Animação

O cinema de animação surgiu junto com o cinema de ação ao vivo, mas o desenho animado veio muito antes. Foi graças à engenhosidade da ciência que cientistas e também artistas puderam inventar os mais variados dispositivos de simulação da imagem em movimento. Conhecidos também como brinquedos ópticos, com seus nomes tão mirabolantes quando suas funcionalidades, a exemplo, fenaquistoscópio, zootroscópio, praxinoscópio, taumatroscópio, etc., esses dispositivos eram usados em espetáculos de rua, exibições em teatros e também como simples brinquedos que impressionavam e alegravam todo tipo de espectador. Veja os trabalhos da área de animação no Youtube e/ou Vimeo  Conheça também um pouco da história do cinema de animação da Escola de Belas Artes promovido pelo SEANIMA 2020 – Legado, 35 Anos da Animação na UFMG

A palavra animação tem origem do latim, “animatio”, que significa, ser animado. Deriva da palavra “anima”, traduzido como espírito ou alma. Assim, o processo de animar é dar alma a algo sem vida ou sem movimento. Quem nunca desenhou uma sequência de desenhos no canto do caderno e não ficou instigado como o fato de que uma série de desenhos estáticos nos dão a impressão de movimento?

Criar o movimento animado não significa apenas fazer bons desenhos estáticos mas é também ludibriar o olhar do espectador na passagem de um desenho para o seguinte. Norman McLaren, um dos mais renomados animadores, já dizia: “a animação não é a arte dos DESENHOS-que-se-movem, mas a arte dos MOVIMENTOS-que-são-desenhados. O que acontece entre cada fotograma é muito mais importante do o que existe em cada fotograma”. Em outras palavras, a animação é a presença do artista que empreendida sua ação gestual nos interstícios das imagens sequenciadas.

No CAAD, o futuro animador experimenta variadas técnicas de animação, do tradicional desenho no papel, o 2D tradicional, à animação digital 2D e 3D, além das diversas possibilidades do Stop Motion. O curso busca formar um profissional criativo e também crítico para o mercado. No diálogo com as tecnologias digitais, a experiência do aluno com animação pode extrapolar os limites das tradicionais salas de cinema. Por meio da rede mundial de computadores, dos dispositivos móveis, aplicativos, instalações interativas e não interativas, plataformas de jogos digitais, etc., o leque de atuação profissional se expande consideravelmente.

Simon Brethé

Leitura complementar indicada pelo Prof. Simon Brethé:

CINEMA DE ANIMAÇÃO: Uma trajetória marcada por inovações

A trajetória do cinema de animação revela uma história que abarca importantes progressos técnicos. Se, inicialmente, tinha como foco o público infantil, atualmente observase a crescente adesão por parte de um público heterogêneo, estendendo-se do infantil, ao jovem e ao adulto. O gênero animação ainda tem Walt Disney como referência, mesmo após décadas de sua morte (1966). O estilo Walt Disney continua a inspirar a animação mundial, consolidando suas obras como marcos referenciais. Sua técnica, estética e sensibilidade para dar vida a suas criações perpetuam-se por gerações, abrindo espaço para a vivência individual de fantasias inusitadas, sob um corpo comum. O percurso do desenho de animação vai sendo mundialmente delineado, sua história vem sendo edificada por novos animadores, estúdios, filmes e personagens, que juntos vão dando consolidação ao gênero.

O gênero de animação, conforme o exposto por Meckee (2006), sustenta-se pelas leis do metamorfismo universal, a partir das quais tudo pode ser criado e transformado, independentemente de normativas físicas. Atendendo a estes pressupostos, a animação inclina-se para os gêneros de ação e farsa, de alta aventura ou para as tramas de maturação cuja visualização pode se dar através de filmes como “Rei Leão” (DISNEY, 1994) ou “Pequena Sereia” (DISNEY, 1989) (MECKEE, 2006). Na introdução do livro “Le dessin animé: Histoire, esthétique, technique”, de Duca (1948), Disney refere-se ao desenho animado como pertencente ao mundo feérico, de fantasia e magia, um universo que convida insistentemente à poesia.

Halas e Manvel (1979), concebem que o prazer em debruçar-se sobre o gênero atrelase à interdependência entre um desenho e outro, bem como a sua reprodução seqüencial, predicativos que, se ausentes, descaracterizam a animação. A apropriação sucessiva dos fotogramas, capaz de proporcionar a impressão de movimento, é percebida por Solomon (1987) como o cerne da animação. Acrescenta ser esta arte capaz de dotar de movimento o desenhado, envolvendo de uma diferente expressividade aquilo que acontece entre cada frame. Jacques Aumont e Michel Marie (2006) compreendem que a animação é derivada da tomada de cenas analógicas recheadas de movimento. Lucena Júnior (2001, p.29), ao recorrer à origem da palavra animação, identifica sua gênese latina animare, que significa dar vida.

Guillén (1997) afirma que o desenho de animação revela-se apenas como uma das possíveis técnicas do gênero, estendendo-se às películas com figuras recortadas, às sombras chinesas, às
marionetes, ao cinema de bonecos, bem como aos efeitos especiais daquelas películas interpretadas por atores. A hábil faculdade de gerar encanto, cuja fonte encontra-se na possibilidade de recobrir de vida objetos inanimados, é descrita pelo autor como o grande milagre da animação.

No intuito de aprimorar o efeito phi, ou seja, aquele que promove a impressão de movimento, novas técnicas são propostas. Evidenciando uma constante, o desenvolvimento da animação começa a instigar cientistas a partir de 1645, ano em que Athanasius Kircher expôs ao público a lanterna mágica. Esta invenção consistia em uma caixa portadora de uma fonte de luz e de um espelho curvo, através do qual se projetavam imagens derivadas de slides pintados em lâminas de vidro. Posteriormente, no século XVIII, Pieter Van Musschenbroek dava continuidade aos estudos de Kircher, conseguindo produzir a ilusão de movimento, em 1736, ano da primeira exibição animada. Este mecanismo foi se popularizando como veículo de entretenimento para exibições itinerantes. Em 1794, Etienne Gaspard Robert, em Paris, explorou de forma comercial o potencial da lanterna mágica, com o espetáculo “Fantasmagorie”. (LUCENA JR, 2001, p.30).

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