Rosângela Rennó
2005-510117385-5
Rio de Janeiro, 2010.
Em algum momento entre 02 de abril e 14 de julho de 2005, durante uma greve de funcionários da Fundação Biblioteca Nacional, 946 peças, entre elas 751 fotografias, foram furtadas da Sala Aloísio Magalhães, local conhecido como Divisão de Iconografia da FBN. Não havia sinal de arrombamento. Os autores do furto trabalharam com sutileza, escolhendo autores e temas, esvaziando álbuns, substituindo fotografias, para que o crime só fosse descoberto algum tempo depois. Passados quatro anos, com uma investigação criminal ainda em curso, apenas 101 dessas fotografias foram recuperadas, e todas elas foram encontradas mutiladas, pois os criminosos tentaram, de diversas maneiras, apagar as marcas de registro de patrimônio da FBN. O inquérito criminal de número 2005-510117385-5 ainda não foi concluído e os mentores do furto não foram punidos.
Alguns meses antes da greve e do furto, outro setor da FBN foi vítima de um golpe de outra natureza: do Laboratório de Fotografia e Digitalização da FBN foram furtados os principais discos rígidos dos computadores, nos quais vinham sendo arquivadas todas as reproduções digitais do acervo da Divisão de Iconografia. Da mesma maneira, nenhum vestígio foi deixado na cena do crime, os autores do furto não foram encontrados e ninguém foi punido. Os dois crimes nunca foram oficialmente relacionados.
Este livro, intitulado 2005-510117385-5, como o inquérito policial, contém as reproduções dos versos das 101 fotografias recuperadas, em tamanho real, ordenadas segundo a data de sua reinserção no acervo da Divisão de Iconografia da FBN.
texto da artista Rosangela Rennó, sobre o livro de artista publicado através do edital Arte e Patrimônio, do IPHAN.
Mais informações:
http://www.istoe.com.br/reportagens/54634_HISTORIA+EM+BRANCO
http://www.rosangelarenno.com.br