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A moda além das passarelas

Tarcisio D’Almeida – Especial para o Feminino & Masculino do jornal Estado de Minas em 10/11/2019

Look dos Alunos da UFMG no Dragão Fashion 2017(foto: Roberta Braga/Cláudio Pedroso/Pedro Brago/Divulgação )

O fascínio que a moda exerce nos indivíduos vai além dos desfiles nas passarelas das semanas de moda. Esse fascínio direciona para os consumos estético e mercadológico da moda. Quer seja amada, quer seja odiada, ela desempenha papel crucial na constituição de comportamentos, gostos e decisões estéticas das sociedades em suas evoluções históricas. Focados nesse objetivo central, professores, pesquisadores, estudantes e profissionais se reuniram na Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (EBA-UFMG), em Belo Horizonte, de 29 de outubro a 1º de novembro último, para o 9º Encontro Nacional de Pesquisa em Moda (Enpmoda), que foi sediado pelo curso de design de moda, em parceria com o Programa de Pós-graduação em Artes, ambos da EBA-UFMG, e com apoios institucionais da EBA-UFMG, do curso de têxtil e moda da Universidade de São Paulo (USP), do curso de moda da Faculdade Santa Marcelina (FASM), do curso de design-moda da Universidade Federal do Ceará (UFC), do curso de moda da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), do curso de design de moda da Universidade Federal de Goiás (UFG) e do curso de moda do Centro Universitário Una. O evento teve como hotel parceiro oficial o Bristol Jaraguá Hotel e contou com patrocínios do Sindivest-MG, da Syssa Baby e da Loja do Primo.

Criação de Raiane Cotta(foto: Thiago Bonifácio/Divulgação)

“É uma honra para a UFMG sediar em nossa instituição o 9º Enpmoda. Este importante evento representa não apenas uma oportunidade de divulgação de pesquisa em moda”, explica a professora Sandra Regina Goulart Almeida (reitora da UFMG), “mas também um momento de reflexão sobre o complexo fenômeno da moda e do diálogo entre os vários setores envolvidos na produção em moda no país.” Com o tema “A moda entre o pensar e o criar na evolução do tempo”, participantes procedentes de vários estados do país estiveram nessa nona edição do Enpmoda – a segunda sediada pelo curso de design de moda da UFMG, a primeira foi em 2013 – e tiveram uma programação bastante ampla e enriquecida de abordagens, reflexões e pontos de vista, que totalizaram três conferências, seis oficinas, 35 artigos de comunicações orais e 28 artigos de pôsteres científicos, além do desfile de encerramento, que teve como proposição “O povo e a cultura de Minas Gerais”, interpretado pelos alunos da disciplina pesquisa de moda II. 

O Enpmoda tem como missão a constituição do pensamento acerca do objeto de estudo moda, isto é, a constituição do campo de saber/conhecimento devotado à moda. “A dedicação de todos [pesquisadores, professores e estudantes] à pesquisa e à construção do campo da moda é de uma força inabalável, inquestionável e de reconhecido valor”, pondera a professora Ana Paola dos Reis, coordenadora do curso de design de moda da EBA-UFMG). Essa força de produção acadêmica sobre a moda é uma realidade presente na trajetória do evento, que para a nona edição teve inscrições de trabalhos para os cinco grupos de trabalhos – Moda: ensino, pesquisa e extensão; Moda: teorias e processos criativos; Moda: história, cultura e artes; Moda: comportamento, comunicações e mídias, e Moda: tecnologia, gestão e produção.

“O Povo e a Cultura de MG”, de Raiane Cotta(foto: Thiago Bonifácio/Divulgação)

A conferência “Apareça e não se esconda: a moda, a história, a construção da democracia no Brasil”, com a professora Heloisa Starling (titular do Departamento de História da UFMG), abriu o evento na noite de 29 de outubro com pensamentos sobre a importância da moda na constituição das personalidades das pessoas inseridas nos contextos históricos da sociedade brasileira. Em seguida, foi a vez de o time de criadores composto pelos estilistas Luiz Cláudio Silva (egresso do curso de extensão em estilismo da UFMG e hoje criador da grife Apartamento 03), Renato Loureiro, Valéria Mansur e Rogério Lima (diretor de criação do Minas Trend) conversar sobre “Sensibilidades criativas na moda”, assunto da segunda conferência do evento.

A moda e suas variadas facetas e processos criativos desempenham um papel crucial na apreensão estético-artística dos indivíduos. “Houve tempos nos quais as artes não estevam divididas entre ‘menores’ e ‘maiores’, entre ‘belas’ e ‘aplicadas’, ‘decorativas’ ou ‘utilitárias’, entre ‘arte’ e ‘artesanato’. A EBA-UFMG vivencia a diversidade como um valor essencial a cultivar e fortalecer”, conceitua o professor Adolfo Cifuentes (vice-diretor da EBA-UFMG). “É nesse diálogo permanente com o diverso que se nutre uma civilização”, complementa. Por isso mesmo, o conhecimento teórico é aliado ao conhecimento prático. Pensando nessas diversidades e sinergias, a comissão organizadora do Enpmoda estruturou as oficinas “Styling: construindo imagens para a moda” (com Rodrigo Cezário); “Bordados de linhas e pedrarias” (com Juliana Cruz); “Toda forma de nécessaire” (com Daise Menezes); “Moodboard e processos de pesquisa visual em moda” (com Danilo Araujo Nogueira); “Como transformar informação de tendência em produto de moda” (com Aldo Clécius)”; e “O casaco de Marx” (com Maíra Gouveia).

Encerrando a programação das conferências, a professora Lilian Santiago, do Departamento de Filosofia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que direcionou a força do pensamento filosófico sobre arte e moda para pensar o tema “Do Studio 54 ao museu: metamorfoses da moda”, abordando o icônico clube de Nova York, que impactou comportamentos e esteticamente várias gerações, e como a transição das práticas serve para metamorfosear a moda.

Em sinergia com o ano comemorativo dos primeiros 10 anos do curso da UFMG, ocorreu ainda no 9º Enpmoda a “Design de moda UFMG: mostra comemorativa de sua primeira década”, com uma seleção de criações de variadas naturezas e anos (looks, objetos vestíveis, cadernos de processos, books criativos etc.) produzidos pelos estudantes do curso. E ainda integrando a proposta de pensar o ato de criar moda no contexto mineiro, foi proposto para os alunos da disciplina pesquisa de moda II, do 4º semestre do curso de design de moda da UFMG, o tema “O povo e a cultura de Minas Gerais”, que encerrou a programação do evento na noite de 1º de novembro.

*Tarcisio D’Almeida é vice-coordenador do curso de design de moda da Escola de Belas Artes da UFMG; doutor em filosofia pela USP; líder do grupo de pesquisa Moda: teorias e processos criativos, cadastrado no CNPq; coordenador geral do 9º Enpmoda e autor do livro Moda em diálogos: entrevistas com pensadores.

FMC cria Centro de Referência da Moda de Belo Horizonte

Publicado em 06/12/2012 09:40:19

241_foto Miguel Aun_MHAB_Vestua¦ürio_out2012A Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Fundação Municipal de Cultura (FMC), criou o Centro de Referência da Moda de Belo Horizonte, na esquina da Rua da Bahia com a Avenida Augusto de Lima. Segundo o presidente da FMC, Leônidas Oliveira, o objetivo do novo espaço é traduzir a cultura, o estilo e os costumes dos habitantes da capital mineira, em diferentes épocas.

O Centro de Referência da Moda reunirá um amplo e diversificado acervo, desde luxuosos vestidos de gala, fraques e finas lingeries, até extravagantes chapéus, trousses, luvas e outros acessórios, itens vindos da Coleção Vestuário do Museu Histórico Abílio Barreto (MHAB). “Com mais esta iniciativa, a Fundação Municipal de Cultura tem planos de mobilizar o mundo da moda em BH, promovendo debates, estudos, desfiles, exposições, seminários e cursos, muitos deles destinados à população de baixa renda, com o objetivo de formar mão-de-obra especializada para as confecções”, detalha Leônidas, sobre os benefícios que o novo espaço trará para a cidade.

A coordenação geral do Centro de Referência da Moda de BH ficará a cargo de Marília Salgado. Segundo ela, o espaço irá centralizar várias ações de apoio a estudantes universitários de moda, professores, estilistas, profissionais do comércio, indústria e comunidade em geral. “A moda hoje é pensada não como futilidade, mas como fenômeno sociocultural, capaz de nos dar informações preciosas sobre os costumes de uma época e de um povo, além de movimentar a economia de um país”, completa.

Localização privilegiada

O Centro de Referência da Moda de Belo Horizonte irá ocupar uma das mais belas edificações da cidade, localizado na esquina da Rua da Bahia com a Avenida Augusto de Lima. O prédio neogótico, em estilo manuelino, foi construído em 1914 e, em seus quase cem anos de existência, sediou importantes instituições histórico-culturais de Belo Horizonte, como o Conselho Deliberativo da Capital, a Biblioteca Municipal, a primeira rádio da cidade (PRC-7, Rádio Mineira), as aulas inaugurais da Escola de Arquitetura da UFMG, a Câmara Municipal, o Museu de Mineralogia Professor Djalma Guimarães, o Museu da Força Expedicionária Brasileira e, mais recentemente, o Centro de Cultura Belo Horizonte.

O edifício é tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA- MG) e pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município de Belo Horizonte.

Exposição: A Fala das Roupas

Uma amostra do acervo do Centro de Referência da Moda de Belo Horizonte será apresentada ao público na exposição “A Fala das Roupas”. Entre as peças expostas, destacam-se um robe du jour (vestido do dia), de 1873, usado pela noiva para tomar o café da manhã com o marido no dia seguinte ao casamento; um vestido feito para a festa de comemoração da Revolução de 1930; um vestido confeccionado pelo conhecido estilista mineiro Marquito; lingeries de seda bordadas; caixa de trabalho de mascate, especialista no comércio de joias e bijuterias; belos vestidos de gala, chapéus, luvas, fraque e uniformes da Guarda Nacional.

Mais informações: CR[Moda] – (31) 3277-4384

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BH INAUGURA OFICIALMENTE SEU CENTRO DE REFERÊNCIA DA MODA

Publicado no DOM, Ano XVIII – Edição N.: 4199

Exposição de peças antigas e seminário marcam abertura do novo espaço, que pretende mobilizar o setor na capital mineira

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Belo Horizonte ganha oficialmente na segunda-feira, dia 26, seu Centro de O Centro de Referência da Moda reunirá um amplo e diversificado acervo, que inclui desde luxuosos vestidos de gala, fraques e finas lingeries até extravagantes chapéus, trousses, luvas e outros acessórios, itens vindos da Coleção Vestuário do Museu Histórico Abílio Barreto (MHAB). “A Fundação Municipal de Cultura tem planos de mobilizar o mundo da moda em BH, promovendo debates, estudos, desfiles, exposições, seminários e cursos, muitos deles destinados à população de baixa renda, com o objetivo de formar mão de obra especializada para as confecções”, disse Leô­nidas Oliveira, presidente da FMC, sobre os benefícios que o novo espaço trará para a cidade.Referência de Mo­da, espaço que pretende traduzir a cultura, o estilo e os costumes dos habitantes da capital mineira em diferentes épocas. O centro será inaugurado oficialmente pela Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Fundação Municipal de Cultura (FMC) e vai funcionar na esquina da rua da Bahia com a avenida Augusto de Lima, no Centro de Cultura de Belo Horizonte (rua da Bahia, 1.149, Centro). Nos primeiros dias, inclusive, o centro vai receber uma exposição e promoverá um seminário.A coordenação geral do Centro de Referência da Moda de BH ficará a cargo de Marília Salgado. Segundo ela, o espaço irá centralizar várias ações de apoio a estudantes universitários de mo­da, professores, estilis­tas, profissio­nais do comércio, indústria e comunidade em geral. “A moda hoje é pensada não como futilidade, mas como fenômeno so­cio­cul­tural, capaz de nos dar informações preciosas sobre os costumes de uma época e de um povo, além de mo­vi­mentar a economia de um país”, completa.

O Centro de Referência da Moda irá ocupar uma das mais belas edifica­ções da cidade. O prédio neogó­tico, em estilo manue­lino, foi construído em 1914 e, em seus quase cem anos de existência, sediou importantes instituições histórico-culturais da capital, como o Conselho Deli­be­rativo da Capital, a Biblioteca Municipal, a primeira rádio da cidade (PRC-7, Rádio Mineira), as aulas inaugurais da Escola de Arquitetura da UFMG, a Câmara Municipal, o Museu de Mineralogia Professor Djalma Guimarães, o Museu da Força Expedicio­nária Brasileira e, mais recentemente, o Centro de Cultura Belo Horizonte.

O edifício é tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA- MG) e pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município de Belo Horizonte.

Exposição “A Fala das Roupas”

Uma amostra do acervo do Centro de Referência da Moda de Belo Horizonte será apresentada ao público na exposição “A Fala das Roupas”. Entre as peças expostas, destacam-se um robe du jour (vestido do dia), de 1873, usado pela noiva para tomar o café da manhã com o marido no dia seguinte ao casamento, um vestido feito para a festa de comemoração da Revolução de 1930, um vestido confeccionado pelo conhecido estilista mineiro Marquito, lingeries de seda bordadas, caixa de trabalho de mascate, especialista no comércio de joias e bijuterias, belos vestidos de gala, chapéus, luvas, fraque e uniformes da Guarda Nacional.

I Seminário do Centro de Referência da Moda

Entre terça e quinta, dias 27 e 29, o Centro de Referência da Moda de BH promove o seu primeiro seminário, com três dias dedicados aos temas: “Memória, Negócios da Moda e Criação e Desenvolvimento”. O evento acontece na sede do BDMG (rua da Bahia, 1.600) e contará com a participação de palestrantes renomados, como João Braga (historiador de moda), Maria Prata (diretora de redação da Harper’s Bazaar Brasil), Astrid Façanha (professora da Faculdade Santa Marcelina e gerente geral da Netshoes), Maria Tereza Leal (fundadora da Coopa-Roca), Vera Lima (criadora do acervo de moda do Museu Histórico Nacional), Mary Arantes (da Mary Design) e Tereza Santos (estilista mineira).

As inscrições para o seminário são gratuitas e podem ser feitas pessoalmente ou pelos telefones 3277-4384 e 3277-9248 no próprio Centro de Referência da Moda e também no MHAB (avenida Prudente de Morais, 202, Cidade Jardim). As inscrições também poderão ser feitas durante os três dias do evento, desde que o interessado chegue com a antecedência mínima de uma hora e meia no BDMG. Veja abaixo a programação do seminário, que será mediado por Carla Mendonça.

• Dia 27, das 14h às 19h, com o tema “Memória”

Vera Lima: O acervo de trajes do Museu Histórico Nacional

João Braga: Visão da História da Moda brasileira no período de 1897 a 1980

Soraya Coppola: Restauração e conservação de tecidos e trajes

• Dia 28, das 14h às 19h, com o tema “Negócios da Moda”

Terezinha Santos e Tereza Cristina Hohs: Negócios da moda

Omar Hamdam: Fashion City – o novo empreendimento da Moda

Maria Tereza Leal: Coopa-Roca, uma cooperativa vitoriosa

Astrid Façanha: O futuro das lojas físicas em vista do desenvolvimento das lojas virtuais

• Dia 29, das 9h às 12h50, com o tema “Criação e Desenvolvimento”

Mary Arantes: A Poesia da criação

Andrea Marques: Tendências não são imposições; como pensar a cartela de cores, as estampas e a silhueta de cada estação

Maria Prata : O papel do passado na moda do futuro

Finalmente, ´Hot Luxury´ no Brasil

Publicado no Jornal OTEMPO em 23/10/2011

TARCISIO D´ALMEIDA

Entender o luxo na vida contemporânea demanda novas maneiras de interpretação do significado da palavra “luxo”, que adquiriu, durante a evolução da humanidade, novas tentativas de compreensão. Historicamente, a noção de luxo surgiu na França com a apreciação pelas joias e seu fascínio exercido em mulheres e homens. Esse princípio de apreciação estética era exportado pela nobreza francesa para outros países da Europa. Em seguida, o luxo começa a ser praticado pelo universo da moda, também na França.

Contudo, as vivências nas relações das “vidas líquidas” – para utilizarmos a nomenclatura do pensamento do filósofo Zigmunt Bauman – do mundo contemporâneo registra uma nova realidade, pautada especialmente na mudança de paradigmas. A interpretação e compreensão do luxo adquirem novas configurações, as quais direcionaram seu novo entendimento para o universo do abstrato, ou seja, o luxo não é mais a simples tradução de bens materiais e que traduzam a riqueza e a ostentação, mas também o tempo. Este seu aceleramento desenfreado, isto é, a falta de tempo para tudo o que o homem desejaria realizar, tornou-se o principal tema do novo mapeamento para explicar o luxo no contemporâneo.

É óbvio que permanecemos também com a noção de luxo centrada nos bens materiais, símbolos do consumo que agregaram em si o adjetivo “luxo”. É dentro desse princípio de reflexão e discussões que a editora de moda Suzy Menkes, papisa e autoridade do jornalismo de moda britânico e respeitada mundialmente, idealizou e criou, no ano de 2005, o evento que batizou com o gigantesco título “Luxury”. Gigantesco não no tamanho da palavra, mas sim na semântica histórica que ela carrega consigo. Menkes e seus convidados têm se reunido anualmente em cidades no mundo que têm despertado as atenções do planeta. E, pela primeira vez, o evento chega à América do Sul, ao Brasil e, em especial, à cidade de São Paulo. Ganhou um adjetivo ao título original: “Hot Luxury”, e acontece nos dias 10 e 11 de novembro próximo, no Hotel Unique.

No casting de convidados para a edição brasileira, Menkes mesclou nomes tops da criação de moda, mas também nomes de destaque que fazem os bastidores e potencializam o consumo de moda e de luxo pelo planeta. O fotógrafo de moda Mario Testino, os estilistas Sarah Burton (da Alexander McQueen), Diane von Furstenberg, Carolina Herrera, Lenny Niemeyer e Francisco Costa (da Calvin Klein), além do designer de calçados Christian Louboutin, são alguns dos criadores que estarão discutindo moda e suas inter-relações.

No site: www.iguatemisaopaulo.com.br/iht2011 você tem acesso a programação completa.

Tarcisio D´Almeida é professor e pesquisador do curso Design de Moda da Escola de Belas Artes, da Universidade Federal de Minas Gerais (EBA-UFMG). tarcisiodalmeida@eba.ufmg.br

Sobre entidades e congressos de moda

A criação da Sociedade Brasileira de Estudos em Moda plantou as sementes para grupos de pesquisas que tenham como objetivo central discutir a moda e suas interrelações

Publicado no Jornal OTEMPO em 21/08/2011

TARCISIO D´ALMEIDA

Toda comunidade que reúne um certo número de indivíduos interessados no mesmo assunto – mesmo que sob prismas de abordagens variadas – torna-se de extrema valia para consolidar como válido um objeto de estudo na esfera acadêmica. E é exatamente esse princípio que justifica, por exemplo, a existência de entidades como The British Costume Association, da Grã-Bretanha, Costume Society of America, dos EUA, e The International Association of Costume, do Japão. No Brasil, temos o registro pioneiro da criação, em 1998, da Sociedade Brasileira de Estudos em Moda (SBEM), no Centro de Artes da Universidade do Estado de Santa Catarina (UESC), que reuniu professores, pesquisadores e profissionais do setor em discussões e formulação de estratégias para congregar interessados na produção de reflexões acerca da moda e, essencialmente, na constituição de uma comunidade intelectual sobre o assunto no Brasil.

O resultado da criação da SBEM plantou as sementes para grupos de pesquisas e reuniões que tinham como objetivo central discutir a moda e suas interrelações. De certa forma, podemos dizer que a contribuição dos primeiros fóruns de discussão promovidos pela SBEM resultou em outros descendentes espalhados por todo o país. Paralelas à SBEM, duas outras entidades começaram a se constituir no país, a saber: a Associação dos Estilistas do Brasil (Abest) e o Colóquio de Moda. Há ainda a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), que tem sua natureza de fundação ligada aos empresários do setor.

Quando foi fundada, em 2003, a Abest tinha apenas cinco membros e seu objetivo central era constituir a noção de fortalecimento e promoção do design e da moda brasileiros, ou seja, o DNA dos criadores nacionais. Atualmente, a entidade conta com 56 membros entre estilistas e marcas e exporta para 48 países. Na vertente acadêmica, foi instituído, em 2005, o Colóquio de Moda, pensado a partir da ideia de reuniões anuais que congregassem professores, pesquisadores e profissionais da moda de todo o território nacional. A primeira edição foi sediada no Centro Universitário Moura Lacerda, em Ribeirão Preto (SP), e contou com a participação de 16 instituições de ensino, procedentes de nove Estados. Foram apresentados 77 trabalhados, durante os três dias do evento.

No ano passado, a sexta edição do Colóquio de Moda registrou alguns números e conquistas que justificam sua existência e consequente crescimento. Sediado na Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo, teve apoio da Fapesp, contou com as apresentações de 294 trabalhos selecionados, espalhados em 15 Grupos de Trabalhos (GTs), que abordaram e mapearam a diversidade da moda e das áreas multidisciplinares correlatas. Contou ainda com a presença de representantes de eventos e de escolas internacionais. O total de inscritos chegou ao número de 978 pessoas, superado pela edição de 2008, na Universidade Feevale, em Novo Hamburgo (RS). Outra novidade, também lançada no ano passado, foi a criação da Associação Brasileira de Estudos e Pesquisas em Moda, como uma espécie de dissidente da SBEM.

Na edição deste ano, o VII Colóquio de Moda acontecerá entre os dias 11 e 14 de setembro, em Maringá (PR). Com realização da RedeModa, Rede de Ensino Superior de Moda do Paraná – um pool entre a UEL, UEM, UTFPR, Cesumar e Unipa -, foram selecionados 316 trabalhos, divididos entre as categorias de artigos e comunicações orais em dez GTs e pôsteres científicos de alunos de graduação. Nesses anos de eventos, o colóquio ocupou um espaço importante no Brasil como maior congresso científico de moda, estabelecendo intercâmbio entre estudantes e pesquisadores de inúmeros programas de graduação e pós-graduação em moda. A edição ibero-americana do colóquio já foi anunciada para 2012. Além disso, haverá ainda o I Encontro Nacional de Pesquisa em Moda, de 25 a 28 de outubro, na UFG.

Tarcisio D´Almeida é professor e pesquisador do curso design de moda da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (EBA-UFMG). tarcisiodalmeida@eba.ufmg.br