COPAN: Diário Paulistano

Jürgen Partenheimer
COPAN: Diário Paulistano
Karlsruhe, Staatliche Kunsthalle, 2006
128 p.
800 ex.

Nessa obra o artista, Jürgen Partenheimer, apresenta textos em forma de diário sobre a sua experiência de viver em São Paulo, porém, tensionando essa visão de mundo a partir da janela do apartamento no edifício Copan.

Esse livro foi publicado na exposição “Jurgen Partnheimer: Roma – São Paulo: desenhos.”.

Referência 1
Referência 2

Trapézios

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Rute Gusmão
Trapézios
Rio de Janeiro, 1982.
17 exemplares

Uma ética construtiva

Por vezes, tem‑se a sensação de que não se trata apenas de ocupar, com o trapézio, um lugar no espaço, questionar o equilíbrio. O trapézio ativa este espaço na sucessão de dobras, rupturas, projeções e deslocamentos, fazendo surgir o tempo. Tempo como ação, virtualidade pura. Uma linha quase invisível corta o trapézio ou se expande a partir dele. O olho do espectador percebe a linha e revela também o seu tempo.

Além das serigrafias e dos plásticos, Rute Gusmão vai expor três cadernos elaborados entre 1980 e 1981. Neles, discute seu próprio processo criador, cada escolha e seu momento, a eliminação de possibilidades quase infinitas. Num dos cadernos, “Treze escolhas arbitrárias”, Rute começa dizendo: primeira opção: construir. E prossegue: construir um retângulo, construir um retângulo preto, um retângulo preto no espaço branco do papel, e assim, sucessivamente. O último caderno não traz textos ou croquis, mas apenas a figura do trapézio que se desloca sobre o branco do papel, ameaçando fugir pelas bordas do papel, alcançar seu avesso. Ou seja, é o olho do espectador que refaz a cada instante o trapézio que ameaça escapar.

‑ Você mesma insere‑se numa tradição construtiva, a brasileira inclusive. O que tem a ver este partido construtivo com sua vida de todo o dia? Onde você esconde o seu caos, sua confusão? Não me parece ser aqui, neste apartamento tão silencioso e arrumado. Porque a construção é também uma ética, um comportamento, uma opção política. O que é construir para você?

Meu trabalho, sem deixar de ser construtivo, tem um lado irônico, ele também quer desarrumar as coisas, questionar o que está aí. Eu não estou satisfeita com o que estou vendo ao meu redor, eu percebo a contradição, o sufoco que é a vida de todo mundo. Agora, este é um lado difícil de comunicar em meu trabalho. Preciso um certo esforço para perceber.

Frederico Morais. Ironia e construção nos trapézios de Rute Gusmão. O Globo, 3/5/1982.

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Disponível em PDF: http://issuu.com/amir_brito/docs/trapezios_rute_gusmao