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Livro aborda influência da cultura africana no vestuário do brasileiro

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Obra tem coedição da Fundação Biblioteca Nacional (FBN), em parceria com a Seppir, da Presidência da República

Resultado de uma herança que remonta à época colonial, a influência da cultura africana está presente nas cores e nos desenhos estampados no vestuário dos brasileiros. O tema é abordado, de forma inédita, no livro “O africano que existe em nós, brasileiros”, de autoria da designer de moda Julia Vidal, lançado nesta semana, no Rio de Janeiro.

A obra tem coedição da Fundação Biblioteca Nacional (FBN), em parceria com a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) da Presidência da República.

Descendente de africanos, indígenas e europeus, Julia Vidal, graduada em comunicação visual pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), buscou no livro documentar a origem estética da identidade brasileira e mostrar como ela se materializou na moda.

“Busquei identificar formas e ritos que fazem parte do nosso cotidiano, a fim de identificar sua origem, se africana, indígena ou portuguesa. O resultado dessa mistura é uno, é brasileiro”, conta Julia

Segundo ela, a história da moda no Brasil, como um todo, ainda é pouco registrada em livros, e a contribuição africana menos ainda. “Tive dificuldades de encontrar fontes bibliográficas. Pesquisei em livros sobre simbologia, máscaras, ourivesaria”, admite a autora, que começou a atuar na moda em 2005, quando criou a grife afro-brasileira Balaco.

Enquanto fazia as pesquisas para o livro, Julia concebeu dez coleções, retratadas na obra, em que ela destaca a contribuição das diferentes etnias africanas que vieram para o Brasil na condição de escravos.

“Os africanos começaram a produzir sua própria roupa, a partir de matérias-primas locais, e com o tempo essa passa a ser a roupa não só do escravo, mas também a do colono”, explica. Ela ressalta, porém, que os trajes que constituem a identidade da moda afro-brasileira variam de acordo com a região.

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“Isto está relacionado com a origem étnica dos africanos trazidos para o Brasil. Na Bahia, por exemplo, a maior força da cultura iorubá se tornou a grande referência no vestuário, mas as nossas roupas são muito diferentes das africanas da mesma etnia. Aqui não temos aquelas mangas volumosas, as formas de amarrar os turbantes são diferentes”, explica a autora.

Embora focado na moda, ‘O africano que existe em nós, brasileiros’ aborda também as heranças étnicas na música, na culinária e na arte. As religiões de matriz africana, como o candomblé e a umbanda, também são tema da publicação.

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Pensando moda: novo livro reúne entrevistas com intelectuais

Ariane Polvani

As livrarias ganharam um novo título para discutir moda e cultura. Assinado pelo professor Tarcisio D’Almeida, Moda em Diálogos: Entrevistas com Pensadores é composto por sete longas entrevistas com pensadores do meio – entre eles a historiadora americana e curadora do museu FIT (Fashion Institute of Technology), Valerie Steele, o filósofo francês e autor do clássico O império do efêmero, Gilles Lipovetsky e o embaixador da marca de joias H. Stern, Christian Hallot, único brasileiro da seleção. Completam a lista: os antropólogos Massimo Canevacci e Ted Polhemus, a socióloga Diana Crane, e o presidente da Federação Francesa da Costura, do Prêt-à-porter, dos Costureiros e dos Criadores de Moda, Didier Grumbach.

D’Almeida conta que escolheu os entrevistados a dedo. “São todos profissionais que admiro há muito tempo e que seguem praticamente a mesma linha de pensamento que eu”. Mesmo assim, o professor não nega que tenha suas preferências entre os intelectuais. “Sou fã do papo com Valerie, uma mulher que sabe mesclar psicologia com moda muito bem e tem referências ótimas. E com Lipovetsky, que tem uma maneira muito objetiva de pensar e conta com bagagem histórica enorme, mas consegue pensar moda no cenário contemporâneo como poucos”, diz.

Professor da Universidade Federal de Minas Gerais, ele diz ainda que a parte mais trabalhosa – e também a mais importante – ao reunir um material como esse está na hora de fazer as entrevistas. “É preciso se inteirar no assunto, ler o máximo possível sobre ele e sobre a fonte, para que os assuntos rendam. Se o entrevistado for um intelectual, então, a responsabilidade é dobrada”. Ele ainda dá sua recomendação para quem quer ser jornalista ou crítico de moda. “Costumo dizer que moda pela moda é empobrecida, ela precisa ser entendida como patrimônio cultural, que agrega assuntos como arte, música, teatro e cinema. Portanto, entender sua história e seu percurso é essencial, mas também ampliar as conexões, fazer links com os mais diversos temas”.

Publicado pela Memória Visual, Moda em Diálogos é o primeiro livro do autor, que já pensa em novos projetos. “Quero escrever o segundo volume do Moda em Diálogos e um outro em que as fontes serão os criadores. Vou mesclar estilistas, diretores de criação, maquiadores, fotógrafos e stylists, sempre brasileiros e estrangeiros, porque é assim que vejo a moda: sem fronteiras”, define.

Moda em Diálogos: Entrevistas com Pensadores
Tarcísio D’Almeida
Editora Memória Visual
140 páginas, R$ 30
www.memoriavisual.com.br

Publicado em 19.09.2012 na seção Boa Vida no site Chic. Disponível em : http://chic.ig.com.br/boa-vida/noticia/pensando-moda-novo-livro-reune-entrevistas-com-intelectuais

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Veja também a matéria veiculada em jornais mineiros nos dias 06 e 07 de outubro divulgado no Clipping UFMG

Veículo: Estado de Minas – Belo Horizonte – MG – Caderno: Pensar
Página: 5
Publicada: Sábado, 06 de outubro de 2012

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Veículo: Estado de Minas – Belo Horizonte – MG – Caderno: Feminino
Página: 10
Publicada: Domingo, 07 de outubro de 2012