Este blog tem como objetivo divulgar o acervo da Coleção Livro de Artista da Universidade Federal de Minas Gerais, a primeira coleção em uma biblioteca de universidade pública no Brasil. Em atividade desde novembro de 2009, o acervo possui mais de 1.500 livros de artista, além de obras de referência, revistas especializadas e revistas de artista. Atualmente este é o maior acervo público de livros de artista da América Latina.
Christian Boltanski 6 Septembres [Itália], Charta / PAC, 2005 17 x 12 cm 144 p.
“Convidado pelo Institut National de L’audiovisuel da França, o principal arquivo de televisão do país, para vasculhar sua coleção em busca de um projeto, o artista francês Christian Boltanski ficou maravilhado. Para tornar a tarefa gerenciável e pessoal, ele decidiu compilar imagens de noticiários de cada um de seus 60 aniversários, em 6 de setembro, desde 1944. Ele teceu os clipes em uma projeção em três telas, criando mais uma de suas meditações sobre memória, tempo e morte, que é sua marca registrada. Outros trabalhos recentes de Boltanski em vídeo, instalação e fotografia enfatizam a precariedade de nossa existência, mas o fazem com luminosidade e humor, e sempre envolvem o público na passagem implacável do tempo.”
Eric Doeringer Real Estate Opportunities [Canada], Edição do Autor, 2009 18 x 14 cm. 48 p. 1000 ex.
O livro é uma paródia da obra “Real Estate Opportunities” do artista Ed Ruscha, de 1970. A obra de Ruscha, apresenta uma série de fotografias de terrenos baldios em Los Angeles. Já na versão de 2009, Eric Doeringer, visita esses mesmos lugares quase 40 anos depois e fotografa esses mesmos espaços, que já estão ocupados pelas mais diversas construções.
A obra além de trazer os mesmos lugares, também utiliza do mesmo formato/layout da obra de Ruscha.
Rômulo Nascimento Em suas mãos Manaus, Escambo Trocas Impressas, 2019 16.5 × 24 cm 120 ex.
Trabalho que tem como substância o encontro: da arte com o gesto simples, entre ideia e corpo, da tinta no papel. Movimento que gera tensões e questionamentos, seu miolo necessita do outro para ser realizado e lido.
Um objeto é exposto, parece um livro, mas este pede algo além do que edição comum.
A proposta do trabalho Habitantes [das águas] de nós mesmos partiu do desejo de trabalhar, usando o livro como suporte, as sutilezas e densidades do corpo humano associadas ao elemento água, que é parte essencial da vida. A água então é o ponto de partida e o fio condutor para a investigação estética proposta nesse projeto. Fotografias de corpos nela submersos e papéis nela banhados, em uma mistura de pigmentos a formar imagens orgânicas (técnica de marmorização), bem como o uso de suportes que remetem à sua natureza translúcida, norteiam as escolhas estéticas formais. Já para nortear a proposta conceitual, buscou-se nos ensinamentos do professor indiano de yoga B.K.S. Iyengar, o entendimento das várias dimensões do corpo, denominadas por ele: corpo físico, corpo energético, corpo mental, corpo intelectual e corpo espiritual. Os suportes – papéis e outros materiais – foram escolhidos pelas suas características de suavidade, firmeza, transparência e opacidade, de modo a buscar aproximações com as nuances das diversas dimensões do corpo segundo Iyengar. No que tange a escolha das cores, o vermelho de algumas imagens e das linhas faz referência aos músculos e às veias, por onde corre o sangue que traz vitalidade ao corpo físico. O vermelho é o encontro entre a densidade dos músculos e à liquidez e fluidez do sangue. Já os brancos sobre brancos e os tons de bege e cinza claro, representam os ritmos silenciosos, o pulsar celular, a aparente invisibilidade tátil dos nossos corpos mais sutis, como o espiritual e o energético. Habitantes [das águas] de nós mesmos traz em sua composição mapeamentos de meridianos e pontos energéticos, ilustrações científicas da anatomia das cadeias musculares, desenhos de formas semelhantes a estruturas moleculares, texturas, costuras e camadas. Além desses elementos visuais e táteis, também atravessam a matéria do livro intertextualidades escritas, trechos do livro Água viva, de Clarice Lispector, tecem diálogos com as imagens em um fluxo contínuo: o corpo é vivo, a água é viva, a água dá vida ao corpo. A encadernação do livro foi pensada de modo com que as páginas possam ser soltas para serem reconfiguradas, formando novas composições de planos e imagens.
Guillermo Deisler 8 poemas de Deisler Santiago, Naranja, 2020 15 x 10 cm 150 ex.
8 Poemas de Deisler de Guillermo Deisler é a 1ª edição de uma coleção de poemas que o artista manteve em maquete por quase 50 anos.
Datado de 1970 em Antofagasta, 8 Poemas de Deisler foi encontrado no Arquivo por sua viúva Laura Coll, que nos convidou a realizar este projeto editorial. A publicação é composta por um container com 8 folhas em seu interior. Cada uma dessas placas contém poemas visuais do artista que se referem a seu trabalho anterior de 1969, intitulado ‘GRRR’. Porém, nesta ocasião os poemas visuais são feitos exclusivamente com grafemas que por sua vez formam palavras, frases, mensagens políticas, figuras e onomatopeias. Materialmente, esta edição respeita o estado em que a modelo se encontra no arquivo, optando pelo uso de materiais simples. Para o contêiner foi utilizado papelão kraft reciclado com tampa serigrafada. Para as folhas internas foi utilizado papel Color Plus com impressão risográfica. O contêiner é embrulhado com um papel reciclado em um tom rosa claro que encontramos em formato de rolo jogado na rua. Cortamos e dobramos o papel da mesma forma que Deisler embrulhou a maquete e imprimimos com selos que dão conta dos dados de edição e do título da obra, que Deisler escreveu com sua própria caligrafia na maquete.