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LensCulture Retrato Awards

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Os LensCulture Retrato Awards é a segunda competição anual internacional de retratos fotográficos. A importância do retrato é evidente em todas as culturas do mundo, e reflete o poder e a força da conexão humana. Com mais de 145 países representados no LensCulture, em mais de 15 idiomas, estamos buscando novas perspectivas globais do retrato contemporâneo. Retratos de todas as partes do mundo podem ser inscritos. 6 vencedores e 25 finalistas serão selecionados.

Prazo Final: Segunda, 2 de Março, 2015

 

Inscrições no link :

https://www.lensculture.com/portrait-awards-2015

Mostra em SP joga luz sobre visão homoerótica de Pierre Verger

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Mais do que um fotógrafo etnográfico, que documentou os laços culturais entre a África e o Brasil pelo prisma da vida em Salvador, Pierre Verger construiu em sete décadas de trabalho uma visão única do corpo masculino.

Seu olhar sobre os homens, em especial os negros, tinha outra temperatura, como se sua lente fosse menos uma ferramenta voyeurística e mais um instrumento de afeto, ou quase de confissão do desejo. Verger, francês que se radicou em Salvador, morto aos 93, em 1996, foi um dândi parisiense que primeiro mergulhou na cultura africana no Bal Nègre, cabaré frequentado por imigrantes da África e do Caribe que foi um epicentro das vanguardas estéticas na cidade-luz nos anos 1920.

“Nos esbaldávamos na animalidade dos negros da rua Blomet, que pareciam histéricos em transe”, escreveu a feminista Simone de Beauvoir, sobre o auge da boate. “Meu coração batia mais rápido entre aqueles corpos em festa.” Uma mostra agora na galeria Marcelo Guarnieri, em São Paulo, resgata esse olhar homoerótico de Verger como um lado esquecido da obra do artista, revisitando imagens que estiveram no hoje clássico livro “O Mensageiro”, lançado primeiro em Paris, em 1993.

Nele, estava uma seleção do que seus organizadores, o casal Jean Loup Pivin e Pascal Martin Saint Leon, chamaram de “olhar amoroso” de Verger sobre o mundo.

“Ele não falava da homossexualidade em público, mas amava fotografar os homens com quem tinha pequenas aventuras”, conta Saint Leon, que foi amigo do artista.

“Verger se lembrava do nome de todos os homens que fotografou. Seu olhar não era o de um voyeur. Era íntimo, cheio de sensualidade. Cada foto era um momento de amor ou de felicidade.”

Na opinião de Saint Leon, que ao lado do namorado fundou nos anos 1990 a “Revue Noire”, uma revista e galeria de arte africana em Paris, a obra de Verger tomou outro rumo depois de sua mudança para Salvador, em 1946, que marcou o momento em que o artista passou a se identificar mais como um etnógrafo.

Verger, então quase esquecido em Paris, havia sido um dos maiores fotojornalistas do início do século 20, famoso por suas visões únicas.

Na tentativa de resgatar o olhar mais estetizante do fotógrafo, Pivin e Saint Leon montaram uma mostra em Paris com cerca de 200 imagens que pinçaram dos negativos do artista, uma seleção que julgavam traduzir seu desejo pelo corpo dos homens.

“Foi uma exposição autobiográfica. Ele foi redescoberto como fotógrafo ali”, diz Alex Baradel, responsável pelo acervo da Fundação Pierre Verger, em Salvador, e organizador da mostra paulistana.

“É uma visão sensual do homem. Seu interesse não era antropológico, era o tratamento do corpo masculino.”

BRUTOS ENDEUSADOS

Eder Chiodetto, crítico de fotografia, já enxergava esse viés na obra de Verger, mas ressalta que é uma leitura pouco usual de seu trabalho. “Isso é evidente, mas faltam pesquisadores para investigar isso a fundo”, afirma. “Ele tem um olhar para o corpo do negro que é um olhar de desejo.”

Sem saber da sexualidade de Verger e sua exaltação da beleza masculina, o artista Ivan Grilo destacou esse aspecto da obra quando exibiu uma cópia do livro “O Mensageiro” com o nome alterado para “Negros Gostosos” numa mostra há um ano no Centro Cultural São Paulo.

“Ele sabia valorizar bem o corpo. Eram homens comuns, brutos, mas retratados bem endeusados”, analisa Grilo. “E, pensando bem, só poderia ter tesão envolvido para o seu trabalho ficar tão bom.”

Jonathas de Andrade, outro artista contemporâneo, também vem refletindo sobre a linha tênue entre o olhar etnográfico e o erotismo. Numa mostra agora no Museu de Arte do Rio, ele criou cartazes com fotos de homens comuns posando de garotospropaganda do Museu do Homem do Nordeste, no Recife.

“Minha impressão é que Verger se lançou no transe que é atravessar esse povo e se apaixonar por ele”, diz Andrade. “Existe uma espontaneidade no dia a dia, um magnetismo. E isso pode ser lido como erotismo.”

EXPOSIÇÃO

A mostra de Pierre Verger abre neste sábado (28), na galeria Marcelo Guarnieri, na al. Lorena, 1.966, São Paulo. tel. (11) 30635410, de seg. a sex., das 10h às 19h; sáb., 10h às 17h; até 28/3, grátis.

 Documentário ” Um mensageiro entre dois mundos” sobre Pierre Verger com entrevista, apresentado por Gilberto Gil e participação de Mãe Estela, Jorge Amado, Zélia Gattai e outros.

http://www.youtube.com/watch?v=FyS53WkYyYI

Exposição Coleção Itaú de Fotografia Brasileira

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A Coleção Itaú de Fotografia Brasileira tem obras pertencentes ao Acervo Banco Itaú, criado há quase um século e que hoje conta com mais de 12 mil itens, entre pinturas, gravuras, esculturas, fotografias, instalações e peças das coleções Itaú Numismática e Brasiliana Itaú. Esse importante conjunto, gerenciado pelo Itaú Cultural, cobre toda a história da arte brasileira, com peças referenciais de cada movimento e estilo.

Em 2012, a mostra passou por Paris, Rio de Janeiro e São Paulo. Para a exposição no Palácio das Artes, o curador Eder Chiodetto, na busca por uma nova abordagem, manteve um núcleo de artistas das exposições anteriores, mas acrescentou novos trabalhos. A exposição aborda a fotografia modernista experimental, principalmente entre os anos 1940 e 1960. As fotos dos dois períodos são postas lado a lado, para provocar a comparação entre questões conceituais e estéticas do período modernista e como elas reverberam na produção contemporânea.

Exposição Coleção Itaú de Fotografia Brasileira

CURADORIA: Eder Chiodetto

DATA: 22 junho a 25 de agosto de 2013

HORÁRIO: Terça a sábado das 9H30 às 21H; domingo das 16H às 21H

LOCAL: Grande Galeria Alberto da Veiga Guignard, Palácio das Artes (Endereço: Avenida Afonso Pena, 1537  Centro, Belo Horizonte – MG)

ENTRADA GRATUITA

Exposição “O Espectador Fotógrafo”, de Patrícia Franca-Huchet

Desde o dia 29 de junho, a exposição O Espectador Fotógrafo, de Patricia Franca-Huchet, professora do Departamento de Desenho da Escola de Belas Artes da UFMG, pode ser vista no museu Victor Meirelles/Ibram, de Florianópolis (SC).

Todas as imagens da mostra são assinadas por Zénon Piéters, heterônimo da artista, fotógrafo melancólico que fotografa pintura em museus. Segundo o texto de Rosângela Cherem, escrito especificamente para a exposição, Patricia Franca-Huchet afirma “sua poética como a própria imagem multiplicada num espelho, construída por meio de um jogo de refrações e situada numa espécie de profusão labiríntica, onde uma coisa é rebatimento de outra: a artista e o fotógrafo, o fotógrafo e as leituras, as fotografias e as lembranças, o acontecido e o inventado, o vivido e o sonhado, a imagem e a forma, a presença e a ausência, a proximidade e a distância”.

Sobre a artista – Patricia Franca-Huchet (1958) vive e trabalha em Belo Horizonte. É doutora e mestre pela Université de Paris I – Sorbonne. A artista pesquisadora trabalha sobre a imagem focalizando seu interesse pela reconstrução crítica da tradição pictural. Divide as suas atividades artísticas com a prática da exposição, do ensino, da orientação, da pesquisa, da publicação e do evento (comunicações, palestras e apresentações de trabalho diversas no Brasil e em outros países). Coordena o grupo de pesquisa BR-IT: Bureau de estudos sobre a imagem e o tempo, que se dedica às práticas artísticas cujos propósitos se voltam para o estatuto da imagem com abordagem aberta à história, literatura, psicanálise e antropologia do visual.

Confira o catálogo digital:

Consulte também na biblioteca da EBA os catálogos de outras exposições da artista:

FRANCA-HUCHET, Patrícia. Os quatro temperamentos. Belo Horizonte: Palácio das Artes, 2008. 14 p. Catálogo de exposição, 07 – 27 abr. 2008, 06 jul. – 13 ago. 2004, Galeria Genesco Murta do Palácio das Artes.

PLASTICIDADE. [Belo Horizonte: Espaço Cultural Cemig, 2004] [20] p. + 1 folheto.   Catálogo de exposição, 06 jul. – 13 ago. 2004, Galeria de Arte do Espaço Cultural CEMIG, BH-MG.

Fotógrafo André Hauck presta tributo ao espaço em exposição

Trabalhos exploram o vazio, a erosão e os impasses das áreas urbanizadas

Walter Sebastião

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A exposição Arquitetura em declínio está em cartaz na galeria da Copasa, no Santo Antônio

Um fotógrafo que merece atenção: André Hauck. Nos últimos quatro anos, fez várias exposições, apresentando contundente conjunto sobre a paisagem urbana vista a partir da observação de lugares abandonados. Chama a atenção a riqueza de questões: o artista aborda de temas estéticos à reflexão sobre o registro fotográfico. Aos 32 anos, expõe trabalhos em grandes formatos na galeria da Copasa.

Arquitetura em declínio reúne obras que, valendo-se de aparente intenção documental, investigam a erosão das utopias modernistas. André explica que pretende trazer inquietação, questionamento de aspectos que marcam a fotografia tradicional, como objetividade, foco e profundidade de campo.

O artista observa que suas fotos trazem visão monumental e locais desprovidos de valor. “A fotografia cria relação meio mágica com o real. Estou usando essa empatia para estimular questionamentos sobre o desejo humano de organizar o caótico com uma construção”, afirma. A mesma mirada que a foto de arquitetura usa para mostrar grandes realizações ou o luxo (como nas revistas de decoração) é empregada por André para flagrar erosões, vazios e resíduos dos processos de urbanização. Ele frisa que tem procurado fazê-lo de forma objetiva. “Há tanta entropia nos locais fotografados que só isso já cria subjetividade”, observa.

Pedro II

As fotos expostas na Copasa trazem fábricas abandonadas e imóveis rejeitados devido à expansão da Avenida Pedro II, “que já nem existem mais”. Na origem da série, com quase meia centena de imagens, está a constatação de um impasse. Encantado com fotografias do casal alemão Bernard e Hilla Becher que viu na Bienal de 2002, o artista exercitou estética semelhante – limpa, direta e neutra. “Descobri que não existe isso no Brasil. Aqui, um prédio é construído e, em dois anos, já tem vazamentos, rachaduras e manchas. Comecei a fotografar o deteriorado, mas sem perder a objetividade. Respeito os lugares, o espaço como personagem. Dou mais valor às coisas que à minha subjetividade”, justifica. Ele redirecionou sua busca com moderação no uso de cores. Em série ainda inédita, abandona-as em favor do preto e branco.

Outros movimentos da pesquisa, conta André Hauck, foram o deslocamento do interior para o exterior das construções, dos espaços para os objetos. Depois de limpeza (“sem identidade”) voltada para os jogos de luz e sombra, que acabaram fazendo com que esbarre em heranças barrocas . “Continuo trabalhando com contradições, mas reduzindo a expressividade”, conclui.

 

ARQUITETURA EM DECLÍNIO

Fotografias de André Hauck. Galeria de Arte da Copasa, Rua Mar de Espanha, 525, Santo Antônio, (31) 3250-1506. Diariamente, das 8h às 18h. Até 17 de abril.

Conheça um pouco mais do trabalho do fotógrafo nas suas exposições anteriores Desertos Urbanos e Rastros.

Consulte também na Biblioteca da EBA os catálogos das exposições do fotógrafo.