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Recosturando Portinari na Casa Fiat de Cultura

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Com curadoria de Ronaldo Fraga, exposição apresenta processo de restauro da obra “Civilização Mineira” e coleção de moda inspirada no maior pintor modernista brasileiro Da poesia do céu de Brodósqui à delicadeza das andorinhas. Das brincadeiras de infância aos retirantes nordestinos. Candido Portinari buscou inspiração nas mais simples formas e foi capaz de inspirar gerações com sua arte e originalidade. É um pouco desse universo que a exposição Recosturando Portinari na Casa Fiat de Cultura apresenta ao público, entre 26 de agosto e 26 de outubro, no Circuito Cultural Praça da Liberdade. Com curadoria do estilista e designer Ronaldo Fraga, a mostra apresenta os bastidores da recuperação de uma obra de arte – por meio do processo de restauro do quadro “Civilização Mineira” (1959) – e faz o visitante entrar no mundo de Portinari sob um olhar sensível e criativo.

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Maior quadro de Cândido Portinari em Minas Gerais, Civilização Mineira ganha os holofotes da exposição. Representando a mudança da capital mineira, de Ouro Preto para Belo Horizonte, em 1897, e a evolução da sociedade local, o painel, de 2,34m X 8,14m, passou por restauração no último ano, quando foram descobertos uma intensa ocorrência de cupins e o esbranquiçamento de partes da obra – provocado pelo branco feito de titânio. Instalações e ambientes sensoriais foram idealizados por Ronaldo Fraga para contar as etapas dessa restauração – de forma lúdica e interativa –, fazendo com que o público se sinta parte do quadro e do passo a passo da recuperação de uma obra de um dos principais representantes do modernismo no Brasil. O Making of e a representação de um ateliê de restauro, além de uma visão sobre a vida e a obra do mestre modernista, poderão ser apreciados pelo público nesse mergulho portinaresco.

Esse minucioso processo de restauração aproxima-se do complexo trabalho de criação de um artista. Por isso, lado a lado ao processo de restauro, será apresentada a obra de Portinari como fonte de inspiração para uma criação de moda, a coleção O Caderno Secreto de Candido Portinari. O pintor é fonte inesgotável de inspiração para diferentes vetores da cultura brasileira, e, pela primeira vez, é transposto para a moda. Sob a ótica de Ronaldo Fraga, detalhes, traços, formas e cores características de Portinari ganham releitura na moda, deixando as telas para ganhar as ruas. Balões de São João, pipas erecos portin 2 azulejos transformam-se em verdadeiros legados contemporâneos da arte de Portinari. Os visitantes vão conferir o making of da criação do estilista (croquis e pesquisa) e concepções inéditas, tendo como ponto de partida a obra Civilização Mineira.

Para o presidente da Casa Fiat de Cultura, José Eduardo de Lima Pereira, realizar essa exposição de forma tão lúdica é a maneira ideal de fazer com que o público conheça Portinari e Ronaldo Fraga em sua essência. “O olhar sensível de Ronaldo Fraga tem muito do menino que ele foi e sempre será. Ao ‘recosturar’ Portinari, ele busca um companheiro de brincadeiras infantis no menino de Brodósqui. Gente grande que não tem coragem de pôr pra fora a criança que ainda é não devia ter permissão para visitar esse trabalho, essa deliciosa recostura que faz pensar e que diverte. Como tudo o mais que Ronaldo Fraga faz”, ressalta o presidente.

Para Ronaldo Fraga, Recosturando Portinari é uma oportunidade de cada vez mais pessoas conhecerem o trabalho desse artista que tanto representou o Brasil em suas telas. “É uma forma de fazer com que as novas gerações se familiarizem com essa arte, com o processo de criação e o universorecos portin 3 inspiracional de Candido Portinari. É a perpetuação de um legado que deve ser múltiplas vezes preservado e apreciado”, explica o curador.

Quatro salas compõem a mostra, que utiliza as mais diversas linguagens, possibilitando que o público se envolva de forma interativa com o quadro Civilização Mineira e com o mundo de Portinari. Na primeira delas, inconfidentes mineiros dão as boas vindas aos visitantes, numa instalação com os elementos do quadro. Na sequência, espantalhos – figuras tão recorrentes na obra do pintor – relembram momentos marcantes da vida de Portinari e destaques de sua obra, enquanto ao lado, serão revelados os bastidores do ateliê de restauro do quadro Civilização Mineira. Num outro ambiente, os aromas da infância de Portinari ganham vida, proporcionando uma experiência multissensorial. Com chão coberto de grãos de café e sob balões de São João, Ronaldo Fraga leva para o mundo da moda cores, formas e visões desse importante nome do modernismo brasileiro.

A exposição é uma realização da Casa Fiat de Cultura, em parceria com a Associação de Amigos do Museu Mineiro, com patrocínio da Fiat Automóveis, parceria institucional da Associação Pró-Produção das Artes (APPA), apoio cultural do Café Três Corações e produção da Paralelo 3.

Candido Portinari

De origem humilde, Portinari ganhou o mundo pintando o que via e o querecos portin 4 sentia. Suas pinceladas suaves foram capazes de descrever o sofrimento, a dor e a alegria de um povo da forma mais singela e marcante, assinando seu estilo único na história da arte. Considerado por historiadores, críticos e colecionadores de arte – assim como por grande parte do público –como um dos maiores nomes da pintura brasileira do século XX, ele é um dos principais representantes do modernismo no Brasil. Candido Portinari nasceu em 30 de dezembro de 1903, na fazenda de café Santa Rosa, no povoado de Brodósqui, em São Paulo. Foi o segundo dos 12 filhos dos imigrantes italianos Baptista Portinari e Dominga Torquato. Se as escolas tradicionais não o atraíram – cursou até o terceiro ano primário –, aos poucos, as artes começaram a povoar seu imaginário. Começou a pintar aos nove anos e, um ano depois, já chamava atenção com o desenho “Retrato de Carlos Gomes”, feito para homenagear a Banda de Música Carlos Gomes, na qual o pai tocava bombardino.

A vocação para as artes levou-o ao Rio de Janeiro. Aos 15 anos, mudou-se para a então capital do Brasil para estudar no Liceu de Artes e Ofícios. Em 1922, fez a primeira participação em uma exposição, quando ganhou menção honrosa com um retrato possivelmente inspirado no amigo Ezequiel Fonseca Filho. Em 1928, ganhou, com o quadro “Retrato de Olegário Mariano”, na Exposição Geral de Belas Artes, o Prêmio de Viagem à Europa. Em seguida, foi estudar na França, em Paris. A distância, ao perceber como os grandes artistas sintetizavam a cultura de origem nas próprias obras, pôde enxergar melhor sua terra e tomar a decisão que marcaria sua trajetória: pintar sua gente. Assim tornou-se Portinari.

Em Paris, o artista conheceu a uruguaia Maria Victoria Martinelli, de 19 anos. Um ano depois, o casal voltou ao país e, para sobreviver, Portinari passou a pintar intensamente. Em 1934, começou a lecionar pintura mural e de cavalete no Instituto de Artes da Universidade do Distrito Federal, no Rio, e deu início à criação de painéis públicos. Seu único filho, João Candido, nasceu em 1939, quando pintava os painéis “Jangadas do Nordeste”, “Cena Gaúcha” e “Noite de São João” para o Pavilhão Brasileiro da Feira Mundial de Nova York. Em Minas Gerais, em 1944, foi marcante a inauguração da Pampulha, em Belo Horizonte, onde criou algumas das mais significativas obras. O então prefeito Juscelino Kubitschek pediu a Oscar Niemeyer, autor do projeto da Igreja de São Francisco de Assis, que fosse decorada por Portinari com azulejos na parte externa e pintura mural no interior.

Após a participação na “I Bienal de São Paulo”, foi convidado pelo Governo Brasileiro a criar dois painéis intitulados “Guerra e Paz” para a sede das Nações Unidas (ONU), em Nova York. Três anos depois, foi internado com hemorragia intestinal. Diagnóstico: sintoma causado pelo uso de tintas contendo metais pesados, como chumbo, cádmio e prata. A doença se agravou, e, por determinação médica, parou de pintar. De volta ao ofício, em 1955, participou da III Bienal de São Paulo, com os estudos para o painel, e foi eleito pelo International Fine Arts Council, de Nova York, o “melhor pintor do ano”. Concluiu “Guerra e Paz” em 1956: “Foi o melhor trabalho que já fiz: dedico-o à humanidade”. Em 1962, em 6 de fevereiro, morreu vítima de complicações pela intoxicação das tintas que o consagraram. Foi sepultado no Cemitério São João Batista, no Rio. Porém, seu legado como um dos principais nomes da pintura brasileira do século 20, graças ao trabalho do filho João Candido, à frente do Projeto Portinari, continua para as novas gerações.

O quadro Civilização Mineira

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“Civilização Mineira” (1959) é o maior quadro de Cândido Portinari em Minas Gerais, com a medida de 2,34m x 8,14m, composto por 12 chapas de madeira compensada, que se encontra instalado no hall de entrada da Casa Fiat de Cultura. Obra de Candido Portinari, que representa a mudança da capital mineira, de Ouro Preto para Belo Horizonte, em 1897, “Civilização Mineira” foi produzido em têmpera sobre madeira, em 1959, no Rio de Janeiro, para decorar a sede do Banco do Estado de Minas Gerais (antigo Banco Agrícola Hipotecário de Minas Gerais). O projeto foi executado entre fevereiro e abril do mesmo ano da encomenda, o que demonstra a concentração com que orecos portin 5 pintor trabalhava, e foi inaugurado juntamente à nova sede do banco, em maio de 1960.

No início de 1967, o Banco Agrícola Hipotecário de Minas Gerais, então proprietário da obra, foi transformado, pela fusão com o Banco Mineiro da Produção, no Banco do Estado de Minas Gerais, BEMGE. Nessa ocasião, o quadro de Portinari foi transferido para Belo Horizonte e instalado na sede da nova instituição financeira, na Praça Sete de Setembro, onde permaneceu até outubro do mesmo ano, oportunidade em que foi transferido ao Palácio dos Despachos, para a inauguração do edifício, que seria a sede administrativa do Governo do Estado de Minas Gerais, na capital. Desde então, encontra-se instalado no hall de entrada do edifício. O quadro Civilização Mineira, de Candido Portinari, é obra caracteristicamente modernista, sem abrir mão de fundamentos da pintura clássica, claramente dominados pelo pintor. A pintura se caracteriza por tons pastel e pela representação das paisagens urbanas, perpassada por linhas diagonais e faixas tonais, que criam arestas e remetem ao cubismo de uso recorrente do artista. A técnica pictórica, aparentemente, é mista e contrasta tinta rala. A composição da obra é dividida ao meio por duas seções: do lado esquerdo, a cidade de Ouro Preto é representada por um conjunto de casario, igrejas e telhados, e, do lado direito, está a moderna Belo Horizonte, com seus edifícios, fiação elétrica – criando ritmos poéticos, com andorinhas pousadas sobre os fios – e construções.

Restauro

O projeto de recuperação da obra de Portinari foi uma iniciativa da Casa Fiat de Cultura, em parceria com Associação Pró-Cultura e Promoção das Artes (APPA), Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA-MG) e Ministério da Cultura, com patrocínio da Fiat Automóveis, e marcou a primeira atividade da Casa Fiat de Cultura no Circuito Cultural Praça da Liberdade.

recos portin 6Por representar a memória histórica de Minas Gerais, o quadro Civilização Mineira é um especial exemplar dentro do conjunto de obras de Portinari existente em Belo Horizonte. Sua importância é reconhecida por meio da proteção legal do Estado e do Município. O monumento é propriedade do Estado e está sob a guarda do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais – IEPHA/MG, sendo ainda tombado, pelo Município de Belo Horizonte, como patrimônio cultural do conjunto urbano da Praça da Liberdade. O quadro passou por restauro há 11 anos, mas, devido a manchas e degradações ocasionais, percebeu-se a necessidade de um novo processo. Foi realizado um trabalho de pesquisa e análise, com o objetivo de coletar o maior número possível de informações acerca do artista, da técnica e dos materiais que utilizava, assim como sobre a iconografia do painel, os estudos estilístico-formais, o contexto histórico em que foi produzido e o estado de conservação da obra, após mais de 50 anos de exposição no prédio em que se encontra.

recos portin 7Os maiores percalços encontrados pela equipe de restauro foram referentes à intensa ocorrência de cupins e ao esbranquiçamento de partes da obra, provocado pelo branco de titânio. Dentre as iniciativas de investigação, realizaram-se estudos químicos dos materiais pictóricos – por meio de análises não destrutivas por fluorescência de raios- X – em diversos pontos da obra, com o intuito de determinar a paleta de cores da obra e os locais de retirada de amostras. Cada ponto foi medido e fotografado para observação mais precisa da informação. Posteriormente, seguiu-se ao diagnóstico e à documentação científica por imagem, com uso de fotografias por luz visível e fluorescência de ultravioleta.

A imagem por luz visível, captada por câmera fotográfica tradicional, é um registro da pintura em seu estado atual e real e possibilitou a geração de imagens em alta resolução da obra, tanto em “fatias” quanto integral. Aplicou-se o gerenciamento de cores, técnica que permite manter a consistência dos tons e faz com que a imagem digital apresente tonalidades mais próximas da imagem original.

Já a fluorescência em ultravioleta é uma imagem diagnóstica, que permite aos restauradores analisar a camada pictórica e o estado de conservação dos vernizes superficiais. Com este tipo de fotografia, foi possível verificar se houve repintura, além de diferenciar tons e cores originais daqueles aplicados por intervenções anteriores e saber, com exatidão, o local em que foi feita a operação. Dessa forma, conseguiu-se dar nova vida ao quadro, com as cores e beleza que Portinari idealizou tantas décadas atrás.

Arte na moda

O que Van Gogh, Mondrian, Matisse, Monet, Poliakoff, Picasso, Braque, Frida Kahlo, Degas, Dalí e Escher teriam em comum? Além de serem grandes nomes das artes plásticas, todos foram inspiração, alguns mais de uma vez, para estilistas. Foram fonte de beleza para a criação no mundo da moda, que cada vez mais se torna uma extensão artística de outras expressões, indo das telas para as ruas e popularizando a arte. Recentemente, foi a vez de Ronaldo Fraga buscar inspiração nas telas, na vida e na obra de Candido Portinari, artista que despertou a vontade de encher as ruas com suas cores, formas e pinceladas.

20140826085226114958e (1)Apaixonado pela cultura brasileira, e sempre empenhado em fazer moda como um vetor cultural, não é a primeira vez que Fraga buscou em artistas brasileiros o fio condutor para fazer sua própria arte. Carlos Drummond de Andrade, Mario de Andrade, Guimarães Rosa, Graciliano Ramos e Nara Leão, por exemplo, já figuraram em suas criações e mostraram ao mundo a riqueza cultural do Brasil. Os desenhos que Portinari fazia ainda pequeno, a chegada do circo em sua cidade, as noites de São João, pipas soltas pelo ar e espantalhos coloridos nas plantações de café aparecem em belos bordados em fios soltos ou estampados de maneira gráfica e colorida. “Vou pintar a minha gente com aquela cor e aquelas roupas. Com seus pés grandes e descalços, suas mazelas e suas festas”, disse Portinari certa vez. Ronaldo Fraga capta essa vontade do grande pintor de se fazer ver as belezas de um povo que sempre arrumou maneiras de sorrir.

Programa Educativo

O Programa Educativo é peça fundamental no trabalho de valorização e ampliação do conhecimento proporcionado pela Casa Fiat de Cultura a seu público. Para cada exposição, são idealizados uma temática e um conceito a serem trabalhados em visitas orientadas, oficinas, programação paralela, assessoria ao professor e outras atividades. Na mostra Recosturando Portinari, o Programa Educativo, que conta com concepção da educadora Rachel Vianna e coordenação da educadora Manuela Tolentino, aborda a vida e obra de Portinari e seu legado inspirador nas artes. Segundo Rachel Vianna, os educadores vão envolver os visitantes com repetições visuais, que transitam tanto nos quadros de Portinari quanto nas estampas da moda. “Será possível perceber os ritmos, formas, superfícies e cores característicos desse grande mestre do modernismo. O artista criava ritmos visuais por meio da repetição, do movimento no espaço em sua composição. Isso também é muito comum na moda. As artes se misturam”, explica.

Uma equipe de educadores multidisciplinares está à disposição para atender todos os públicos: crianças, jovens, adultos, estudantes das redes pública e privada e grupos como associações e ONGs, dentre outros. O Programa é um dos diferenciais com suas visitas orientadas e um motivo a mais para conhecer a exposição Recosturando Portinari na Casa Fiat de Cultura.

O agendamento para grupos, escolas e assessoria ao professor poderá ser feito pelo telefone (31) 3289-8910 ou pelo e-mail agendamento2@casafiat.com.br. Além das visitas de grupos e instituições, o Programa Educativo oferece visitas temáticas ao público e às famílias nos fins de semana, sem necessidade de agendamento. Toda a programação tem entrada gratuita.

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SERVIÇO

Recosturando Portinari
Casa Fiat de Cultura

De 26 de agosto a 26 de outubro de 2014
Visitação: 3ª a 6ª das 10h às 21h | sábados, domingos e feriados das 10h às 18h
Entrada gratuita
Praça da Liberdade, 10 – Funcionários – BH/MG.
Telefone: (31) 3289-8900
www.casafiatdecultura.com.br
casafiat@casafiat.com.br
facebook.com.br/casafiatdecultura
Instagram:@casafiatdecultura
Informações para a imprensa:
Personal Press
Polliane Eliziário – polliane.eliziario@personalpress.jor.br – (31) 9788-3029

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Cosulte também na Biblioteca da Escola de Belas Artes, os livros sobre este artista, sobre Moda e Ronaldo Fraga :

 DAMM, Flavio.; PORTINARI, Cândido. Um Candido pintor Portinari. 1. ed. [S.l.]: Expressão e Cultura, 1971. 1v.

PORTINARI, Candido. Candido Portinari. São Paulo: Aleksander B. Landau, c1972. 1v.

PORTINARI, Cândido; PENNA, Christina Scarabôtolo Gabaglia; PORTINARI, João Candido.; PROJETO PORTINARI. Candido Portinari: catálogo raisonné = catalogue raisonné. Rio de Janeiro: Projeto Portinari, 2004. 5 v.

PORTINARI, Cândido; BARDI, P. M. Cem obras primas de Portinari. [São Paulo]: Museu de Arte de São Paulo ‘Assis Chateaubriand’, 1970. [72] p.

QUEIROZ, João Rodolfo; BOTELHO, Reinaldo. Ronaldo Fraga. São Paulo: Cosac & Naify, 2007. 149 p. (Coleção Moda brasileira.)

POLLINI, Denise; ALFONSO, José Luis Hernández. Moda no Brasil: criadores contemporâneos e memórias. São Paulo: MAB, FAAP, 2012. 173 P. + 1 DVD.

Amy Winehouse: seu estilo e a moda

Assim como Janis Joplin, Jim Morrison, Kurt Cobain e Jimmy Hendrix, o talento de Amy Winehouse ultrapassa as regras de gravadora e mercado. Ela era o que a sua essência constituiu como um ser criativo e avesso às regras

Publicado no Jornal OTEMPO em 31/07/2011

TARCÍSIO D´ALMEIDA

O mundo da música está de luto. Mas, também, o da moda está. A fatídica morte, também aos 27 anos, da cantora britânica Amy Winehouse, no dia 23 de julho último, em Londres, posicionou-a no time dos bons intérpretes que traduzem os anseios e desejos de uma geração. Assim como Janis Joplin, Jim Morrison, Kurt Cobain e Jimmy Hendrix, o talento de Amy Winehouse ultrapassa as regras de gravadora e mercado. Ela era o que a sua essência constituiu como um ser criativo e avesso às regras. Mais valia o alternativo do que o mainstream para ela. Por isso mesmo, podemos considerar seu estilo extremamente marcante não somente para o universo da música, mas também para o da moda; estabelecendo sinergias entre música e moda. Aliás, em uma era em que o conceito de tendência anda esvaziado e pulverizado, encontramos em Amy a força e a importância da presença do estilo; sim, este que é único, que se constitui como uma marca, uma assinatura individual de cada um de nós numa era de sociedade globalizada e sem fronteiras.

O que nos faz pensar que o estilo de Amy vai além de uma moda específica? Uma possível resposta talvez esteja na plena consciência de seu estilo e como ele se confirmou em suas idealizações constitutivas de sua imagética e veia artística. Sim, pois em Amy havia a mescla dos tempos: a vontade nostálgica, mas muito bem dosada e costurada, com o despojado do viver contemporâneo. A construção da imagem da estrela Amy existe fundamentada em dois princípios-características essenciais: a beleza e a moda, ambas demarcadas pelas atitudes retrôs e que estão intimamente relacionadas às releituras pela moda atualmente. Para a primeira, ela resgatou a presença constante do delineador nos olhos e a estrutura do cabelo colmeia; já para a moda, podemos confirmar em Amy o desejo do retorno à silhueta dos looks comportados das décadas de 1950 e 60, mas com outra leitura, e que dialogavam com as tatuagens da artista.

Ela não seguiu nenhuma tendência. Pelo contrário, o seu estilo virou tendência em jovens de todo o planeta. Criou-se, portanto, a estética do jeito de cantar e se vestir à la Amy, que abriu caminho, direta ou indiretamente, para outras artistas, tais como Duffy e Adele. Assim como Amy, elas adotaram como fonte de inspiração em seus visuais as belezas dos 50 e 60 nas construções de seus estilos. Esse mergulho no passado é também presente na musicalidade da artista, que mesclou jazz e ‘neo-soul’ com rock. O que a distancia, por exemplo, das concepções musicais de Madonna, Björk, Lady Gaga e Rihanna, outras artistas da música que são também ícones da moda. Talvez, o mais apropriado seria pensarmos em Amy como um autêntico ícone de estilo. A partir daí, poderíamos compreendê-la também como um ícone da moda.

Mas, assim como Madonna, Victoria Beckham e Kate Moss, Amy Winehouse também teve suas incursões mais diretas com a moda. Criou uma linha para a marca do clássico streetwear britânico Fred Perry. Colaborou com duas coleções, a última delas para a primavera/verão 2011, e desenvolveu mais três, as quais deverão ser lançadas postumamente. O fundamento central é a inclinação pelo retrô, que pautava o olhar e o cuidado da artista com as criações.

Mas a sinergia entre estilo e moda ocorreu naturalmente, com influências em coleções, em editoriais e campanhas de moda em revistas como a “Vogue Paris”, de fevereiro de 2008, que dedicou um editorial, clicado por Peter Lindbergue, com a modelo brasileira Isabeli Fontana produzida como Amy Winehouse. Outro exemplo da forte marca e influência de Amy na moda aconteceu com a campanha da coleção de joias da Chanel, no mesmo ano, que teve a top Coco Rocha em looks sóbrios da Chanel, mas com o forte apelo das joias e da atitude da artista, via a concepção de beleza da campanha. Este mesmo conceito de beleza com a maquiagem e cabelos à la Amy inspiraram o desfile de dezembro de 2007 da Chanel.

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Tarcisio D’Almeida é professor e pesquisador do curso Design de Moda da Escola de Belas Artes, da Universidade Federal de Minas Gerais (EBA-UFMG). Email: tarcisiodalmeida@eba.ufmg.br. Ele divide este espaço com Susanna Kahls e Jack Bianchi.

Roupas inspiradas nas artes plásticas: moda/arte

Não é de hoje que moda e artes plásticas se inspiram mutuamente. O diálogo entre elas mudou muito com o tempo, mas sempre existiu. Mostro aqui exemplos de roupas que prestaram óbvias homenagens a grandes mestres da pintura, da gravura e da escultura nos últimos 75 anos.

MONDRIAN + SAINT-LAURENT: Neste assunto, o ícone absoluto é a série de vestidos que Yves Saint-Laurent criou em 1965 com base nos quadros de Piet Mondrian. Estas peças fizeram sucesso absoluto, são a cara de uma época, nunca deixaram de encantar e têm lugar de destaque em qualquer enciclopédia de moda que se preze.
MATISSE + SAINT-LAURENT: O estilista que mais prestou homenagens às artes plásticas certamente foi Yves Saint-Laurent. Estes vestidos são estampados com formas e coloridos típicos da obra de Henri Matisse. Os quadros La gerbe e L’escargot, ambos de 1953, estão aqui para provar.
VAN GOGH + SAINT-LAURENT: Os lírios e girassóis de Vincent Van Gogh, pintados no século 19, foram parar nestas jaquetas que Yves Saint-Laurent desenhou em 1988.
MONET + SAINT-LAURENT: Na mesma coleção, Yves Saint-Laurent bebeu do célebre lago de ninféias de Claude Monet.
POLIAKOFF + SAINT-LAURENT: Em 1965, Yves Saint-Laurent transformou em roupa sua admiração pela produção recente de Serge Poliakoff, como os quadros Composição abstrata (1960) e Composição verde, azul e vermelha (1965).
PICASSO + SAINT-LAURENT: Pablo Picasso pintou diversos arlequins ao longo da carreira, que depois inspiraram Yves Saint-Laurent a criar várias peças de destaque em suas coleções.
WESSELMANN + SAINT-LAURENT: As silhuetas básicas e coloridas de Tom Wesselmann deram origem a vestidos ainda mais pop assinados por Yves Saint-Laurent.

BRAQUE + SAINT-LAURENT: Foram muitas as vezes em que Yves Saint-Laurent se rendeu aos pássaros coloridos e instrumentos cubistas de Georges Braque.
ROTHKO + GALLIANO: Por ocasião dos 60 anos da Dior, em 2007, John Galliano criou uma coleção inteira baseada em seus pintores favoritos. Este vestido, por exemplo, remete ao quadro White center, de Mark Rothko, pintado em 1950.
MONET + GALLIANO: Da mesma coleção, saiu este vestido com as cores da tela Vétheuil (1901), de Claude Monet.
DEGAS + GALLIANO: Os tons e texturas que estavam na saia de uma das Bailarinas na coxia, de Edgard Degas, pularam para o busto e os ombros da modelo de John Galliano em 2007.
MONET + KRIEMLER: As pinceladas fluidas das telas impressionistas de Claude Monet voltaram às passarelas em 2009, na coleção criada por Albert Kriemler para a grife Akris.
DALÍ + SCHIAPARELLI: Em 1936, Salvador Dalí criou seu Telefone-lagosta. No ano seguinte, Elsa Schiaparelli estampou em um vestido branco um desenho do mesmo crustáceo, também assinado por Dalí.
DALÍ + SCHIAPARELLI: Assim que Salvador Dalí mostrou ao mundo sua Vênus de Milo com gavetas, em 1936, Elsa Schiaparelli lançou seu casaco-mesa, que fazia um paralelo com a escultura surrealista, só que com bolsos e botões.
WARHOL + UNGARO: Nos anos 90, Emanuel Ungaro criou para a Parallèle sua releitura das flores em cores saturadas de Andy Warhol.
WARHOL + CAMPBELL’S: Nos anos 60, Andy Warhol transformou em arte os rótulos das sopas Campbell’s. E a marca de comida enlatada aproveitou o burburinho para transformar a arte pop de Warhol em roupa. O vestido era 80% celulose e 20% algodão, não podendo ser lavado nem passado. Hoje é item de colecionador.
WARHOL + HOYLE: Em 2008, a onipresente Marilyn Monroe de Andy Warhol se revelou por entre as dobras de um vestido plissado de Hannah Hoyle.
LICHTENSTEIN + SIMPSON: Em 1965, Lee Rudd Simpson criou este vestido com desenho de Roy Lichtenstein, cuja obra contém várias versões pop art do pôr-do-sol.
HARING + CASTELBAJAC: O próprio Keith Haring costumava desenhar suas formas humanas características em jaquetas e calças, criando roupas que hoje valem como obras de arte. Mas a peça acima é de 2002, assinada por Jean-Charles Castelbajac.
MAGRITTE + CASTELBAJAC: O mesmo Jean-Charles Castelbajac emulou a famosa caligrafia de René Magritte neste robe que traz a frase “Je suis toute nue en dessous” (algo como “Não estou usando nada por baixo”). Como não lembrar da ironia histórica da tela La Trahison des images (Ceci n’est pas une pipe), feita por Magritte em 1929?
ESCHER + MCQUEEN: As ilusões inquietantes de M. C. Escher tornaram-se alta costura em 2009, pelas mãos de Alexander McQueen. O estilista desfilou vestidos geniais, cujas estampas mostravam uma típica (e falsificadíssima) padronagem da Givenchy se transformar nos pássaros transmorfos do desenhista holandês.

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Após o tigre de Kenzo, a face de um animal na frente de um suéter  parece ter perdido a graça, certo? Não na passarela italiana, onde muitas faces de animais puderam ser vistos em estampas. Antonio Marras trouxe o lobo, de forma espelhada, acompanhado por adornos ou simplesmente com a face estampada. Mas não foi só o que chamou a atenção.

  1. Na primeira imagem, as figuras geométricas na roupa lembram Composition Proun GBA 4, c. 1923 do pintor suprematista e, dentre outras coisas, arquiteto –  El Lissitzky, o qual criou a instalação Proun Room,1923. Acredito que também poderia ser mencionada aqui a obra do mentor de Lissitzky, Kazimir Malevich,Suprematism (Supremus No. 58), 1916  e a obra de László Moholy-Nagy, Composition from Masters’ Portfolio of the Staatliches Bauhaus (Meistermappe des Staalichen Bauhauses)1923.
  2. Na segunda imagem, se pensarmos que A. Marras concretizou aquilo que Ennio Morlotti, em Fiori, 1956,  pintou abstratamente, ai sim, podemos perceber uma correlação.

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Blocos de cores formando desenhos geométricos (e criando um bonito efeito nas saias com pregas e não só). É o que pode ser visto na coleção de Bottega Veneta. Com o desejo de levar energia e segurança para as mulheres, a maison trouxe o construtivismo para a passarela.

    1. Como movimento que deu origem ao construtivismo, também pode-se mencionar aqui a influência do abstracionismo geométrico de Alberto Moretti – o pintor –  não só na estampa do casaco como também em dois vestidos mais, sendo que em um deles tem como base as cores preta e verde.
    2. Duas cores diferentes de couro foram recortadas em formas geométricas irregulares e costuradas no vestido preto de comprimento médio, criando assim um efeito similar ao das cores e formas integradas da obra deVladimir LebedevRelief, 1920. Eis o construtivismo russo.

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A marca propõe uma mulher com muitas referências, uma mulher que coleciona trajes étnicos e os veste, sortida e inteligentemente. Se o nomadismo e a boemia explicam bem a coleção de Etro, Gustav Klimt também! O alto teor de informação de moda contida em suas obras sempre será fonte para decodificações e interpretações. Nesta coleção, as criações do pintor serviram de base para a riqueza de detalhes dos tecidos nobres.

  1. Aqui se requer um pouco mais atenção. Repararam no desenho em relevo do vestido (ou seria saia e blusa?) em veludo devorê ? Agora, vejam como se assemelha ao desenho contido no canto superior direito de Friso de Beethoven, 1902.  Além disso, o padrão de cores da saia na pintura se repete na estampa do casaco.
  2. Na segunda, tanto a modelo quando a mulher em Portrait of Friederike Maria Beer, 1916 vestem macacão (ou seria calça e blusa?) com estampas semelhantes, mas com um detalhe: o que eram ondulações na pintura se tornaram estampa paisley na coleção.

12976101163_6a3a89234f_b12975955355_4048637808_bAquilo que subitamente se pode atribuir como inspiração para a coleção de Gabriele Colangelo é a série Black Watercolours de Joachim Bandau (1, 2), que reúne duas caracteristicas do pintor e escultor: o minimalismo e o foco na interseção das formas geométricas. As aquarelas em tons de cinzas dos retângulos transparentes foram sobrepostas em um modo que sugere movimento. Colangelo revisitou essas referências e as decodificou em sua coleção em duas formas: em estampa (como podemos ver no vestido da primeira imagem); e em painéis de tecido sobrepostos que vão gradativamente do branco ao preto, passando por escalas de cinza, assim como no outfit da segunda imagem.

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Ainda que sem Jil Sander, a coleção de inverno masculina da marca conseguiu se tornar mais interessante na medida em que usou uma textura com padrão semelhante ao do pontilhismo (pontos de cor pura são aplicados em padrões de modo a formar uma imagem) para conferir um ar despojado à alfaiataria minimalista, que é inerente à maison. Esta mesma textura, criada através de semiesferas em relevo, foi incorporada na coleção feminina, atribuindo criatividade e sensorialismo ao conceito minimalista. Como exemplo da técnica do pontilhismo (também chamado divisionismo), selecionei a obra de George SeuratModelo de Costas, 1887.

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 Christopher Farr lançou uma exibição chamada Editions: Contemporary Rugs for Collectors, reunindo tapetes com desenhos de artistas conhecidos. Dentre eles, a artista têxtil e gravurista Anni Albers. Muitas vezes, ela começou seus projetos de tecelagem com esboços, em alguns deles explorou a construção horizontal e vertical, utilizando cor, forma, proporção e ritmo como em Study Rug, inicialmente concebido como uma decoração de parede em 1926. A padronagem do agora tapete parece ter sido aproveitada na coleção de Marco De Vicenzo, que trabalha sobretudo com o decorativismo gráfico das linhas, além dos quadrados e circulos, seja em tecidos leves, perfurados ou mais rigorosos. A saia plissada com fundo de textura em furta cor é um exemplo disto.

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Eis uma coleção capaz de transformar tendências da moda em algo alternativo, único, arquitetônico. Entre volumes amplos, babados exagerados, jogo de contradições (o que parece firme e denso, na verdade é macio e leve), plumagem e o artesanato intrínseco à marca, a coleção de Marni renova com a arte. É transportada para as estampas das peças simples, como a túnica acima, a técnica do artista contemporâneo Magnus (von) Plessen, conhecido pelo seu figurativismo abstrato, que consiste em adicionar ou remover camadas de tinta para revelar as formas da figura. Obra: Magnus PlessenPaare, 2006.

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Os tecidos brocados com cores metalizadas em roupas oversized são por si só uma injeção de arte ao tendencismo na coleção de MSGM. Além de Björk, a coleção se inspirou no pintor Gergard Richter, mais especificamente em sua fase overpainting. As estampas sugerem que borrões de tinta foram jogados em cima de um retrato propositalmente, conferindo-lhes uma espécie de abstração misteriosa. Não se trata mais de photoprint, mas de um “photopainting” na estampa. É este o estilo fotografia-pintura de G. Richter, é este o estilo que confere mais arte à coleção. Na primeira foto temos, Piz Rosatsch, 1992; na segunda, temos Firenze, 2000.

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Com uma atmosfera de Alemanha nos anos 70, a coleção de Prada evoca Rainer Werner Fassbinder e Pina Bausch, para transformar os modelos em personagens intensos que enfrentam seus problemas mais íntimos para encontrarem a si mesmos. Neste contexto, entra um pintor capaz de se olhar frente às coisas do mundo: Giacomo Balla, que também foi convidado por Sergei Diaghilev para se tornar cenógrafo e figurinista. As estampas dos vestidos e dos casacos refletem o estudo de Balla sobre o caráter técnico-científico acerca da decomposição da cor e da luz, sobre a dinâmica do movimento e da velocidade.

  1. É latente a sugestão de movimento e velocidade na estampa do vestido de seda, assemelhando-se a obraVelocidade de um Automóvel, 1912.
  2. Tanto na estampa do vestido quando em Studio per Mobile Futurista (mobile smontabile), 1920 foram criados padrões geométricos através da interposição de cores (cores presentes em ambos).
Quanto a nós, espectadores, estamos a espreitar a coleção de Prada como os jornalistas diante de toda a dinâmica do drama vivido e vestido pela protagonista de As Lágrimas Amargas de Petra Von Kant (1972).

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 Sportmax resolveu fazer um novo experimento. Se na coleção passada a maison trabalhou com as formas geométricas, desta vez resolveu se liberar de restrições, incorporando um desejo de extravagância ao DNA simplificado. E isso foi encontrado no expressionismo abstrato através do qual, o artista recusa qualquer forma de realismo, de pintura figurativa para explorar a forma abstrata. Dentre todos os artistas, a maison olha especificamente para um dos Irascíveis: Jackson Pollock e seu o dripping fortemente gestual. Ele não pintava lançando a cor sobre a tela em posição normal, em cima de um cavalete, mas deitando grandes rolos no chão e gotejando a tinta em cima. Esse sistema de trabalho se chama dripping e é isso que podemos ver em variados modos nas estampas das roupas com efeito de gotejamento e rabiscos:

  1. Convergence, 1952.
  2. Unknown.
  3. Segundo informações, a pintura nesta última imagem é inspirada em Pollock, feita por outro pintor. De qualquer forma, guarda particular semelhança com a saia em organza.

Disponível em: http://freakshowbusiness.com/2010/04/23/35-roupas-inspiradas-em-quadros-e-esculturas-modaarte/ http://ilpiccolomondodicri.wordpress.com/2014/03/10/moda-arte-semana-de-moda-em-milao/

Sugestões de leitura da Biblioteca da EBA :

 BRANDSTATTER, Christian. Klimt e a moda.    São Paulo: Cosac & Naify, 2000. 79p. :  (Universo da moda)

 COSTA, Cacilda Teixeira da. Roupa de artista: o vestuário na obra de arte. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, EDUSP, 2009. 312 p.

 GIVRY, Valérie de.. Art & mode: l’inspiration artistique des créateurs de mode. Paris: Regard, 1998. [22] p. of plates .

 MÜLLER, Florence. Arte e moda.  São Paulo: Cosac & Naify, 2000. 80p.  (Universo da moda)

 XIMENES, Maria Alice. Moda e arte na reinvenção do corpo feminino do século XIX.  1. ed. Barueri, SP: Estação das Letras e Cores, 2009. 98p.  (Estudos da moda)