Este blog tem como objetivo divulgar o acervo da Coleção Livro de Artista da Universidade Federal de Minas Gerais, a primeira coleção em uma biblioteca de universidade pública no Brasil. Em atividade desde novembro de 2009, o acervo possui mais de 1.500 livros de artista, além de obras de referência, revistas especializadas e revistas de artista. Atualmente este é o maior acervo público de livros de artista da América Latina.
John Honeywill Memory Maps [Brisbane], Grahame Galleries and Editions, 1993 15.2 x 20.3 cm [16] p. 100 ex.
“As memórias desvanecidas de um pai que faleceu há vinte e cinco anos e a memória de uma mãe afetada pela doença de Alzheimer enfatizam o tênue domínio sobre a fonte das memórias. O livro de John Honeywill explora essas ligações com o passado por meio de ‘os sentimentos residuais que permanecem das memórias que se perderam’. Com extrato de um conto ‘Water in the Wires’ de Ross Honeywill, e comentários de John Honeywill sobre memórias.”
Aos 7 anos de idade, Rogério Sganzerla foi sozinho a uma tipografia de sua cidade natal, em Joaçaba, Santa Catarina. Ele queria imprimir um livro. Entregou ao tipógrafo quatro pequenos contos que escrevia escondido de seus pais e saiu de lá com sua primeira publicação: Novos Contos, de 1954.
Quinze anos depois, com 22 anos, esse criador precoce seria aclamado como um dos mais inventivos e radicais diretores do cinema brasileiro, ao estrear com seu longa-metragem O Bandido da Luz Vermelha (1968), um sucesso de crítica e de público. Nas entrevistas que deu nessa época e em muitas outras até o fim de sua vida, em 2004, Sganzerla lembrou de Novos Contos. Para ele e para muito de seus críticos e amigos, o pequeno livro era um índice de sua criatividade anárquica, imparável desde a infância.
Agora, a Grafatório Edições em parceria com a Miríade Edições lança uma nova versão, tipográfica e fac-similar, do curioso Novos Contos. O livro vem recontextualizado gráfica e editorialmente, incluindo um texto-depoimento de Zenaide Sganzerla, a mãe de Rogério, hoje com 99 anos.
A nova edição é um livreco-objeto que intensifica a potência desse episódio biográfico singular, convidando a ler no devir-criança de Rogério a inquietude que marcaria toda sua produção posterior. São quatro pequenos contos que afetam crianças e adultos: o primeiro deles é uma fábula, com uma estrutura clássica. Mas o último já lança o primeiro anti-herói de Sganzerla: o patinho Bebé, que abandona seu irmão inválido para assaltar o castelo de uma princesa, descendo porrada em um gigante.