Instituição colocou na rede imagens em alta qualidade e informações sobre mais de mil obras e 122 cartas manuscritas
17 de setembro de 2012 | 16h 05
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O Museu do Prado colocou na internet à disposição do público nesta segunda-feira, 17, todo o catálogo da obra do famoso pintor Francisco de Goya, dentro de uma seção exclusiva do site da pinacoteca de Madri (http://www.museodelprado.es/goya-en-el-prado).
Em um comunicado, o museu e seu patrocinador, a Telefónica, assinalaram que colocaram na rede imagens de alta qualidade e informações sobre as “mais de mil obras e sobre as 122 cartas manuscritas guardadas no Prado”.
O Prado abriga a maior coleção de pinturas de Goya do mundo, abrangendo mais da metade de toda a obra conhecida do autor de La Maja Desnuda.
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Sugestão de leitura disponível na biblioteca da Escola de Belas Artes
GOYA, Francisco; GOYA, Francisco. Tout l’oeuvre peint de Goya. Paris: Flammarion, c1976. 144p. (Les Classiques de l’Art)
CHABRUN, Jean-François; GOYA, Francisco. Goya. London: Thames and Hudson, c1965. 289p. (The World of Art Library)
DELACROIX, Constable, Goya. 2. ed. São Paulo: Nova cultural, 1991. 76 p. (Os grandes artistas. Romantismo e impressionismo.)
FORMAGGIO, Dino; GOYA, Francisco. Goya. Paris: Larousse, 1960. 1v. (Les Plus Grands Peintres)
GOMEZ DE LA SERNA, Ramon. Don Francisco de Goya y Lucientes. Buenos Aires, Editorial Poseidón, s.r.l. [1942] 95 p. (Biblioteca argentina de arte [1])
GOYA, Francisco. Francisco Goya (1746-1828).. São Paulo: Abril Cultural, 1977 32p. (Mestres da Pintura)
GOYA, Francisco; FOLHA DE S. PAULO (JORNAL). Goya. Barueri, SP: Editorial Sol 90, 2007. 96 p. (Coleção Folha grandes mestres da pintura ; 5)
GOYA, Francisco; GOYA, Francisco. Tout l’oeuvre peint de Goya. Paris: Flammarion, c1976. 144p. (Les Classiques de l’Art)
GOYA, Francisco; LACASA, Pablo Rico. Goya: [gravuras]. Bahia: MAM, [19–?] [32] p.
GOYA, Francisco; OLIVEIRA, Leônidas José de; CARVALHO, Tereza Bruzzi de. Os caprichos de Goya. [Belo Horizonte: PBH; Instituto Cervantes, 2011]. 42 folhetos
GOYA, Francisco; SALAS, Javier de. Los proverbios de Goya. Barcelona: Editorial G. Gili, [1967] viii p., 22p. de lams. : il.
HUGHES, Robert; MAGALHÃES, Tuca. Goya. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. 497 p.
LEWES, Henry; MULLINS, Edwin; ANGEL, Robert. El Greco to Goya. Northbrook, Ill.: The Roland Collections of Films and Video on Art, c1974 1 video-cassete (28 min.) : son., color. (The National Gallery. A private view; n. 9)
LORENTE, Jesus-Pedro. Melhor da arte neoclassica y Goya. Lisboa: G & Z Edições, 1998 47 p. (O mehor da; n.23)
OSTROWER, Fayga. Goya : artista revolucionario e humanista. São Paulo: Imaginario, 1997. 79 p. (Biblioteca do imaginario)
PEREZ SANCHES, Alfonso E.; GALLEGO, Julian FUNDACION JUAN MARCH. Goya: the complete etchings and lithographs. Munich; New York, USA: Prestel, c1995. 263 p.
A Galeria de Arte da Copasa recebe a exposição “Horizontes” do gravador Tales Bedeschi. Promovendo um diálogo entre as xilogravuras e fotografias de intervenções urbanas, o artista fala sobre as mudanças ocorridas na paisagem, tendo a cidade como protagonista.
A relação entre a presença e a ausência poética, que permeada pelo artista, possibilita inúmeras interpretações. Ao mostrar imagens de prédios que tomaram o lugar antes ocupado pelas montanhas e pelo céu, Bodeschi representa o ritmo das mutações visuais ocorridas comumente na metrópole. Podendo também, ocorrer o caminho inverso, em outras figuras, quando o céu e as montanhas vão recuperando seu espaço, utopicamente, remetendo a um passado remoto, antes da interferência humana.
Bedeschi propõem uma exposição, que pela primeira vez, terá os trabalhos em xilogravuras e as fotografias tiradas de suas intervenções urbanas. Trata-se de uma proposta de um artista que tanto representa a paisagem da cidade, em gravuras, assim como modela a própria paisagem com intervenções urbanas. “É uma experiência que eu estou testando, colocar em um mesmo ambiente, na Galeria, trabalhos de naturezas diferentes”. O artista ainda comenta que para os dois tipos de trabalho são necessárias estratégias de ações diferentes. “Nas intervenções você atua diretamente no espaço público, interrompendo o fluxo comum de uma pessoa, que se depara com algo inusitado. Já nas xilogravuras é necessária a estrutura de uma galeria. Para o artista, a galeria não é o único, mas é um dos locais de trabalho que tem uma ambientação que propõe a quem visita um recolhimento. “Algumas reflexões são possíveis por meio do estado contemplativo, explica.
Sobre o artista
Tales Bedeschi é mestrando da Escola de Belas Artes da UFMG e atua no curso de Licenciatura em Dança. Na mesma instituição também se graduou em Gravura e em Licenciatura em Artes Visuais. Sua trajetória como arte/educador vem desde 2005. Participou de exposições no Brasil, Cuba, Estados Unidos e Uruguai e atua frente a coletivos de artistas como o Kaza Vazia e o PIA (Programa de Interferência Ambiental).
Serviço
Exposição Horizontes
Período e horário para visitação: 13/9/2012 a 07/10/2012, das 8h às 19h, inclusive aos sábados e domingos.
Local: Galeria de Arte Copasa – Rua Mar de Espanha, 525 – Santo Antônio
A artista visual Cristina Ribas, vencedora do Prêmio de Arte Contemporânea, realizado pela Funarte no ano passado, traz a Belo Horizonte a exposição “Protótipos/Cortado”.
São imagens que compõem uma instalação com foco na construção e a destruição no âmbito urbano, na qual o público também pode redefinir o que foi feito, seja com obras da própria artista ou de acervo pessoal.
“Esse tipo de recomposição começou quando convidei outros artistas para darem suas opiniões. Era um acervo que eu tinha de fotos e imagens que ainda não haviam sido aproveitadas. A intenção é discutir o impacto econômico e social que o progresso tem nas grandes cidades”, explica a artista, que conversa hoje (às 17h) com o público na Funarte, local da exposição.
A mostra fica aberta de segunda a sexta, mas é nas quintas e sextas que uma monitora estará disponível para conduzir o espectador a dar sua contribuição. “Não há melhor maneira de debater sobre esse crescimento desordenado do que com o público, que sofre e conhece as consequências disso”, define Ribas.
Dois filmes que têm a ver com a temática serão exibidos durante a exposição. O primeiro é “As Mãos Sobre a Cidade” (1963), cuja sessão será no dia 16, às 19h. O longa de Francesco Rosi conta a história de um empreiteiro responsável por um desabamento que deixa grande saldo de mortos e feridos. Já o documentário “Berlim Babylon” (2001), de Hubertus Siegert, que será exibido no dia 23, no mesmo horário, fala da reconstrução da capital alemã após a queda do muro de Berlim. “Queria trazer outro tipo de linguagem que falasse sobre o mesmo tema”, conta a artista.
Agenda
Exposição “Protótipos/ Cortado”, de Cristina Ribas
Funarte MG (Rua Januária, 68, Floresta, 3213-3084)
De 9 de maio a 7 de junho. Segunda a Sexta, de 10h às 18h; Realização das colagens às quintas e sextas, das 14h às 18h
Entrada franca
Um dos grandes nomes da arte contemporânea, a pintora mexicana Frida Kahlo continua servindo de inspiração quase 60 anos após sua morte. Em “Tributo a Frida Kahlo”, exposição que começa hoje, 22 obras de 19 artistas do Grupo Maison de Arte têm como base não só as características visuais presentes em seu trabalho, mas também em sua vida atribulada.
Os autorretratos, o folclore de seu país e a vivacidade nas cores são traços marcantes nas pinturas de Kahlo. “Suas obras continuam causando impacto por serem viscerais. Ela retratou suas angústias como ninguém”, sintetiza Matheus Gontijo, curador da mostra junto ao artista plástico Glauco Moraes.
Nascida em 1907, Kahlo contraiu poliomielite aos seis anos e aos 18 sofreu um acidente, no qual o ônibus onde estava chocou-se com um bonde. Um ferro atravessou seu corpo, lhe causando diversas fraturas, e o fato foi um gatilho para que ela começasse a pintar. “Essa questão trágica norteou todo o seu trabalho e demos ênfase a isso na exposição”, explica Gontijo.
Outro ponto central da vida e da obra de Kahlo está nos seus relacionamentos amorosos, especialmente os dois casamentos com o também pintor Diego Rivera. Segundo o curador, o convívio dos dois era marcado pela vaidade mútua. “Havia uma espécie de disputa entre eles. Mas ela conseguiu retratar essa relação nas suas pinturas com muita leveza”, recorda o curador.
Ele ainda aponta outra característica que fez com que a artista se tornasse uma espécie de mito do séc. XX. “Ela é a única pintora no mundo que conseguiu prestígio fazendo autorretratos. Todos conhecem sua obra através de suas feições”, conclui Gontijo.
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Exposição “Tributo à Frida Kahlo”, do Grupo Maison de Arte
De 8 de maio a 4 de junho de 2012; diariamente das 12h às 24h Casa dos Contos (rua Rio Grande do Norte, 1065, Savassi)
Entrada Franca
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Obras sobre Frida Kahlo na Biblioteca da Escola de Belas Artes:
EGGERT, Edla (Org). [Re]leituras de Frida Kahlo: por uma ética estética da diversidade machucada. Santa Cruz do Sul: Edunisc, 2008. 184 p.
GOMES, Maria Márcia Franco. Um diário como corpo simbólico : uma leitura da obra O diário de Frida Kahlo: um auto-retrato íntimo. 2011. 82 f. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Belas Artes.
HERRERA, Hayden. Frida Kahlo. New York, USA: Rizzoli International Publications, c1992. [24]p. (Rizzoli art series)
JAMIS, Rauda. Frida Kahlo.. São Paulo: Martins Fontes, 1987. 281p. (Coleçao Uma Mulher)
KAHLO, Frida; LOWE, Sarah M. O diario de Frida Kahlo: um auto-retrato intimo. 2. ed. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1996. 295p.
KAHLO, Frida; ZAMORA, Martha. Cartas apaixonadas de Frida Kahlo. 2. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1999. 158p.
KETTENMANN, Andrea; KAHLO, Frida. Frida Kahlo 1907-1954: leid und leidenschaft. Koln: Benedikt Taschen, c1992 96 p.
LE CLEZIO, J. M. G. Diego e Frida. 2. ed. Rio de Janeiro: São Paulo: Record, 238 p. ISBN 9788501087782.
ORTIZ MONASTERIO, Pablo MUSEO FRIDA KAHLO. Frida Kahlo: suas fotos. São Paulo: Cosac & Naify, 2010. 518p.
PENUELA CANIZAL, Eduardo; RODRIGUEZ, Juan Manuel López; RAMÍREZ, Francisco Gerardo Toledo. La inquietante ambigüedad de la imagen: tres ensayos. México: Universidad Autonoma Metropolitana, 2004. 122 p.
ZAMORA, Martha; KAHLO, Frida. Frida Kahlo : the brush of anguish. San Francisco: Chronicle Books, c1990. 143p.
Guignard sob luz especial : Livro revela metodologia de pesquisa abrangente sobre obra do pintor, realizada pelo Cecor/EBA e grupos da Fafich e do ICEx
Augusto Lacerda
Claudina Moresi e Anamaria Ruegger: metodologia alia análises técnicas e depoimentos
Itamar Rigueira Jr.
A obra de um dos maiores pintores brasileiros ganhou estudo completo e profundo na UFMG. Meio século depois de sua morte, Alberto da Veiga Guignard (1896-1962) é tema de livro produzido pelo Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis (Cecor), da Escola de Belas-Artes. Pesquisa Guignard, que será lançado esta semana, é resultado de cerca de dez anos de pesquisa sobre 62 obras do pintor.
Organizado pela professora Anamaria Ruegger Almeida Neves e pela química Claudina Maria Dutra Moresi, o livro junta às análises técnicas – que definem uso de materiais (tintas e suportes), cores, pinceladas etc. – um levantamento bibliográfico, contextualização feita pela historiadora da arte Ivone Luzia Vieira e informações extraídas de entrevistas com ex-alunos, colecionadores, estudiosos e retratados.
“A escolha de Guignard se deve a sua importância como artista no Brasil e, em particular, em Minas Gerais, mas também a seu trabalho como professor”, justifica Anamaria Ruegger, lembrando que ele formou gerações de artistas, com metodologia própria de ensino. Claudina Moresi ressalta a importância do pintor no contexto do Modernismo e a necessidade de estudo sistemático de sua obra. “Esse gênero de trabalho, consolidado no exterior, ainda é novo no Brasil, onde há poucas iniciativas de catalogação de obras.”
A equipe da UFMG desenvolveu e revela metodologia para se conhecer uma obra de artista, que poderá ser útil até para dirimir dúvidas sobre a autenticidade das obras – especialmente no caso de Guignard, alvo de controvérsias envolvendo autoria. De acordo com Anamaria Ruegger, o grupo estudou mais obras, mas o livro só contempla as que tiveram sua autenticidade comprovada.
“O exame de algumas peças trouxe dúvidas. O que nos deu segurança foi aliar aos exames depoimentos de alunos e parentes de personalidades retratadas, histórias contadas por proprietários, fotografias de Guignard trabalhando, entre outros documentos”, salienta a pesquisadora. As entrevistas foram colhidas pelo Núcleo de História Oral da Fafich.
Outro parceiro importante foi o Departamento de Ciência da Computação, responsável pela informatização dos dados gestuais e iconográficos e pela preservação digital.
Precisão para pintar
A maior parte das obras estudadas pelo Cecor integra coleções particulares e foi analisada no laboratório, localizado na Escola de Belas-Artes. Para o estudo daquelas que pertencem ao Museu Casa Guignard, os técnicos se deslocaram até Ouro Preto. O Cecor analisou pinturas sobre tela, madeira maciça e compensada, papelão e desenho sobre papel. Algumas obras em tela e madeira começaram a ser preparadas com alunos – o livro revela manuscritos de aula, que contêm informações sobre materiais.
A pesquisa descobriu como Guignard usou as cores e os pincéis, por meio da tentativa incansável de repetição de combinações de tintas e gestos com os instrumentos. E concluiu que ele foi um pintor preciso, que pensava muito para fazer suas escolhas. “Diferentemente do que ainda se acredita, Guignard criava com intenções bem definidas, é possível garantir que uma imagem que parece borrada é intencional. Ele tinha pleno domínio sobre o que queria e o que fazia”, afirma Anamaria.
Diluição e incisões
Um dos quadros mais estudados pela equipe do Cecor é Paisagem imaginária (Noite de São João), de 1961, pertencente à coleção do Museu de Arte da Pampulha, muito representativa da fase mineira de Guignard. Em bom estado de conservação, o quadro (óleo sobre tela, 61cm x 46cm) foi analisado por diversos tipos de luzes especiais.
A luz rasante (de fonte paralela à tela) apontou relevos do suporte e da tinta, neste caso mais do suporte, já que o pintor usou tinta muito diluída. A luz transversa, que incide por trás, revelou as áreas de maior massa (quantidade de tinta). A luz ultravioleta, que encontra os pigmentos fluorescentes, mostrou que Guignard usou o vermelho e amarelo de cádmio nessa tela. A luz monocromática e o filme infravermelho deixaram perceber as linhas do desenho. Por fim, a radiografia identificou pigmentos: os elementos químicos mais pesados aparecem na cor branca, e os mais leves em tons de cinza. Nos quadros que usam a madeira como suporte, as análises revelam também incisões feitas pelo artista, como em Cristo no jardim das oliveiras, em que esse artifício acentua o sofrimento nos traços do rosto.
Outra etapa do estudo das obras envolve remoção com bisturi, de um local discreto, de microamostras do quadro, com área de 1 a 2 milímetros quadrados. Isso permite identificar os pigmentos e os aglutinantes (óleo ou têmpera, por exemplo) que formam a tinta. “No caso de Paisagem imaginária, a observação no microscópio (aumento de 10 a 200 vezes) deixou claro que Guignard usou uma camada de branco como preparação, então o cinza, e por fim as tintas coloridas. Depoimentos de alunos confirmaram que ele usava a técnica caracterizada por ‘sujar’ a tela de cinza, que altera o efeito das cores”, revela Claudina Moresi.
Ela conta ainda que os pesquisadores encontraram em duas obras – os retratos de Cecília Meireles, sobre madeira maciça, e de Ismael Nery, em papelão – carimbos que provavelmente são marcas da empresa que vendeu o material ao pintor. Outra curiosidade está ligada à descoberta de alterações realizadas pelo artista durante o processo criativo. No quadro Fantasia, os exames com luzes especiais revelam vestígios da localização anterior de uma das torres da igreja. “Algumas dessas alterações são percebidas a olho nu por quem tem mais treino”, diz Claudina. O trabalho mostrou mais sobre uma característica de Guignard: suas assinaturas, geralmente coloridas, não raro são localizadas de forma a integrar a composição da pintura.
Fugaz e eterno
Modernista por excelência, Alberto da Veiga Guignard personificou a teoria de Charles Baudelaire sobre o artista que alia o fugaz (o moderno) ao eterno (a tradição), segundo a pesquisadora Ivone Luzia Vieira, professora aposentada da UFMG e autora de capítulo em Pesquisa Guignard sobre a relação do pintor com a Modernidade.
“Em diversas de suas obras, Guignard trabalha muito bem a busca por um determinado estilo, de uma dada época, para modernizar aquela forma. Se em suas primeiras exposições os casarios coloniais aparecem próximos ao observador, na sua fase mineira ele afasta esse casario, quebrando a ilusão de espaço da perspectiva renascentista, e verticalizando o quadro. Ele mostra a sucessão de montanhas, por exemplo, não no sentido de profundidade, mas quase chegando à superfície pictórica”, explica Ivone Luzia.
A pesquisadora conta que Guignard estudou muito as flores, as quais pintou sobre fundos de paisagens surreais e distantes. Ainda de acordo com Ivone, ele foi um grande retratista, seguindo características modernas: rostos sem volume, roupas lisas, fazendo a expressão concentrar-se nos olhos e na boca.
O fluminense que ‘reinventou’ Ouro Preto
Nascido em Nova Friburgo (RJ), Guignard viveu por mais de 20 anos na Europa. Iniciou sua formação artística na Real Academia de Belas Artes de Munique e travou contato intenso com pintores modernos e suas obras. Estabeleceu-se, então, no Rio de Janeiro, como artista e professor – que baseava sua atuação mais em exemplos, gestos e expressões que em palavras.
Em 1944, convidado pelo prefeito Juscelino Kubitschek, mudou-se para Belo Horizonte para ministrar o Curso Livre de Desenho e Pintura, no Parque Municipal. A “Escolinha do Parque”, segundo informações do livro Pesquisa Guignard, mudou a maneira de se ensinar artes plásticas na cidade e formou grandes nomes da arte brasileira. Em sua passagem por Minas, Guignard tornou-se “o grande pintor de Ouro Preto, reinventando a cidade, suas montanhas e igrejas nas obras que produziu”, de acordo com a publicação.
Ivone Vieira lembra, ainda, que Guignard levava seus alunos para aulas na cidade, andava muito e instalava seu cavelete na rua, escolhendo recortes de janelas e igrejas. “Ele se apaixonou por Ouro Preto, que chamou de ‘cidade amor-inspiração’”, ressalta a professora, doutora pela Escola de Comunicação e Artes da USP e ex-docente de arte na Faculdade de Educação para alunos de licenciatura. Em Belo Horizonte, segundo ela, Guignard não mirou a paisagem arquitetônica, preferindo as montanhas, a Lagoa da Pampulha e o Parque Municipal.
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Livro: Pesquisa Guignard
Organizadoras: Claudina Maria Dutra Moresi e Anamaria Ruegger Almeida Neves
Editado pela Escola de Belas-Artes da UFMG
200 páginas / distribuição dirigida
Lançamento: 12 de abril, às 19h, no Conservatório UFMG (avenida Afonso Pena, 1534)
Apoios: entre outros parceiros, a pesquisa sobre Guignard contou com recursos da Pró-reitoria de Pesquisa da UFMG, CNPq, Fapemig e Fundep
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Consulte também na Biblioteca da Escola de Belas Artes os livros sobre Guignard.
Sugestões:
GUIGNARD. Alberto da Veiga Guignard : 1896-1962. Rio de Janeiro: Pinakotheke Cultural, 2005. 204p.
SANTA ROSA, Nereide Schilaro. Alberto da Veiga Guignard. São Paulo: Moderna, 2000. 31 p. (Mestres das artes no Brasil)
MORAIS, Frederico. Alberto da Veiga Guignard. [S.l.]: Monteiro Soares Editores e Livreiros, 1979 (Rio de Janeiro: Graf. Borrelli) 185p.
Há certos livros que, de tão bem escritos, são apelidados de obras-primas. Isaac Salazar vai mais longe. Independentemente da qualidade do seu conteúdo, ele transforma todos os livros em obras de arte.
A história começa numa qualquer livraria. Fulano passa os olhos pelos escaparates. Fulano sente a capa e a contra-capa. Fulano inala o cheiro a livro novo, velho ou assim-assim. Fulano folheia o seu tempo futuro no pretérito presente, saca do cartão e dá-se a transacção cultural-comercial. Livro no saco, Sicrano segue para casa. Não faz cerimónia e abre-o em cima do balcão da cozinha. Em pouco mais de uma hora devora adjectivos e advérbios de modo. Sicrano está inebriado. Sicrano está de barriga cheia. Beltrano pousa o livro. Fulano, Sicrano e Beltrano estão satisfeitos.
Depois disto, é quase falta de educação deixar os livros ali, só numa de apanhar umas ondas de pó e conseguir um tom amarelado uniforme. O mofo é letal. Para o prevenir, recomendamos o trabalho de Isaac Salazar, mestre em book origami.
Isaac diz no seu site pessoal que nunca tinha pensado em si como uma pessoa criativa, até ao dia em que viu uma árvore de natal feita com páginas da Reader’s Digest (nesta página) e indagou até que ponto seria possível levar o conceito um pouco mais longe.
O resultado é o que aqui vos damos a conhecer. Extraordinário.
Ecologicamente consciente e adepto das energias renováveis, agrada-lhe a ideia de poder salvar um livro cujo destino mais que certo seria o caixote de lixo, e conferir-lhe uma nova vida.
Está certo que, no que aos livros concerne, sempre fomos pródigos em dar-lhes outras funções que não a primordial função para a qual foram criados: serem lidos. Ainda a reciclagem não existia e já nós cumpríamos um dos 3 R’s de ouro: reutilizar (os nossos livros) – como arma de arremesso numa discussão; para atear a fogueira no inverno; reutilizá-los para aprendermos a andar direitos ou a comer com modos; como calço para aquela mesa que manca; ou ainda como fiel depositário de recadinhos e bilhetinhos de amor.
Mas em nenhum dos exemplos anteriores conseguimos igualar o que as mãos deste auto-didacta, que nunca teve uma única aula de arte na vida, conseguiram: transformar meros livros em obras de arte, apenas com recurso à dobragem de papel e a ajuda de um x-acto.
No filme Comer, Rezar e Amar (2010), a personagem vivida por Julia Roberts procurava uma palavra. Não uma palavra qualquer, mas a sua palavra. Aquela que deveria transmitir de forma fiel a sua verdadeira essência.
Deite os olhos à galeria de Isaac Salazar e procure descobrir qual é a sua palavra. Se chegar a alguma conclusão e estiver interessado, aqui fica o endereço da loja de Isaac na etsy.
Há 130 anos, nascia um dos artistas mais conceituados de sempre: Pablo Picasso. Pintor, escultor e até poeta, a sua arte versátil e revolucionária transformou por completo a própria ideia de arte. O fascínio pela fotografia permitiu que grandes profissionais da época registassem o seu percurso de vida. Diante da objectiva de uma máquina, Picasso pousava e sorria como em poucas ocasiões. As imagens de Robert Capa, Cartier-Bresson, Brassai ou David Duncan espelham as metamorfoses de um génio em constante insatisfação.
Sobre Picasso já se escreveu quase tudo. Já se fizeram inumeráveis biografias, já se analisou toda a sua obra. O facto é que a vida atribulada do pintor espanhol andou sempre de mãos dadas com a arte: a cada reeinvenção pessoal, uma outra etapa surgia na sua obra. “Eu não procuro, encontro”, terá dito. E a cada novo encontro, Picasso vivia uma vida dentro da sua própria vida.
Pintou alguns dos quadros mais famosos de sempre, produziu esculturas e até escreveu poemas. Ainda assim, Picasso tinha um fascinio especial pela fotografia. Conviveu durante anos com profissionais da área, que acabaram por registar vários momentos do seu percurso de vida. Diante da objectiva da câmara, não hesitava em pousar nem tão pouco ser protagonista de retratos mais intimistas. Robert Capa, por exemplo, fotografou-o na praia com Françoise Gilot. Já David Duncan “apanhou-o” na banheira.
Por David Seymour e Robert Capa feita.
A vida sentida na arte
Pablo Picasso nasceu a 25 de Outubro de 1881, em Málaga. A sua veia artística revelou-se cedo, através do talento natural para o desenho. Estudou Belas Artes na Corunha, em Barcelona e Madrid. Apesar da breve estadia na capital espanhola, Picasso descobre a obra de grandes mestres – Vélasquez, El Greco e Goya – que serviriam de inspiração para muitos dos seus quadros. Entretanto, visita Paris e regressa a Barcelona doente. Decide abandonar os estudos, passando a frequentar tertúlias de grupos de artistas influenciados pela cultura francesa. Em 1900, expõe pela primeira vez desenhos seus. E um ano depois funda com um amigo, em Madrid, a revista “Arte Joven”. Além de ilustrar (todo) o primeiro número, deixa de assinar os seus trabalhos como “Pablo Ruiz y Picasso”, para passar a ser simplesmente “Picasso”.
A partir de então, a obra de Picasso reinventa-se a cada mudança pessoal, onde as suas vivências servem de ponto de partida para novos encontros artísticos. “A grandeza deste indiscutível génio esteve sobretudo na forma como transformou uma obra de arte num estado de ânimo, em como a realidade passou a ser sentida pelo espectador e pelo artista” afirma Paloma Esteban, do Museo Nacional de Arte Reina Sofia. As suas paixões ( Fernande Olivier, Olga Koklova, Marie- Thérèse Walter, Dora Maar ou Françoise Gilot), seriam pintadas de forma distinta.
A sua versatilidade originou ainda várias esculturas, peças de cerâmica e a escrita de poemas. Eternamente insatisfeito, Picasso não procurava, no entanto, a perfeição, mas sim superar-se a cada nova etapa. Talvez por isso, diz-se que vivia constantemente mal-humorado e que pouco sorria. Só que, perante a objectiva de uma câmara, entusiasmava-se. Todo aquele equipamento o fascinava, o que permitiu inúmeros registos fotográficos da sua vida.
O fascínio pela fotografia
David Duncan trabalhou ao lado de Picasso cerca de vinte anos. Era amigo de Robert Capa, um dos grandes fotógrafos com quem havia privado. Capa tinha prometido que os apresentaria, mas a sua morte levou a que Duncan se apresentasse pessoalmente na casa do pintor em Cannes. Picasso, emocionando-se com a visita e com o anel de ouro que este lhe ofereceu (onde estavam gravados os seus nomes), convidou-o a entrar no estúdio. E, claro, na sua intimidade. Duncan fotografou-o como ninguém: na banheira, a dançar, a pintar e até de cuecas. “Ele dizia que Duncan era fantástico, porque era tão delicado e discreto que se esquecia dele. Por não atrapalhar os seus movimentos no atelier, Picasso permitiu que tirasse fotografias que nunca teria permitido a nenhum outro fotógrafo” revelou Christine Ruiz-Picasso, sua nora. A amizade entre ambos durou até à morte de Picasso, em 1973.
Brassai conviveu igualmente de perto com Picasso. Durante a II Guerra Mundial esteve no atelier de Paris a fotografar as suas esculturas para um livro de arte. Mas o que poderia ter sido apenas um encontro profissional transformou-se numa grande amizade. Picasso elogiava a forma como o fotógrafo trabalhava e fazia questão de assistir às suas secções. Com humor, tratava-o por “terrorista”quando se assustava com as explosões provocadas pelo pó de magnésio, usado para iluminar as imagens. Em 1964, Brassai publica “Conversas com Picasso”, revelando entre os diálogos a verdadeira admiração do artista pelas técnicas da fotografia.
Cartier-Bresson, um dos fundadores do fotojornalismo, é autor de vários retratos do pintor na década de 40. Assim como Robert Doisneau, David Seymour (que o registou junto de “Guernica” por exemplo) ou Man Ray. As imagens deixadas por estes grandes nomes acompanham o percurso de Picasso, tal como as suas obras. Uma vida atribulada, mas repleta de talento, que começou há 130 anos e nos chega até hoje.
Mostra é vencedora do Prêmio Funarte de Arte Contemporânea
Publicado em 12 de julho de 2011 no site da Funarte
Contemplada com Prêmio Funarte de Arte Contemporânea Ocupação dos Espaços da Funarte, a mostra “Transfigurações – 20 aos pedaços”, do artista plástico Francisco de Almeida, será inaugurada na galeria de artes daFunarte MG, dia 14 de julho, quinta-feira, às 20h.
Francisco de Almeida é um artista de alegorias. Suas gravuras, espécie de cartas enigmáticas sobre o medo e o conhecimento arquetípico, desafiam regras e normas gráficas, e têm sempre grandes formatos. Depois da experiência da gravura “Os Quatro Elementos I – O Dia e A Noite”, que levou nove meses para ficar pronta, Francisco realiza sua terceira obra em formato similar. O estirão de 20m x 1,50m – a maior xilogravura do mundo – foi apresentada na exposição “Absurdo”, da 7ª Bienal do MERCOSUL.
A exposição “Transfigurações – 20 aos pedaços” foi também premiada por meio do 1º Edital de Incentivo às Artes para Pessoas com Deficiência, da Secretaria de Cultura do estado do Ceará. Resultantes da grande matriz composta de diversas matrizes móveis, as 10 gravuras que compõem a mostra são partes da obra apresentada na Bienal do MERCOSUL. Elas receberam também colagens e outras impressões por transferência.
Impressas aos “pedaços”, as xilogravuras guardam o sabor da surpresa também para o artista que, só tem uma visão do conjunto, quando, uma vez o trabalho concluído, o rolo de vinte metros do papel impresso é desenrolado com a ajuda de um dispositivo de catracas de bicicleta e a gravura é, enfim, estendida num espaço generoso que lhe permita, inclusive, uma apresentação panorâmica.
Com carreira de mais de 17 anos, tendo sua primeira premiação em 1993, no 44º Salão de Abril, Francisco de Almeida já teve suas obras expostas em Madri, no Centro Dragão do Mar, e no MAM-SP. Elenasceu em Crateús, Ceará, em 1962. Xilogravador, aos 15 anos, transferiu-se para Fortaleza, onde estudou xilogravura com Sebastião de Paula, e pintura nas oficinas do Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará, nos anos 1990. Antes, trabalhou como desenhista técnico, na área de arquitetura. Filho de Manuel Almeida Sobrinho, mestre ourives e fotógrafo da cidade de Crateús no sertão dos Inhamuns cearense, e de Terezinha Rodrigues de Almeida, modista e bordadeira, Francisco de Almeida cresceu entre a alquimia do ouro e dos sais de prata e linhas e riscos de bordados – vivência incorporada ao pensamento e ao trabalho do artista. Com diversas exposições realizadas e participação em importantes mostras coletivas, foi merecedor de prêmios no Salão de Abril, Salão CDL de Artes Plásticas, e Talentos Teleceará, entre outros. Sua obra está representada em coleções públicas e privadas do Brasil e exterior.
Desde o dia 29 de junho, a exposição O Espectador Fotógrafo, de Patricia Franca-Huchet, professora do Departamento de Desenho da Escola de Belas Artes da UFMG, pode ser vista no museu Victor Meirelles/Ibram, de Florianópolis (SC).
Todas as imagens da mostra são assinadas por Zénon Piéters, heterônimo da artista, fotógrafo melancólico que fotografa pintura em museus. Segundo o texto de Rosângela Cherem, escrito especificamente para a exposição, Patricia Franca-Huchet afirma “sua poética como a própria imagem multiplicada num espelho, construída por meio de um jogo de refrações e situada numa espécie de profusão labiríntica, onde uma coisa é rebatimento de outra: a artista e o fotógrafo, o fotógrafo e as leituras, as fotografias e as lembranças, o acontecido e o inventado, o vivido e o sonhado, a imagem e a forma, a presença e a ausência, a proximidade e a distância”.
Sobre a artista – Patricia Franca-Huchet (1958) vive e trabalha em Belo Horizonte. É doutora e mestre pela Université de Paris I – Sorbonne. A artista pesquisadora trabalha sobre a imagem focalizando seu interesse pela reconstrução crítica da tradição pictural. Divide as suas atividades artísticas com a prática da exposição, do ensino, da orientação, da pesquisa, da publicação e do evento (comunicações, palestras e apresentações de trabalho diversas no Brasil e em outros países). Coordena o grupo de pesquisa BR-IT: Bureau de estudos sobre a imagem e o tempo, que se dedica às práticas artísticas cujos propósitos se voltam para o estatuto da imagem com abordagem aberta à história, literatura, psicanálise e antropologia do visual.
Confira o catálogo digital:
Consulte também na biblioteca da EBA os catálogos de outras exposições da artista:
FRANCA-HUCHET, Patrícia. Os quatro temperamentos. Belo Horizonte: Palácio das Artes, 2008. 14 p. Catálogo de exposição, 07 – 27 abr. 2008, 06 jul. – 13 ago. 2004, Galeria Genesco Murta do Palácio das Artes.
PLASTICIDADE. [Belo Horizonte: Espaço Cultural Cemig, 2004] [20] p. + 1 folheto. Catálogo de exposição, 06 jul. – 13 ago. 2004, Galeria de Arte do Espaço Cultural CEMIG, BH-MG.
Exposição na Casa Fiat de Cultura é prorrogada até 22 de junho.
Em 1924, ano dos mais férteis da carreira de Tarsila do Amaral, ela esteve, com o “bando” dos modernistas, em visita às cidades históricas de Minas Gerais. Muitos relatos dessa viagem ficaram registrados, como o de Pedro Nava em seu memorial e o de Carlos Drummond de Andrade, que se encontrou com os membros da “caravana paulista” no Grande Hotel de Belo Horizonte, onde hoje se situa o Conjunto Arcangelo Maletta, na esquina da Rua da Bahia com a Avenida Augusto de Lima.
Essa viagem marcou a obra de Tarsila, como bem assinala o rico texto da curadora da exposição, Regina Teixeira de Barros.
A exposição nos faz pensar sobre a riqueza do imaginário que se construiu e que continua a ser construído sobre o nosso país, e não só o Brasil dos modernistas, ao longo dos 87 anos transcorridos desde aquela viagem.
Tarsila volta a Minas, agora como figura central dessa mostra de grandes artistas, tão diferentes entre si e, ao mesmo tempo, igualmente empenhados na descoberta de um olhar para o Brasil, que é um e é tantos.
José Eduardo de Lima Pereira
Diretor Presidente
A exposição
A exposição Tarsila e o Brasil dos modernistas reúne um conjunto de obras que apresentam visões singulares de paisagens, tradições e tipos brasileiros. Tendo como ponto de partida a obra de Tarsila do Amaral (1886- 1973), os trabalhos selecionados procuram traçar um panorama de tentativas de representação visual de um país territorialmente vasto e culturalmente heterogêneo como o Brasil. Esses trabalhos se reportam ao tempo e ao espaço onde foram produzidos e ao entendimento que nossos artistas modernos tiveram da realidade à sua volta.
Além de Tarsila, figuram na exposição outros artistas que discutiram uma possível representação da identidade brasileira de forma bastante explícita e constante ao longo de suas trajetórias, como Di Cavalcanti e Candido Portinari. Estão inclusas também obras de artistas que se detiveram no tema em determinados períodos de suas carreiras, como Cícero Dias, Lasar Segall, Vicente do Rego Monteiro e Victor Brecheret. A mostra apresenta ainda um terceiro grupo de artistas cujo conjunto da obra não é necessariamente identificado à criação de uma imagem iconográfica do e para o Brasil, mas que produziu trabalhos pontuais que tangenciam o tema, seja pela inclusão de um contexto geográfico facilmente reconhecível, seja pela curiosidade investigativa de hábitos e tradições locais. Entre esses, encontram-se Alberto da Veiga Guignard, Ismael Nery, Oswaldo Goeldi e Flávio de Carvalho.
Tarsila e o Brasil dos modernistas não pretende transformar estes últimos em artistas comprometidos com a produção de cunho nacionalista nem menosprezar a história da arte hegemônica, mas aproximar trabalhos específicos que, interpretados sob certos ângulos, podem vir a ampliar o debate em torno das representações visuais simbólicas do país, tornando-o tão complexo quanto a teia cultural em que está inserido.
É importante explicitar que esse recorte não tem intenção de examinar a produção dos modernistas do ponto de vista de estilo, mas de traçar relações temáticas a fim de tornar claras as semelhanças e/ou diferenças em termos de opções de figuração de cunho metafórico. O agrupamento de trabalhos por tema facilita a análise da contribuição modernista para o debate em torno da produção simbólica de um imaginário social na medida em que os temas se repetem com bastante frequência, ainda que sob formas diversificadas.
Regina Teixeira de Barros
Curadora da exposição
Maiores informações sobre a exposição e visitação, acessar o site da Casa Fiat de Cultura.
Veja também sobre a exposição “Percurso afetivo – Tarsila” ocorrida em setembro e outubro de 2008 no Museu Oscar Niemewer e retrada em seu periódico. Exposição também ocorrida no CCBB no Rio de Janeiro em 2012
Exposição também ocorrida no CCBB no Rio de Janeiro em 2012 :
E não deixe também de consultar na Biblioteca da Escola de Belas Artes, obras disponíveis sobre Tarsila do Amaral.
Segue alguns exemplos:
AMARAL, Aracy A; SALZSTEIN, Sônia. Tarsila: anos 20. São Paulo: SESI, 1997 157 p.
AMARAL, Tarsila do; SATURNI, Maria Eugênia. Tarsila: catálogo raisonné Tarsila do Amaral = Catalogue raisonné. [São Paulo]: Base 7 Projetos Culturais, Pinacoteca do Estado de São Paulo, 2008. 3 v. + 1 CD-ROM (4 3/4 in.)
AMARAL, Tarsila do; AMARAL, Aracy A. Tarsila cronista. São Paulo: EDUSP, 2001. 241p.
AMARAL, Tarsila do; AMARAL, Aracy A. Tarsila do Amaral. [S.I.]: Fundação Finambras, [19–] 62p.
GOTLIB, Nadia Batella. Tarsila do Amaral: a modernista. 2. ed. rev. São Paulo: Ed. SENAC, 2000. 213p.
AMARAL, Aracy A. Tarsila: sua obra e seu tempo. 3. ed. rev. e ampl. São Paulo: Ed. 34: EDUSP, 2003. 509 p. ISBN 8573262664 (broch.).
5 MESTRES brasileiros : pintores construtivistas ; Tarsila, Volpi, Dacosta, Ferrari, Valentim. Rio de Janeiro: Kosmos, 1977. 174p.
-19.863204-43.959736
Biblioteca "Professor Marcello de Vasconcellos Coelho" da Escola de Belas Artes da UFMG