

Paulo Nazareth

• Exposição
Instalação, vídeo e gravuras. Rua Nossa Senhora do Rosário, 36, Bairro Veneza, Ribeirão das Neves. De segunda a sexta, das 10h às 18h. Até 24 de novembro. Ônibus: 6260. Informações e visitas guiadas: (31) 8777-8490 (com Júlio).
 
• Livro
‘Paulo Nazareth, arte contemporânea/LTDA’, Editora Cobogó. Edição bilíngue (português/inglês), com mais de 150 imagens e textos de Kiki Mazzucchelli, Maria Angélica Melendi, Hélio Alvarenga Nunes, Walter Chinchilla, Julio Calel, Edgar Calel, Pedro Calel, Janaina Melo e do próprio Paulo Nazareth.
 
• Internet
artecomtemporanealtda.com.br (com links para outros blogs).
 
 
 

Três perguntas para…
Paulo Nazareth, artista plástico

 

Você vê influência do Bairro Palmital nos seus trabalhos?

 

Se não morasse no Palmital minha arte seria outra. Morar aqui é uma opção. O local é criação da Cohab. Mas criaram conjuntos habitacionais com moradias tão precárias, que são piores do que as das favelas. Então, a gente tem que favelizar para melhorar. O gato coloca as patas onde há carência de serviços.

O que você tem visto em suas andanças pelo mundo? 

Que as pessoas que menos têm são as que mais abraçam o outro, que têm menos medo do outro, que acolhem. Chamam você para entrar em casa, puxam cadeira, oferecem café, dividem o mundo dela, têm curiosidade em conhecer você. Meu trabalho são imagens desses encontros com várias culturas diferentes. Às vezes, penso que sou um criador de casos afetivos, que levo para contar para outros lá na frente, ou que vão parar nas minhas gravuras e panfletos.

Como você vê o seu trabalho?

Fui aluno de mestre Orlando, fiz entalhe em madeira e pedra. Comecei a fazer uma carranca, mas nunca a terminei. Fiquei pensando: o que faço são carrancas. Não aquela cara, aquele objeto em madeira, mas, de alguma forma, carrancas. Carrancas, dizem, são para afastar os maus espíritos, o olho- grande, quando você vai abrindo caminhos. Dizem que, por isso, carranca tem que ser feia, mas, às vezes, a gente erra e elas não ficam tão feias assim.

Palavra dos curadores

“Paulo é um dos artistas mais complexos e inesperados que surgiu nesta geração. Cria uma economia paralela, vendendo suas obras à comunidade, e também uma realidade paralela, com trabalhos de longa duração.”
Hans Ulrich Obrist

“Paulo Nazareth está reinventando a performance. Essas caminhadas de longa duração produzem obras de arte sobre contextos sociais e as pessoas que ele encontra. É um artista imprevisível e ao mesmo tempo incrível.”
Gunnar Kvaran

 
 
Por Walter Sebastião – Disponível em: EM CulturaPublicação

Exposição “Avestruz” de ex-aluna da EBA discute as relações de poder

Resultado de um trabalho iniciado em 2006, a exposição “Avestruz – Só Tenho Rascunhos”, da multiartista Paola Rettore, será aberta hoje e permanece em cartaz no Memorial Minas Gerais Vale até abril.

Mistura de muitas linguagens, realizadas por vários artistas convidados, a exposição tem fotografias de Eugênio Sávio e Weber Pádua, esculturas e figurinos de Marciano Mansur, vídeos de Marcelo Kraiser, poemas e ainda performances de Paola.

Personas. Ciborgue é uma das sete personagens presentes na exposição e nas performances.
Personas. Ciborgue é uma das sete personagens presentes na exposição e nas performances.

O foco da exposição está em sete personas construídas como roupas-armaduras, identificadas como Banho, Contempla, Esmalte, Sofia, 50’, Convidada e Palestrante.

Em 2011 e 2012, a artista levou esses figurinos à rua, em intervenções urbanas que deram origem ao livro-objeto homônimo à exposição, que teve tiragem de 200 cópias.

A intenção de Paola é buscar, no limite do exagero, ironia e provocação, um questionamento sobre as relações de poder. O nome da exposição sugere algo desengonçado e engraçado.

“Vejo esta exposição como um trabalho político, mas extremamente poético. As pessoas podem ver e se divertir, mas vão perceber que existem outras camadas, em níveis mais profundos”, afirmou a artista.
A mostra reúne todas as etapas do trabalho e expõe parte do processo criativo de seus artistas. “Ela foi construída de uma maneira muito bonita. Cada peça mostra a potência artística do seu criador”, analisa Paola.

Vestida como uma das personagens, a artista fará performances ao vivo, ao meio-dia, em 17 de março e 14 e 21 de abril. “No feriado, vai ser uma diversão. Vou levar a Sofia (uma das personas), que vai distribuir diplomas às pessoas”.

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O QUê. Exposição “Avestruz – Só Tenho Rascunhos”, da multiartista Paola Rettore

Quando. De 06 de março a 30 de abril, às terças, quartas, sextas e sábados, das 10h às 17h30; às quintas, das 10h às 21h30 e domingos, das 10h às 15h30.
Onde. Memorial Minas Gerais Vale (praça da Liberdade).
Quanto. Entrada franca

Video – Bienal de São Paulo propõe a reunião de diferentes linguagens poéticas

Programa Starte, fala sobre a 30ª edição da Bienal Internacional de São Paulo.

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Visite também o site oficial da 30ª Bienal de São Paulo : a Iminência das Poéticas, que está acontecendo desde o dia 07 de setembro até 09  de dezembro no Parque do Ibirapuera, Pavilhão da Bienal – São Paulo.

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No site da Fundação Bienal de São Paulo estão disponíveis os catálogos das Bienais anteriores até a 28ª! Deleitem-se!

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Veja o especial que o Estadão fez sobre a 30ª Bienal

http://topicos.estadao.com.br/bienal-de-artes-de-sao-paulo

Exposições

Exposição “LUGARALGUM | OTHERWHERE”

Marginalia Project em parceria com Luisa Horta

Importante núcleo de experimentação em arte e tecnologia em Belo Horizonte, o Marginalia+Lab abre suas portas na próxima sexta com uma nova atração. Trata-se da videoinstalação interativa “lugaralgum | otherwhere”, criada pelo coletivo Marginalia Project em parceria com a artista Luisa Horta.

Neste trabalho, os artistas convidam o público a manipular uma lanterna e explorar, por meio dela, imagens até então ocultas no interior de uma sala escura. “Nesse trabalho, a ideia de interação veio a partir da necessidade de explorar um componente específico da técnica fotográfica: o processo de criação da imagem. Em síntese, nossa ideia foi trazer essa experiência, geralmente restrita ao artista, para o público e o momento da fruição”, conta André Mintz, integrante do Marginalia Project.

“Buscamos explorar o processo construído na presença do público, de acordo com sua subjetividade e seu tempo de interação com cada imagem”, completa. Entre as imagens reveladas pela luz das lanternas, estão interferências presenciais de Luisa Horta em algumas paisagens naturais e outras, projetadas.

Visitação:
17 de novembro a 18 de dezembro, entrada gratuita

Horário:
Quinta a domingo, das 15h às 21h

Local:
Marginalia+Lab (av. Brasil, 75, cj. 3, Santa Efigênia)

Sobre os artistas:

Marginalia Project

Formado por Aline X, André Mintz e Pedro Veneroso, o coletivo Marginalia Project cria trabalhos que abordam a tecnologia de formas não convencionais, imbuindo sua utilização de perspectivas estéticas – geralmente críticas, sempre lúdicas. Em atividade desde 2008, o grupo expôs trabalhos em Belo Horizonte, São Paulo, Recife e Nanchang, China. Desde 2009, o Marginalia Project mantém em Belo Horizonte o Marginalia+Lab, laboratório de arte e tecnologia que já sediou o desenvolvimento de dezenas de projetos, em residências e workshops.

A instalação “lugaralgum” é um desdobramento do protótipo Marginalia 1.0 Beta, primeira experiência do grupo, vencedor do Festival Conexões Tecnológicas, do Instituto Sergio Motta, em 2008.

Luisa Horta

Luísa Horta é artista visual, graduanda em Artes Gráficas e Fotografia pela UFMG. Atua nas artes circenses, na dança e no cinema. É colaboradora frequente de projetos cênicos e performáticos, alternando funções como diretora de arte e pesquisadora. Possui como fio condutor do seu trabalho as relações de tensão e construção do corpo mediado pela arquitetura, investigando a foto e o vídeo como performance e investindo no cruzamento de linguagens como integração das várias facetas de sua formação.

Recentemente fez a direção de arte da cena curta “Rosângelas”, direção de Júlia Branco – selecionada para o Festival de Cenas Curtas do Galpão Cine Horto, participou da residência Ateliê Aberto #2, no espaço cultural Casa Tomada – SP, e das exposições coletivas “Bienal Zero” – Bienal Universitária da América Latina na Escola Guignard e “Corpo Coletivo” no Centro Cultural da UFMG.

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Exposições

Exposição REMINISCÊNCIAS CORPÓREAS

Texto: Divulgação
Começa no dia 08 de novembro a exposição Reminiscências Corpóreas, na Galeria de Arte Paulo Campos Guimarães, Foyer da Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa. A artista plástica Luciana Diniz mostra nesta exposição individual seu trabalho de arte sobre fotografias. Reminiscências Corpóreas é um olhar diferenciado sobre memória e identidade. A imagem se transforma em poesia sobre experiências e percorre um caminho delicado entre o desejo e a aversão, o que seduz e o que banaliza, o implícito e o explícito. A exposição tem entrada franca.

A Artista

Luciana Diniz tem 26 anos e é natural de Belo Horizonte. Designer formada pela Escola de Design da UEMG, trabalha com design gráfico e comunicação visual. Como artista plástica, iniciou seus estudos em 2005 na Escola de Belas Artes da UFMG, em Belo Horizonte. Participou das exposições “EntreRiscos” no Centro cultural da UFMG, “Jovens ilustradores” na Biblioteca Pública da UFMG e “Poligrafic0.5” na Escola de Teatro da UFMG. Foi destaque da FAPEMIG com a apresentação do artigo “Itinerário crítico de Mario Pedrosa: da vanguarda à retaguarda.” em 2008, no Projeto de Iniciação Científica “Historiografia da Arte Brasileira”. O atual trabalho iniciou‐se em 2010 dentro da Escola de Belas Artes e foi um dos vencedores do Edital 2011 da Superintendência de Bibliotecas de Minas Gerais, para a exposição de Artes Visuais.

Visitação:
08 a 30 de novembro de 2011

Horário:
Segunda a sexta das 08 às 20 horas. Sábado das 08 às 12 horas

Local: Galeria de Arte Paulo Campos Guimarães, Foyer da Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa.
Rua da Bahia, 1889 – Funcionários, Belo Horizonte.

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Professora da Escola de Belas Artes é tem trabalhos expostos nos Estados Unidos

Texto: EBA-Comunicação e Divulgação

 A professora Maria do Céu Diel, do Departamento de Desenho da Escola de Belas Artes da UFMG, terá seus trabalhos exibidos em Denver, nos Estados Unidos. Quem recebe a coletânea de obras da professora é a galeria Abecedarian, especializada em livros de artista, trabalhos em papel, colagens e montagens.

A exposição “Paper, Paint and Travel” começa no dia 06 de outubro e fica até o dia 29 do mesmo mês. Com este título, a artista busca mostrar em suas reminiscências de viagens, as memórias híbridas que existem entre o vivido e o sonhado, imagens que se completam no sono. No dia 7 de outubro, haverá uma recepção com a professora.

Arte Brasileira e Depois, na Coleção Itaú

A Fundação Clóvis Salgado, em parceria com o Instituto Itaú Cultural, abre ao público até o dia 25 de setembro, a exposição 1911 – 2011 – Arte Brasileira e Depois, na Coleção Itaú. O material inédito é composto por 178 obras produzidas nos últimos cem anos no Brasil, que ficam expostas nas galerias do Palácio das Artes e no Centro de Arte Contemporânea e Fotografia, concentrando um importante acervo da arte moderna e contemporânea produzida no País. Após Belo Horizonte, a mostra irá para o Rio de Janeiro, onde fica em cartaz no Paço Imperial.

Entre os 139 artistas, com obras selecionadas para a exposição, estão nomes como Guignard, Cândido Portinari, Tarsila do Amaral, Flávio Carvalho, Hélio Oiticica, Victor Brecheret, Bruno Giorgi, Maria Martis, Lígia Pape e Amílcar de Castro. Os objetos expostos compreendem vídeos, pinturas, fotografias, desenhos e gravuras, que estão dispostos em seis módulos, que tanto podem ser compreendidos isoladamente, como, se seguidos de ponta a ponta, traçam com definição o caminho percorrido pela arte brasileira desde as primeiras décadas do século passado até hoje.

O primeiro módulo A Marca Humana, traz a primeira modernidade brasileira ainda amplamente representacional. Em seguida, Irrealismos, com 18 peças, apresenta registros de composições que remetem a si mesmas entre o sonho incontrolado e o imaginário construído. Modos de Abstração, o próximo módulo, apresenta 52 obras, com seis esculturas entre elas e mergulha nos anos 50 quando, em decorrência da I Bienal de São Paulo (1951), a arte brasileira passou a se concentrar em temas interiores, livres de uma referência imediata ao mundo exterior – transitando gradualmente do figurativismo para a abstração. Os concretos dominaram a cena, seguidos dos neoconcretos, abstracionistas informais ou expressionistas e começaram um diálogo em pé de igualdade com a arte internacional.

O quarto módulo, Contestação Pop, é composto por 13 obras que trazem a arte pop inspirada na releitura de imagens de outros meios como os quadrinhos, a fotografia de jornal, as embalagens dos produtos comerciais e objetos da cultura de massa. Em Na Linha da Ideia, módulo dividido em seis subgrupos: Arte e Anti-arte, O Juízo Jocoso, Palavra Imagem, A Arte como Arte, Pintura Pós Pintura, Não Objetos e Anti Forma, o público encontra um total de 56 peças que correspondem a um vasto e aberto período da arte identificado como pós-moderno.

Por fim, o grupo Outros Modos, Outras Mídias reúne obras em diversos suportes e cujas propostas são as mais distintas – desde a ação sobre o próprio corpo à contemplação poética e à interação com a obra, permitida pelas experimentações digitais.

A exposição 1911 – 2011 – Arte Brasileira e Depois, na Coleção Itaú tem curadoria de Teixeira Coelho e projeto expográfico de Daniela Thomas e Felipe Tassara.

>> A Exposição pelo curador Teixeira Coelho (52 Kb).pdf.

>> Clique e saiba mais sobre Teixeira Coelho (42,5 Kb).pdf.

>> Clique e conheça Daniela Thomas e Felipe Tassara (63 Kb).pdf.

Serviço
Evento:
Exposição 1911 – 2011 – Arte Brasileira e Depois, na Coleção Itaú
Data: 05 de julho a 25 de setembro
Horário: de terça a sábado, das 9h30 às 21h; domingo, das 16h às 21h
Local: Galerias Alberto da Veiga Guignard, Arlinda Corrêa Lima, Genesco Murta e Centro de Arte Contemporânea e Fotografia
Entrada franca
Informações:
(31) 3236-7400