O grupo Quatroloscinco – Teatro do Comum, originado de um grupo de estudos dos alunos de teatro da UFMG, criado para discutir a dramaturgia contemporânea na América Latina, fará o lançamento do livro “É só uma formalidade e Outro Lado”, publicado pela Coleção Dramaturgias do Selo Questão de Critica.
Em “É Só Uma Formalidade” um homem recebe a notícia da morte do pai, um outro escreve uma carta de divórcio. Tratadas com humor e ironia, estas duas situações servem de pretexto para que os atores discutam os rituais do mundo civilizado. No ringue das relações humanas, há sempre o risco de ir a nocaute. A gente pode abandonar certas coisas. A gente pode inventar. Afinal, a vida não é bonita o bastante.
O “Outro Lado” conta a estória de pessoas que compartilham alguns anos de suas vidas dentro de um pequeno espaço. Elas poderiam ter tomado outros caminhos, talvez nunca teriam se encontrado, milhões de combinações possíveis. No entanto, estão ali. Lá fora, o mundo está um caos e poucos têm coragem de sair de suas casas. Mas amanhã será um novo dia! Amanhã! Quando todos viverão outra época da humanidade.
O lançamento faz parte da programação do festival cena espetáculo do galpão cine horto, que abre as comemorações de 15 anos do centro cultural do grupo galpão.
O lançamento acontecerá no dia 16 de março às 19h no Galpão do Cine Horto na Rua Pitangui, 3613 – Horto – Belo Horizonte.
Resultado de um trabalho iniciado em 2006, a exposição “Avestruz – Só Tenho Rascunhos”, da multiartista Paola Rettore, será aberta hoje e permanece em cartaz no Memorial Minas Gerais Vale até abril.
Mistura de muitas linguagens, realizadas por vários artistas convidados, a exposição tem fotografias de Eugênio Sávio e Weber Pádua, esculturas e figurinos de Marciano Mansur, vídeos de Marcelo Kraiser, poemas e ainda performances de Paola.
O foco da exposição está em sete personas construídas como roupas-armaduras, identificadas como Banho, Contempla, Esmalte, Sofia, 50’, Convidada e Palestrante.
Em 2011 e 2012, a artista levou esses figurinos à rua, em intervenções urbanas que deram origem ao livro-objeto homônimo à exposição, que teve tiragem de 200 cópias.
A intenção de Paola é buscar, no limite do exagero, ironia e provocação, um questionamento sobre as relações de poder. O nome da exposição sugere algo desengonçado e engraçado.
“Vejo esta exposição como um trabalho político, mas extremamente poético. As pessoas podem ver e se divertir, mas vão perceber que existem outras camadas, em níveis mais profundos”, afirmou a artista.
A mostra reúne todas as etapas do trabalho e expõe parte do processo criativo de seus artistas. “Ela foi construída de uma maneira muito bonita. Cada peça mostra a potência artística do seu criador”, analisa Paola.
Vestida como uma das personagens, a artista fará performances ao vivo, ao meio-dia, em 17 de março e 14 e 21 de abril. “No feriado, vai ser uma diversão. Vou levar a Sofia (uma das personas), que vai distribuir diplomas às pessoas”.
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O QUê. Exposição “Avestruz – Só Tenho Rascunhos”, da multiartista Paola Rettore
Quando. De 06 de março a 30 de abril, às terças, quartas, sextas e sábados, das 10h às 17h30; às quintas, das 10h às 21h30 e domingos, das 10h às 15h30. Onde. Memorial Minas Gerais Vale (praça da Liberdade). Quanto. Entrada franca
Consulte também as obras disponíveis na Escola de Belas Artes sobre Edward Hopper:
RENNER, Rolf Gunter.; HOPPER, Edward. Edward Hopper, 1882-1967: transformações do real. Koln: Benedikt Taschen, c1992. 96p.
KRANZFELDER, Ivo; HOPPER, Edward. Edward Hopper 1882-1967: visão da realidade. Koln: Taschen, c1996 200p. ISBN 3822890286 (broch.).
MARLING, Karal Ann; HOPPER, Edward. Edward Hopper. New York, USA: Rizzoli International Publications, 1992. [24]p. (Rizzoli Art Series)
HOPPER, Whistler, Sargent. 2. ed. . São Paulo: Nova Cultural, 1991. 76 p. (Os Grandes Artistas Modernos) DISPONÍVEL NA BIBLIOTECA DA ESCOLA DE ARQUITETURA
Também disponível no youtube, vídeo em inglês com palestra sobre o artista :
Não somente o universo da música nordestina nos presenteou com cantores e compositores do calibre de Alceu Valença, Dorival Caymmi, Caetano Veloso e Chico Science, dentre outros, mas também com a literatura de Manuel Bandeira, João Cabral de Melo Neto, Rachel de Queiroz, Graciliano Ramos e Ariano Suassuna, dentre tantos, orgulha-nos com suas sensibilidades interpretadas em canções e impressas nas páginas dos romances, crônicas e poemas. As danças populares e o artesanato também são outros exemplos de patrimônios culturais.
A área cultural da moda da região Nordeste do Brasil tem poucos nomes celebrados no cenário nacional e internacional. Mas esse quadro está mudando graças à realização da principal semana de moda da região, a Dragão Fashion Brasil (DFB), em Fortaleza (CE), a qual direciona e objetiva seus spots para a potencialização dos criadores regionais e que, na edição 2011, propõe o tema Artesanias: Identidades da Moda. O DFB, que tem esse nome por ter sido idealizado para acontecer no Centro Cultural Dragão do Mar, tem trilhado uma trajetória de descobertas e investimentos no traço autoral e conceitual dos criadores de moda da região, responsável por boa parte da autêntica produção com assinatura cultural do país e autoral no desenvolvimento das coleções.
Por mais que conheçamos alguns nomes como os estilistas pernambucanos Eduardo Ferreira, Walério Araújo, Melk Zda e Gustavo Silvestre; os baianos Gloria Coelho, Márcia Ganem e Marcelu Ferraz; o cearense Weider Silveiro; os quais desfilam (ou desfilaram) em semanas como SPFW, Casa de Criadores e Fashion Rio, a boa notícia é podermos assistir à evolução e à maneira diversificada de se criar moda com verve criativa e autêntica de criadores que sabem como traduzir traços culturais de suas terras e povos nos processos criativos da moda, tornando-a única (por não ter medo de assumir seus traços e identidades), mas também global e acessível (tanto no sentido estético como mercadológico por conceber moda com DNA do nosso país que adquire êxito também no mercado externo).
Pensando dessa maneira, vimos emergir nas passarelas nomes lançados e já celebrados pelo DFB, como o cearense Mark Greiner, além dos novos talentos, como o baiano Tarcisio Almeida e o cearense Lindebergue Fernandes. Outro palco para jovens criadores nordestinos é o Rio Moda Hype (RJ), que tem em seu line-up o piauiense Martins Paulo, além dos baianos Vitorino Campos e Alexandre Guimarães. Mas não podemos nos esquecer de um grande precursor, o baiano Ney Galvão, que, nos anos 1970, interpretou a vitalidade do povo brasileiro em suas visões de moda. Que tal criarmos a Semana de Moda do Nordeste do Brasil?
Tarcisio D´Almeida é professor e pesquisador do curso Design de Moda da Escola de Belas Artes, da Universidade Federal de Minas Gerais (EBA-UFMG). tarcisiodalmeida@eba.ufmg.br. Ele divide este espaço com Susanna Kalhs e Jack Bianchi.
Embalado pelas férias de verão, o Inhotim preparou uma programação especial para os próximos dois meses. Além do amplo acervo artístico e botânico da instituição, uma série de atividades foram desenvolvidas para destacar a obra de dois grandes artistas brasileiros cujos trabalhos têm destaque no museu. Enquanto janeiro será completamente dedicado à produção de Cildo Meireles, fevereiro, mês do Carnaval, chamará atenção para o trabalho de Helio Oiticica.Ainda que haja atividades voltadas aos mais diversos públicos, as crianças têm destaque especial dentro da programação de férias, conforme destaca Morgana Rissinger, coordenadora de programação cultural da instituição. “Entendemos essa temporada como o início de uma ideia que queremos desenvolver: uma colônia de férias no Inhotim. Nosso objetivo, provavelmente já no próximo ano, quando os hoteis estarão prontos, é que haja espaço para um acampamento onde as crianças possam passar dias e até semanas por aqui”, adianta.
Nessa temporada, conta ela, a ideia é que os pequenos façam visitas guiadas seguidas de oficinas nas quais vão se preparar como mini-guias do museu. “Após um dia inteiro na colônia de férias, passando por oficinas e outras atividades, as crianças se tornarão mediadoras do contato entre seus pais e o acervo do Inhotim”, explica Morgana, sobre atividade realizada durante todas as sextas, sábados e domingos de janeiro.
Também nos fins de semana deste mês, acrescenta, será realizada a oficina Bonecos de Papel, inspirada na obra “Camelô”, de Cildo Meireles, que pertence à seção do acervo do museu que, ao menos neste momento, não está em exposição. “Em meio a uma obra de cunho claramente político, esse trabalho abre espaço para uma abordagem lúdica e de grande apelo infantil. Trata-se de um kit para montagem de um pequeno boneco movido a motor”, descreve.
A ideia de converter visitantes em criadores, aliás, é um dos principais motes da programação de verão, que oferecerá ao público a oportunidade de trabalhar com materiais semelhantes aos usados por Cildo em algumas de suas criações.
“Nesses espaços, chamados de Estações, disponibilizamos ao visitante uma grande variedade de materiais que podem se converter em pequenas criações. No caso do Cildo, nossa proposta inicial é apresentar alguns trabalhos do artista e estimular a realização de intervenções políticas em objetos banais, como ele mesmo fez sobre cédulas de dinheiro e garrafas de Coca-Cola. Em fevereiro, por outro lado, vamos abrir espaço para a produção dos famosos parangolés do Hélio Oiticica”, avisa.
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Diversão aliada a conhecimento
A partir de amanhã, o Espaço TIM UFMG do Conhecimento também oferecerá ao público infantil uma série de atividades que aliam diversão e conhecimento. Entre os destaques da programação, está a oficina Jogos de Tabuleiro Modernos, voltada a crianças com mais de 10 anos e com inscrições abertas a partir de hoje.
Controlar epidemias, salvar cidades infectadas e lutar pela segurança de reinos inteiros são algumas das missões a ser enfrentadas pelos participantes das oficinas, marcadas para os dias 17 e 18 de janeiro.
Além de brincar em um ambiente descontraído, conta Débora DÁvila, coordenadora de Ações Educativas do espaço, os jovens vão conhecer um pouco mais sobre a profissão do game designer e as atuações de pesquisa e conhecimento da área.
Nos dias 23 e 25 de janeiro, por outro lado, será oferecida aos pequenos com idade entre 7 e 10 anos a oficina Pintando o Sete com a Arte Rupestre. Usando pigmentos naturais, as crianças serão convidadas a pintar sobre pedras de São Tomé, tendo como referências tanto os milenares trabalhos rupestres como o grafite dos dias atuais.(DT)
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Cinema
As aventuras de Tim Burton
Na próxima semana, é o Museu Inimá de Paula (rua da Bahia, Rua da Bahia, 1.201, centro) que abre suas portas para uma programação bastante diferente das exposições que costuma abrigar. Trata-se de uma mostra gratuita de filmes do excêntrico diretor Tim Burton, que se estende de 17 a 31 de janeiro, com sessões às quintas, às 19h, e sábados, às 15h.
Reunindo cinco longa-metragens do cineasta, a mostra inclui trabalhos de diferentes momentos de sua carreira. Escolhido para abrir a mostra, “Edward Mãos de Tesoura”, de 1990, remonta aos seus primeiros trabalhos e traz os jovens Johhny Depp e Winona Rider em seus papeis principais.
Completam a lista quatro trabalhos mais recentes de Burton: “A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça” (1999), “Peixe grande e suas histórias maravilhosas” (2003), “A Noiva-Cadáver” (2005) e “Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet” (2007), passeando por obras de drama, aventura e até mesmo animação.
Desde a invenção da imprensa por Gutenberg, no século XVII, a humanidade testemunhou as mudanças de tipologias e categorias no fazer jornalístico. Inicialmente, ainda no mesmo século e no século XVIII, a característica essencial dos textos publicados em jornais e revistas era a do jornalismo opinativo; em seguida, no século XIX, passamos para o jornalismo informacional; já o século XX foi demarcado pelo jornalismo interpretativo e, agora, no início do XXI, vivenciamos o jornalismo diversional (ou de entretenimento). Esse resgate histórico serve para entendermos as transições da noção de relatos de costumes, via escritores, para a de imprensa feminina e, depois, para o jornalismo de moda propriamente dito.
O jornalismo de moda é uma especialização da profissão de jornalista relativamente nova. Ou, dito de outra forma, é resultado direto da modernidade e que alcança seu apogeu na contemporaneidade. É com a indústria da moda (do prêt-à-porter), ou seja, e não só com a indústria têxtil que já havia se desenvolvido, de certo modo, desde a época da Revolução Industrial, que o jornalismo de moda se expandirá e conquistará espaços nos veículos de comunicação. É com o prêt-à-porter que o jornalismo de moda encontra seu ápice enquanto cobertura jornalística. Por conta dos calendários fixos de desfiles, a moda abre as portas ao novo gênero de criação-produção-consumo. Falar de jornalismo de moda é o mesmo que falar das relações psicossociais e axistentes entre roupas e palavras. Ou seja, abordar e transpor a verve criativa das coleções dos criadores de moda em notícia, produto ideológico por excelência do jornalismo.
Uma das funções essenciais do jornalismo de moda é, além de informar com ética, traduzir os conceitos de moda para os leitores, telespectadores, internautas. Daí a leitura da moda se processar em duas vertentes: textual e visual. Roland Barthes, no clássico “Sistema da Moda”, analisa a moda textual, ou seja, os textos publicados em jornais e revistas do final da primeira metade do século passado. Se, conforme conceitua Clóvis Rossi, no introdutório “O Que É Jornalismo”, “o jornalismo, independente de qualquer definição acadêmica, é uma fascinante batalha pela conquista das mentes e corações de seu alvos: leitores, telespectadores ou ouvintes”, então, podemos afirmar que o jornalismo de moda seria, portanto, um convite à fruição dos produtos de mídia que, ao atribuírem uma dosagem sinestésica de texto e imagem, conquistam o seu leitor verbo-imagético pelo campo do estético-informacional. Esse raciocínio encontra-se na pioneira dissertação de mestrado “Das Passarelas às Páginas: um Olhar sobre o Jornalismo de Moda”, defendida por este colunista no ano de 2006, na ECA-USP.
Coincidentemente, tanto a moda como o jornalismo compartilham da mesma fugacidade em relação ao tempo. Este passa a ser o elemento sobre o qual se erguem todas as dinâmicas entre assistir, testemunhar, um acontecimento e noticiá-lo, isto é, publicá-lo nas páginas impressas e virtuais ou ainda transmiti-lo pela TV, rádio e internet. Portanto, o que constitui a notícia jornalística de moda, ou seja, que tipo de acontecimento a gera, é o compartilhamento por ambos os campos da efemeridade e da dinâmica do tempo que rege a produção e publicação de notícias de moda. Esta pode ser reportada a partir de vários matrizes no corpo de uma mídia jornalística (reportagem, entrevista e crítica, entre outros), em especial, a impressa.
Tarcisio D´Almeida é professor e pesquisador do curso Design de Moda da Escola de Belas Artes, da Universidade Federal de Minas Gerais (EBA-UFMG). tarcisiodalmeida@eba.ufmg.br. Ele divide este espaço com Susanna Kalhs e Jack Bianchi.
Aproveitando o retorno à Terra Média, com a estreia mundial de O Hobbit, convido os leitores a conferirem o trabalho do ilustrador chinês Jian Guo, que contou a Saga do Anel este ano em forma de vitrais.
O Senhor dos Anéis – magnum opus do escrito, professor e filólogo britânico J.R.R.Tolkien é, sem sombra de dúvidas, um dos maiores clássicos da Literatura de todos os tempos, inspirando pessoas de todos os cantos do mundo há quase um século. Se antes com apenas os livros, alguns jogos eletrônicos ou RPGs, além de uma obscura adaptação em desenho feita pela Disney, a legião de fãs sempre aumentou ao longo das décadas, com a obra transposta para o Cinema a Terra Média cresceu ainda mais conquistando um público inimaginável até então, inspirando mais uma leva enorme de artistas pelo planeta.
Jian Guo é um claro exemplo deste fenômeno, não somente por ter sucumbido aos poderes da Terra Média, como por ter também se rendido ao poder do Um Anel, deixando-o manifestar-se em suas obras. O resultado deste encontro, em que Jian Guo parece ter bebido na fonte viva da mitologia tolkieniana, pode e dever ser apreciado nos vitrais desenvolvidos por ele, onde cada uma das imagens remete à passagens históricas da grande saga.
A luta de Gandalf contra o Balrog, a passagem pelos Argonautas, o encontro de Frodo e Galadriel e outras cenas que certamente habitam a memória dos fãs podem ser reconhecidas neste excelso trabalho. Mas a história ainda não terminou, pois a Terra-Média que o mundo conheceu entre 2001 e 2003, está de volta hoje com a estreia mundial de O Hobbit nos cinemas. A nova saga promete encantar o planeta mais uma vez, contando a história que originou o conflito mostrado na trilogia anterior. E tudo começa com uma jornada inesperada na companhia de Gandalf e Bilbo, o bolseiro.
Se a saga vai servir como injeção de novas ideias para Jian Guo só o tempo dirá, mas enquanto isso os ótimos trabalhos do artista chinês, que tem a Fantasia e a Ficção Científica como seus estilos de arte preferidos, podem ser conferidos em sua página no DeviantArt.
A tradição medieval dos manuscritos ornados – com pinturas e caligrafia caprichada, entre outros elementos – manteve-se com força no século 18 em Portugal e no Brasil, mesmo passado longo tempo do advento da imprensa. Documentos produzidos dessa forma conferiam distinção e, portanto, eram mais eficientes do ponto de vista da comunicação e tinham mais chances de serem preservados.
Para entender como se produziam, usavam e preservavam esses manuscritos, a professora Márcia Almada, da Escola de Belas-Artes, percorreu arquivos e bibliotecas de Brasil, Portugal e Espanha. O trabalho resultou na tese Das artes da pena e do pincel: caligrafia e pintura em manuscritos no século XVIII, defendida em 2011, e vencedora do Prêmio Capes de Tese da área de História. A solenidade de premiação será na próxima quinta, 13, em Brasília.
A partir do Tratado de caligrafia, publicado por Manoel de Andrade de Figueiredo em 1722, em Portugal, a pesquisadora buscou as referências para o trabalho dos profissionais da atividade escrita. “Cheguei então aos espanhóis, porque havia estreita ligação entre a caligrafia espanhola e a portuguesa, devido, em grande parte, ao bilinguismo que reinava na Península Ibérica”, conta Márcia Almada.
Ela acrescenta que na Espanha há grande quantidade de estudos que traçam as redes sociais de escrivães e calígrafos. Um grupo principal atuava em forte proximidade à Corte, e muitos eram amigos de Velásquez, Calderón de la Barca e Lope de Vega. Em Portugal, Manoel de Figueiredo ensinava a filhos de fidalgos e também frequentava os círculos do poder. Isso mostra, segundo Marcia, a importância da escrita adornada para a distinção social.
“Além desses calígrafos de elite, havia uma enormidade de outros profissionais que não se destacaram. E eles atendiam a uma demanda que não era apenas de grupos sociais mais favorecidos. A clientela incluía grupos de negros – escravos ou libertos – e pardos. Pessoas iletradas também valorizavam os manuscritos adornados”, salienta a professora do curso de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis.
Compromissos de irmandades
Para delimitar o universo de suas pesquisas, Marcia Almada escolheu os chamados “compromissos de irmandades”, estatutos de organizações que regiam a vida social e religiosa de grupos diversos. Os estudos mais aprofundados sobre os documentos levaram à categorização de três estilos principais encontrados nos manuscritos produzidos sob encomenda das irmandades de Minas Gerais, na primeira metade do século 18.
Outra forma de concentrar a investigação foi a opção pela análise dos trabalhos do calígrafo tratado na tese como “o calígrafo/pintor de Vila Rica” – como a maioria dos trabalhos não era assinada, os pesquisadores recorrem a formas alternativas para identificar os profissionais. A escolha foi motivada, entre outros fatores, pelo fato de que um manuscrito desse calígrafo, datado de 1725, revela forte influência do tratado de caligrafia de Manoel de Figueiredo, publicado apenas três anos antes.
“Isso me intrigou, porque esse intervalo era curto, na época, para que um profissional tivesse acesso, em Minas Gerais, a uma obra editada em Portugal. Ainda pretendo descobrir como ele tomou conhecimento do tratado, se teria encomendado um exemplar em Lisboa, ou mesmo se, na verdade, o pintor de Vila Rica teria sido português, recém-chegado ao Brasil”, explica Márcia. Ela conta também que encontrou em Portugal um outro manuscrito do mesmo autor realizado no mesmo ano de 1725, o que foi especialmente valioso para suas pesquisas. “Quase chorei quando descobri o documento”, ela diz. Em trabalhos realizados nove anos depois, “foi possível perceber o aprimoramento técnico, embora ele ainda usasse os mesmos padrões na caligrafia e nas pinturas.”
‘Agentes iletrados da escrita’
A pesquisa de Marcia Almada proporcionou uma série de descobertas relacionadas ao processo de produção dos manuscritos. A análise dos textos revelou, por exemplo, as diferenças com relação à grafia das palavras. “Era uma época de normatização do idioma, que viria a se consolidar no final do século 18, com as políticas educativas de Marquês de Pombal, e várias formas de escrever ainda eram aceitas. O ensino, incluindo os materiais, não tinha uniformidade”, explica a pesquisadora.
Márcia comenta também que não era preciso saber ler e escrever para trabalhar como calígrafo, e os próprios manuais previam que bastava saber desenhar. “Esses profissionais eram os agentes iletrados da escrita, que denominei ‘desenhistas iletrados’. Os manuais recomendavam que se usassem moldes e se recorresse a uma pessoa letrada para conferir o resultado final”, diz Marcia Almada.
A partir de 1761, ela conta, os documentos das irmandades seguiam para Lisboa, para aprovação dos órgãos administrativos, como o Conselho Ultramarino, que se encarregava dos domínios coloniais. Trabalhos bem executados, com capitulares bem desenhadas e tinta de boa qualidade, mostravam capacidade operativa das irmandades. “O prestígio conferido por um documento adornado corresponde à forte valorização, pela sociedade setecentista, da visualidade, como comprovam as igrejas, os cortejos e os monumentos efêmeros”, destaca Marcia Almada. Com bolsas da Fapemig e da Capes, ela pesquisou em instituições portuguesas como a Biblioteca Nacional de Lisboa, a Torre do Tombo – que guardam documentos da biblioteca real –, o Arquivo Histórico Ultramarino e a Universidade de Coimbra. Na Espanha, visitou a Biblioteca Nacional e a Biblioteca da Residência de Estudiantes, que guarda o acervo do antigo museu pedagógico e conserva uma coleção consistente de manuais de caligrafia, impressos e manuscritos. No Brasil, explorou sobretudo estantes e armários do Arquivo Público Mineiro e dos arquivos eclesiásticos de Ouro Preto, Mariana e São João del-Rey.
Múltiplos suportes
Entre os aspectos que garantem o caráter inovador da tese de Marcia Almada, ela ressalta a exploração dos compromissos de irmandades, que haviam sido mais estudados por historiadores, privilegiando o aspecto textual, e a metodologia que lança mão de suportes múltiplos do conhecimento, como a história cultural, a história da arte, a paleografia e história material.
Ela considera que dispõe hoje de um inventário muito relevante do repertório estético dos calígrafos que trabalhavam no Brasil, especialmente em Minas Gerais. E que esse material pode servir de ponto de partida para uma série de outros estudos, da análise química dos pigmentos à trajetória da cultura visual daqueles profissionais. “Ainda há muito o que estudar”, diz Marcia Almada, que ainda não definiu o caminho das investigações do pós-doutorado que será financiado pelo Prêmio Capes de Tese.
Tese: Das artes da pena e do pincel: caligrafia e pintura em manuscritos no século XVIII
De Márcia Almada
Orientadora: Júnia Ferreira Furtado
Defesa em 15 de julho de 2011
Programa de Pós-graduação em História
(Itamar Rigueira Jr.)
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Assim que disponível em formato digital, divulgaremos aqui o link para a obra!
A Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Fundação Municipal de Cultura (FMC), criou o Centro de Referência da Moda de Belo Horizonte, na esquina da Rua da Bahia com a Avenida Augusto de Lima. Segundo o presidente da FMC, Leônidas Oliveira, o objetivo do novo espaço é traduzir a cultura, o estilo e os costumes dos habitantes da capital mineira, em diferentes épocas.
O Centro de Referência da Moda reunirá um amplo e diversificado acervo, desde luxuosos vestidos de gala, fraques e finas lingeries, até extravagantes chapéus, trousses, luvas e outros acessórios, itens vindos da Coleção Vestuário do Museu Histórico Abílio Barreto (MHAB). “Com mais esta iniciativa, a Fundação Municipal de Cultura tem planos de mobilizar o mundo da moda em BH, promovendo debates, estudos, desfiles, exposições, seminários e cursos, muitos deles destinados à população de baixa renda, com o objetivo de formar mão-de-obra especializada para as confecções”, detalha Leônidas, sobre os benefícios que o novo espaço trará para a cidade.
A coordenação geral do Centro de Referência da Moda de BH ficará a cargo de Marília Salgado. Segundo ela, o espaço irá centralizar várias ações de apoio a estudantes universitários de moda, professores, estilistas, profissionais do comércio, indústria e comunidade em geral. “A moda hoje é pensada não como futilidade, mas como fenômeno sociocultural, capaz de nos dar informações preciosas sobre os costumes de uma época e de um povo, além de movimentar a economia de um país”, completa.
Localização privilegiada
O Centro de Referência da Moda de Belo Horizonte irá ocupar uma das mais belas edificações da cidade, localizado na esquina da Rua da Bahia com a Avenida Augusto de Lima. O prédio neogótico, em estilo manuelino, foi construído em 1914 e, em seus quase cem anos de existência, sediou importantes instituições histórico-culturais de Belo Horizonte, como o Conselho Deliberativo da Capital, a Biblioteca Municipal, a primeira rádio da cidade (PRC-7, Rádio Mineira), as aulas inaugurais da Escola de Arquitetura da UFMG, a Câmara Municipal, o Museu de Mineralogia Professor Djalma Guimarães, o Museu da Força Expedicionária Brasileira e, mais recentemente, o Centro de Cultura Belo Horizonte.
O edifício é tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA- MG) e pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município de Belo Horizonte.
Exposição: A Fala das Roupas
Uma amostra do acervo do Centro de Referência da Moda de Belo Horizonte será apresentada ao público na exposição “A Fala das Roupas”. Entre as peças expostas, destacam-se um robe du jour (vestido do dia), de 1873, usado pela noiva para tomar o café da manhã com o marido no dia seguinte ao casamento; um vestido feito para a festa de comemoração da Revolução de 1930; um vestido confeccionado pelo conhecido estilista mineiro Marquito; lingeries de seda bordadas; caixa de trabalho de mascate, especialista no comércio de joias e bijuterias; belos vestidos de gala, chapéus, luvas, fraque e uniformes da Guarda Nacional.
Mais informações: CR[Moda] – (31) 3277-4384
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BH INAUGURA OFICIALMENTE SEU CENTRO DE REFERÊNCIA DA MODA
Exposição de peças antigas e seminário marcam abertura do novo espaço, que pretende mobilizar o setor na capital mineira
Belo Horizonte ganha oficialmente na segunda-feira, dia 26, seu Centro de O Centro de Referência da Moda reunirá um amplo e diversificado acervo, que inclui desde luxuosos vestidos de gala, fraques e finas lingeries até extravagantes chapéus, trousses, luvas e outros acessórios, itens vindos da Coleção Vestuário do Museu Histórico Abílio Barreto (MHAB). “A Fundação Municipal de Cultura tem planos de mobilizar o mundo da moda em BH, promovendo debates, estudos, desfiles, exposições, seminários e cursos, muitos deles destinados à população de baixa renda, com o objetivo de formar mão de obra especializada para as confecções”, disse Leônidas Oliveira, presidente da FMC, sobre os benefícios que o novo espaço trará para a cidade.Referência de Moda, espaço que pretende traduzir a cultura, o estilo e os costumes dos habitantes da capital mineira em diferentes épocas. O centro será inaugurado oficialmente pela Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Fundação Municipal de Cultura (FMC) e vai funcionar na esquina da rua da Bahia com a avenida Augusto de Lima, no Centro de Cultura de Belo Horizonte (rua da Bahia, 1.149, Centro). Nos primeiros dias, inclusive, o centro vai receber uma exposição e promoverá um seminário.A coordenação geral do Centro de Referência da Moda de BH ficará a cargo de Marília Salgado. Segundo ela, o espaço irá centralizar várias ações de apoio a estudantes universitários de moda, professores, estilistas, profissionais do comércio, indústria e comunidade em geral. “A moda hoje é pensada não como futilidade, mas como fenômeno sociocultural, capaz de nos dar informações preciosas sobre os costumes de uma época e de um povo, além de movimentar a economia de um país”, completa.
O Centro de Referência da Moda irá ocupar uma das mais belas edificações da cidade. O prédio neogótico, em estilo manuelino, foi construído em 1914 e, em seus quase cem anos de existência, sediou importantes instituições histórico-culturais da capital, como o Conselho Deliberativo da Capital, a Biblioteca Municipal, a primeira rádio da cidade (PRC-7, Rádio Mineira), as aulas inaugurais da Escola de Arquitetura da UFMG, a Câmara Municipal, o Museu de Mineralogia Professor Djalma Guimarães, o Museu da Força Expedicionária Brasileira e, mais recentemente, o Centro de Cultura Belo Horizonte.
O edifício é tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA- MG) e pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município de Belo Horizonte.
Exposição “A Fala das Roupas”
Uma amostra do acervo do Centro de Referência da Moda de Belo Horizonte será apresentada ao público na exposição “A Fala das Roupas”. Entre as peças expostas, destacam-se um robe du jour (vestido do dia), de 1873, usado pela noiva para tomar o café da manhã com o marido no dia seguinte ao casamento, um vestido feito para a festa de comemoração da Revolução de 1930, um vestido confeccionado pelo conhecido estilista mineiro Marquito, lingeries de seda bordadas, caixa de trabalho de mascate, especialista no comércio de joias e bijuterias, belos vestidos de gala, chapéus, luvas, fraque e uniformes da Guarda Nacional.
I Seminário do Centro de Referência da Moda
Entre terça e quinta, dias 27 e 29, o Centro de Referência da Moda de BH promove o seu primeiro seminário, com três dias dedicados aos temas: “Memória, Negócios da Moda e Criação e Desenvolvimento”. O evento acontece na sede do BDMG (rua da Bahia, 1.600) e contará com a participação de palestrantes renomados, como João Braga (historiador de moda), Maria Prata (diretora de redação da Harper’s Bazaar Brasil), Astrid Façanha (professora da Faculdade Santa Marcelina e gerente geral da Netshoes), Maria Tereza Leal (fundadora da Coopa-Roca), Vera Lima (criadora do acervo de moda do Museu Histórico Nacional), Mary Arantes (da Mary Design) e Tereza Santos (estilista mineira).
As inscrições para o seminário são gratuitas e podem ser feitas pessoalmente ou pelos telefones 3277-4384 e 3277-9248 no próprio Centro de Referência da Moda e também no MHAB (avenida Prudente de Morais, 202, Cidade Jardim). As inscrições também poderão ser feitas durante os três dias do evento, desde que o interessado chegue com a antecedência mínima de uma hora e meia no BDMG. Veja abaixo a programação do seminário, que será mediado por Carla Mendonça.
• Dia 27, das 14h às 19h, com o tema “Memória”
Vera Lima: O acervo de trajes do Museu Histórico Nacional
João Braga: Visão da História da Moda brasileira no período de 1897 a 1980
Soraya Coppola: Restauração e conservação de tecidos e trajes
• Dia 28, das 14h às 19h, com o tema “Negócios da Moda”
Terezinha Santos e Tereza Cristina Hohs: Negócios da moda
Omar Hamdam: Fashion City – o novo empreendimento da Moda
Maria Tereza Leal: Coopa-Roca, uma cooperativa vitoriosa
Astrid Façanha: O futuro das lojas físicas em vista do desenvolvimento das lojas virtuais
• Dia 29, das 9h às 12h50, com o tema “Criação e Desenvolvimento”
Mary Arantes: A Poesia da criação
Andrea Marques: Tendências não são imposições; como pensar a cartela de cores, as estampas e a silhueta de cada estação
Maria Prata : O papel do passado na moda do futuro
-19.863204-43.959736
Biblioteca "Professor Marcello de Vasconcellos Coelho" da Escola de Belas Artes da UFMG