Vitor Butkus
Malogramos sempre ao falar do que amamos.
[Porto Alegre : Ed. do Autor], 2010.
[10] f.
20,7 x 14,7 cm.
Texto datilografado
40 ex.
“Malogramos sempre ao falar do que amamos” foi uma performance, realizada em maio de 2010, consistindo na cópia manual dos últimos textos de escritores, filósofos e artistas.
“Malogramos sempre ao falar do que amamos” foi uma intervenção realizada no pátio do Hospital Psiquiátrico São Pedro, em junho desse mesmo ano. Era formada por nove páginas datilografadas, emolduradas e afixadas no local. Cada página era a última a constar naqueles últimos textos. E os pregos utilizados para suspender as páginas já estavam nos seus devidos lugares, antes da montagem da exposição. E continuam lá, desde não sei que data.
“Malogramos sempre ao falar do que amamos” é uma publicação que, página por página, traz as últimas palavras de Clarice Lispector, Friedrich Nietzsche, Caio Fernando Abreu, Italo Calvino, Gilles Deleuze, Gustave Flaubert, Andy Warhol, Walter Benjamin e Jean Genet. A fabricação do livro é artesanal, as páginas datilografadas uma a uma.
Da performance ao livro do artista, o projeto vem experimentando progressivamente apartar essas últimas palavras dos seus textos originais. Exilados do calor de seu sentido primeiro, essas últimas palavras sustentam, sobre as páginas que compõem o livro, a possibilidade de um embate criativo entre o momento da escrita e o acontecimento de novas leituras.
“Malogramos sempre ao falar do que amamos” é o título de um texto de Roland Barthes, encontrado inacabado em sua máquina de escrever, quando de sua morte por atropelamento, em março de 1980.
Penúltimas, as palavras talvez ensinem a desaparecer.