Os novos habitantes do museu

Artes visuais.Com curadoria de Ana Paula Cohen, dez jovens artistas apresentam criações realizadas durante o Bolsa Pampulha

Publicado no Jornal OTEMPO em 30/06/2011

DANIEL TOLEDO

É como um programa de formação e estímulo à produção artística que a curadora Ana Paula Cohen compreende o Bolsa Pampulha, iniciativa criada em 2003. Diante do encerramento de sua quarta edição, chega a hora de mostrar ao público as criações produzidas ao longo de um ano de muito trabalho e intenso diálogo.

“Trata-se de um programa singular no Brasil, que dá ao artista a possibilidade de dialogar com profissionais experientes e produzir seus próprios trabalhos sem ter que se ocupar com outras cosias”, descreve Ana Paula, que, além de fazer a curadoria da exposição, integrou o painel de seleção dos artistas e a comissão de acompanhamento do processo de criação.

“Mais do que pensar em resultados imediatos, é importante perceber que, daqui a três ou cinco anos, os artistas que participaram da bolsa terão uma formação muito mais consolidada do que aqueles que não tiveram uma oportunidade como essa”, defende, em meio à montagem de uma ampla exposição que deve ocupar todos os ambientes do Museu de Arte da Pampulha.

Contudo, na visão de Ana Paula, ainda que os trabalhos realizados por Ana Moravi, Clara Ianni, C. L. Salvaro, Daniel Murgel, Douglas Pego, Joacélio Batista, Rodrigo Cass, Rodrigo Freitas, Shima e Vicente Pessôa ocupem o museu ao mesmo tempo, a exposição não deve ser tratada como uma mostra coletiva.

“Tentei pensar nessa exposição como dez individuais simultâneas. E o que fizemos, juntos, foi habitar os espaços do museu”, esclarece a curadora, ressaltando ainda a ausência de recortes temáticos ou estéticos.

“Esse tipo de classificação me parece insuficiente para pensar os trabalhos, pois é muito comum que um mesmo artista transite entre diferentes mídias”, afirma.

Para facilitar a fruição do público sobre o trabalho individual de cada artista, definiu-se que a exposição incorporaria também trabalhos realizados por eles em períodos anteriores à Bolsa Pampulha.

“Todos estão representados por um grupo que varia entre duas e cinco obras, ao mesmo tempo preservadas em sua integridade e convivendo nos espaços do edifício”, analisa, sem desconsiderar a possibilidade de que o público crie, entre os trabalhos, suas próprias relações.

Além de incorporar os mineiros Ana Moravi, Douglas Pego, Joacélio Batista e Vicente Pessôa, o programa trouxe a Belo Horizonte o carioca Daniel Murgel, o paranaense C.L. Salvaro e os paulistas Clara Ianni, Rodrigo Cass, Rodrigo Freitas e Shima.

Este último, autor de uma das performances que abrem a exposição, inspirou-se justamente na condição de “estrangeiro” para a criação dos trabalhos realizados ao longo do último ano.

“São obras que têm muito a ver com o cotidiano da cidade e a tentativa de me encontrar nesse espaço”, comenta o artista, que prepara ainda uma série de ações para realizar durante a exposição. “Quero romper a ideia do museu como um depósito de obras”, sintetiza. (DT)

Agenda
O que. Mostra coletiva dos artistas contemplados pelo Bolsa Pampulha 2010/2011

Quando. Terça a domingo, das 9h às 19h. Até 11 de setembro

Onde. Museu de Arte da Pampulha (av. Otacílio Negrão de Lima, 16.585, Pampulha)

Quanto. Entrada gratuita

Programação

Hoje, das 20h às 23h
Abertura da exposição, com performances de Douglas Pego (20h) e Shima (21h
Sábado, às 15h
Churrasco no terreno anexo ao Museu, próximo à obra de Daniel Murgel

9/6, das 11h às 16h
Conferência Sobre a Formação do Artista no Brasil: Bolsa Pampulha e Outros Programas

Conheça um pouco mais sobre o Bolsa Pampulha através dos Catálogos de Exposição de 2003-2004 e 2005-2006 disponíveis na Biblioteca da Escola de Belas Artes da UFMG!!!

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