Waltercio Caldas
Manual da Ciência Popular
Rio de Janeiro, Funarte, 1982
Coleção Arte Brasileira Contemporânea (ABC Funarte)
A conquista da liberdade
Por Fernanda Lopes
[Publicado originalmente na Gazeta Mercantil, 31/10/2008]
Foi sua geração, não só de artistas mas de críticos, que começou a pensar questões como o sistema de arte no Brasil e como se colocar em relação a ele.
De certa maneira, continuamos construindo isso. Mudaram-se os problemas, mas eles não são menos graves. Novos problemas aconteceram, novas situações, novos desequilibrios entraram em jogo. Ao mesmo tempo, alguns problemas permanecem. Essa questão não pára. É dinâmica. Meu livro Manual da Ciência Popular (CosacNaify, 2008), publicado originalmente nos anos 80 e reeditado este ano, trata de questões, como a reprodução, que mantém uma pertinência ainda hoje bastante interessante. Ele fala, por exemplo, de como as obras de arte se transformaram em reproduções fotográficas. Não são trabalhos, mas reportagens sobre o trabalho. Talvez o Manual contribua com essa situação com um sorriso muito sarcástico. Porque como disse [o crítico] Ronaldo Brito na época, ele não é um manual, não é ciência e não é popular. (risos)
Os livros sempre fizeram parte da obra de Waltercio Caldas, um dos artistas plásticos brasileiros com maior reconhecimento mundial. Manual da ciência popular, agora em nova edição, revista e ampliada, reafirma sua atualidade e importância, 25 anos depois de sua primeira publicação pela Funarte, em 1982, incluindo trabalhos que não entraram na primeira tiragem.
Ao entrelaçar obra de arte e fotografia, o livro transita entre uma linguagem e outra, fazendo com que vários objetos do cotidiano apresentem camadas de significados estéticos que perpassam a poética do artista. Os textos que acompanham as imagens estabelecem uma contínua circularidade entre si, num registro reflexivo com boa dose de ironia e muito humor.
Leia também texto de Glória Ferreira sobre o Manual da Ciência Popular.