Territórios Movediços

cf-05112018-0234-editar.jpg

Felipe Rezende e Luma Flôres
Territórios Movediços
Salvador, Incubadora de Publicações Gráficas, 2018
9 x 10 cm
24 p.
Serigrafia sobre papel paraná e risografia sobre papel pólen bold

Territórios Movediços aborda realidade, espaço e simulação a partir de mapas da cidade de Salvador. De caráter labiríntico, tal como a velha cidade, suas dobras e traçados urbanos são caminhos por onde se desenrolam um diálogo imaginário entre trechos de Jorge Luís Borges e Jean Baudrillard, protagonizado por personagens que transformam de maneira imediata o espaço. Versando sobre realidade e especulação, esta mapoteca em ruínas questiona os domínios do visível e inapreensível na representação cartográfica. Funciona simultaneamente como território, livro e objeto escultórico, proporcionando diferentes possibilidades de leitura.

CF-05112018-0255
CF-05112018-0256

https://rvculturaearte.com/Territorios-Movedicos

Poética-Política

Image00070

Julio Plaza
Poética-Política
.
São Paulo, STRIP, 1977.

15 x 22,5 cm
48 p.

O livro apresenta duas sequências de silhuetas de mapas, o mapa-mundi e o mapa da América Latina.

Texto do Julio Plaza sobre o trabalho, incluído no artigo “O livro como forma de arte”:

O livro aproveita a estrutura espaçotemporal, em sequência, para distribuir ao largo das páginas uma série de ícones (países) em disposição espacial determinada pelo ícone final da série: o mapa da América Latina, espaçotemporalizado.

Desde o primeiro ícone (país) até o último, o leitor é obrigado a decodificar cada pais que se apresenta de uma forma abstrata e sem referencial produtor de sentido. É no ato de folhear o livro que o leitor e junto cada ícone, vão gerando e produzindo sentidos, até completar mnemotecnicamente (ato de memória) o mapa da América Latina.

O livro contém duas séries dispostas segundo a abertura oriental e ocidental de livro, isto é, com a lombada para a esquerda, ou bem para a direita.

Sobre a segunda série, Paulo Leminski escreveu o que se segue:

“Primeira constatação: é um livro sem palavras. O próprio titulo é, mais que palavra, um ideogramamontagem das palavras poética e política com a letra “E”, e a letra “L” fundidas, dando o signo chinês para “Sol”. Como pode um livro sem palavras ser político? Em lugar de palavras, Plaza usa mapas. Conversa através de mapas, como os marinheiros conversam através de bandeiras. O livro de Plaza é um livro icônico. O primeiro livro político puramente icônico de que tenho noticia. Plaza utiliza apenas dois ícones: mapas de países e continentes e um ideograma ambivalente de um cadeado que, visto de ponta cabeça é um capacete. O livro inverte no meio, podendo portanto ser aberto com a lombada para a esquerda (modo ocidental) ou com a lombada para a direita (modo oriental: chinês, japonês, árabe, hebraico). O ideograma “cadeadocapacete” que começa o livro e o termina, cerca com sua sinistra ambigüidade e atrito entre os mapas.

Os mapas são dos Estados Unidos, do Oriente Médio, da América Latina, seus países, do Brasil, de Cuba, do Chile. E passam pelas páginas com o polimorfismo caprichosos de nuvens e a terrível precisão de conceitos. Da pura “presentação” dos mapas, jogando com o significado internacional de cada país, na distribuição das relações de poder, hegemonia, submissão e exploração, Plaza diagrama uma denúncia, historizando a geografia”.

Paulo Leminski, Um translivro, Diário do Paraná, Anexo. Domingo, 31 de julho de 1977.

Obra adquirida com apoio da Fapemig, como parte do projeto de pesquisa Livros de Artista no Brasil

La Carte de Tendre

carte-de-tendre_Fcarte-de-tendre_B

Bernard Villers
La Carte de Tendre
Rennes : Incertain Sens / Châteaugiron : FRAC Bretagne, 2009
Cartaz, 6 dobras
impressão em duas cores
28,5 x 12,2 cm (formato fechado), 57 x 73,2 cm (formato aberto)
ISBN. 2-914291-32-9

carte-de-tendre_2

Este livro de Bernard Villers tem o seu sentido definido pela dobra: O Mapa da Ternura. O diagrama que explica a sequência de dobras foi impresso no verso do mapa dobrado, e uma parte da edição deixa por conta de seus futuros leitores para dar-lhe a sua forma própria. “Tendre” ou Ternura é o nome de um país imaginado no século XVII; Mapa da Ternura é, portanto, uma representação topográfica e alegórica da vida amorosa, cuja primeira versão tem mais de 300 anos. A última, a de Bernard Villers, talvez seja uma nova interpretação de Et in Arcadia ego; vemos se cruzarem nele duas séries de pesquisas desenvolvidas pelo artista por mais de trinta anos, a construção de uma poética da dobra e o reencontro do espírito de seus primeiros livros de artista que prolongavam a prática da pintura no espaço do livro. O mapa propriamente dito imaginado por Bernard Villers é de fato marcado por um valor poético forte, mas puramente pictórico. Este livro pode ser lido como uma nova topografia da felicidade na pintura.

Ce livre de Bernard Villers affirme son sens par la forme même du pli : La Carte de Tendre. Le schéma qui explique l’ordre des plis est d’ailleurs imprimé à la dernière page de la carte pliée, et une partie du tirage laisse à ses futurs lecteurs le soin de lui conférer sa forme propre. « Tendre » est le nom d’un pays imaginé au XVIIe siècle ; la Carte de Tendre est donc une représentation topographique et allégorique de la vie amoureuse, dont la première version date d’il y a plus de 300 ans. La dernière, celle de Bernard Villers, est peut-être une nouvelle interprétation d’Et in Arcadia ego; on voit se croiser en elle deux séries de recherche développées par l’artiste depuis plus de trente ans, l’une construisant une poétique du pli, l’autre retrouvant l’esprit de ses premiers livres d’artiste qui prolongeaient la pratique picturale dans l’espace du livre. La carte proprement dite imaginée par Bernard Villers est en effet marquée d’une valeur poétique forte, mais purement picturale. Ce livre peut donc être lu comme une nouvelle topographie du bonheur en peinture.

http://bernardvillers.be/expositions/2009/la-carte-de-tendre/

Drafting defeat: 10th century road maps and 21st century disasters

E2P4-08

Slavs & Tatars
Drafting defeat: 10th century road maps and 21st century disasters.
Moscow: Slavs & Tatars, [2007]. [16] p. with Russian folktale in inside cover
22 x 31 cm. Edition of 250.

slavs_00069

slavs_00070

A collection of highly stylized 10th century maps of the Middle East with translations of  the legends that accompanied them in a 1933 Soviet edition of Nasser Khosrow’s Safarnameh (Book of Travels).

slavs_00072

Maps of The Arabian Peninsula, Egypt, Syria, The Persian Gulf, The Caspian Sea and Iraq by Abu Ishaq Ibrahim Ibn Muhammad Al-Farsi al-Istakhri aka Abu’l Qasim Ubaid’Allah Ibn Khordadbeh aka Al Farsi aka Istakhri.

slavs_00073

We have always had an aesthetic weakness for the merciless and brutal banality of bureaucracy. Little did we know that such a weakness would extend to the bureaucrats themselves. The following are reproductions of 10th-century maps by Al-Istakhri (aka Ibn Khordadbeh or Al Farsi) found in a 1933 Soviet edition of Nasser Khosrow’s Safarnameh, or Book of Travels. Both Istakhri and Khosrow were Persian bureaucrats whose legacy was a paper trail of the very antithesis of administration: a regime of curiosity that attempted to describe and map out the Middle East as a coherent geographic and cultural region. Khosrow, an 11th-century Persian poet and philosopher, had led an uneventful life as a tax collector in present day Turkemenistan when one night, in his sleep, a voice told him to leave behind his life of worldly pleasures. Khosrow dropped his avowed weakness for the medieval Merlot and began immediately to plan a seven-year trip through the Caucases and the Caspian to the holy cities of Medina and Mecca. Khosrow was, to some extent, the millenary Muslim equivalent of a 21st-century born-again Christian. Except where the former asked questions, the latter offers only solutions. Where the former travelled extensively, the other is unlikely to have a passport. 

Academia, the publisher of Safarnameh, was itself an unorthodox outfit in the Soviet landscape of the early 20th century with a reputation for smart, unexpected titles on relatively limited runs. These maps were drafted during a period when Islamic geography rekindled an interest in Roman and Greek scholarship abandoned by the Christian West. Early draftsmen including Istakhri contributed to An Atlas of Islam, with a visible bias for the Farsi-speaking peoples in the Middle East, where a boundless taste for geometric shapes and symmetry belongs today more to the world of fantasy than fact. Later cartographers such as Al-Idrisi went on to craft intricate maps on improbably luxurious materials (e.g. a 400-pound tablet of silver) with even more improbable names (such as The Gardens of Humanity and the Amusement of the Soul) that would serve for centuries to follow. When Christopher Columbus studied these maps, before setting out to sea, we wonder: did it occur to him that his future would be no less unpredictable than our past?