Centro Cultural inaugurOU exposição Manifesto em flor
Flores brancas de papel crepom representam a cultura contra violência
Manifesto em Flor é o nome da exposição que acontece no Centro Cultural UFMG, entre os dias 22 de agosto a 21 de setembro de 2014, em comemoração aos 10 anos do projeto de arte pública ‘Manifesto das Flores’, idealizado em 1998 pelo artista plástico e educador Severino Iabá.
O projeto tem como fundamentação a análise geral do meio social e se contrapõe às contradições e hostilidades de nosso tempo, promovendo a possibilidade de mãos generosas produzirem e ‘plantarem’ flores de papel crepom, manifestando a necessidade de uma cultura de paz, contra a violência e a exclusão. Esta ação, em atividade durante os últimos 10 anos, envolve atores sociais da região metropolitana de Belo Horizonte, de outras cidades brasileiras e até mesmo do exterior.
Uma das mais expressivas manifestações envolvendo o projeto culminou no dia 28 de maio de 2003 na Praça das Águas, no Parque das Mangabeiras, em Belo Horizonte, onde ocorreu a criação coletiva de um gigantesco jardim (instalação de arte, intitulada “Para não dizer que não falei das flores”) de 30 mil rosas brancas de papel crepom que foram confeccionadas em diversos espaços públicos da região metropolitana.
O projeto, que tem a participação, entre outras pessoas, da fotógrafa Eliane Velozo e do músico Jorge Dissonância é coordenado por Severino Iabá, seu criador e já realizou inúmeras intervenções urbanas em cidades brasileiras e do exterior, tais como; em Gonzaga, MG, em protesto à estúpida morte de Jean Charles; na Praia de Copacabana no Rio de Janeiro durante a Rio+20; e na Itália, como parte do projeto ‘Redescobrindo a Jornada de Meu Pai’ (sobre a participação brasileira na II Guerra Mundial e a construção de uma cultura de paz).
Estarão expostos na Sala Celso Renato, no Centro Cultural UFMG; além da instalação construída a partir de flores brancas em papel crepom; registros fotográficos do processo, dos participantes e dos resultados do projeto.
Além da exposição uma roda de conversa com os artistas sobre os processos do projeto, acontece no dia 18 de setembro às 19 horas e, no dia 21 de setembro, o ‘Boi Rosado’ (um dos resultados do projeto, criado em homenagem ao escritor mineiro João Guimarães Rosa) realizará, às 10 horas, sua reaparição em folguedo, com cortejo folclórico, que vai do Centro Cultural UFMG ao Parque Municipal de Belo Horizonte, onde acontecerá o lançamento de seu primeiro CD e a doação de 200 mudas de árvores nativas.
Severino Iabá é pernambucano, nascido em Surubim, e reside em Belo Horizonte há 20 anos. Artista criador, trabalha compulsivamente em vários projetos, geralmente relacionados ao meio ambiente, à ecologia e à construção de uma cultura de paz. Seus trabalhos centralizam-se no meio social e envolvem os mais diversos setores da comunidade, dentre eles escolas, artistas, escritores, poetas, etc.
Escolas interessadas em visitar a exposição podem entrar em contato com o Centro Cultural UFMG através do telefone 3409 8290.
Desde quarta feira (13), a capital mineira recebe 13 obras daquele que é considerado o “pai da arte cinética no Brasil”, o potiguar Abraham Palatnik. Mas não só.
A exposição “Cor, Luz e Movimento” – que integra as ações do Prêmio Marcantonio Vilaça para as Artes e que entra em cartaz na Galeria do Centro Cultural Minas Tênis Clube – abarca, ainda, 40 obras de 14 artistas que têm seu trabalho inspirado nas criações do “mestre”: Ana Linnemann, Arthur Amora, Braga Tepi, Bruno Borne, Carlos Krauz, Carlos Pertius, Claudio Alvarez, Deneir, Eduardo Coimbra, Emygdio de Barros, Fernando Diniz, Luiz Hermano, Robson Macedo e Wagner Malta Tavares.
À frente da curadoria está Marcos de Lontra, membro da Associação Internacional de Críticos de Arte e ex-diretor do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, de Brasília e do Recife.Pioneiro
Pioneiro da Arte Cinética no Brasil, Palatnik criou objetos que exploram efeitos visuais por meio de engrenagens delicadas e movimentos físicos.
Engenheiro de formação, o artista sempre tratou de projetar e construir suas obras associando minúcias matemáticas a um senso estético e plástico extremamente apurado.
Na década de 1950, período em que atuou como designer de móveis, Palatnik passou a unir a estética à tecnologia. Foi a partir daí que o movimento e a luz foram reunidos e ganharam corpo físico.
Naquele momento, o artista passou a dar início a trabalhos com potencial visual e poético até então jamais discutidos no cenário das artes nacional. Nasceram, então, obras como as da série “Relevos Progressivos e as Progressões” e o aclamado “Cinecromáticos”.
Agora, o belo-horizontino tem a oportunidade de ver um recorte muito peculiar – e importante – dessas experimentações que travaram um embate (ou uma junção) da luz e do movimento.
“Cor, Luz e Movimento” – Desta quarta ao dia 28 de setembro. Galeria de Arte do Centro Cultural Minas Tênis Clube (rua da Bahia, 2.244, Lourdes). Horário de funcionamento: terça a sábado, das 10h às 20h, e aos domingos e feriados, das 11h às 19h. A entrada é franca.
À frente do seu tempo, Palatnik revolucionou a arte com sua identidade
Artista cinético, pintor, desenhista. Todos os trabalhos do octogenário Abraham Palatnik – e dos artistas que o seguem – expostos em Belo Horizonte vêm do Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro, onde passaram por temporada expositiva.Assinando a expografia, Marcio Gobbi não esconde a dificuldade em trabalhar com arte moderna, “projetos que subvertem o conceito tradicional de exposição”.
Para BH, a promessa dele é trazer uma montagem neutra, embora penetrante. “É bom quando o público se sente acolhido a ponto de não perceber o trabalho que tive para deixar o espaço dessa maneira. Acredito que a melhor expografia é essa: quanto mais invisível, mas presente estou”.
Destaca-se que “Cor, Luz e Movimento” celebra dez anos do Prêmio Marcantonio Vilaça – um dos mais importantes do país. O curador da exposição, Marcus de Lontra, associa o nome de Palatnik a figuras como Amilcar de Castro (1920–2002) e Lygia Clark (1920–1988).
“A partir dele nasceu uma escola que sequer havia sido imaginada no mundo. Ao observar a exposição, o público poderá facilmente encontrar pontos em comum de obras dos ‘alunos’ com o conjunto de trabalho de Palatnik. No entanto, essa mesmas obras não estabelecem diálogo umas com as outras. Elas bebem na mesma fonte, mas são completamente distintas, comprovando que a escola do artista tem várias vertentes: seja popular, seja tecnológica”, explica o curador.
Da história de Palatnik, Lontra conta que muito antes de “criar” a Arte Cinética o artista era um pintor tradicional – até descobrir pessoas que pintavam melhor do que ele.
“Há relatos de que teria dito que não podia competir com tanto talento – era preciso criar algo novo. Palatnik é, seguramente, o retrato de um homem que, sobretudo, não se deu por vencido. A partir da adversidade, ele inventou novos caminhos para a arte e reinventou a própria identidade”.“Cor, Luz e Movimento” no Centro Cultural Minas Tênis Clube (r.da Bahia, 2.244). Terça a sábado, das 10 às 20h. Domingo e feriado, das 11 às 19h. Até 28/9
Um bom motivo para ir a SP
O Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) recebe até dia 15 a maior mostra já realizada com obras de Palatnik. Batizada “A Reinvenção da Pintura”, a exposição conta ainda com “Diálogos” – mostra paralela que reúne 39 obras de 26 artistas que ampliaram o conceito do mestre.
Obras foram produzidas por bolsistas vindos de várias partes do país. A partir deste domingo, o público poderá conferir o resultado de cinco meses de trabalho no Museu de Arte da Pampulha
O Museu de Arte da Pampulha (MAP) abre espaço a partir deste domingo para uma mostra formada por trabalhos de 10 artistas que participam do Programa Bolsa Pampulha. Depois de um trabalho de pesquisa que começou em setembro do ano passado em Belo Horizonte, os contemplados pelo projeto vão poder usar o espaço da Fundação Municipal de Cultura (FMC) para exibir obras de várias linguagens em uma exposição com entrada gratuita.
O programa, que já está em sua quinta edição, é realizado pela Associação de Amigos do Museu de Arte da Pampulha em parceria com a FMC, da Prefeitura de Belo Horizonte. O projeto seleciona artistas de todo o país interessados em desenvolver projetos de criação em artes visuais. Dessa vez, foram escolhidos cinco pessoas de Minas Gerais, três de São Paulo, uma do Rio de Janeiro e uma do Paraná. Os selecionados tiveram de viver em Belo Horizonte durante cinco meses, período em que conviveram com outros artistas locais, participaram de encontros e se envolveram com os moradores da cidade nos centros culturais de BH.
Nesta última fase do projeto, os 10 selecionados vão ocupar diversos espaços do Museu de Arte da Pampulha. Quem visitar o espaço cultural até 26 de outubro vai encontrar desenhos, pinturas, instalações, vídeos e intervenções urbanas espalhadas pelo salão nobre, mezanino, sala multiuso e área externa do MAP. “É um conjunto de artistas bem variado e seus trabalhos são feitos em muitas linguagens. Mas podemos dizer que eles têm em comum a crítica social, que é recorrente na maioria eles. No entanto, são questões que permeiam os trabalhos de forma muito poética”, avalia a artista plástica e uma das curadoras da exposição Eliza Campos.
A mostra coletiva fica em exposição de terça a domingo, de 9h às 18h30 e é aberta para o público de todas as idades.
A curadoria da exposição é de Agnaldo Farias, Elisa Campos, Marta Ruiz e Ricardo Resende.
+++++++++++++++++++++++++++
Consulte na Biblioteca da Escola de Belas Artes os catálogos de edições anteriores do Bolsa Pampulha:
BOLSA Pampulha : 27 Salão Nacional de Arte de Belo Horizonte. Belo Horizonte: Museu de Arte da Pampulha, 2004. 188 p.
BOLSA Pampulha 2005-2006: 28 Salão Nacional de Arte de Belo Horizonte. Belo Horizonte: Museu de Arte da Pampulha, 2007. 108 p.
BOLSA Pampulha 2007-2008: 29 Salão Nacional de Arte de Belo Horizonte. Belo Horizonte: Museu de Arte da Pampulha, 2007. 195 p. + 1 DVD.
BOLSA Pampulha 2010/2011: 4ª edição : 30 Salão Nacional de Arte de Belo Horizonte. Belo Horizonte: Museu de Arte da Pampulha, 2011. 201 p.
Canal no Youtube homenageia artistas e designers que se mantiveram fiéis às técnicas artesanais
Para que gastar horas a fio em algo que poderia ser feito muito mais rapidamente por uma máquina? O canal do Youtube Gucci Japan responde. Em uma série chamada “Hands“, 35 artistas e designers mostram o trabalho artesanal que fazem para criar desde objetos em madeira até doces e cafés.
A beleza do projeto artesanal não envolve apenas o tempo e cuidado empregado na peça, mas também a técnica, que muitas vezes é histórica e passada de geração em geração. Com foco no objeto que é criado, em vez do artista, os vídeos da série são verdadeiramente inspiradores.
Tudo começou com uma encomenda – feita pelo governo italiano, no âmbito das comemorações dos então 700 anos do nascimento do poeta Dante Alighieri (1265-1321): criar 100 aquarelas, para cada um dos poemas épicos que compõem a obra mais icônica do autor florentino, “A Divina Comédia”.
Mas não seria Salvador Dalí, o gênio a receber tal incumbência, a não deixar, no resultado final, também a sua marca. A boa notícia é que os desenhos do artista espanhol, que em sua trajetória também retratou outras obras da literatura (de André Breton ou Miguel de Cervantes, por exemplo), chegam esta semana aos olhos dos belo-horizontinos.
“Dalí – A Divina Comédia” – que estreou em julho de 2012 no Rio de Janeiro, passando posteriormente por Curitiba, Recife, São Paulo e Salvador – será aberta no último dia 18, na Academia Mineira de Letras, onde permanece até o dia 17 de agosto, com entrada franca.
Oriundo de uma coleção privada da Espanha, o acervo chega à capital mineira com o desafio de conduzir o público “a uma viagem a partir desse diálogo enriquecedor entre literatura e artes visuais”.
A proposta visual da exposição respeita a estrutura sequencial dos cantos do poema sagrado de Dante. Assim, a primeira sala é dedicada ao Inferno, com 34 imagens; um segundo espaço corresponde ao Purgatório, e o terceiro ao Paraíso, com 33 quadros cada.
Curadora da mostra, Annia Rodriguez lembra que a coleção nunca havia sido emprestada. A iniciativa de agora, acrescenta, é fruto de um trabalho de confiança mútua. “E para a gente, tem sido um grande prazer levar essa mostra não só aos circuitos mais tradicionais (referindo-se ao eixo Rio-São Paulo), mas também a praças como Salvador e Recife”, cidades, que pontua ela, tradicionalmente costumam ficar um pouco mais relegadas a segundo plano no cronograma das exposições internacionais que aportam no Brasil.
Artista não se subordina ao texto escrito por Alighieri
Annia Rodriguez, a curadora da mostra “Dalí – A Divina Comédia”, ressalta o fato de, apesar de as gravuras que aterrissam agora na cidade terem sido frutos de uma encomenda para a já citada edição comemorativa – “e apesar de ser também um exercício de ilustração” – é possível encontrar, nos traços espalhados pelos 100 desenhos, traços da personalidade de Salvador Dalí refletidos no conjunto.
“Ou seja, o artista não se subordina ao texto escrito. Nesta coleção também aparece o, digamos assim, ‘Dalí típico’, e, ainda, o posterior do manifesto mítico nuclear. Em síntese, diferentes momentos de sua vida como pintor e artista estão recolhidas nesta coleção. O público vai se encontrar com a obra de Dante Alighieri e também com a de Salvador Dalí”, enfatiza.
Annia acredita ser uma “feliz coincidência” o fato de o Brasil estar concomitantemente abrigando outra mostra dedicada a Salvador Dalí – no caso, a maior já dedicada ao pintor catalão por estas plagas.
A exposição em questão traz pinturas, desenhos, gravuras, fotografias e documentos do pintor surrealista, e está em curso no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) Rio de Janeiro (leia mais na retranca, abaixo). “Quem tiver a oportunidade de conferir às duas iniciativas, poderá confrontar duas versões do Dalí. No caso da exposição que chega a Belo Horizonte, o público confere ao Dalí ilustrador, mas que se faz presente na versão de uma obra literária. É um recorte”, explica.
No caso da mostra em cartaz até setembro na capital fluminense, prossegue ela, “é um recorte curatorial distinto”. São 150 obras do artista. Só desenhos, são 80, além de 29 pinturas. “No caso da mostra referente à obra de Dante, não é que o público vá se deparar com um Dalí totalmente diferente (do esperado), ou que não vá reconhecer o Dalí. Vai, sim, encontrar a iconografia surrealista, na qual Dalí coloca sua marca, em características como o corpo mole. Há mesmo, ali, uma amostra de seu fazer artístico, desde o inferno até um lado mais místico, e menos conhecido do público, que são as obras concentradas na parte do Paraíso”.
A mostra em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil no Rio de Janeiro (Rua Primeiro de Março, 66, Centro – site: ccbbrio@bb.com.br) segue, em outubro, para o Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo. Na verdade, trata-se da exposição que se tornou fenômeno na capital francesa, há quase dois anos, quando aportou no Centre Georges Pompidou – o Beaubourg. Lá, atraiu mais de 800 mil pessoas e se desdobrou em lembrancinhas como o rinoceronte de pano que fez sucesso na lojinha do museu.
Mas o que faz de Salvador Dalí – recentemente vivido nas telas do cinema por Adrien Brody, no filme “Meia-Noite em Paris”, de Woody Allen – foco de tanto interesse?“Sua obra é uma provocação, fala de magia e mistério”, diz Montse Aguer, uma das curadoras da mostra na cidade maravilhosa, orçada em R$ 9 milhões. “São maneiras distintas de olhar para a realidade, o desejo insatisfeito do homem diante de uma beleza convulsiva”, completa ela.
Um dos raros artistas de sua geração a conquistar fama e fortuna em vida, Dalí usou quase todo o dinheiro que ganhava com presentes extravagantes para a mulher, que aparece em algumas telas da exposição brasileira.
Mas Gala é uma presença mesmo nos quadros em que não é retratada. Num dos trabalhos mais fortes da exposição, Salvador Dalí pinta uma cama vazia, com os contornos deixados por um corpo e um formigueiro em seu lugar.
É um quadro em que ele primeiro retratou a paisagem marítima de Cadaqués, nos anos 1920, e depois, no fim da década seguinte, criou outra camada, acrescentando a cama e uma cadeira vazia no estilo surrealista que o consagraria.
“Dalí – A Divina Comédia”. Abertura para o público: dia 18. Visitação: quarta a domingo, de 9 às 19h, na Academia Mineira de Letras (Rua da Bahia, 1466). Entrada gratuita. Classificação: livre. Mais informações: 3222-5764
+++++++++++++++++++++++++++++++++++
Consulte na Biblioteca da Escola de Belas Artes as obras sobre Salvador Dali.
BOSQUET, Alain; DALI, Salvador. Dali desnudado. Buenos Aires: Paidos, [19-]. 148p.
DALI, Chagall, Redon. 2. ed. São Paulo: Nova cultural, 1991. 76 p. (Os Grandes Artistas . Modernos)
Inaugurada em 1897, Belo Horizonte teve sua arquitetura inspirada nos modelos urbanos de cidades como a francesa Paris.[/LEAD] Detalhes dessa história podem ser conferidos bem de perto na exposição “BH, Cidade Luz”, em cartaz no salão cultural da Aliança Francesa a partir de desta segunda-feira (14).
A mostra reúne trabalhos do arquiteto e artista plástico José Octavio Cavalcanti, e do também artista Warley Desali. Ao todo o público poderá conferir 12 obras que passam pelo desenho e pela pintura.
De um lado está o trabalho de Cavalcanti que, ao retratar Paris, revela similaridades entre as capitais. Um trabalho que começou a ser feito ainda na década de 1970, quando ele exercia apenas a arquitetura. “Em 1976, durante três meses, busquei estabelecer, através do desenho de observação, o diálogo entre Paris e Belo Horizonte”, recorda.
Do outro lado está Desali que, por ainda não conhecer a cidade francesa, se inspira no imaginário e no cotidiano que de alguma forma remetem à cidade, como a rua Paris do bairro Europa, em Contagem.
“Nossas obras são bastante diferentes. Me valho do desenho, enquanto Desali é menos figurativo. Esses dois nortes são extremamente benéficos para o observador. Eles mostram a arte feita em dois tempos”, comenta Cavalcanti, de 66 anos.
Para o escritor e conselheiro da Aliança em BH, José Carlos Aragão, os artistas interligam Paris/França e Belo Horizonte/Brasil pelo traço e pela cor submetidas a uma única luz: o sol.
“Em ‘BH, Cidade Luz’, a perspectiva – como técnica de representação plástica da tridimensionalidade de cada artista – é apuradíssima e singular. E a perspectiva – como olhar pessoal do artista ou como ponto de vista do observador– é bem diversa, original e encantadora”, observa.
“BH, Cidade Luz” no Salão cultural da Aliança Francesa (r. Tomé de Souza, 1418, Savassi. Abertura: Nesta segunda, às 19h. Em julho, visitação de segunda a sexta, das 8 às 21h. Até 9/8.
Mostra será aberta ao público em 6 de setembro; cerca de 25% dos artistas serão brasileiros
Conflito e coletividade. O equilíbrio entre essas duas situações é o que norteia o trabalho dos curadores da 31ª Bienal de São Paulo, que será realizada a partir de 6 de setembro em pavilhão no parque Ibirapuera.
A equipe curatorial do evento, formada por Charles Esche, Galit Eilat, Nuria Enguita Mayo, Pablo Lafuente e Oren Sagiv (além dos curadores associados Benjamin Seroussi e Luiza Proença), divulgou parte da programação em entrevista nesta terça (25). Cerca de 25% dos artistas que estarão na Bienal serão brasileiros.
O mote da Bienal 2014 é “coisas que não existem”. “O título é um chamado poético às promessas da arte, e propõe maneiras variadas de abordar essas coisas: como falar sobre elas, como aprender com elas, como viver com elas, como lutar contra elas…”, dizem os curadores.
A mostra terá obras de artistas como Juan Downey, Romy Pocztaruk, Danica Dakić, Armando Queiroz, Virginia de Medeiros, Nurit Sharett, Val del Omar, Yael Bartana, Tunga, Lia Rodrigues, Sheela Gowda, Edward Krasinski, Asger Jorn, Jo Baer, Walid Raad, Ana Lira, Halil Altindere, Yochai Avraham, Ruane Abou-Rahme, Basel Abbas, Ines Doujak, John Barker, Leigh Orpaz, Bruno Pacheco. Outros artistas serão anunciados.
“A proposta central por trás da ideia de coisas que não existem é que projetos artísticos podem desencadear atos de imaginação e transformação mental capazes, por sua vez, de provocar uma virada no curso dos acontecimentos”, afirmam os curadores. Os recentes protestos ocorridos em diversas cidades do mundo provocaram reflexos em trabalhos que serão expostos na mostra.
Bienal terá recorte de artistas travestis e transexuais
Quando se vestiu de Virgem Maria numa performance, o artista peruano Giuseppe Campuzano deu cara e corpo ao que entendia como séculos de história que ignorava a existência de identidades sexuais fora dos padrões ditados pela religião católica.
Filósofo e drag queen morto aos 44 no ano passado, Campuzano empresta o rosto maquiado para liderar uma lista de artistas de um dos núcleos mais polêmicos da próxima Bienal de São Paulo, que começa em setembro.
Na mostra que foi anunciada como Bienal da “transgressão”, da “transcendência” e da “transexualidade”, um extenso recorte de nomes de países como Peru, Chile, Colômbia, México, Espanha, Israel e Brasil compara a profusão de crenças religiosas da atualidade à diluição de fronteiras entre homem e mulher.
“Isso é algo que resume nossa condição contemporânea”, diz o britânico Charles Esche, curador da mostra. “A arte nos mostra que essa absoluta dicotomia entre masculino e feminino não reflete a forma como nós, de fato, experimentamos a realidade.”
Esse é também um discurso que reflete a última moda na cultura pop, que alçou representantes de uma sexualidade mais ambígua à condição de celebridades e de arautos do que seria quase uma vanguarda plurissexual.
Figuras como a drag queen americana RuPaul, a atriz Laverne Cox (primeira transexual a estampar a capa da “Time”) a modelo brasileira Lea T. e a cantora barbada austríaca Conchita Wurst estão na linha de frente dessa onda.
E as artes visuais abraçam essa tendência de modos mais ou menos perversos.
No caso da mostra paulistana, exibir agora a produção marginal de latinoamericanos que criaram suas obras em contextos de repressão política e social reforça a moda ao mesmo tempo em que revela como essa sempre foi uma questão na cultura.
Nesse ponto, Campuzano construiu ao longo da vida seu “Museu Travesti”, uma coleção de objetos que aludem a personagens excluídos da história desde a era colonial até hoje.
“Ele bota abaixo a maneira tradicional de entender uma história escrita por heterossexuais”, afirma o peruano Miguel López, curador convidado pela Bienal para pesquisar artistas desse núcleo. “É uma leitura transversal dos fatos a partir de um ponto de vista transexual.”
Outro artista já escalado para a Bienal, o também peruano Sergio Zevallos, trabalha no mesmo registro. Ele se veste de Virgem Maria e outras personagens bíblicas diante de lugares associados à manutenção das divisões mais rígidas entre os sexos, como quartéis.
“Eu me transformo e me maquio nesses lugares”, diz Zevallos. “São personagens que crio a partir da cultura popular, imagens religiosas e até cenas pornográficas. É um coquetel de referências de sexualidade e religião.”
Religião e sexo também se chocam na obra da brasileira Virginia de Medeiros. Seu filme, que estará na Bienal, conta a história real de um travesti que se tornou pastor evangélico depois de uma experiência traumática.
Medeiros retrata lado a lado as identidades díspares de Simone, travesti, e Sérgio, sua versão masculina. Mas, mesmo quando assume o papel de pregador fanático, o personagem não se livra dos gostos e desejos do travesti.
“É uma crise, um conflito muito grande”, diz Medeiros. “O pastor traz sempre a travesti camuflada dentro dele. Isso mostra que não dá mais para trabalhar nesse sistema binário, do macho e da fêmea. Existem várias camadas de masculino e feminino.”
Obras como as encenações da Última Ceia feitas em prostíbulos, da dupla chilena Las Yeguas del Apocalípsis, ou as pinturas naïf do mexicano Nahum Zenil, que se retrata nu em paródias de passagens bíblicas, devem entrar na Bienal embalados nesse novo espírito de aceitação.
TOLERÂNCIA MERCANTIL
“Talvez estejamos ainda um pouco cegos sobre o impacto que isso terá”, diz a israelense Galit Eilat, também curadora da mostra. “Mas pode ser algo positivo se isso despertar antagonismos.”
Nesse ponto, Zevallos alerta para o lado perverso dessa onda. “Há um cruzamento disso com o mercantilismo”, afirma o artista. “De repente, percebem que essa parcela da população pode ser um novo mercado consumidor. Surge uma tolerância que abre caminho para a exploração.”
Polêmica envolvendo moda e homofobia estão rodando a internet!
A marca Sergio K lançou em fevereiro uma coleção irreverente (sic) para a Copa do Mundo : uma série 5 camisetas xingando jogadores internacionais, nas quais duas delas se prestam a fazer ofensas homofóbicas para xingar e ridicularizar jogadores estrangeiros. Uma delas traz os escritos “Maradona Maricón” (termo chulo usado para se referir pejorativamente a homossexuais), e na outra está escrito “C. Ronaldo is gay”.
Fortemente rechaçado nas redes sociais, o estilista Sérgio K destemperou-se e dizer ser vítima de perseguição! Alega ser “irreverente” e que as camisas foram feitas “par quem quer torcer para o Brasil e mas não quer usar a camisa da seleção. É uma resposta a tudo que Maradona já disse ao Brasil.”
Irritado com a polêmica, Sérgio K destemperou-se e agiu com bastante agressividade às críticas :
Sérgio K alega que homofobia é só bater em gays e discriminar ignorando que injúrias depreciativas e menosprezo da identidade gay valendo-se dela como um xingamento também configura homofobia. Isso denota o atraso deste país em relação ao reconhecimento das pessoas LGBTs enquanto pessoas dignas e merecedoras de respeito. Para Sérgio K, ser um LGBT é um xingamento e ele não acha que isso é homofobia.
Ao passo que o estilista afirma estarem esgotadas as camisas, mesmo havendo fechado as vendas pelo site após a polêmica e tendo o custo nada razoável de R$189,00, dois sites de ativismo político fizeram petições online contra o estilista. A petição Allout já conta com mais de 3.500 assinaturas, e a da Avaaz já coletou quase 600 em dois dias.
E juntando-se ao coro dos descontentes, a marca Louloux fez uma manifestação contra isso em plena Donna Fashion Iguatemi. Segundo o Louloux e o Nuances LGBTs, “O talento vale mais que gênero e escolha. Tolerância combina com criatividade. E criatividade é progresso. Cafona mesmo é ser homofóbico”.
Além de ser um tiro no pé em termos de marketing, tal como diz Tony Goes, é lamentável que um estilista conceituado faça uso do senso comum para fomentar e disseminar preconceitos sociais num ambiente que sempre foi tão gay friendly como é o mundo da moda. Vamos acompanhar os próximos acontecimentos dessa questão e esperemos que Sergio K se redima e passe a ter uma noção mais ampla de respeitabilidade e diversidade.
Nesta quarta-feira, 2/4, haverá a abertura do Abril Poético na Galeria de Arte Paulo Campos Guimarães. Esta é uma celebração artístico-cultural que busca resgatar a história, a arte e a cultura mineira integrando-as ao projeto nacional. O evento está na 10ª edição e contempla cidades das regiões Central e Sul de Minas.
-19.863204-43.959736
Biblioteca "Professor Marcello de Vasconcellos Coelho" da Escola de Belas Artes da UFMG