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A anacronia do presente

Em livro publicado pela Editora UFMG, Didi-Huberman propõe arqueologia crítica da história da arte com base nas relações entre imagem e tempo

Ewerton Martins Ribeiro

Diante do tempo: História da arte e anacronismo das imagens

Georges Didi-Huberman é um dos pensadores mais influentes no campo de estudos que se situa no cruzamento entre estética, filosofia e história da arte. Nas ciências humanas brasileiras, especificamente, assim como na área de linguística, letras e artes, sua leitura se popularizou com traduções publicadas pelas editoras 34 e Contraponto e se intensificou especialmente a partir de 2011, com a publicação deSobrevivência dos vaga-lumes, pela Editora UFMG.

O livrinho – que mobiliza uma postura de esperança face ao contemporâneo – fez-se um pequeno petardo ao propor reflexões que interessam a pesquisadores de áreas distintas (das belas-artes à história, da filosofia à literatura) e ao estabelecer um diálogo atualizado com intelectuais de diferentes gerações, como Walter Benjamin, Pier Paolo Pasolini e Giorgio Agamben.

Agora, cinco anos depois de Sobrevivência, a Editora UFMG dispõe nas prateleiras das livrarias brasileiras uma tradução inédita de Diante do tempo: História da arte e anacronismo das imagens, livro em que o historiador propõe uma arqueologia crítica da história da arte, partindo das relações entre imagem e tempo e dos valores de uso do tempo na história da arte.

Se no livro dos vaga-lumes Didi-Huberman investiu suas energias em defender a sobrevivência da imagem e da experiência no mundo contemporâneo (e em estabelecer os parâmetros dessa sobrevivência), em Diante do tempo, ele vai propor uma “semiologia não iconológica” para suas reflexões sobre a imagem: “uma semiologia que não fosse nem positivista (a representação como espelho das coisas), nem mesmo estruturalista (a representação como sistema de signos)”, escreve. Com isso, o crítico de arte põe em questão a própria ideia de representação, num “debate de ordem epistemológica sobre os meios e os fins da história da arte como disciplina”.

“Houve um investimento da Editora UFMG na compra dos direitos de tradução deste autor”, conta Roberto Said, vice-diretor da Editora. “Nesse sentido, já temos três novas publicações programadas: Atlas: o gaio saber inquieto, O olho da história e Quando as imagens tomam posição. Com esse investimento, a Editora UFMG provavelmente será, no Brasil, a que mais terá publicações da vasta obra do escritor”, comemora.

Futuro em mutação

Traduzido por Vera Casa Nova e Márcia Arbex, professoras da Faculdade de Letras, o livro agora publicado sugere que “sempre, diante da imagem, estamos diante do tempo” e nos propõe interrogar os objetos imagéticos do contemporâneo com olhares aguçados, perscrutando neles aquilo que, em anacronismo, eles nos contam sobre o tempo.

Na obra, Didi-Huberman vai dizer que, diante de uma imagem antiga, por mais antiga que ela seja, vemos o presente, que nunca para de se reconfigurar. Ao mesmo tempo, sentencia que, diante de uma imagem recente, por mais recente que ela seja, vemos da nossa parte o passado, que também nunca cessa de se reconfigurar, já que toda imagem só se torna pensável numa construção de memória.

Mais do que isso, Didi-Huberman nos provoca dizendo que, diante de uma imagem, seja ela antiga ou recente, vemos ainda o futuro – a ideia de futuro, em constante mutação. “Temos de reconhecer humildemente isto: que ela [a imagem] provavelmente nos sobreviverá”, diz. “Somos diante dela o elemento de passagem, e ela é, diante de nós, o elemento do futuro, o elemento da duração.”

Nesse sentido, “a imagem tem frequentemente mais memória e mais futuro que o ser que a olha”, diz Didi-Huberman, mas sem ver nesse achado um entrave para a investigação intelectual. Para o crítico, ao contrário, sendo a imagem um arcabouço anacrônico de tempos, ela se faz o objeto de excelência para a investigação do tempo presente e do seu anacronismo. Entrar em contato com essa multiplicidade temporal, assim, seria entrar “no saber que tem o nome de história da arte”, interessando-se pela arqueologia “do saber sobre a arte e sobre as imagens”.

Livro: Diante do tempo: História da arte e anacronismo das imagens
Autor: Georges Didi-Huberman
Editora UFMG
328 páginas

92% dos universitários preferem livro impresso, diz pesquisa

São Paulo – Se você é um leitor voraz, com certeza deve conhecer o prazer sem igual que é segurar um livro de papel em suas mãos e se deixar levar pela história impressa nele.

Você não está sozinho nisso. Uma recente pesquisa da American University, em Washington DC, Estados Unidos, mostra que mesmo hoje, com a possibilidade de leitura em várias plataformas digitais, como smartphones e tablets, e a forte presença dessa tecnologia na vida dos jovens, o livro de papel segue firme e forte entre os estudantes universitários, no que se refere a preferência.

Naomi Baron, professora de linguística da universidade, descobriu que 92% dos universitários preferem os livros impressos aos digitais para leituras sérias.

A pesquisa é parte do novo livro de Baron, Words Onscreen: the Fate of Reading in a Digital World (“palavras na tela: o destino da leitura no mundo digital”, em português). Ela e sua equipe entrevistaram 300 estudantes de países como EUA, Japão, Alemanha e Eslováquia.

Segundo a professora, a atividade da leitura no papel tem componentes singulares, como o “físico, tátil e cinestético”. (Cinestesia é o sentido que nos diz quando partes do corpo se movem.)

“Nos dados eslovacos, quando eu perguntei o que ‘você’ mais gosta nas cópias impressas, um em cada dez falaram sobre o cheiro dos livros”, disse Baron, em entrevista à New Republic.

Outra característica apontada pelos estudantes foi a sensação de realização ao concluir um livro e vê-lo na estante.

Mas por que a geração digital ainda prefere o livro de papel?

“Há dois grandes problemas”, disse a professora, na mesma entrevista. “O primeiro é que eles dizem se distrair [facilmente], se afastar para outras coisas. O segundo tem a ver com o cansaço nos olhos, dores de cabeça e desconforto físico.”

“Um argumento que os estudantes deram a favor da mídia eletrônica é a preservação do meio ambiente. Mas essa é uma coisa difícil de se medir bem. Se você lê 400 livros no tempo de vida útil do seu kindle, ele foi eficiente à energia? Provavelmente”, explicou.

“Mas há a questão de energia e reciclagem. Onde esses dispositivos são reciclados? Quem faz a reciclagem? Que tipo de equipamento de proteção eles têm? E sobre toda madeira que usamos para [fazer] o papel – nós sempre tivemos maneiras criativas de usar lascas de madeira ou outras coisas para fazer papel.”

O digital, entretanto, não foram jogados para escanteio. As novas plataformas são as preferidas para leituras de forte aspecto visual ou notícias

Fonte : http://exame.abril.com.br

O caminho e a câmera

Tese da Belas Artes mapeia e analisa o filme de estrada latino-americano contemporâneo

Itamar Rigueira Jr.

Fotograma de 'Diários de motocicleta', dirigido por Walter Salles: síntese do filme de estrada latino-americano
Fotograma de ‘Diários de motocicleta’, dirigido por Walter Salles: síntese do filme de estrada latino-americano

Por definição, uma viagem tem começo, meio e fim. Inclui a preparação e a partida, os acontecimentos do percurso e a chegada. Não necessariamente, essa rota se aplica ao cinema e, particularmente, aos filmes de estrada latino-americanos contemporâneos. Nessas produções, os personagens continuam suas viagens mesmo depois do “fim”. Não importa se atingiram seus objetivos ou se falharam.

Essa é uma das características encontradas nos filmes de estrada – nove obras de seis países da região, produzidas entre 1990 e 2010 – analisados pela jornalista e pesquisadora Mariana Mól Gonçalves, que defendeu tese na Escola de Belas Artes. Ela deparou com “sujeitos de suas próprias trajetórias”, pessoas de carne e osso, envolvidas em tramas simples, mas de alcance profundo.

Mariana Mól se debruçou sobre filmes de Brasil, Argentina, México, Uruguai, Equador e Cuba, além de Diários de motocicleta, de Walter Salles, produção que a autora do trabalho classifica de “pan-americana”. Depois de uma revisão bibliográfica em que reconhece a influência doroad movie consagrado nos Estados Unidos e de destrinchar as características históricas do cinema na América Latina, a pesquisadora dividiu os filmes de seu corpus em três grupos, de acordo com suas características mais fortes.

Motivação mínima

O primeiro bloco se destaca pelos “relatos mínimos”: questões humanas tratadas de forma singela em encontros e desencontros que seguem a lógica do tempo da viagem. “Esses deslocamentos não têm um objetivo grandioso, a motivação pode ser a vontade de seis amigos de ver o mar pela primeira vez”, exemplifica Mariana, referindo-se a El viaje hacia el mar, de Guillermo Casanova (Uru/Arg, 2003). Segundo ela, esse grupo apresenta uma característica comum a todos os filmes estudados, que é a produção enxuta, com aproveitamento máximo de recursos. Viajo porque preciso, volto porque te amo, de Marcelo Gomes e Karim Aïnouz (Bra, 2009), e Histórias mínimas, de Carlos Sorín (Arg/Esp, 2002), completam o bloco.

Se o road movie clássico é feito de carro ou moto, por uma ou duas pessoas, nos longas analisados as viagens envolvem muitas vezes mais gente, e os meios de transporte são variados – bicicleta, ônibus, caminhão, e há também quem vá a pé ou de carona. Família rodante, de Pablo Trapero (Arg/Bra/Esp, 2004), reúne 12 parentes em uma casa sobre rodas e expõe questões de gênero e geracionais. “O segundo bloco agrupa filmes com relações familiares mais intrincadas, também pautadas pela coprodução. Tendo mulheres como protagonistas, essas produções exploram com mais intensidade trilhas sonoras identificadas com o país onde a trama se passa”, explica Mariana Mól. O grupo é composto ainda de Guantanamera, de Tomás Gutiérrez Alea e Juan Carlos Tabío (Cub/Esp/Ale, 1995), e E sua mãe também, de Alfonso Cuarón (Méx, 2001).

Os três últimos filmes explorados por Mariana Mól simbolizam com mais intensidade um tipo de produção carregado de realidade. A pesquisadora lembra que o cinema latino-americano é herdeiro do Neorrealismo italiano, que mostrou a Europa destruída do pós-guerra, filmada do lado de fora. “Os cineastas daqui usam o espaço físico como elemento de realidade. E o realismo do conteúdo contagia a forma, ou seja, o modo de produção, baseado muitas vezes, por exemplo, no registro que mistura o documental e o ficcional”, ela comenta. Esse bloco é formado por Cinema, aspirina e urubus, de Marcelo Gomes (Bra, 2005), Que tán lejos, de Tania Hermida (Equ, 2006), e Diários de motocicleta (vários, 2004).

A obra de Walter Salles, que levou para as telas a viagem do jovem Ernesto Guevara com seu amigo Alberto Granado, sintetiza, de acordo com a pesquisadora, o perfil do filme de estrada latino-americano contemporâneo. “Sob o impacto de paisagens grandiosas, dois jovens entram em contato com índios, agricultores e outros explorados, e, por meio da viagem, tomam consciência da realidade. O filme mostra que toda viagem é transformadora”, afirma Mariana Mól.

Tese: Filmes de estradae América Latina: caminhos de uma estética e narrativa própria
De Mariana Mól Gonçalves
Orientadora: Ana Lúcia Andrade
Defendida em agosto de 2014, no Programa de Pós-graduação em Artes da Escola de Belas Artes

 Texto completo disponível na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações

As medidas da preservação : Tese da Escola de Belas-Artes avalia parâmetros de conservação do patrimônio histórico de Congonhas

Luana Macieira

Willi Gonçalves: busca de um modelo sustentável de conservação do patrimônio
Willi Gonçalves: busca de um modelo sustentável de conservação do patrimônio

Iluminação ambiente, temperatura, poluição e umidade relativa do ar são atores que impactam a integridade do patrimônio histórico. Compreender como essas influências externas agem sobre um dos principais santuários de Congonhas do Campo, para, a partir deles, formular parâmetros de conservação é o eixo da tese Métricas de preservação e simulações computacionais como ferramentas diagnósticas para a conservação de coleções: um estudo de caso no Sítio Patrimônio Mundial de Congonhas, Minas Gerais, Brasil, defendida por Willi de Barros Gonçalves junto ao programa de Pós-graduação da Escola de Belas-Artes da UFMG.

Como objeto de pesquisa, Willi Gonçalves analisou a capela da ceia do Santuário Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas, interior de Minas Gerais. O local, que foi eleito patrimônio histórico da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), conta com peças do barroco mineiro datadas do século 18.

“Escolhemos essa capela devido à importância histórica e cultural desse patrimônio, que recebe milhares de visitantes todos os anos. Além disso, como encontra-se próxima a uma região onde há mineração, ela sofre com a ação da poeira gerada pela atividade”, explica Gonçalves.

A pesquisa trabalhou em duas vertentes: as métricas de preservação e as simulações computacionais. A primeira etapa do estudo visou à obtenção de parâmetros quantitativos que facilitam as ações de quem trabalha com preservação de patrimônio. Esses parâmetros englobam variáveis ambientais que interferem na deterioração dos bens culturais, como iluminação, temperatura, poluição e umidade relativa do ar.

As medições feitas no ambiente analisado (no caso, o interior da capela da ceia), determinam como os agentes externos atuam sobre o patrimônio, indicando, assim, as melhores condições para que seja preservado.

Correntes de ar

Segundo o pesquisador, simultaneamente ao estudo das métricas de preservação, foram feitas simulações computacionais para avaliar como a deterioração ocorre no lugar. Foi estudada principalmente a ação das correntes de ar no seu interior.

“A capela que analisamos só tem uma entrada, porém a porta tem várias aberturas, o que faz com que haja correntes de ar circulando permanentemente no local. Por meio das ferramentas de simulação no computador, estudamos quais intervenções poderiam ser feitas na capela para melhor conservá-la”, diz.

Nas simulações, foram observadas as possibilidades de vedação da abertura da capela e de um sistema que puxasse o ar de fora para dentro apenas quando apresentasse condições favoráveis. Além das simulações em computador, foram feitos testes em um túnel de vento do Departamento de Engenharia Mecânica da UFMG.

“Usamos uma série de aparelhos para medir as condições do ambiente interno da capela. Uma das medições mais importantes foi um escaneamento feito com escaner 3D, que gera uma fotografia tridimensional e muito detalhada do ambiente. Com esse escaneamento, as simulações de computador e os testes no túnel de vento, conseguimos entender como o ar circula em volta das esculturas no interior

Sustentabilidade

Para Willi de Barros Gonçalves, apesar de inovador no Brasil, esse tipo de estudo em patrimônios históricos móveis e imóveis já foi feito em regiões da Itália e do Egito, importante, segundo ele, para a conservação sustentável dos patrimônios.

“A sustentabilidade dos sistemas de climatização é algo importante em um cenário de mudanças climáticas globais. Observando como o ar circula ao redor e dentro da capela, podemos criar modelos sustentáveis para que o local se conserve usando apenas a circulação natural ou forçada das correntes de ar, sem a necessidade de um sistema de ar-condicionado”, exemplifica.

No caso do Santuário Bom Jesus do Matosinhos, o pesquisador ressalta que as alternativas sustentáveis de conservação devem, também, focar na poeira gerada pelas mineradoras da região.

“Na capela, uma das nossas conclusões foi a de que as estratégias de conservação devem ser feitas pensando sempre no fato de que o ar que circula na região, em alguns meses do ano, apresenta elevado nível de sujeira e poluição oriundas da atividade mineradora. Esse é um dos grandes problemas que os métodos de conservação naquele local devem combater”, explica.

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Tese: Métricas de preservação e simulações computacionais como ferramentas diagnósticas para a conservação de coleções: um estudo de caso no Sítio Patrimônio Mundial de Congonhas, Minas Gerais, Brasil
Autor: Willi de Barros Gonçalves
Orientador: Luiz Antônio Cruz Souza

Arte Como Experiência – resenha

Magali Reis I; Luiz Armando Bagolin II


I – Professora, doutora e pesquisadora na área de educação da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais  magali_rei@pucminas.br
II – Professor, doutor e pesquisador na área de artes do Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo lbagolin@usp.br

Arte além do bem e do mal

JOHN DEWEY (trad. Vera Ribeiro; introd.: Abraham Kaplan) SÃO PAULO: MARTINS, 2010, 646 p.

arte como experiênciaA arte, desinteressada, alojada em um pedestal como obra de arte, distante da vida comum e cotidiana, é desinteressante como experiência estética efetiva, sendo louvável tão somente por lembrar que em sua origem ela participava dos modos de ver e de sentir dos indivíduos que a perfizeram. Para John Dewey, a compreensão da experiência estética verdadeira passa pela consideração de seu “estado bruto” quanto às formas de ver e ouvir como geradoras de atenção e interesse, e que podem ocorrer tanto a uma dona de casa regando as plantas do jardim quanto a alguém que observa as chamas crepitantes em uma lareira. Resultado de dez conferências proferidas entre o inverno e a primavera de 1931 na Universidade de Harvard, a obra Arte como experiência, publicada pela primeira vez em 1934, sob o título geral The later works of John Dewey, somente agora surge traduzida para a língua portuguesa. Não muito distante da visão pragmatista que permeia a sua obra filosófica e sua teoria pedagógica, a opinião construída sobre a experiência artística focaliza a necessidade de se considerar o prazer e a satisfação envolvidos nesta experiência, cujo impulso é dado pelo próprio contexto no qual se insere o indivíduo.

Fundamentalmente neo-hegeliana, a visão de Dewey sobre a arte reclama pelo total engajamento do artífice em relação ao produto que fabrica, assim como pela consciência sobre o seu processo. Partícipe da vida, a arte se dá sob novas formas e modos de percepção na atualidade, pois distante dos pedestais dos museus e instituições onde se expõe oficialmente, aparece em lugares incomuns, mas que propiciam a busca do prazer e o exercício da sensibilidade. Ou, como propõe o autor que as artes que têm hoje mais vitalidade para a pessoa média são coisas que não são consideradas artes como, por exemplo, filmes, jazz, quadrinhos e, com demasiada frequência, as reportagens de jornais sobre casos amorosos, assassinatos e façanhas de bandido.

Para que essa opinião, talvez um lugar comum para a nossa época – prenhe de performances e instalações – não escandalizasse o leitor da sua obra, ou a audiência primeira destas conferências, Dewey chama a atenção para a possibilidade de se considerar que, nas sociedades antigas, as “artes do drama, da música, da pintura e da arquitetura” não eram manifestações que habitavam teatros, galerias e museus. Antes, participavam da vida coletiva, ligando-se organicamente umas às outras – a pintura e a escultura com a arquitetura, por exemplo, a música e o canto com os ritos e cerimônias da vida de determinado grupo.

O argumento, em sua base, é hegeliano, pois a obra de arte enseja sempre uma participação entre aquilo que é obra – portanto, a parte material, sensível, que se “expõe para” – e a arte – ou seja, a ideia trazida pelo “Espírito”, que “se expõe em”. Em outros termos, a obra é “de arte” quando dela, obra, construção humana numa determinada sociedade, participa o “Espírito”, ou o “Em-Si e Para-Si”, não havendo mais possibilidade de que tal associação se produza em nossa época, para a qual a arte tornou-se um “objeto de consideração científica”. O que se vê nos museus como “obra de arte” é apenas um corpo oco, desabitado do “Espírito” que, outrora, dela, como obra, participara. A arte verdadeira, nos tempos dessa participação, segundo Hegel, não era, desse modo, entendida como arte, pois as pessoas ajoelhavam-se diante dela no interior dos templos, mirando o sagrado de que se revestia o “Inteligível”.

Servindo-se desse argumento, Dewey tenta demonstrar como é necessário distinguir entre esses objetos, elevados ao status de obras de arte, mas separados da experiência temporal e social de sujeitos contemporâneos, e as formas novas de sensibilidade, na verdade, específicas e adequadas, pois não são universais, mas se justificam em cada época, permitindo a esses sujeitos expressarem a própria condição de vida. Para o autor, entretanto, a dessacralização da arte, entendida como experiência apartada da vida humana, foi agravada pelo capitalismo, cuja “influência” se fez sentir na instituição da arte: “O crescimento do capitalismo foi uma influência poderosa no desenvolvimento do museu como o lar adequado para as obras de arte, assim como na promoção da ideia de que elas são separadas da vida comum”. Associado ao materialismo crescente sobre as sociedades modernas, o capitalismo “enfraqueceu ou destruiu o vínculo” das obras de arte com os seus respectivos contextos de origem, o genius loci dos quais eram essas obras a “expressão natural”. A ruptura desse vínculo, segundo o autor, determinou a abertura de um “abismo entre a experiência comum e a experiência estética”, produzindo um esteticismo desenfreado que muito tem a ver com os modos de operar do comércio e do mercado, mas pouco com a experiência da arte. Teorias estéticas já existentes, as muitas, só ajudaram a aprofundar esse abismo. Portanto, para o autor, deve-se buscar a compreensão a partir de um “desvio”, dirigindo-se diretamente à experiência, solo comum, de onde as obras advêm. Indaga-se, de início, pela natureza da experiência como concernida à vida e às condições para a sua existência. Em primeiro lugar, na lista dessas condições, há um ambiente, um lugar no qual a vida surge e com o qual ela interagirá o tempo todo. Para Dewey, os “lugares-comuns biológicos são as raízes da estética na experiência”. Esta é resultante de um processo de adaptação pelo qual a vida busca a expansão (não a contração ou a acomodação), enfrentando todas as hostilidades e percalços ao seu desenvolvimento.

Por isso, os seres acolherão a ordem, em meio a um mundo que opera segundo o caos e a desordem, incorporando-a em si mesmos e compartilhando-a em suas ocorrências exteriores: a ordem sendo produzida em toda parte, também se produz fora dos seres. No homem, “a perda da integração ao meio” ou a impossibilidade de partilhar tal ordem geram sentimentos como a emoção, caso se ofereça a ruptura; ou a reflexão, caso seja gerada a discórdia. “Tensão e resistência” ativam, como potencialidade, a experiência para o artista, e como problema, a experiência para o cientista, embora esse processo possa ser invertido para ambos, por se originar a experiência, segundo o autor, do mesmo enraizamento: “o pensador tem seu momento estético quando suas ideias deixam de ser meras ideias e se transformam nos significados coletivos dos objetos. O artista tem seus problemas e pensa enquanto trabalha”. No entanto, o pensamento no artista ocorre em tal consonância com os meios que ele utiliza, que parece haver, entre pensamento e objeto, uma fusão em um só termo. Sem confusão, a experiência estética verdadeira enseja a harmonia, obtida desde que haja “de algum modo, um entendimento com o meio”. A arte que interessa realmente surge a partir do poder de realização de novas adaptações, perfazendo-se como experiência estética – portanto, significativa – em um tempo que é tão somente o de seu presente, consoante ao desfrute ou ao gozo que ela proporciona -, por conseguinte, não duradoura, mas não apartada do mundo. A experiência é, assim, sempre tratada como positiva, na medida em que, para o autor, só tende a incrementar a vida. A positividade proposta para a experiência bruta, primeira, implica que se considerem todos os sentidos ativos no mundo e com “o mundo dos objetos e acontecimentos”, no qual o “eu” busca o ritmo e a ordem livrando-se do caos: “a experiência é a arte em estado germinal”.

Mas é preciso que se note que os sentidos sofreram o mesmo tipo de separação que se deu com as formas de vida em suas representações institucionais, econômicas e jurídicas. Valorizados aqueles que se subordinam ao intelecto, desprezados aqueles que se distanciam da razão, em geral os sentidos são usados mecanicamente, sem que nos apercebamos disto. O uso dos sentidos recupera o seu sentido originário quando abarca e interpenetra todas as coisas do mundo, levando a “criatura” a experimentá-las, apontando os seus significados.

Discordando da posição kantiana, para quem a natureza produz efeitos e não obras, Dewey propõe o ninho do pássaro e o dique do castor como exemplos de “processos do viver” dos quais emerge a arte, sem que haja a necessidade de distingui-los no homem. Afirmada neste, como qualidade distintiva, a consciência é o agente promotor da transformação de materiais e energias da natureza em arte, sendo conduzida como experiência estética, pois envolve a participação ativa de todos os sentidos. A transitividade entre a sensação dos sentidos e o ambiente ou meio para a deflagração da experiência estética permite que o autor retome a noção romântica do artista absorto, imerso na natureza e a ela intrinsecamente ligado: W. H. Hudson, Emerson. O sublime, para Dewey, é o denominador comum entre a experiência estética e a religiosa, uma vez que ainda defende o sentimento extasiado como sumo efeito dos processos de interação da vida biológica (e não da espiritual) com o meio, nos quais a experiência artística é fulcro para os sentidos e a consciência, que se traduziram em ato sobre determinada matéria.

O pensamento tem papel fundamental nessa transitividade, pois proposto como movimento contínuo, seguido das teorias de seu amigo William James, permite ser representado pari passu às representações do sublime, em imagens anímico-climáticas, nas estéticas do século XIX. Ininterrupto, produzido em ondas, o pensamento só não é condutivo da experiência e conclusivo quando premido pela precipitação da vida apressada que o empobrece, enfraquecendo aquela ou sobre ela produzindo uma “interferência”. Dewey parece querer reivindicar a superação da dicotomia entre produção e recepção da obra de arte presente na estética kantiana, a produção a encargo do artista, gênio dotado de poderes de imaginação; a recepção a encargo do público, depois de mediada pelo juízo. Para o autor, quando a produção da obra de arte é desfrutada na experiência ou durante o processo de sua execução, o artista incorpora em si a mesma atitude do espectador. Este deve ser estimulado a refazer as “relações vivenciadas pelo produtor original” para perceber “o processo de organização consciente vivenciado pelo criador da obra”. Para Dewey, o espectador deve utilizar a obra de arte, que atesta uma experiência alheia, para criar a própria experiência, o que a potencializa como um ato de recriação significativa.

De maneira semelhante, é preciso superar a dicotomia entre matéria e forma presente em teorias estéticas ora “idealistas”, ora “sensualistas” que confirmariam a “falácia” contra a unidade dos dois termos na experiência. A superação dessa dicotomia faz com que se passe para a próxima, que rigorosamente é o cerne da discussão proposta pela estética de Dewey: a separação entre sujeito e objeto, tal como foram discriminados pela filosofia, não faz sentido para o verdadeiro conceito de experiência, uma vez que, para esta, corresponderiam o organismo e o meio ambiente, termos que, integrados na verdadeira experiência, como já referido, interagem de modo equilibrado. Os excessos contingentes, tanto de um lado como de outro, explicariam os defeitos numa obra de arte.

De todas as teorias filosóficas da arte, talvez a que mais se aproxime da estética de Dewey, segundo o que ele mesmo afirma neste livro, seja a da “teoria da arte como brincadeira”. Pelo menos aí haveria o reconhecimento da “necessidade da ação, do fazer algo”. Não há arte, para Dewey, sem a noção fundamental de que a ação permite a passagem do não ser para o ser, noção que é basilar também para o conceito de experiência. O “gatinho” brinca com o novelo de lã e esta brincadeira não difere muito da de uma criança pequena. Mas ao contrário do que ocorre com um animal, a manifestação da brincadeira no homem adquire em algum momento a necessidade de ordenação da experiência, transformando-se de brincadeira em jogo e, deste, em trabalho, embora não identificado com o cansaço e a labuta penosa. A experiência que deflagra a atividade artística, para Dewey, não pode ser coercitiva, mas livre e prazerosa, implicando não o trabalho em sua forma usual, pejorativo, mas sob a forma de uma experiência estética. Nisso, não difere muito o autor de Kant, do qual muitas vezes parece querer afastar-se, pois a “terceira crítica” kantiana expõe explicitamente a oposição entre “bela-arte”, ou “arte livre”, e “artesanato”, ou “arte remunerada”. A primeira, como jogo ou atividade que em si mesmo é prazerosa; a segunda, como gozável apenas em razão de um interesse atendido ou da expectativa de um valor aferido e satisfeito depois da atividade cumprida, mas não uma atividade deleitável por ela mesma.

A aproximação entre arte e brincadeira refaz, portanto, o vínculo entre arte ou experiência estética e “desinteresse”, conceito-chave das estéticas oitocentistas, pois a experiência da consecução da obra de arte deve necessariamente ter seu foco nela mesma como critério de exposição de sua unidade interna, o que seria difícil caso o propósito da interação entre sujeito e objeto, forma e matéria, estivesse colocado fora da experiência. Um interesse alheio a esta, como seu deflagrador, poderia ser lido logicamente como outra experiência, o que implicaria admitir que a experiência da arte não é livre, pois subordinada a interesses exteriores a ela, o “organismo”, portanto, não interagindo livremente e em reciprocidade com o “ambiente”.

Também, o papel da crítica como instrumento de mediação, como auxiliar para a “reeducação da percepção das obras de arte”, é resgatado por Dewey com base em Kant, embora o autor descarte a função moralizadora do juízo, suas “aprovações ou desaprovações”, “classificações e condenações”. “A função moral da própria arte é eliminar o preconceito”, propõe Dewey, dirigindo também ao crítico esta função, porque acredita que o juízo verdadeiro acerca da obra artística nasce da experiência de sua recriação, como reordenação da experiência que a gerou no organismo de quem dela provar. Para que a experiência da arte seja vivenciada pelo indivíduo livre, é necessário que a considere alienada em relação à “prática da moral”, que produz as ideias de “louvor e de censura”, de “recompensa e de castigo”. Indiferente a tais ideias, a arte, ainda pensada de forma idealizada por Dewey, é colocada como uma experiência acima do bem e do mal.

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A obra A Arte como Experiência de John Dewey está disponível para empréstimo n Biblioteca da Escola de Belas Artes  e na biblioteca da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas.

Tese premiada pela Capes analisa produção, uso e preservação de manuscritos pintados do século 18

A tradição medieval dos manuscritos ornados – com pinturas e caligrafia caprichada, entre outros elementos – manteve-se com força no século 18 em Portugal e no Brasil, mesmo passado longo tempo do advento da imprensa. Documentos produzidos dessa forma conferiam distinção e, portanto, eram mais eficientes do ponto de vista da comunicação e tinham mais chances de serem preservados.

Para entender como se produziam, usavam e preservavam esses manuscritos, a professora Márcia Almada, da Escola de Belas-Artes, percorreu arquivos e bibliotecas de Brasil, Portugal e Espanha. O trabalho resultou na tese Das artes da pena e do pincel: caligrafia e pintura em manuscritos no século XVIII, defendida em 2011, e vencedora do Prêmio Capes de Tese da área de História. A solenidade de premiação será na próxima quinta, 13, em Brasília.

A partir do Tratado de caligrafia, publicado por Manoel de Andrade de Figueiredo em 1722, em Portugal, a pesquisadora buscou as referências para o trabalho dos profissionais da atividade escrita. “Cheguei então aos espanhóis, porque havia estreita ligação entre a caligrafia espanhola e a portuguesa, devido, em grande parte, ao bilinguismo que reinava na Península Ibérica”, conta Márcia Almada.

Ela acrescenta que na Espanha há grande quantidade de estudos que traçam as redes sociais de escrivães e calígrafos. Um grupo principal atuava em forte proximidade à Corte, e muitos eram amigos de Velásquez, Calderón de la Barca e Lope de Vega. Em Portugal, Manoel de Figueiredo ensinava a filhos de fidalgos e também frequentava os círculos do poder. Isso mostra, segundo Marcia, a importância da escrita adornada para a distinção social.

“Além desses calígrafos de elite, havia uma enormidade de outros profissionais que não se destacaram. E eles atendiam a uma demanda que não era apenas de grupos sociais mais favorecidos. A clientela incluía grupos de negros – escravos ou libertos – e pardos. Pessoas iletradas também valorizavam os manuscritos adornados”, salienta a professora do curso de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis.

Compromissos de irmandades
Para delimitar o universo de suas pesquisas, Marcia Almada escolheu os chamados “compromissos de irmandades”, estatutos de organizações que regiam a vida social e religiosa de grupos diversos. Os estudos mais aprofundados sobre os documentos levaram à categorização de três estilos principais encontrados nos manuscritos produzidos sob encomenda das irmandades de Minas Gerais, na primeira metade do século 18.

Outra forma de concentrar a investigação foi a opção pela análise dos trabalhos do calígrafo tratado na tese como “o calígrafo/pintor de Vila Rica” – como a maioria dos trabalhos não era assinada, os pesquisadores recorrem a formas alternativas para identificar os profissionais. A escolha foi motivada, entre outros fatores, pelo fato de que um manuscrito desse calígrafo, datado de 1725, revela forte influência do tratado de caligrafia de Manoel de Figueiredo, publicado apenas três anos antes.

“Isso me intrigou, porque esse intervalo era curto, na época, para que um profissional tivesse acesso, em Minas Gerais, a uma obra editada em Portugal. Ainda pretendo descobrir como ele tomou conhecimento do tratado, se teria encomendado um exemplar em Lisboa, ou mesmo se, na verdade, o pintor de Vila Rica teria sido português, recém-chegado ao Brasil”, explica Márcia. Ela conta também que encontrou em Portugal um outro manuscrito do mesmo autor realizado no mesmo ano de 1725, o que foi especialmente valioso para suas pesquisas. “Quase chorei quando descobri o documento”, ela diz. Em trabalhos realizados nove anos depois, “foi possível perceber o aprimoramento técnico, embora ele ainda usasse os mesmos padrões na caligrafia e nas pinturas.”

‘Agentes iletrados da escrita’
A pesquisa de Marcia Almada proporcionou uma série de descobertas relacionadas ao processo de produção dos manuscritos. A análise dos textos revelou, por exemplo, as diferenças com relação à grafia das palavras. “Era uma época de normatização do idioma, que viria a se consolidar no final do século 18, com as políticas educativas de Marquês de Pombal, e várias formas de escrever ainda eram aceitas. O ensino, incluindo os materiais, não tinha uniformidade”, explica a pesquisadora.

Márcia comenta também que não era preciso saber ler e escrever para trabalhar como calígrafo, e os próprios manuais previam que bastava saber desenhar. “Esses profissionais eram os agentes iletrados da escrita, que denominei ‘desenhistas iletrados’. Os manuais recomendavam que se usassem moldes e se recorresse a uma pessoa letrada para conferir o resultado final”, diz Marcia Almada.

A partir de 1761, ela conta, os documentos das irmandades seguiam para Lisboa, para aprovação dos órgãos administrativos, como o Conselho Ultramarino, que se encarregava dos domínios coloniais. Trabalhos bem executados, com capitulares bem desenhadas e tinta de boa qualidade, mostravam capacidade operativa das irmandades. “O prestígio conferido por um documento adornado corresponde à forte valorização, pela sociedade setecentista, da visualidade, como comprovam as igrejas, os cortejos e os monumentos efêmeros”, destaca Marcia Almada. Com bolsas da Fapemig e da Capes, ela pesquisou em instituições portuguesas como a Biblioteca Nacional de Lisboa, a Torre do Tombo – que guardam documentos da biblioteca real –, o Arquivo Histórico Ultramarino e a Universidade de Coimbra. Na Espanha, visitou a Biblioteca Nacional e a Biblioteca da Residência de Estudiantes, que guarda o acervo do antigo museu pedagógico e conserva uma coleção consistente de manuais de caligrafia, impressos e manuscritos. No Brasil, explorou sobretudo estantes e armários do Arquivo Público Mineiro e dos arquivos eclesiásticos de Ouro Preto, Mariana e São João del-Rey.

Múltiplos suportes
Entre os aspectos que garantem o caráter inovador da tese de Marcia Almada, ela ressalta a exploração dos compromissos de irmandades, que haviam sido mais estudados por historiadores, privilegiando o aspecto textual, e a metodologia que lança mão de suportes múltiplos do conhecimento, como a história cultural, a história da arte, a paleografia e história material.

Ela considera que dispõe hoje de um inventário muito relevante do repertório estético dos calígrafos que trabalhavam no Brasil, especialmente em Minas Gerais. E que esse material pode servir de ponto de partida para uma série de outros estudos, da análise química dos pigmentos à trajetória da cultura visual daqueles profissionais. “Ainda há muito o que estudar”, diz Marcia Almada, que ainda não definiu o caminho das investigações do pós-doutorado que será financiado pelo Prêmio Capes de Tese.

Tese: Das artes da pena e do pincel: caligrafia e pintura em manuscritos no século XVIII
De Márcia Almada
Orientadora: Júnia Ferreira Furtado
Defesa em 15 de julho de 2011
Programa de Pós-graduação em História

(Itamar Rigueira Jr.)

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Assim que disponível em formato digital, divulgaremos aqui o link para a obra!

Livros de arte e correlatos no SciELO Books

A SciELO – Scientific Electronic Library Online (Biblioteca Científica Eletrônica em Linha) é um modelo para a publicação eletrônica cooperativa de periódicos científicos na Internet. Especialmente desenvolvido para responder às necessidades da comunicação científica nos países em desenvolvimento e particularmente na América Latina e Caribe, o modelo proporciona uma solução eficiente para assegurar a visibilidade e o acesso universal a sua literatura científica, contribuindo para a superação do fenômeno conhecido como ‘ciência perdida’. O Modelo SciELO contém ainda procedimentos integrados para medir o uso e o impacto dos periódicos científicos.

A SciElo, além de periódicos científicos, disponibiza livros através da Rede SciELO Livros.

A Rede SciELO Livros visa a publicação online de coleções nacionais e temáticas de livros acadêmicos com o objetivo de maximizar a visibilidade, acessibilidade, uso e impacto das pesquisas, ensaios e estudos que publicam. Os livros publicados pelo SciELO Livros são selecionados segundo controles de qualidade aplicados por um comitê científico e os textos em formato digital são preparados segundo padrões internacionais que permitem o controle de acesso e de citações e são legíveis nos leitores de ebooks, tablets, smartphones e telas de computador. Além do Portal SciELO Livros as obras serão acessíveis por meio dos buscadores da Web e serão publicados também por portais e serviços de referência internacional.

Esta redeA Rede SciELO Livros interopera e compartilha objetivos, recursos, metodologias e tecnologias com a Rede SciELO de periódicos científicos de modo a contribuir com o desenvolvimento da comunicação científica em ambos meios de publicação.

No site, é possível acessar a lista completa ordenada pelo título ou pelo autor. Ainda conta com motores de busca.

Segue abaixo livros encontrados na SciELO Livros pertinentes à Escola de Belas Artes da UFMG.

Dança na cultura digital / Ivani Santana

EDUFBA, 2006

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É impossível pensar o ser humano contemporâneo se não imerso em um ambiente naturalmente híbrido: biológico e tecnológico em constante interação. É esse o convite que o trabalho de Ivani nos faz, observar o corpo dançando ao sabor da tecnologia, numa metáfora para essa relação. O título é um dos primeiros livros sobre o tema lançado pela Editora.

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Cultura negra em tempos pós-modernos / Marco Aurélio Luz. 3. ed.

EDUFBA, 2008

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Reúne artigos e ensaios abordando o significado dos processos culturais das tradições africanas nas Américas, na atualidade.

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Design e ergonomia: aspectos tecnológicos / Organizadores Luis Carlos Paschoarelli e Marizilda dos Santos Menezes.

Editora UNESP, 2009

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Nesta coletânea são apresentadas diferentes questões, métodos de abordagem e demandas para a aplicação da Ergonomia no Design. A evolução tecnológica observada nas últimas décadas proporcionou inúmeros benefícios para o aumento na qualidade de vida das pessoas, mas também resultou em vários problemas de interface tecnológica, os quais geram constrangimentos, acidentes, e frustração aos consumidores. Tais questões são analisadas no livro, no qual se destacam temas de grande atualidade, como por exemplo: o uso de equipamentos médico-hospitalares por indivíduos obesos e de cadeiras de rodas por indivíduos idosos; as avaliações ergonômicas de espaços e equipamentos escolares; as dificuldades de leitura em rótulos e bulas de embalagens; o uso de colete de proteção nas atividades policiais, de calçados femininos com salto alto ou da poltrona do motorista de ônibus urbano, entre outros. Os artigos relatam pesquisas desenvolvidas no Programa de Pós-graduação em Design da UNESP, Campus Bauru, e ressaltam a importância da aplicação da ergonomia no design de produtos e sistemas, com a finalidade de se desenvolver tecnologias para melhorar a qualidade de vida humana.

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Design e planejamento: aspectos tecnológicos / Organizadores Luis Carlos Paschoarelli e Marizilda dos Santos Menezes.
Editora UNESP, 2009

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Os trabalhos apresentados neste livro resultam da linha de pesquisa O Planejamento de Produto, vinculada ao Programa de Pós-graduação em Design (PPGDesign) da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da UNESP. Demonstram as muitas possibilidades dessa área, partindo dos novos conceitos de Design, muitas vezes chamado de Design Cultural, Design Étnico ou Design Vernacular. Tais designações se referem à produção cultural humana, independente da forma de produção (industrial ou manual) ou do estagio de avanço tecnológico em que se encontra o grupo étnico que o produz. Destacam-se na obra trabalhos sobre o Design Étnico, a Gestão de Design, a pratica profissional, as metodologias dos projetos, o Design de Moda, o Design de Superfície, e ainda as tecnologias computacionais e a arquitetura no design. Olhares diversos como esses permitem vislumbrar novos cenários e sujeitos, com a introdução de tecnologias inovadoras, novos materiais e processos, fatores que devem ser considerados e discutidos quando se ensina, pesquisa e projeta.

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Design, empresa, sociedade / Paula da Cruz Landim.

Editora UNESP, 2010

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O objetivo desta pesquisa foi verificar até que ponto a formação acadêmica ministrada nos cursos de design responde aos anseios da sociedade e do setor produtivo e o de coletar subsídios para a discussão da situação do ensino de design no Brasil e elaboração de estratégias que permitam sua melhoria de maneira a ter profissionais adequados ao desenvolvimento de produtos que, embora com a marca da nossa realidade e cultura, sejam também universais.

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O fazer-dizer do corpo: dança e performatividade / Jussara Sobreira Setenta.

EDUFBA, 2008

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Importante contribuição para a construção do entendimento da dança como área do conhecimento. Resultado de estudos e pesquisas de alguém que vem, de muito, instigada com a busca de uma compreensão da realidade a partir de formas contemporâneas de percepção e visão de mundo onde a arte, e portanto, a dança, emerge como um sistema de alta complexidade.

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Francisco Brennand: aspectos da construção de uma obra em escultura cerâmica / Camila da Costa Lima

Editora UNESP, 2009

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O tema deste livro é a obra do consagrado artista pernambucano Francisco Brennand, com enfoque em sua escultura cerâmica – seu processo de concepção e realização, bem como a relação da escultura com as demais linguagens e técnicas trabalhadas pelo artista. Além de investigar vários aspectos biográficos relevantes para o entendimento da produção de Brennand, a autora estuda as diversas técnicas empregadas por ele empregadas no desenho, na pintura, nos murais e na escultura cerâmica, trazendo à tona características que permeiam toda a sua obra e constituem um “estilo brennandiano”.

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Laurindo Almeida: dos trilhos de Miracatu às trilhas em Hollywood / Alexandre Francischini.

Editora UNESP, 2009

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Dos trilhos às trilhas é mesmo a história deste livro que descortina a vida e obra do compositor, arranjador e violonista Laurindo Almeida. A narrativa acompanha a trajetória do músico, desde o seu nascimento e infância, ao lado da via férrea, na pequena Miracatu, no litoral paulista, passando pelo Rio de Janeiro das décadas de 30 e 40, no auge da “Era do Rádio”, até sua emigração para os EUA, onde se tornou um dos músicos brasileiros de maior renome, tendo recebido, dentre inúmeros outros prêmios, o Oscar do cinema americano. O autor investiga ainda os motivos que teriam levado Laurindo Almeida – um dos violonistas mais influentes do século XX, segundo algumas enciclopédias da música-, a ocupar um lugar secundário na historiografia da música brasileira. O livro também inclui o levantamento e a catalogação de sua discografia.

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Mulheres recipientes: recortes poéticos do universo feminino nas artes visuais / Flávia Leme de Almeida.

Editora UNESP, 2010
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Mais um lançamento da Coleção Propg Digital, por meio do selo Cultura Acadêmica, Mulheres recipientes se configura como uma obra de grande sensibilidade ao realizar a interseção entre a arte e os sentimentos femininos. Resultado da dissertação de mestrado de Flavia Leme de Almeida, é necessário destacar que este livro não se restringe às generalidades de “estudos de gênero”. A proposta aqui extrapola este conceito. A autora faz uma análise múltipla: como a mulher enxerga a vida e como ela se expressa? Como o feminino aparece na arte? A partir destas questões fundamentais ela vai até os povos ancestrais, desvelar as primeiras esculturas votivas de evocação à fertilidade. Em seguida, faz um estudo de artistas mulheres contemporâneas, evidenciando como cada uma exprime suas angústias e experiências através de suas obras, destacando Frida Khalo, Louise Bourgeois, Celeida Tostes, entre outras. Por fim, Flavia Leme faz uma autoavaliação do próprio trabalho como artista, exprimindo seu processo de criação. Mulheres recipientes realiza um estudo corajoso, que não hesita em revelar para o leitor as aflições, pensamentos e projeções do feminino. Ao analisar a arte, este livro toca no íntimo de muitas mulheres e descobre experiências que não poderiam ser conhecidas de outra forma.

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Mulheres em foco: construções cinematográficas brasileiras da participação política feminina / Danielle Tega.

Editora UNESP, 2010

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O cinema como objeto de estudo para verificar o modo pelo qual a resistência política à ditadura militar foi representada no período a ela posterior, dando destaque à participação feminina. A análise fílmica possibilitaria observar quais elementos estariam presentes em cena para retratar tal questão, e os estudos de gênero permitiria debater de que forma as relações sociais entre os sexos eram abordadas nos filmes selecionados. Trata-se, portanto, de compreender não apenas como a resistência à ditadura é representada, mas, sobretudo, como esse passado é reconstruído nas diversas formas em que pode ser materializado pela perspectiva feminista, considerando que esta trabalha com elementos fundamentais na luta em torno da memória e pelo reconhecimento de histórias esquecidas. Nesse sentido, procuro privilegiar os pontos onde se cruzam os estudos da memória e o pensamento feminista, visto que este atinge profundamente as necessidades de um resgate histórico ao denunciar o esquecimento de reivindicações, lutas e ações das mulheres.

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O poder da cultura e a cultura no poder: a disputa simbólica da herança cultural negra no Brasil / Jocélio Teles dos Santos.

EDUFBA, 2005

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O livro discute as políticas públicas na área de cultura, no período dos anos 60 aos anos 90, demonstrando como os símbolos afro-brasileiros foram sendo ressignificados, a partir do estabelecimento de novas demandas, seja pela política institucional ou pelos movimentos negros. Trata-se de um estudo pioneiro, principalmente quando analisadas a dinâmica da sociedade brasileira e as mudanças na adoção da simbologia de origem africana por distintos atores sociais.

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Paisagens sígnicas: uma reflexão sobre as artes visuais contemporâneas / Maria Celeste de Almeida Wanner.

EDUFBA, 2010

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Arte, inovação, educação, ciência, medicina, comunicação, literatura, são alguns dos ingredientes que irão compor esse evento, tornando-o uma grande oportunidade de intercâmbio entre as diversas áreas. Isso sem falar no local da ocasião, o Museu de Arte da Bahia, importante patrimônio cultural do nosso p

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Tecnologia da conservação e da restauração – materiais e estruturas: um roteiro de estudos / Mário Mendonça de Oliveira. 4. ed. rev. e ampl.

EDUFBA, 2011

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Conservar a memória da produção arquitetônica humana é o tema deste livro, que apresenta, através de minucioso trabalho, uma simplificação de conteúdos de autores renomados, procurando facilitar a árdua tarefa do aprendizado científico, combinada com observações do dia-a-dia no laboratório e de canteiros de restauro brasileiros, nos quais os pontos destacados coincidem com os temas afrontados na prática do exercício profissional.

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Projeto da Unesp dispõe livros acadêmicos para download gratuito

O professor te recomenda leituras extras, mas a grana é curta e comprar os livros se torna algo impraticável. Solução? O site Cultura Acadêmica oferece um catálogo bastante variado, com cerca de 70 títulos no total, distribuídos em temas como Agronomia, Ciências Humanas, Literatura, Arte, Design e Tecnologia.

O projeto surgiu há alguns anos como um selo da Fundação Editora Unesp, que tem como carro chefe a Editora Unesp, existente desde 1987. No entanto, a principal diferença do Cultura Acadêmica é a sua versão digital, que auxilia na ampliação de projetos acadêmicos por meio de downloads gratuitos dos livros. Para baixar as obras, basta se cadastrar no site.

Todos os conteúdos disponíveis foram produzidos nas Faculdades que integram a Unesp e receberam uma supervisão de peso, formada por um conselho editorial e uma comissão científica durante todo o processo de elaboração.