Livro “O que é arte?”, da artista Regina Vater, é inspiração para nome da mostra que comemora 10 anos da Coleção Livro de Artista da UFMG
De 12 de abril a 11 de maio, o quarto andar da Biblioteca Central recebe a exposição “O que é arte?”, nomeada em referência ao livro de mesmo nome publicado há mais de 40 anos pela artista Regina Vater. A mostra faz parte das atividades em comemoração aos dez anos da Coleção Livro de Artista da UFMG.
Além do livro de Regina Vater, com respostas à pergunta “O que é arte?”, coletadas na entrada do Teatro Municipal de São Paulo, também serão expostos livros de Aloisio Magalhães, Jonathan Monk, Rute Gusmão, Sandra Heshiki, entre outros artistas.
“Selecionamos livros que têm o fazer artístico e a história da arte como tema, seja pelo diálogo intertextual com outros artistas e obras, seja pela relação com os museus e coleções. Todo o sistema da arte é colocado em evidência e questionado nesse conjunto de obras, que abrange desde os convites de exposição e a publicação de discursos oficiais de abertura de mostras, até uma entrevista fictícia de um jovem artista com um dos mais renomados curadores da atualidade”, explica Amir Brito, curador da exposição.
Durante a mostra, um grupo de bolsistas acompanharão os visitantes, que poderão manusear os livros e conversar a respeito das obras em horários predeterminados. As visitas podem ser agendadas pelo e-mail colesp@bu.ufmg.br ou pelo telefone (31) 3409-4615.
Exposição Impressa é o título da mostra cujas obras de arte expostas não ocupam as paredes de uma galeria, e sim as páginas de um livro. Essa modalidade de exposição, realizada pela primeira vez pelo galerista nova-iorquino Seth Siegelaub, será reproduzida na Divisão de Coleções Especiais e Obras Raras da UFMG, no quarto andar da Biblioteca Central.
Os visitantes poderão conferir reedições de obras de arte conceituais da década de 1960 e outros livros de artista que pertencem ao acervo da Escola de Belas Artes da UFMG. “Os livros da mostra são, ao mesmo tempo, catálogos de exposição e livros de artista. Em alguns deles, os artistas fizeram uma transposição gráfica das obras para o papel, criando uma obra nova”, explica Amir Brito, curador da mostra.
Serão apresentadas “exposições impressas” de vinte e quatro artistas. Entre elas, as do francês Hubert Renard e do italiano Guglielmo Achille Cavellini, que questionam a própria ideia do que é uma exposição. “Hubert Renard coloca em evidência tudo o que envolve a realização de uma mostra, por meio da criação de um catálogo de uma exposição fictícia, que nunca aconteceu, pois a galeria de arte não existe. Já Guglielmo Achille Cavellini dizia realizar “mostras em domicílio”, em que o catálogo era enviado para o endereço das pessoas interessadas em visitar a mostra”, conta Amir.
A mostra Exposição Impressa estará em cartaz no quarto andar da Biblioteca Central de 02 de agosto a 15 de setembro e poderá ser visitada de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 22h. Fotografias de algumas das obras que serão expostas podem ser conferidas no site da Coleção de Artista da UFMG.
Amanhã, 30 de outubro, às 14h, será inaugurada a exposição O Mundo no Papel, na Biblioteca Central da UFMG, no campus Pampulha. A mostra reúne 135 livros de artista do acervo da Universidade e do acervo particular do professor e pesquisador da Escola de Belas Artes, Amir Brito Cadôr. As obras pertencentes a UFMG integram a única Coleção Especial de livros de artista no país a fazer parte de uma biblioteca universitária.
A visitação pode ser realizada até o dia 15 de dezembro, de segunda a sexta feira, das 9h às 17h. Duas vezes por semana, sempre as quintas e sextas-feiras, das 14h às 17h horas, o espaço da exposição irá se transformar em um gabinete de leitura e uma parte dos livros poderá ser manuseada pelos visitantes.
A exposição, além de ter a curadoria do professor da Amir Brito, também faz parte da defesa de sua tese de doutorado que acontecerá no dia 6 de novembro, terça-feira às 14h, na Biblioteca Central, no campus Pampulha. Com o título Enciclopedismo em Livros de Artista: um manual de construção da Enciclopédia Visual, a tese aborda temas como a coleção, a arte da memória, a leitura, a apropriação e o uso de imagens em livros de artista.
Os livros de artista podem ser considerados suportes para a realização de trabalhos artísticos e veículos para a expressão de experiências de espaço, tempo e movimento, entre outros.
Alguns livros de artista foram doados por seus autores especificamente para esta exposição e serão incorporados ao acervo da UFMG ao término da mostra. Contribuíram com doações os artistas Alec Finlay, Colin Sackett, Mark Pawson (Inglaterra), Claudia Jaguaribe, Edith Derdyk, Fábio Morais, Marilá Dardot, Michel Zózimo, Wlademir Dias-Pino (Brasil), Eric Doeringer, Scott McCarney (Estados Unidos), Hubert Renard (França), Hans Aarsman (Holanda), Jesper Fabricius (Dinamarca), Kristan Horton e Klaus Scherübel (Canadá).
Exposição O Mundo no Papel Abertura da exposição: 30/10/2012, terça-feira às 14 horas, Biblioteca Central, campus Pampulha. Defesa da tese: 06/11/2012, terça-feira às 14 horas, Biblioteca Central, campus Pampulha. Período de exposição: de 30/10 a 15/12/2012 Horário de visitação: 9h às 17 horas Gabinete de leitura: 14h às 17 horas, quintas e sextas-feiras Informações: colesp@bu.ufmg.br ou pelo telefone: 3409-4615 Site: http://colecaolivrodeartista.wordpress.com/
Patricia Franca-Huchet, artista e professora da Escola de Belas Artes da UFMG, apresenta sua obra intitulada “O livro de Zénon Piéters”. Trata-se de um livro de artista.
Zénon Piéters, heterônimo da artista, é um fotógrafo melancólico amador e livreiro que “possui o olhar do pintor, percebe que a realidade das coisas podem ser intensamente apreendidas através de uma transposição sensorial e espiritual sobre a frontalidade (o papel da fotografia e a tela da pintura)”, segundo a própria artista.
A autora escreve um pouco sobre o livro:
“Este livro é um trabalho que envolve um canteiro literário, a figura do heterônimo, uma longa pesquisa, apresentações de imagens, a ficção e a invenção de si mesmo. Não me sinto a autora, mas a compiladora — ou a sonhadora — de uma obra imaginária que é o relêvo de diversos horizontes que afloraram como imagens e textos. (…)
A pintura é uma articulação entre algo cerebral e a matéria e isso é de uma grande sensualidade. Esse tecido entre algo psíquico que atravessa a matéria e que vai surgir na superfície do quadro é um ponto muito avançado, muito sofisticado. Poder-se-ia apontar uma grande força que se encontra no justo desequilíbrio. Zénon parece procurá-lo: o justo desequilíbrio que é a essência de nossa capacidade de ser, ter e estar presente. (…)
A mise-en-scène e a teatralidade da imagem fotográfica e pictural é o que interessa-lhe [Zénon] em seu modo psíquico e mental de lidar com a imagem. É constante leitor de poesia e literatura; isso ajudou-lhe a trabalhar com a realidade. Essa dimensão, nós a encontramos particularmente em sua ambição de prolongar a pintura na imagem fotográfica e lhe dar uma espessura de sentido, até mesmo simbólica — em uma iconografia no presente — mas não sem constatar o quão impossível é o movimento de doação da pintura à câmara escura. Zénon acredita que fazemos passos falsos quando julgamos poder esquecer a grande tradição da arte. Nada de rupturas para Zénon que crê no movimento de abertura oferecido pelos limites dela no tempo. (…)”
A partir de um conjunto de livros de artista de alunos, ex-alunos e professores da Escola de Belas Artes, pertencentes à coleção especial de livros de artista, foram escolhidos livros do mesmo acervo que pudessem de alguma forma fazer uma conversa, seja por semelhanças formais, temáticas ou até mesmo uma aproximação que acontece pelos títulos das obras.
Assim, os livros Neomonumentos, de Mario Azevedo e Brancusi no ar, de Marina Camargo, se aproximam pelas referências à escultura; o amor e o erotismo são tema dos livros de Paola Rettore e Marcelo Kraiser, Letícia Weidusthadt, Amir Brito Cador e Paulo Bruscky; alguns livros são autoreferentes, têm o livro ou a realização do livro como tema, caso de Iluminuras, de Marco Antonio Mota e Júlio Martins, que conversa com os livros de Mateo López, de Marilá Dardot e Fabio Morais.
O formato também pode ser um critério de aproximação, como o uso de jornal tablóide por Mabe Bethônico e Matheus Rocha Pitta; o uso de legendas como forma de alterar a percepção das imagens, presente em Night Visit to the Library, de Amir Brito Cadôr e nos livros de Michel Zózimo e Fernanda Gassen; o título aproxima os livros e também os projetos artísticos a que se referem, como no caso dos Lotes vagos, de Breno Silva e Louise Ganz, em relação ao Guia de Terrenos Baldios de São Paulo, de Lara Almarcegui.
Algumas vezes, os projetos só têm existência (ou são possíveis apenas) nas páginas do livro, como o Catálogo de projetos & realizáveis, de Paulo Nazareth, em conversa com os Corredores para Abutres, de Regina Silveira, e as invenções de Paulo Bruscky. Por fim, destacam-se livros que se aproximam por questionarem a noção de autoria da obra: os artistas que fizeram os livros atribuem a obra a uma outra pessoa que não existe: é o caso de Lucia Rosas, Duda Miranda e Marcelo do Campo, personagens conceituais, com biografia e curriculo próprios.
A coleção especial de livros de artista é a única no país a fazer parte de uma biblioteca universitária. Formada em novembro de 2009 por iniciativa dos professores Maria do Carmo Freitas Veneroso e Amir Brito Cadôr, a coleção conta com mais de 180 títulos, de artistas brasileiros e estrangeiros. Com o intuito de aproximar a comunidade e os livros que pertencem à coleção especial de livros de artista, a Biblioteca Universitária, em parceria com a biblioteca da Escola de Belas Artes, realiza uma mostra de livros de artista a partir do dia 24 de agosto de 2011. Participam da mostra os alunos e ex-alunos (graduação e pós-graduação) Louise Ganz, Marco Antonio Mota, Paola Rettore e Paulo Nazareth, e os professores Amir Brito Cador, Mabe Bethônico, Marcelo Kraiser e Mario Azevedo. Com curadoria do professor Amir Brito Cadôr, os livros podem ser vistos até o dia 4 de novembro no Setor de Livros Raros, no 4º andar da BU, no campus Pampulha da UFMG. O curador fará uma palestra, aberta ao público, no dia 21 de setembro, às 17h no mesmo local da mostra.
Realização:
Biblioteca Universitária
Divisão de Coleções Especiais e Obras Raras
Biblioteca da Escola de Belas Artes – Coleção Livros de Artista
Informações e visitas orientadas:
Divisão de Coleçoes Especiais e Obras Raras – Telefone 31 3409-4615, e-mail: colesp@bu.ufmg.br.