O Livro das Dessabedorias

o livro das dessabedorias

Sonia Lins
O livro das dessabedorias
[Belo Horizonte : Ed. do Autor], 2003.
[100] p. ; 7 x 5 x 0,8 cm.
Impressão em offset.
Manuscritos em grafite no verso das folhas volantes.
Encadernação capa dura, com revestimento em papel vergê. Folhas de guarda em papel craft.

“Está chegando a / hora de eu morrer / e já estou com saudade de mim”

Numa pequena caderneta preta de bordas douradas, o último livro de Sonia Lins nasceu devagar, em notas e frases rascunhadas no ritmo permitido pelo trabalho e pelo tratamento do câncer, que se agravou em 2003. Sempre apaixonada pelo grafismo da palavra, mesmo ali Sonia não deixava de lado o gesto estético: cada página continha uma frase ou poema. Alguns eram escritos de cabeça para baixo. Às vezes, ocupavam duas páginas, como neste balanço: “Tudo que perdi acabei ganhando / tudo que ganhei acabei perdendo”.

Entre os textos, as tiradas bem humoradas, típicas de Sonia: “quando eu estiver calada / não me interrompa / pois estou falando comigo”. Outros textos fazem referencia a trabalhos, como as exposições Zumbigos e Brasil passado a sujo. Em geral, o tom é reflexivo. No seu último ano de vida, Sonia pensava sobre o envelhecimento e repassava a vida: “todos nós / gostaríamos de ter / algumas páginas / de nossas biografias / arrancadas / a minha já foi / depenada”. Impresso em pequeno formato, o caderno de anotações resultou no Livro das dessabedorias, título escrito pela própria autora, à caneta.

https://sonialins.com.br/obras/o-livro-das-dessabedorias

Arguments


Ulises Carrión
Arguments
Genève,  Éditions Héros-Limite, 2005
96 p.
15 x 21 cm
ISBN 978-2-940358-09-5
impressão tipográfica

Argumentos é emblemático da poesia visual e concreta dos anos setenta. Este livro consiste apenas de nomes; cada série de nomes próprios é como um argumento; cada argumento é em si mesmo uma novidade. A composição tipográfica, os jogos de repetições e permutações fornecem todas as indicações: o leitor deve recompor a unidade e imaginar o fio narrativo

Arguments est emblématique de la poésie visuelle et concrète des années soixante-dix. Ce livre n’est composé que de prénoms; chaque série de prénoms forme un argument; chaque argument est en soi une petite nouvelle. La mise en scène typographique, les jeux de répétitions et de permutations donnent toutes les indications: pour autant que le lecteur recompose et imagine le fil narratif… (texto no site do editor, http://www.heros-limite.com/livres/arguments)

Salvar

És Tudo

Sonia Lins
És Tudo
ed. da autora, 1999
texto impresso em bobina em formato de rolo de papel higiênico.
edição de 200 exemplares

“É como se eu pegasse uma palavra e jogasse na parede. Ela cai no chão estilhaçada. Com os cacos da palavra eu componho outras e, de repente, com aquela composição eu consigo uma coisa que pode ser um assunto meio filosófico, uma coisa cômica, às vezes poética, às vezes pornográfica.”
No documentário Sonia Lins, de Daniel Zarvos, é assim que a artista descreve o processo de composição dos poemas publicados no livro És tudo (1999). Humor e reflexão introspectiva dão o tom da maioria dos textos, muitas vezes compostos de jogos de significado a partir de uma palavra: “Morder / E depois / Murder”.
No filme, Sonia conta que aproveitava as noites de insônia para escrever. “Às vezes eu passava a noite toda brincando com as palavras”. As madrugadas em claro geravam “um tal estado de exaustão que (…) chegava naquela zona de criação que existe dentro da cabeça da gente. Eu tinha as melhores ideias”.
Deve ter sido numa dessas noites, em 1999, que ocorreu a Sonia imprimir És tudo em um rolo de papel higiênico. O amigo Odilon Vieira Ladeira colaborou no projeto: “Ela queria em papel higiênico de verdade, mas era impossível. Então fizemos no papel mais simples que achamos. Eles imprimiam os poemas numa bobina de papel, cortavam na largura de um papel higiênico e depois picotavam”. Os livros em formato de rolos seriam atração na mostra Se é para brincar eu também gosto (2000), no Rio de Janeiro.
Em 2000, o livro também ganhou uma edição caprichada, ilustrada por desenhos e grafismos da própria Sonia, com prefácio da especialista em literatura Maria José de Queiroz.

[fonte – sonialins]

Livro-varal

E1P6-52Elida Tessler
Livro-varal
[Dulcinéia Catadora],   2012.
[17] f. dobradas :   il. p&b
21 x 16 x 1 cm.
Encadernação japonesa, corpo do livro com corte lateral intonso
Impressão xerox
tiragem 100 exemplares, numerados e assinados.
Exemplar n. 58, assinado pela autora.

O Livro-varal deriva de “Você me dá a sua palavra?”, um work-in-progress de Elida Tessler iniciado pela artista em novembro de 2004 e que faz parte de um projeto mais amplo, intitulado “Falas inacabadas”. Imagens de parte do imenso varal que se alonga com os anos foram captadas e impressas em p&b, em papel reciclado. Costurados à mão, os cadernos ganharam capas de papelão coletado das ruas, pintadas por catadoras integrantes do coletivo Dulcinéia Catadora que trabalham na Cooperglicério, São Paulo/SP.

Some More Sonnet(s)

E3P1-13
Michalis Pichler
Some more sonnet(s)
Berlin: “greatest hits”, 2011.
500 ex.
[88] p.
29,7 x 21 cm
ISBN 978-3-86874-009-7
Em 1972, Ulises Carrión produziu seu primeiro livro de artista, “SONNET(S)”, que consiste em 44 variações de um soneto de Dante Gabriel Rosetti chamado “Heart’s Compass”. Usando a linguagem como material, Carrión reescreveu o poema de Rossetti na máquina de escrever, em versões um pouco diferentes.

Em 2009 Michalis Pichler, em uma abordagem similar, mas utilizando um computador, provavelmente no word ou open office, criou 44 novas variações e publicou o livro chamado “SOME MORE SONNET(S)”

In 1972, Ulises Carrión produced his first artist’s book “SONNET(S)” which consists of a 44 variations of a sonnet by Dante Gabriel Rosetti titled “Heart’s Compass”. Using the language like a material, Carrión writes Rossetti’s poem over and over again on a typewriter, in slightly different versions. This book today is considered Carrión’s first “artists book”, where he still uses language, but quite differently.

In 2009 Michalis Pichler, in a similar approach but using a computer, probably word or open office, created 44 new variations and published a book titled “SOME MORE SONNET(S)”. (via http://www.buypichler.com/sonnets-other-sonnets-0)

Uma resenha do livro, aqui: http://artzines.de/?p=3691#.VdUYnJe4JX8

Referência:
Gilbert, Annette (ed.). Reprint: Appropriation (&) Literature. Weisbaden: Lux Books, 2014, p. 517.

Encosto Não se Discute

Encosto é coisa que não se explica, não se nega,
não se discute.”

Imagem

O projeto Encosto Não se Discute nasce da ideia de produzir um elemento artístico- literário provocativo e artesanal. Para isso, todo o conteúdo foi produzido em carimbos e a montagem do livro feita de forma manual. No total, são setenta e quatro carimbos que representam uma releitura de frases e expressões popularmente conhecidas (“nem tudo o que seduz é louro”, “dois corpos não ocupam o mesmo despacho”). Cada uma destas frases tem o conceito fortalecido por uma ilustração criada especialmente para o projeto, também em carimbo.

Conceitualmente, Encosto Não se Discute é aquela coisa que não sai da gente nem se a gente quiser. É fenômeno, possessão, entidade criativa carimbada na alma e na carne, é vontade desencostada da sombra. Um nó de palavras e imagens que cutucam o nosso jeito de sempre de ver as coisas como nunca.

Um projeto feito de palavras, imagens, suor e tinta.

 

Felipe Valério | lançou coisa como Hotel Trombose (Edith), Sem Casca e Filé em Tiras (Publicações Iara).  Apareceu nas antologias Maus Escritores (Demônio Negro), Mamãe, Vim Só Fazer uma Visita Rápida (Edith) e no livro de artista Convite (Publicações Iara). É um dos autores dos projetos Granja, Boca Santa e Três Meia Cinco. 

Pedro Mattos | aprendeu a pensar, fotografar e desenhar para que outros ouçam o que ele não fala. Durante o dia trabalha para ganhar o pão e pela noite sacia-se libidinosamente com suas elegantes garatujas. Entre suas realizações mais recentes estão o 1º Prêmio Cartaz Museu da Casa Brasileira 2011 e uma nominação de excelência tipográfica no Type Directors Club de NY.

(via loja da iara)

pequenas navegações – cartas de amor

551182

Paolla Rettore e Marcelo Kraiser
Belo Horizonte, 2008

edição especial – 100 ex.
assinada e numerada

“Pequenas navegações cartas de amor”, edição especial, vem em uma caixa com livro, dvd, uma pequena flor de crochê e uma pequena lata de Pó de Arroz Lady original, antiga e original, como poesia visual em fichas no  formato da lata. O DVD apresenta, som, imagem (dança e improvisação) e texto referentes à obra. O livro se apresenta como fragmentos de possíveis mensagens amor que se desenrolam em colagens, poemas, textos diversos e imagens que juntos geraram um livro de poesia visual.


” (…) Aí então, cada fragmento ou dejeto se torna parte de uma possível mensagem. Nada de coisa preestabelecida, decidida de antemão, outorgada por algo ou alguém fora da humanidade, mas uma mensagem que vamos ter de inventar, nós próprios, a partir de nossa precariedade e de nossos pedaços. Mensagens de náufragos!… A nós, então, a tarefa de inventar e projetar longos caminhos, partindo da estreiteza dos sentidos que chegam a nós. Como pedaços de mensagens, soltas ao mar em garrafas, por inúmeros náufragos, mas que tentamos ligar pela imaginação. É momento de reinventar as grandes narrativas. Este trabalho de Paolla Rettore é uma maneira. Belo maneira!”
Alckmar Santos, trecho extraído da capa do livro

site do artista Marcelo Kraiser:
http://pequenasnavegacoes.blogspot.com.br/2009/08/um-belo-comentario-sobre-as-pequenas.html

una selección de 1000 poemas japoneses básicos

Imagem

Robert Filliou
una selección de 1000 poemas japoneses básicos
México, Alias, 2007
Idioma: inglês, espanhol
14 x 21,5 cm
76 p.

2_3

6_7

Kichigái: locura.
nuestra cordura es locura
y nuestra locura es locura.
—RF

Em 1971 Robert Filliou publicou na Alemanha a selection from 1000 Basic Japanese Poems / ein Sublimat aus 1000 Gedichte japanisch, livro que reúne os poemas que o autor realizou a partir das 1000 palavras japonesas básicas, encontradas no final do manual Japanese in a Hurry. A editora Alias (México) apresenta a tradução para o espanhol deste título, em edição bilingue ilustrada com os ideogramas japoneses em traços caligráficos que acompanham a publicação original.

8_9

Para folhear o livro: http://aliaseditorial.com/fragmentos/libro3_OK/

Régis Hotel

img363

Régis Bonvicino
Régis Hotel

São Paulo, Groovie, 1978.
Tiragem: 500 exemplares

O livro Régis Hotel participou da exposição Tendências do Livro de Artista no Brasil, realizada no Centro Cultural São Paulo em 1987. O texto abaixo é do panfleto que acompanha o exemplar do acervo EBA/UFMG.

RÉGIS HOTEL é o que fiz de 74 a 77. E o que não vou fazer mais.
Tudo começou,como ninguém sabe(deveria?),com o libreto BICHO PAPEL.
POESIA EM GREVE (com Pedrinho e Lenora), QORPO ESTRANHO (com Plaza e Augusto) e MUDA (com Risério e Leminski) significaram descoberta, aprendizado, alegria e batalha.
Sempre uma batalha.
Num período pobre e idiota. A força e a beleza da poesia concreta revolucionária. A força e a beleza dos poetas músicos. De Caetano a Walter Franco. Quarto crescente. Liberdade de criar. A mensagem em choque permanente com o meio.
Sou um repórter.
Um repórter sígnico do meu tempo e do meu espaço.
Onde a poesia (única manifestação artística que não foi domada pelo capitalismo) não tem existência real.
Como ensina o provérbio, lágrima não quebra osso.
Meus textos andavam espalhados por aí. Resolvi juntá-los, armando uma sequência. O livro deve ser lido como um único poema.
Tentativa de pensar a função do poeta numa cidade industrial. Cósmica.
De flagrar ,entre a prosa mole e a conversa fiada, isso que chamam de poesia.

RBonvicino, abril de 78­

tiragem do livro: 500
tiragem desse panfleto: 100

Cartomancie

Vicente do Rego Monteiro
Cartomancie
[Recife]: Arquivo Público Estadual de Pernambuco: Edições Bagaço, 1999.
1 baralho (45 cartas)
il. color.
caixa 11 x 8 x 2 cm.

Reedição de “Cartomancie” em foma de jogo de baralho, organizada por Paulo Bruscky, Mário Hélio e Ronildo Maia Leite, edição feita pelo Arquivo Público Estadual de Pernambuco e Editora Bagaço, em comemoração ao centenário de  Vicente.

imagem do livro “Vicente do Rego Monteiro: poeta, tipógrafo, pintor”, Companhia Editora de Pernambuco, 2004